13 de setembro de 2021

Mostra Ecofalante divulga os filmes premiados na 10ª edição

O longa-metragem argentino “Piedra Sola” é o grande vencedor da Competição Latino-Americana da 10ª Mostra Ecofalante de Cinema. Dirigido por Alejandro Telémaco Tarraf, o filme retrata um pastor de lhamas nas profundezas da Puna argentina que, ao buscar a trilha de um puma invisível que está matando seu gado, é conduzido a um encontro místico entre seus ancestrais e a forma mutável do puma. A obra foi premiada com o troféu Ecofalante e R$ 15 mil na noite deste sábado, 11 de setembro, na Cerimônia de Encerramento do festival, que foi transmitida ao vivo pelo Youtube.

Para o júri da Competição, composto por Cristina Amaral (montadora), Junia Torres (antropóloga e documentarista), Mário Branquinho (diretor do CineEco Seia) e Takumã Kuikuro (cineasta), “Piedra Sola” os impressionou “pela qualidade cinematográfica e sobretudo pela fotografia, que nos apresenta uma humanidade totalmente imersa no mundo natural”. Segundo eles, “o filme resulta de uma marcada competência na proposta de atuação da própria comunidade indígena, filmando e ensinando não apenas o seu cotidiano, mas a dimensão ainda mais complexa, que nos permite pensar a questão ambiental de forma mais profunda ainda”.

“Piedra Sola”, de Alejandro Telémaco Tarraf

Três menções honrosas foram concedidas a longas-metragens nesta edição. Sobre “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán, o júri afirmou que “pela excelência de sua realização, pela beleza e pela coragem cinematográfica, o filme impacta e se estabelece como incontornável. A liberdade do olhar nos convida a transitar por histórias e tempos diversos, onde a mãe natureza, sempre presente e generosa, mas justa, a tudo permeia”. “Era Uma Vez na Venezuela”, de Anabel Rodríguez, recebeu a menção por abordar “uma surpreendente comunidade aquática no Congo Mirador, que resiste ao sul do Lago Maracaibo, o maior campo petrolífero da Venezuela. (…) filma o cotidiano desse lugar, o seu modo de vida e ao mesmo tempo alcança as complexas questões políticas e sociais do país na perspectiva dos seus moradores.” Já “Edna”, de Eryk Rocha, foi premiado “por conseguir aliar, dentro de uma forma absolutamente preciosa e cinematográfica, questões tão sérias como as questões humanas, existenciais, ambientais e políticas de uma forma rigorosa, precisa e muito bonita, muito inventiva”.

O documentário “Mata”, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes, foi o vencedor do Prêmio do Público na categoria longa-metragem. No filme, um agricultor e uma comunidade indígena se posicionam como resistência ao avanço das plantações de eucalipto e revelam o impacto da monocultura no meio ambiente.

“Mata”, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes

O prêmio do júri de Melhor Curta foi para “Aká”, de Adolfo Fierro e Juan González. Neste curta mexicano, Adolfo, um jovem rarámuri, se torna o primeiro cinegrafista de sua cidade ao documentar como sua comunidade foi desaparecendo. Segundo o júri, é “um filme que reflete sobre a relação com a imagem e o fazer audiovisual por um jovem cineasta indígena no México, que nos encantou por seu olhar que revela uma perspectiva desde dentro de sua comunidade, compartilhando de maneira muito verdadeira os dilemas existenciais envolvidos entre a busca pela manutenção de um modo de ser tradicional e sua relação com o mundo moderno”. O filme ganhou o troféu Ecofalante e R$ 5 mil de prêmio.

“Aká”, de Adolfo Fierro e Juan González

O filme “Mineiros”, de Amanda Dias, recebeu menção honrosa do júri na categoria curta-metragem; segundo o júri, é “um filme que enfrenta com inventividade formal o maior problema ambiental do estado de Minas Gerais e um dos maiores do país, a mineração predatória, ao ouvir as pessoas que serão removidas de seus espaços de moradia”. O curta “Topawa”, de Kamikia Kisedje e Simone Giovine, também recebeu menção honrosa por ser “um filme que mostra a luta e a realidade dos povos indígenas (…) onde cineastas indígenas mostram a beleza da natureza e da Amazônia”.

O Prêmio do Público na categoria curta-metragem foi para “Tapajós Ameaçado”, de Thomaz Pedro. O filme acompanha 25 lideranças indígenas da região do baixo e médio Tapajós para apresentar as suas perspectivas em relação a uma série de megaprojetos que estão sendo planejados para a região, tais como ferrovias, hidrovias, agronegócio, mineração e outros.

