4 de agosto de 2021

10ª Mostra Ecofalante: Conheça os filmes do Panorama Internacional Contemporâneo

O Panorama Internacional Contemporâneo é o programa da Mostra Ecofalante que a cada edição traz os mais novos filmes dos principais festivais de cinema e documentário do mundo. Na 10ª Mostra Ecofalante, que será realizada entre os dias 11 de agosto e 14 de setembro, o programa terá 38 produções, sendo 27 inéditas no Brasil, contando com representantes de 31 países.

Dentro do Panorama, nossa curadoria organiza os filmes em eixos a partir de suas temáticas em comum. Esses eixos, além de facilitarem a orientação do público, serão pautas de debates com convidados durante a Mostra. Nesta edição, a programação estará dividida em 7 temáticas: Ativismo, Biodiversidade, Cidades, Economia, Povos&Lugares, Tecnologia e Trabalho.

O eixo temático Ativismo é composto de quatro filmes. “Arica”, de Lars Edman e William Johansson Kalén, é uma coprodução Suécia/Chile/Bélgica/Noruega/Reino Unido selecionada para o festival IDFA-Amsterdã que focaliza um processo de responsabilidade corporativa contra uma mineradora sueca que exportou 20 mil toneladas de lixo tóxico para uma a cidade do Chile. “Ativistas Animais”, de Denis Henry Hennelly e Casey Suchan, conta a história da perseguição implacável do governo norte-americano a um grupo de ativistas que luta contra a crueldade animal. “Dope is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras”, de Mia Donovan, recupera a história do Dr. Mutulu Shakur, (padrasto do rapper Tupac Shakur, assassinado em 1996), que junto com seus companheiros dos Panteras Negras e os Jovens Lordes, combinaram saúde comunitária com política radical para criar o primeiro programa de desintoxicação por acupuntura nos Estados Unidos. Já a produção do Quênia vencedora do prêmio de melhor montagem no Festival de Sundance “Softie”, de Sam Soko, retrata um jovem fotógrafo famoso por retratar a violência política de seu país que decide concorrer às eleições regionais.

“Ativistas Animais”, de Denis Henry Hennelly e Casey Suchan

Biodiversidade é o eixo temático que reúne sete produções. “As Borboletas de Arabuko” (John Davies, Reino Unido) aborda o ofício de caçadores e criadores de borboletas no Quênia e como essa prática incomum acabou ajudando a preservar a maior e última floresta remanescente da África Oriental. Vencedor do importante festival ambiental norte-americano Wild & Scenic, “Baleias Enredadas”, de David Abel, é produção norte-americana que trata dos esforços para proteger da extinção as baleias francas do Atlântico Norte. O alemão “Era Uma Vez Um Lago”, de Daniel Asadi Faezi, premiado no Festival de Innsbruck, é uma abordagem poética sobre um lago no norte do Irã transformado em terra estéril e coberta de sal. Já “O Salmão Vermelho”, dos russos Dmitriy Shpilenok e Vladislav Grishin, foi elogiado por sua fotografia primorosa ao focalizar um santuário do salmão vermelho, ameaçado pela pesca ilegal. “O Tempo das Florestas”, produção francesa dirigida por François-Xavier Drouet, alerta para a atual fase de industrialização das florestas, verdadeiros símbolos da natureza e da preservação. “Res Creata” (de Alessandro Cattaneo, Itália) é ensaio visual sobre a relação entre os seres humanos e os animais selecionado para os importantes festivais de documentários Visions du Rèel e Hot Docs. Narrado pelo ator e ativista ambiental Woody Harrelson, o longa-metragem norte-americano “Solo Fértil”, de Josh Tickell e Rebecca Harrell Tickell, aborda um grupo de ativistas, cientistas, agricultores e políticos que se unem em um movimento global por uma técnica de plantio cujo objetivo é equilibrar o clima, reabastecer o vasto suprimento de água e alimentar o mundo.

