Festival discute derramamento de petróleo e novas formas de trabalho em sessões seguidas de debate
Entre os dias 12 e 18 de março, Salvador receberá pela primeira vez a itinerância da Mostra Ecofalante de Cinema, festival considerado o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado à temática socioambiental. O evento, que será realizado na Sala Walter da Silveira, havia sido marcado para dezembro de 2019, mas foi adiado devido à necessidade de manutenção do sistema de refrigeração da Sala.
A programação contará com 12 filmes de diversos países, trazendo reflexões sobre temas urgentes ligados a questões socioambientais contemporâneas, como o desconhecido transporte global marítimo e suas consequências para os oceanos e ao meio ambiente como um todo, as mudanças no mundo do trabalho e a uberização, a situação do sistema de saúde na Venezuela atual ou da epidemia de Ebola em Serra Leoa, o desastre de Chernobyl, a organização dos trabalhadores rurais nos EUA e o lixo eletrônico em Gana. Todas as sessões são gratuitas e abertas ao público.
Além das exibições de filmes, serão realizados dois debates. No dia 12 de março, quinta-feira, a sessão do filme “O Custo do Transporte Global” (Espanha/França, 2016, 83′) será seguida de um debate com Eduardo Mendes da Silva, professor do Instituto de Biologia da UFBA. O documentário apresenta uma audaciosa investigação sobre o transporte marítimo de mercadorias e aborda os custos ambientais e sociais por trás dessa indústria, como as consequências na vida marinha, as condições de trabalho nas embarcações e a poluição dos oceanos.
Já na sexta-feira, dia 13, haverá um debate após a exibição do filme “GIG – A Uberização do Trabalho” (Brasil, 2019, 60’), com Bruno Durães e Graça Druck, integrantes do Centro de Estudos e Pesquisas e Humanidades (CRH/UFBa). O documentário, que venceu o Prêmio do Público na 8ª Mostra Ecofalante, aborda o crescimento do trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais. Conhecido como “gig economy” ou “uberização”, esse fenômeno vem despertando debates sobre a precarização e a intensificação do trabalho.
O filme vencedor do Prêmio do Júri na Competição Latino-Americana também será exibido nesta itinerância: o documentário “Está Tudo Bem” (Venezuela/Alemanha, 2018, 70’), que aborda a falta de medicamentos no centro da crise do sistema de saúde na Venezuela. Na temática “saúde”, teremos também “Ebola: Sobreviventes” (EUA, 2018, 83’). Através das lentes de um cineasta serra-leonês, o filme segue as histórias de três personagens no centro da epidemia de Ebola na Serra Leoa, uma das mais graves crises de saúde pública dos últimos tempos.
Destacam-se ainda “Bem-Vindo a Sodoma” (Áustria, Gana, 2018, 92’), que retrata um dos lugares mais contaminados do planeta: Agbogloshie, em Gana, o maior depósito de lixo eletrônico do mundo; e “Idade da Água” (Brasil, 2018, 82’), de Orlando Senna, que traz um alerta sobre a questão da falta de água e sobre a cobiça internacional pela Amazônia, o maior reservatório de água doce do planeta.
Na temática “economia”, teremos “Golpe Corporativo” (Canadá/EUA, 2018, 90’), que retrata como corporações e bilionários gradualmente assumiram o controle do processo político nos EUA, e “Superalimentos” (Canadá, 2018, 70’), que aborda os fatos e mitos por trás de alimentos considerados “super-nutricionais” e revela o efeito cascata dessa indústria nas famílias de agricultores e pescadores mundo afora.
O desastre nuclear de Chernobyl é o tema de “O Suplício: Vozes de Chernobyl” (Luxemburgo/Áustria, 2015, 87′). Baseado no livro vencedor do prêmio nobel “Vozes de Tchernóbil – A história oral do desastre nuclear”, de Svetlana Alexievich, o filme traz relatos de testemunhas oculares, que falam sobre suas antigas vidas cotidianas e então da vida depois da catástrofe.
O documentário “Dolores” (EUA, 2017, 95′) conta a história de Dolores Huerta, uma das mais importantes, embora pouco conhecidas, ativistas da história dos Estados Unidos. Co-fundadora da Farm Workers Union, ela contribuiu enormemente para a luta dos trabalhadores rurais, além da igualdade racial e paridade de gênero.
Em “A História do Porco (em Nós)” (Bélgica, 2017, 120’), o narrador nos leva em uma jornada centrada no porco, da pré-história ao presente e ao redor do mundo. Já “A Verdade sobre Robôs Assassinos” (EUA, 2018, 82’) é um filme revelador que toma incidentes em que robôs causaram a morte de humanos como uma janela para a automação global e suas consequências.
A itinerância da 8ª Mostra Ecofalante em Salvador é uma realização da Ecofalante em parceria com a Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural da Bahia, e tem apoio do Mercado Livre, da White Martins, da Kimberly Clark e da Pepsico.
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