“Tapajós Ameaçado”, de Thomaz Pedro

Concurso Curta Ecofalante 

O grande vencedor do Concurso Curta Ecofalante foi “Quarentena Pra Quem?”, de Laís Maciel e Isabella Vilela, filme que traz a visão de três trabalhadores que não pararam de trabalhar durante a pandemia. Segundo o júri do Concurso Curta, composto por Camila de Moraes (cineasta), Julia Katharine (cineasta e atriz) e Lucia Monteiro (professora, crítica e curadora de cinema), o documentário foi escolhido “pela qualidade e intensidade dos depoimentos (…). Ao jogar luz sobre as realidades vividas por trabalhadores de diferentes categorias, moradores de bairros bastante atingidos pela pandemia, as realizadoras revelaram uma enorme desigualdade em comparação com quem pôde fazer o isolamento, e reafirmaram um gesto muito primordial no documentário: a abertura para o outro”. O curta ganhou o troféu Ecofalante e R$ 4 mil de prêmio.

“Quarentena Pra Quem”, de Laís Maciel e Isabella Vilela

O curta “Àprova”, dirigido por Natasha Rodrigues, recebeu menção honrosa; o júri considerou que o filme “aborda de maneira muito potente a chegada de estudantes negros nas universidades, percorrendo de maneira muito positiva temas como solidão, as cotas, racismo estrutural e a conquista de espaços de expressão e de transformação”.

Já o Prêmio do Público foi para “Remanescente”, de João Victor Avila. O curta retoma as lembranças e histórias de moradores da cidade de Guapé, no sul de Minas Gerais, que nos anos 1960 teve grande parte de seu território alagado pela barragem de Furnas.

Prêmios do Público

Em 2020, a Mostra Ecofalante instituiu dois novos prêmios escolhidos pelo público: Melhor Filme do Panorama Internacional Contemporâneo e Melhor Longa-Metragem da Mostra.

“Dope Is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras”, de Mia Donovan

Nesta edição, “Dope Is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras”, de Mia Donovan, foi o vencedor no Panorama Internacional Contemporâneo. O documentário revela a história de como o Dr. Mutulu Shakur, junto com seus companheiros dos Panteras Negras e os Jovens Lordes, combinaram saúde comunitária e política radical para criar, em 1973, o primeiro programa de desintoxicação por acupuntura nos EUA.

“A Bolsa ou a Vida”, de Silvio Tendler, foi escolhido como o melhor longa do festival. O documentário aborda o desmonte do conceito de bem-estar social e nos faz refletir sobre a incompatibilidade do neoliberalismo com um projeto humanista de sociedade.

“A Bolsa ou a Vida”, de Silvio Tendler

LISTA COMPLETA DOS PREMIADOS

10ª MOSTRA ECOFALANTE

Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
A BOLSA OU A VIDA, de Silvio Tendler (Brasil, 2021, 102′)

PANORAMA INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO

Prêmio do Público
DOPE IS DEATH: A OUTRA LUTA DOS PANTERAS NEGRAS, de Mia Donovan (EUA, 2020, 79′)

COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA

Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem
PIEDRA SOLA, de Alejandro Telémaco Tarraf (Argentina, 2020, 72′)

Prêmio do Júri – Melhor Curta-Metragem
AKÁ, de Adolfo Fierro e Juan González (México, 2020, 28′)

Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
MATA, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes (Brasil, 2020, 79′)

Prêmio do Público – Melhor Curta-Metragem
TAPAJÓS AMEAÇADO, de Thomaz Pedro (Brasil, 2021, 24′)

Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
LUZ NOS TRÓPICOS, de Paula Gaitán (Brasil, 2020, 260′)
ERA UMA VEZ NA VENEZUELA, de Anabel Rodríguez (Venezuela/Reino Unido/Áustria/Brasil, 2020, 99′)
EDNA, de Eryk Rocha (Brasil, 2021, 64′)

Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem
MINEIROS, de Amanda Dias (Brasil, 2020, 23′)
TOPAWA, de Kamikia Kisedje e Simone Giovine (Brasil, 2019, 7′)

CONCURSO CURTA ECOFALANTE

Prêmio do Júri – Melhor Curta Ecofalante
QUARENTENA PRA QUEM?, de Laís Maciel e Isabella Vilela (Brasil, 2020, 22′)

Prêmio do Público
REMANESCENTE, de João Victor Avila (Brasil, 2019, 25′)

Menção Honrosa do Júri
ÀPROVA, de Natasha Rodrigues (Brasil, 2020, 16′)