“Res Creata”, de Alessandro Cattaneo

Cidades é eixo temático no qual estão reunidos seis títulos. O longa-metragem português “A Nossa Terra, o Nosso Altar”, de André Guiomar, premiado no Festival de Bilbao, é documentário intimista e observacional sobre o bairro do Aleixo, na cidade do Porto, vivendo processo de demolição que arrasta-se há anos. Coprodução entre a Alemanha e a Etiópia dirigida por Daniel Kötter, “A Leste de Finfinnee” foi premiado no Festival DOK Leipzig ao incursionar na periferia da capital etíope Adis Abeba, analisando o fosso mais do que simbólico entre o urbano e rural. “Ar Condicionado”, longa angolano assinado por Fradique e selecionado para o Festival de Roterdã, mistura realismo mágico e crítica social em um enredo sobre aparelhos de ar condicionado que começam a cair misteriosamente dos apartamentos na cidade de Luanda, capital do país. “Formas Concretas de Resistência”, coprodução entre Reino Unido e Líbano dirigida por Nick Jordan, focaliza obra arquitetônica de Oscar Niemeyer (1907-2012) em Trípoli para um evento que acabou não sendo realizado e se tornou um verdadeiro estorvo no meio da cidade. “Injustiça Climática”, de Judith Helfand, vincula a devastação de um desastre natural ao desastre do racismo estrutural a partir da pior onda de calor da história dos Estados Unidos vivida pela cidade de Chicago em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana. Já o canadense “Um Lugar Como Nenhum Outro”, dirigido por Lulu Wei, é um registro pessoal da transformação de um icônico quarteirão da cidade de Toronto, coletando histórias de membros de sua comunidade.

“Ar Condicionado”, de Fradique

No eixo temático Economia estão quatro longas-metragens. “A Nova Corporação” é assinado pelo renomado escritor, músico de jazz, cineasta e professor Joel Bakan, em codireção com Jennifer Abbott. O filme revela como a aquisição corporativa da sociedade está sendo justificada pelas astutas ações estratégicas que buscam reposicionar corporações como entidades com consciência social. “Jogo do Poder”, do cineasta três vezes vencedor do Oscar Costa-Gavras, é baseado nas memórias do ex-ministro de finanças grego Yanis Varoufakis, co-roteirista do filme, e focaliza as razões para a crise na Grécia ter acontecido e como foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas da história política. “O Capital no Século XXI”, de Justin Pemberton e Thomas Piketty, é coprodução França/Nova Zelândia que propõe uma viagem através da história moderna de nossas sociedades, contrapondo a riqueza e o poder de um lado e, do outro, o progresso social e as desigualdades. Já “Oeconomia”, dirigido por Carmen Losmann e selecionado para o Festival de Berlim, revela como as regras do jogo capitalista contemporâneo pré-condicionam sistematicamente o crescimento, os déficits e as concentrações de riqueza.

“Jogo do Poder”, de Costa-Gavras

Seis filmes integram o eixo temático Povos & Lugares do Panorama Internacional Contemporâneo da Mostra Ecofalante de Cinema. Produção da Sérvia, “Até o Anoitecer”, de Maja Novaković, acumulou premiações em eventos nos Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça, Irã e Eslovênia ao retratar com poesia amarga a vida cotidiana nas colinas isoladas do país através de duas mulheres idosas. O português “Hálito Azul”, de Rodrigo Areias, focaliza uma vila de pescadores da ilha de São Miguel, nos Açores, que vive os últimos dias de uma atividade pesqueira tal como a conhecem. “Morning Star”, de Nantenaina Lova, é uma coprodução entre Madagascar e Ilha da Reunião que focaliza uma comunidade da região costeira e a importância cultural daquele espaço cobiçado pelo capitalismo. Já o italiano “Omelia Contadina”, de JR e Alice Rohrwachter, apresenta uma performance de camponeses que trazem trechos de textos de Pier Paolo Pasolini e Rachel Carson e foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem estrangeiro no Festival de Valladolid. Uma coprodução Reino Unido/Polônia/Espanha, “Pesca Roubada”, de Gosia Juszczak, lança um olhar sensível para a população pobre na Gambia, país africano onde pescadores e outros trabalhadores são afetados pelo extrativismo e pelo neocolonialismo chinês. O suíço “Sapelo”, de Nick Brandestini, focaliza a ilha de mesmo nome no estado da Georgia (Estados Unidos), que abriga comunidades afrodescendentes em desaparecimento. A obra foi vencedora do prêmio de melhor longa-metragem no Festival Visions du Réel, melhor documentário, melhor direção e prêmio especial do júri no Festival BendFilm (Oregon, EUA) e de melhor documentário no Festival Ojai da Califórnia.

