14 de junho de 2023

Mostra Ecofalante anuncia os filmes premiados na 12ª edição

O longa-metragem brasileiro “A Invenção do Outro” é o grande vencedor da 12ª Mostra Ecofalante de Cinema, realizada em São Paulo entre 1 e 14 de junho. O filme, que recebeu o Prêmio do Júri na categoria Longa-Metragem da Competição Latino-Americana e o Prêmio do Público de Melhor Longa-Metragem do festival, terá uma nova exibição gratuita na Cerimônia de Encerramento do evento, a ser realizada nesta quarta-feira (14 de junho) na Sala 3 do Espaço Itaú de Cinema – Augusta, a partir das 20h.

Dirigido por Bruno Jorge, o documentário retrata a maior expedição das últimas décadas na Amazônia para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubos, em estado de vulnerabilidade, e ainda promover um delicado reencontro com parte da família já contactada poucos anos antes.

Segundo o júri da Competição na categoria longa-metragem, formado por Anna Muylaert (diretora, produtora e roteirista), Helena Ignez (atriz e diretora) e Zienhe Castro (cineasta e produtora cultural), o filme foi escolhido “pela precisão ética e estética na construção de um olhar que leva ao mesmo tempo ao mundo do outro e ao mundo esquecido de si”. A obra receberá o troféu Ecofalante e um prêmio de R$ 15 mil.

“A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge

Duas menções honrosas foram concedidas a longas-metragens nesta edição. “Vento na Fronteira, de Laura Faerman e Marina Weis, foi escolhido “pelo seu trabalho emocionante em mostrar o povo Guarani Kaiowá lutando por sua ancestralidade e suas terras e o crescente poder político ruralista”. Já “No Vazio do Ar”, de Priscilla Brasil, recebeu a menção “pela delicadeza na abordagem sobre a precariedade, crime e machismo na aviação de pequeno porte na Amazônia Brasileira”.

O Prêmio do Público na categoria longa-metragem da Competição Latino-Americana foi para “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato. No filme, um professor nigeriano e sua comunidade lutam para provar que seu deus Exu não é o diabo, frente aos ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no Brasil.

“Exu e o Universo”, de Thiago Zanato

O prêmio do júri de Melhor Curta foi para “Quem de Direito”, dirigido por Ana Galizia. O filme mostra a organização popular pelo acesso à terra no território do vale do Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro) e as mobilizações recentes contra um projeto de barragem na região. O filme ganhará o troféu Ecofalante e R$ 5 mil de prêmio.

Segundo o júri da categoria, formado por Guilherme Moura Fagundes (professor de antropologia da USP), Kátia Coelho (diretora de fotografia) e Thomaz Pedro (pesquisador e documentarista), “Quem de Direito é um filme urgente e envolvente. Enquanto terra e água adquirem centralidade na ecologia das lutas populares de Cachoeiras de Macacu, a narrativa fílmica interpela esses elementos a partir do tempo e do espaço. (…) Acima de tudo, Quem de Direito amplia nossos horizontes sobre o que pode ser um cinema ativista que se opera através das imagens, constituindo camadas de resistências”.

“Quem de Direito”, de Ana Galizia

O colombiano “Aribada”, de Simon(e) Jaikiriuma Paetau, Natalia Escobar e Zamanta Enevia, recebeu menção honrosa na categoria curta-metragem; para o júri, “o filme se comunica mostrando o mundo real de forma onírica – quase irreal – e bastante forte na sua apresentação do universo transgênero indígena colombiano. (…) Um filme que evoca – ao mesmo tempo, áspera e delicadamente – fortes reflexões que vão além da sua cinematografia.”

Em um empate técnico, duas obras receberam o Prêmio do Público na categoria curta-metragem: “A Febre da Mata” e “Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”. Dirigido por Takumã Kuikuro, “A Febre da Mata” mostra o fogo invadindo a floresta e os animais fugindo em busca de abrigo, em uma denúncia contra as queimadas na Amazônia. Já “Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, de Iuri Salles e Felipe Larozza, é um retrato de Paulo “Galo” Lima, ativista que ganhou destaque com o movimento dos entregadores antifascistas e que foi preso em 2021 após a ação que ateou fogo na estátua do Borba Gato, em São Paulo.

“A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro

Concurso Curta Ecofalante 

O grande vencedor do Concurso Curta Ecofalante foi “As Lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução”, de kulumym-açu (estudante da Vila das Artes, em Fortaleza). No filme, que combina performance, ilustrações e música, filhos de lavadeiras compartilham suas memórias do Rio Acaraú, que atravessa a cidade de Sobral, no Ceará. O júri do Concurso Curta, formado por Joana Moncau (jornalista e documentarista), Izabel de Fátima Cruz Melo (pesquisadora e professora) e Sergio Silva (cineasta, roteirista e programador), escolheu o filme “por tratar de forma surpreendente e poderosa, a partir dos caminhos da memória, um entrelaçamento pouco usual do território com identidade, memória, gênero e linguagens”. O curta ganhará o troféu Ecofalante e R$ 4 mil de prêmio.

“As Lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução”, de kulumym-açu

Recebeu menção honrosa “O Fundo do Ar É Cinza”, de Carolina Magalhães (da Universidade Federal do Rio de Janeiro), “que através da montagem nos eletriza e nos implica em uma dimensão coletiva a respeito da violência e da destruição do meio ambiente e de seus povos”, segundo o júri.

Já o Prêmio do Público foi para “(D)elas – Mulheres Pretas e o Direito de Ocupar”, de Bruna Lazari Antonio (da Universidade Metodista de São Paulo). O curta traz depoimentos de mulheres negras em posições de liderança nos movimentos pelo direito à moradia em São Paulo.

“(D)elas – Mulheres Pretas e o Direito de Ocupar”, de Bruna Lazari Antonio

‎‎‎‎A Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Ela tem patrocínio da White Martins, da Valgroup, do Mercado Livre e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e apoio da Evonik e da Drogasil. Tem apoio institucional do WWF-Brasil, da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério da Cultura.

LISTA COMPLETA DOS PREMIADOS – 12ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA

12ª MOSTRA ECOFALANTE

Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
“A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge 

COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA

Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem
“A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge 

Prêmio do Júri – Melhor Curta-Metragem
“Quem de Direito”, de Ana Galizia

Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
“Exu e o Universo”, de Thiago Zanato

Prêmio do Público – Melhor Curta-Metragem
“A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro
“Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, de Iuri Salles e Felipe Larozza

Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
“Vento na Fronteira”, de Laura Faerman e Marina Weis
“No Vazio do Ar”, de Priscilla Brasil

Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem
“Aribada”, de Simon(e) Jaikiriuma Paetau, Natalia Escobar & Zamanta Enevia

CONCURSO CURTA ECOFALANTE

Prêmio do Júri – Melhor Curta Ecofalante
“As Lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução”, de kulumym-açu

Prêmio do Público
“(D)elas – Mulheres Pretas e o Direito de Ocupar”, de Bruna Lazari Antonio

Menção Honrosa do Júri
“O Fundo do Ar É Cinza”, de Carolina Magalhães