“Pesca Roubada”, de Gosia Juszczak

Cinco produções estão reunidas no eixo temático Tecnologia. “A Campanha Contra o Clima” é uma coprodução Dinamarca/Finlândia/Noruega/Suíça/Bélgica dirigida por Mads Ellesøe que mostra como, em 1988, as maiores petroleiras do planeta detectaram o aquecimento global, mas, em vez de agir, lançaram uma campanha que há 30 anos atrapalha o combate à emergência climática, semeando dúvida onde antes havia unanimidade. “Coded Bias” (EUA/Reino Unido/China), de Shalini Kantayya, que foi eleito como o melhor documentário no Festival de Calgary, no Canadá, tem como protagonista a pesquisadora Joy Buolamwini, que descobriu serem as tecnologias de reconhecimento facial imprecisas em rostos de pele negra ou incorretas para mulheres. “Feels Good Man”, de Arthur Jones, foi vencedor do prêmio de melhor documentário de diretor estreante no Festival de Sundance ao contar a história de como o meme Pepe The Frog escapou do controle de seu criador e involuntariamente se tornou um símbolo de ódio, racismo e intolerância. Já “Influence”, coprodução da África do Sul e Canadá selecionada para o Festival de Sundance e dirigida por Richard Poplak e Diana Neille, focaliza Lord Timothy Bell, fundador da empresa de relações públicas Bell Pottinger, que ganhou destaque ao prestar serviços para políticos polêmicos e amorais, tendo usado a mídia como uma arma para influenciar as eleições – e subverter a democracia, como no Reino Unido e no Chile de Pinochet. “O Debatedor”, de Harry Spitzer e Joshua Davis, questiona sobre o que ocorre quando a inteligência artificial se aventura no mundo real do discurso humano e age mais como nós. O filme oferece um raro vislumbre dos bastidores da criação de uma nova e poderosa inteligência artificial.

“Coded Bias”, de Shalini Kantayya

Seis produções compõem o eixo temático Trabalho. “Cuidadoras a Caminho”, produção da Indonésia dirigida por Ismail Fahmi Lubis, focaliza um centro de treinamento para trabalhadoras domésticas que buscam ser empregadas no exterior. “Filipiñana” (Filipinas/Reino Unido), de Rafael Manuel, aborda a estratificação rígida da sociedade filipina a partir de uma jovem trabalhadora de um sofisticado clube e venceu o prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Berlim. “Mulheres de Farda”, de Deirdre Fishel, foi selecionado nos importantes festivais de Tribeca e DOC NYC ao focalizar as histórias das mulheres policiais em Minneapolis (EUA) que tentam restaurar a confiança na comunidade. “Noite Adentro”, de Loira Limbal, investiga o fenômeno das creches norte-americanas que funcionam 24 horas por dia, resultado das extensas jornadas em diferentes empregos da população. “O Novo Evangelho”, de Milo Rau, propõe uma nova versão da crucificação de Cristo, desta vez interpretada por um ativista político camaronês Yvan Sagnet, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia. O filme é ao mesmo tempo uma gravação dos ensaios da peça e, fora do “palco”, uma documentação da luta de Sagnet e de seus compatriotas africanos por visibilidade e dignidade. Produção da República Tcheca dirigida por Jindřich Andrš, “O Último Turno” acompanha a difícil transição de um mineiro de meia idade em busca de uma nova profissão, após o fechamento da última mina da República Tcheca.

“O Novo Evangelho”, de Milo Rau

Confira abaixo a lista completa dos filmes do Panorama Internacional Contemporâneo!

ATIVISMO

* “Arica” (“Arica”, Suécia/Chile/Bélgica/Noruega/Reino Unido, 2020, 97 min) – Lars Edman e William Johansson Kalén
Uma mineradora sueca exporta 20 mil toneladas de lixo tóxico para a cidade chilena de Arica, no norte do deserto de Atacama. Milhares de pessoas adoecem, muitas morrem de câncer. O filme documenta um processo inédito de responsabilidade corporativa que começa depois de um cineasta sueco nascido no Chile expor o escândalo em um primeiro documentário. Filmado ao longo de 15 anos, a obra revela como as decisões tomadas décadas atrás na Europa continuam afetando as pessoas na América do Sul.
Selecionado para o IDFA-Amsterdã.

* “Ativistas Animais” (“The Animal People”, EUA, 2019, 97 min) – Denis Henry Hennelly e Casey Suchan
Filmado ao longo de 15 anos, conta a história da perseguição implacável do governo norte-americano a um grupo de ativistas que luta contra a crueldade animal. O filme retrata como os jovens foram alçados de ativistas radicais que se apoiam na primeira emenda à Constituição do país – a liberdade de expressão –, a terroristas domésticos. Produção executiva do ator vencedor do Oscar e ativista vegano Joaquin Phoenix.
Selecionado para o Suncine – Festival de Cinema e Meio Ambiente de Barcelona.

* “Dope is Death: A Outra Luta das Panteras Negras” (“Dope is Death”, EUA, 2020, 79 min) – Mia Donovan
A história de como o Dr. Mutulu Shakur (padrasto do rapper Tupac Shakur, assassinado em 1996), junto com seus companheiros dos Panteras Negras e os Jovens Lordes, combinaram saúde comunitária com política radical para criar o primeiro programa de desintoxicação por acupuntura nos Estados Unidos em 1973. Visionário, o projeto logo considerado perigoso demais pelo governo norte-americano.
Selecionado para os festivais IDFA-Amsterdã, HotDocs, CPH:DOX e Dokufest.

* “Softie” (“Softie”, Quênia, 2020, 96 min) – Sam Soko
Softie, como é apelidado Boniface, é um jovem fotógrafo queniano famoso por retratar a violência política de seu país natal. Inconformado com o descaso e abandono que vê ao seu redor, decide concorrer às eleições regionais. Ao lutar por manter a sua campanha “limpa” e sua família segura, percebe que a política é o único caminho para se alcançar a justiça socioambiental, é também um jogo muito sujo e perigoso.
Vencedor do prêmio de melhor montagem no Festival de Sundance; selecionado para os festivais de HotDocs e CPH:DOX.

BIODIVERSIDADE

* “As Borboletas de Arabuko” (“The Flying Gold of Arabuko”, Reino Unido, 2020, 10 min) – John Davies
Sobre o ofício de caçadores e criadores de borboletas no Quênia e como essa prática incomum acabou ajudando a preservar a maior e última floresta remanescente da África Oriental. Contado da perspectiva de um criador de borboletas e ex-caçador furtivo, o filme questiona se algo tão pequeno como uma borboleta poderia salvar um ecossistema inteiro.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no Independent Shorts Awards e de  menção especial do júri no Festival Innsbruck Nature.

* “Baleias Enredadas” (“Entangled”, EUA, 2020, 75 min) – David Abel
Sobre os esforços para proteger da extinção as baleias francas do Atlântico Norte, os impactos desses esforços na indústria da lagosta e como o Serviço Nacional de Pesca Marinha tem lutado para equilibrar os interesses rivais.
Vencedor do Prêmio Jackson Wild Media (considerado como o “Oscar” do cinema de natureza), na categoria de melhor filme não-televisivo.

* “Era Uma Vez Um Lago” (“Where We Used To Swim”, Alemanha, 2019, 8 min) – Daniel Asadi Faezi
O Lago Urmia, no norte do Irã, já foi o maior lago do Oriente Médio, mas sua má gestão trouxe uma seca devastadora que transformou boa parte dele em terra estéril e coberta de sal. Sob a forma de ensaio cinematográfico, o filme utiliza fragmentos de identidade e memória, partindo do presente para revisitar o passado e erguer um monumento ao quase extinto Lago Urmia.
Vencedor de menção honrosa no Festival de Innsbruck.

* “O Salmão Vermelho” (“Sockeye Salmon, Red Fish”, Rússia, 2020, 51 min) – Dmitriy Shpilenok e Vladislav Grishin
O Santuário do Sul de Kamchatka é o paraíso do salmão vermelho, espécie selvagem que habita a península de Kamchatka, região no extremo oriente da Rússia. A reserva, que abriga uma população de ursos marrons e atrai milhares de turistas todo ano, é um raro exemplo de equilíbrio entre a flora e a fauna. O documentário, elogiado por sua fotografia primorosa, foi filmado ao longo de anos e testemunhou os esforços da comunidade para conscientizar a população local e frear a caça furtiva, que ameaçava o salmão vermelho e assim, toda a biodiversidade que ele ajuda a sustentar.
Vencedor do grand prix do Festival Ekofilm.

* “O Tempo das Florestas” (“Le Temps des Forêts”, França, 2018, 104 min) – François-Xavier Drouet
Símbolo da natureza e da preservação, as florestas enfrentam uma fase de industrialização sem precedentes. A pesada mecanização, as monoculturas, os fertilizantes e os pesticidas se multiplicam no ritmo acelerado do modelo da agricultura intensiva. Ao mesmo tempo, a transmissão de conhecimento dos silvicultores se perde. Nessa jornada ao coração da indústria florestal e suas alternativas, o filme mostra como as escolhas de hoje definirão a paisagem de amanhã.
Vencedor do prêmio SRG SSR na Semana da Crítica do Festival de Locarno e do Prêmio Independente no Festival de Trento

* “Res Creata” (“Res Creata – Humans and Other Animals”, Itália, 2019, 80 min) – Alessandro Cattaneo
Sobre a relação milenar – ora conflituosa, ora harmoniosa – entre os seres humanos e os animais. Trata-se de uma relação onde a curiosidade, o amor e o deslumbramento muitas vezes se entrelaçam com a exploração, a objetificação e a necessidade. Ensaio visual ao mesmo tempo intimista e filosófico, o filme procura jogar luz sobre o que nos conecta e sugere que se conseguirmos mudar o modo como pensamos sobre os animais, o ecossistema inteiro se beneficiará.
Selecionado para o Festival de Innsbruck, Cracóvia, Visions du Rèel e Hot Docs.

* “Solo Fértil” (“Kiss The Ground”, EUA, 2020, 85 min) – Josh Tickell e Rebecca Harrell Tickell
Narrado pelo ator e ativista ambiental Woody Harrelson, o filme aborda um grupo revolucionário de ativistas, cientistas, agricultores e políticos que se unem em um movimento global chamado “Agricultura Regenerativa”. Trata-se de uma técnica de plantio cujo objetivo é equilibrar o clima, reabastecer o vasto suprimento de água e alimentar o mundo.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival Doc LA (Los Angeles); melhor documentário interativo no Festival Lonely Wolf (Londres).

CIDADES

* “A Nossa Terra, o Nosso Altar” (“A Nossa Terra, o Nosso Altar”, Portugal, 2020, 77 min) – André Guiomar
Documentário intimista e observacional, o filme testemunha as últimas rotinas no cotidiano do bairro social do Aleixo (na cidade do Porto, Portugal), marcadas pela tensão de um fim anunciado. Entre a queda da primeira e da última torre, o processo de demolição arrasta-se durante anos, deixando as vidas dos moradores em suspenso, num misto de resignação e inconformidade.
Vencedor do Prêmio ZIFF Youth Award no Festival de Documentários e Curtas-Metragens de Bilbao; Melhor Diretor Emergente na competição internacional do Festival Porto/Post/Doc.

* “A Leste de Finfinnee” (“Rift Finfinnee”, Alemanha/Etiópia, 2020, 79 min) – Daniel Kötter
Uma viagem pela periferia de Adis Abeba, capital da Etiópia. Em planos de paisagens e arquitectura rigorosamente enquadrados e com uma trilha sonora que entrelaça as conversas originais de forma complexa, o filme percorre o desfiladeiro do rio Akaki, analisando o fosso mais do que simbólico entre o urbano e rural. A obra toma a geografia concreta, a arquitetura e a vida cotidiana de trabalhadores agrícolas e da construção civil no leste de Adis Abeba (“Finfinnee”, em oromo) como ponto de partida para uma narrativa alegórica sobre a urbanização de uma sociedade africana à beira da guerra civil.
Vencedor do Prêmio DEFA no Festival DOK Leipzig; selecionado para os festivais Doclisboa e Hot Docs.

* “Ar Condicionado” (“Ar Condicionado”, Angola, 2020, 72 min) – Fradique
Quando aparelhos de ar condicionado começam a cair misteriosamente dos apartamentos na cidade de Luanda, capital da Angola, um vigia e uma empregada doméstica têm a missão de recuperar o aparelho do chefe. O filme mistura realismo mágico e crítica social em uma narrativa sobre como vivemos em conjunto nas esperanças verticais, no coração de uma cidade que é passado-presente-futuro.
Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Innsbruck; selecionado para o Festival de Roterdã.

* “Formas Concretas de Resistência” (“Concrete Forms of Resistance”, Reino Unido/Líbano, 2019, 25 min) – Nick Jordan
“Trípoli teve sorte de ter esse projeto no coração da cidade, mas o projeto teve o azar de ser em Trípoli”. Com essa frase, o filme dita o tom melancólico de sua análise sobre a concepção e o uso do projeto arquitetônico do brasileiro Oscar Niemeyer (1907-2012) para a Feira Internacional Permanente que seria sediada na cidade de Trípoli, no Líbano. A guerra colocou um fim nesse grande projeto e tornou o espaço inviável – um estorvo no meio da cidade.
Selecionado para o Festival de Sheffield e Festival de Curtas-Metragens de Londres.

* “Injustiça Climática” (“Cooked: Survival by Zip Code”, EUA, 2018, 82 min) – Judith Helfand
Chicago sofreu a pior onda de calor da história dos Estados Unidos em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana. Enquanto o filme vincula a devastação do desastre natural ao desastre do racismo estrutural, também investiga uma das indústrias de maior crescimento das últimas décadas: a indústria de preparação para emergências e desastres. O filme pergunta: como pode o estado estar disposto a se prevenir contra desastres naturais, mas reluta em reconhecer os desastres em câmera lenta que engendra?
Selecionado para os festivais DOC NYC, SEFF – Seoul Eco e DC Environmental.

* “Um Lugar Como Nenhum Outro” (“There’s No Place Like This Place, Anyplace”, Canadá, 2020, 75 min) – Lulu Wei
Registro pessoal da transformação de um icônico quarteirão de Toronto através das histórias de membros de sua comunidade, da qual fazem parte a diretora e sua namorada. Enquanto todos revisitam a história do bairro – indissociável da trajetória de cada um dos moradores –, eles não deixam de lutar por moradia acessível em meio à maior crise imobiliária que o país jamais viu.
Vencedor do prêmio do público no Festival Hot Docs.

ECONOMIA

* “A Nova Corporação” (“The New Corporation: The Unfortunately Necessary Sequel”, Canadá, 2020, 106 min) – Joel Bakan e Jennifer Abbott
O filme revela como a aquisição corporativa da sociedade está sendo justificada pelo astuto “rebranding” das corporações como entidades com consciência social. De reuniões de elites corporativas em Davos, às mudanças climáticas e desigualdade em espiral; a ascensão de líderes de ultradireita à covid-19 e a injustiça racial, a obra analisa o poder devastador das corporações. Contrariar isso é uma onda de resistência em todo o mundo, à medida que as pessoas vão às ruas em busca da justiça e do futuro do planeta.
Vencedor do prêmio de melhor documentário canadense no Festival de Vancouver; selecionado para os festivais de Toronto e Planet in Focus.

* “Jogo do Poder” (“Adults in the Room”, França/Grécia, 2019, 124 min) – Costa-Gavras
Baseado nas memórias do ex-ministro de finanças grego Yanis Varoufakis, é uma abordagem sobre a “agenda oculta” da Europa revelando o que realmente acontece em seus corredores de poder. Focaliza as razões para a crise na Grécia ter acontecido, e como foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas na história política. Mas a verdadeira história do que aconteceu é quase inteiramente desconhecida, principalmente porque grande parte dos verdadeiros negócios da União Europeia ocorre a portas fechadas.
Selecionado para o Festival de Roterdã.

* “O Capital no Século XXI” (“Capital in the Twenty-First Century”, França/Nova Zelândia, 2019, 103 min) – Justin Pemberton e Thomas Piketty
Adaptado do livro homônimo de Thomas Piketty, uma das obras mais importantes dos últimos anos. Intercalando referências à cultura pop com intervenções dos mais influentes especialistas de nossa época, o filme propõe uma viagem através da história moderna de nossas sociedades. O documentário contrapõe a riqueza e o poder de um lado e, do outro, o progresso social e as desigualdades. Uma reflexão necessária para compreender o mundo de hoje.
Selecionado para o Festival de Hamburgo.

* “Oeconomia” (“Oeconomia”, Alemanha, 2020, 89 min) – Carmen Losmann
Camada por camada, o filme revela como as regras do jogo capitalista contemporâneo pré-condicionam sistematicamente o crescimento, os déficits e as concentrações de riqueza. Com particular perspicácia e rigor, o filme articula os aspectos mais flagrantes da economia capitalista tornados invisíveis pela cobertura predominante da mídia.
Selecionado para os festivais de Berlim, IDFA-Amsterdã, Sheffield e CPH:DOX.

POVOS & LUGARES

* “Até o Anoitecer” (“Then Comes The Evening”, Sérvia, 2019, 28 min) – Maja Novaković
A poesia amarga da vida cotidiana nas colinas isoladas do leste da Sérvia mostra o cuidado e a intimidade de duas mulheres idosas, tanto em suas relações mútuas quanto na relação com a natureza.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Innsbruck e no Festival de Documentários Full Frame (EUA); melhor filme no Festival de Lugano (Suíça); prêmio especial do júri no Festival Auteur de Belgrado e no Festival Cinema Vérité do Irã; prêmio do público no Festival Entrevues de Belfort (França); prêmio da crítica internacional no Festival FeKK de Liubliana (Eslovênia).

* “Hálito Azul” (“Hálito Azul”, Portugal, 2018, 78 min) – Rodrigo Areias
Esmagada contra o oceano pela encosta de um vulcão, a vila de pescadores da Ribeira Quente, na ilha de São Miguel nos Açores, vive os últimos dias de uma atividade pesqueira tal como a conhecem. Todos lutam por dias normais, enquanto a vida continua, mesmo com os peixes ficando escassos.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Ismailia (Egito).

* “Morning Star” (“Morning Star”, Madagascar/Ilha da Reunião, 2020, 77 min) – Nantenaina Lova
Uma vila, uma comunidade e uma cultura em vias de desaparecer por conta da mineração. O filme focaliza na comunidade local numa região costeira de Madagascar e na importância cultural daquele espaço cobiçado pelo capitalismo. Foca também nos jovens, na perspectiva que tem de perderem sua terra, na absoluta ausência de oportunidades.
Selecionado para o IDFA-Amsterdã.

* “Omelia Contadina” (“Omelia Contadina”, Itália, 2019, 10 min) – JR e Alice Rohrwachter
Filme performático com uma comunidade de camponeses italianos que fazem uma ‘apresentação funerária’ em que o(s) morto(s) são eles mesmos. Com a proclamação de textos proféticos do cineasta Pier Paolo Pasolini (1922-1975) e trechos de “A Primavera Silenciosa”, da escritora norte-americana Rachel Carson (1907-1964).
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem estrangeiro no Festival de Valladolid.

* “Pesca Roubada” (“Stolen Fish”, Reino Unido/Polônia/Espanha, 2020, 30 min) – Gosia Juszczak
Um olhar muito sensível para a população pobre na Gambia, país africano onde pescadores e outros trabalhadores são afetados pelo extrativismo e pelo neocolonialismo chinês.
Selecionado para o Festival de Sheffield.

* “Sapelo” (“Sapelo”, Suíça, 2020, 91 min) – Nick Brandestini
Sapelo é uma ilha na costa do estado da Georgia (Estados Unidos) que abriga comunidades afrodescendentes em desaparecimento. A idosa Cornelia luta para preservar costumes, tradições e resgate da ancestralidade negra muito viva e presente.
Vencedor do prêmio de melhor longa-metragem no Festival Visions du Réel; melhor documentário, melhor direção e prêmio especial do júri no Festival BendFilm (Oregon, EUA); melhor documentário no Festival Ojai (Califórnia, EUA). 

TECNOLOGIA

* “A Campanha Contra o Clima” (“The Campaign Against the Climate”, Dinamarca/Finlândia/Noruega/Suíça/Bélgica, 2020, 58 min) – Mads Ellesøe
Em 1988, o mundo se preparava para agir contra as mudanças climáticas. Mas então algo aconteceu. Algo que levou à crise climática para a qual o mundo despertou hoje. As maiores petroleiras do planeta foram das primeiras a detectar o aquecimento global, mas, em vez de agir, lançaram uma campanha que há 30 anos atrapalha o combate à emergência climática, semeando dúvida onde antes havia unanimidade. Trata-se de um modus operandi que vai encontrar, anos depois, o seu maior aliado na internet das redes sociais e algoritmos.
Selecionado para o IDFA-Amsterdã e para os festivais CPH:DOX e Cinemambiente.

* “Coded Bias” (“Coded Bias”, EUA/Reino Unido/China, 2019, 84 min) – Shalini Kantayya
Quando Joy Buolamwini, pesquisadora do MIT Media Lab (EUA), descobre que muitas tecnologias de reconhecimento facial não detectam com precisão rostos de pele negra ou classificam incorretamente os rostos de mulheres, ela passa a investigar o caráter altamente tendencioso presente nos algoritmos. Acontece que a inteligência artificial não é neutra e as mulheres estão liderando a ofensiva para garantir que nossos direitos civis sejam protegidos.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Calgary (Canadá); selecionado para os festivais de Sundance, SXSW, CPH:DOX e Hot Docs.

* “Feels Good Man” (“Feels Good Man”, EUA, 2019, 92 min) – Arthur Jones
A história de como o meme Pepe The Frog escapou do controle de seu criador e involuntariamente se tornou um símbolo de ódio, racismo e intolerância. Por meio de uma série de imprevistos e conexões bizarras impulsionadas pela internet, Pepe acabou sendo cooptado pela extrema direita norte-americana. Como isso aconteceu exatamente é uma viagem selvagem ao coração da vida online dos dias de hoje e à “memeificação” de nossa cultura coletiva compartilhada – na qual os significados das imagens mudam a todo momento e não podem ser controlados nem mesmo por seus criadores.
Vencedor do prêmio de melhor documentário de diretor estreante no Festival de Sundance; selecionado para os festivais SXSW, Hot Docs e CPH:DOX.

* “Influence” (“Influence”, África do Sul/Canadá, 2020, 26 min) – Richard Poplak e Diana Neille
Lord Timothy Bell, fundador da empresa de relações públicas Bell Pottinger, ganhou destaque no mundo da publicidade ao prestar serviços para políticos que vão do polêmico ao abertamente amoral. Depois de décadas usando a mídia como uma arma para influenciar as eleições – e subverter a democracia – no Reino Unido, no Chile de Pinochet e além, um novo cliente contribui para a queda dramática de Bell. Oferecendo uma visão precisa sobre o quanto nossas percepções são moldadas por forças externas, o filme promove uma investigação perturbadora sobre a politização da comunicação moderna, fenômeno que se repete e multiplica na instrumentalização das redes sociais nos dias de hoje.
Vencedor do prêmio de melhor documentário sul-africano no Festival de Durban; selecionado para os festivais de Sundance, Moscou e Dokufest.

* “O Debatedor” (“The Debater”, EUA, 2020, 26 min) – Harry Spitzer e Joshua Davis
Não há quem possa parar os avanços da inteligência artificial. As máquinas nos venceram no jogo de damas, xadrez, pôquer… Mas tudo isso são jogos. O que ocorre quando a IA se aventura no mundo real do discurso humano e age mais como nós? O filme oferece um raro vislumbre dos bastidores da criação de uma nova e poderosa inteligência artificial. Ele conta a história do empenho de uma equipe da IBM em levar a inteligência artificial a um território desconhecido e explora o que significa viver em um mundo onde a IA nos ajuda a tomar decisões, especialmente na era das notícias falsas e bolhas ideológicas.
Selecionado para o Festival DPH:DOX.

TRABALHO

* “Cuidadoras a Caminho” (“Help is on the Way”, Indonésia, 2020, 90 min) – Ismail Fahmi Lubis
Uma janela para um processo de treinamento raramente visto, o filme revela os meandros de um centro de treinamento na Indonésia para trabalhadoras domésticas que buscam ser empregadas no exterior. A cada ano, milhares se inscrevem nesses centros para conseguir trabalho em Hong Kong, Cingapura ou Taiwan, onde têm chances de conseguir uma remuneração que lhes permita prover para suas famílias, que ficam para trás. São muitas as razões para essa escolha – necessidade, imposição da família, desejo de emancipação.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival da Indonésia; selecionado para o Festival de Taiwan.

* “Filipiñana” (“Filipiñana”, Filipinas/Reino Unido, 2020, 24 min) – Rafael Manuel
Um cartaz com os dizeres “Trabalho é para pessoas que não jogam golfe” recebe os sócios de um sofisticado clube de golfe em algum lugar das Filipinas. Isabel é uma jovem que iniciou o trabalho no clube há pouco tempo. No entanto, ela rapidamente aprende as limitações impostas por sua função, na base da pirâmide social deste microcosmo que revela a estratificação rígida da sociedade filipina.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Berlim; troféu Lobo de Prata no Festival du Nouveau Cinéma de Montreal; melhor filme de estudante no Festival Molodist de Kiev (Ucrânia); melhor curta-metragem asiático no Festival Short Shorts de Tóquio.

* “Mulheres de Farda” (“Women in Blue”, EUA, 2020, 82 min) – Deirdre Fishel
As histórias das mulheres policiais em Minneapolis (EUA) que tentam reformar o departamento e restaurar a confiança na comunidade depois que um tiroteio policial força sua primeira chefe mulher a renunciar.
Selecionado para os festivais de Tribeca e DOC NYC.

* “Noite Adentro” (“Through the Night”, EUA, 2020, 72 min) – Loira Limbal
Os norte-americanos e imigrantes residentes nos Estados Unidos têm acumulado extensas jornadas em diferentes empregos para conseguir se sustentar. Esse novo contexto de trabalho ininterrupto resulta no inesperado fenômeno das creches que funcionam 24 horas por dia. Documentário de estilo cinema vérité, o filme investiga os custos da nossa economia contemporânea através das experiências de duas mulheres, mães e trabalhadoras, e também da administradora da creche, cuja vida é indissociável da rotina do espaço que administra.
Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Sarasota (EUA); selecionado para os festivais de Tribeca, DOC NYC e Hot Docs.

* “O Novo Evangelho” (“Das Neue Evangelium”, Alemanha/Suíça/Itália, 2020, 107) – Milo Rau
No passado, tanto Pier Paolo Pasolini como Mel Gibson filmaram a crucificação de Jesus na cidade de Matera, no sul da Itália. Em 2019, Matera se tornou o cenário para uma nova encenação da Paixão. Desta vez, Jesus foi interpretado pelo ativista político camaronês Yvan Sagnet, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia. O filme é ao mesmo tempo uma gravação dos ensaios da peça e, fora do “palco”, uma documentação da luta de Sagnet e de seus compatriotas africanos por visibilidade e dignidade.
Vencedor da categoria melhor documentário nos Prêmios do Cinema Suíço; selecionado para o IDFA-Amsterdã.

* “O Último Turno” (“A New Shift”, República Tcheca, 2020, 90 min) – Jindřich Andrš
A árdua transição de um mineiro de meia idade que já protagonizou, em 2017, um curta-metragem retratando seu último dia em uma das últimas minas a fechar na República Tcheca. O início deste filme retoma esse fatídico dia e segue o protagonista na busca de uma nova profissão. Quando ele coloca como meta virar um programador de informática, graças a um dos programas nacionais de reinserção laboral, não podia imaginar onde encontraria os maiores desafios.
Vencedor do prêmio de melhor documentário tcheco no Festival de Jihlava (República Tcheca); prêmio do público no Festival DOK Leipzig; troféu Olho de Prata do Institute of Documentary Film.