11 de julho de 2022

11ª Mostra Ecofalante: Conheça os filmes do Panorama Internacional Contemporâneo

A cada ano, o Panorama Internacional Contemporâneo da Mostra Ecofalante traz os mais novos filmes dos principais festivais de cinema e documentário do mundo. Na 11ª edição do festival, que será realizada em formato híbrido entre os dias 27 de julho e 17 de agosto, o programa terá 45 produções, sendo 31 inéditas no Brasil, contando com representantes de 29 países. 

Dentro do Panorama, nossa curadoria organiza os filmes em eixos a partir de suas temáticas em comum. Esses eixos, além de facilitarem a orientação do público, serão pautas de debates com convidados durante a Mostra. Nesta edição, a programação estará dividida em 6 temáticas: Ativismo, Biodiversidade, Economia, Emergência Climática, Povos&Lugares e Trabalho. O programa conta ainda com sessões especiais sobre as temáticas “Sociedade e racismo estrutural” e “Sociedade e redes”.

Confira abaixo a lista completa dos filmes que serão exibidos no Panorama Internacional Contemporâneo:

As Sementes de Vandana Shiva

Ativismo

“As Formigas e o Gafanhoto” (“The Ants and the Grasshopper”, Malawi, 2021, 76 min) – Raj Patel e Zak Piper
Sinopse: Anita Chitaya tem um dom: ela sabe produzir comida abundante a partir de um solo morto, consegue fazer os homens lutarem pela igualdade de gênero e pode acabar com a fome infantil em sua aldeia no Malawi, na África. Agora, para salvar sua região do clima extremo, ela enfrenta seu maior desafio: convencer os norte-americanos de que a mudança climática é real. Em sua jornada do Malawi à Califórnia, com uma passagem pela Casa Branca, ela experimenta em primeira mão a desigualdade racial e de gênero, conhece céticos do clima e agricultores desesperados.
*Exibido no IDFA-Amsterdã, Sheffield DocFest (Reino Unido) e Festival Wild & Scenic (EUA).  

“As Sementes de Vandana Shiva” (“The Seeds of Vandana Shiva”, EUA/Austrália, 2021, 88 min) – Camilla Becket e James Becket
Sinopse: Como a filha obstinada de um conservador florestal do Himalaia se tornou o pior pesadelo da Monsanto? O filme conta a história de vida notável da ecoativista gandhiana Dra. Vandana Shiva, revelando como ela enfrentou os Golias corporativos da agricultura industrial, ganhou destaque nos movimentos de economia de sementes e alimentos orgânicos e está inspirando uma cruzada internacional transformadora.
*Exibido no Festival de Sydney.  

“Até o Fim” (“To the End”, EUA, 2022, 103 min) – Rachel Lears
Sinopse: Enfrentar a crise climática é uma questão de coragem política, e o tempo está correndo. Ao longo de três anos de turbulência e crise, quatro notáveis ​​jovens mulheres lutam por um Green New Deal e iniciam uma mudança histórica na política climática dos Estados Unidos.
*Exibido no CPH:DOX (Dinamarca) e Festival de Cleveland (EUA). 

“Escrevendo Com Fogo” (“Writing with Fire”, Índia, 2021, 93 min) – Rintu Thomas e Sushmit Ghosh
Sinopse: Em um cenário de notícias caótico e dominado majoritariamente por homens, surge o primeiro e único jornal diário da Índia dirigido por mulheres. Equipadas com smartphones, a editora-chefe e repórter Meera e suas jornalistas quebram tradições, seja na linha de frente da cobertura dos maiores problemas do país ou dentro de suas casas, redefinindo seus papéis naquela sociedade.
*Vencedor do prêmio do público e prêmio especial do júri no Festival de Sundance; melhor documentário no Festival de São Francisco; prêmio especial do júri no Festival de Seattle; prêmio do público no Festival de Yamagata (Japão); exibido nos festivais IDFA-Amsterdã, CPH:DOX (Dinamarca) e Hot Docs (Canadá).

“Animal”

Biodiversidade

“Animal” (França, 2021, 120 min) – Cyril Dion
Sinopse: Os jovens ativistas Bella e Vipulan, ambos de 16 anos, fazem parte de uma geração convencida de que seu futuro está em perigo. Entre a emergência climática e a sexta extinção em massa, seu mundo pode ser inabitável daqui a 50 anos. O filme conduz a uma jornada extraordinária para conversar com algumas das pessoas mais dedicadas ao mundo animal e entender em outro nível o quão profundamente nós, os humanos, estamos ligados a todas as outras espécies vivas. E que ao salvá-los, também estamos nos salvando. 
*Exibido no Festival de Cannes.

“Birds of America” (França, 2021, 80 min) – Jacques Loeuille
Sinopse: John James Audubon (1785-1851), naturalista norte-americano de origem francesa, revolucionou o mundo da ornitologia com seu livro antológico “Birds of America”, no qual procurou retratar todas as espécies de aves do “novo continente”. Ao longo de sua vida, testemunhou a extinção de animais, a perseguição dos povos nativos americanos e a espoliação de paisagens. Seguindo os passos do naturalista em uma rota ao longo do rio Mississipi, o filme soa um alerta ao mostrar o quanto se perdeu em um tempo relativamente curto pela industrialização, ganância e indiferença. Em 2013, uma edição de “Birds of America” foi arrematada em um leilão por mais de 11 milhões de dólares, tornando-se, assim, o livro mais caro já vendido até então. 
*Exibido no Festival de Roterdã e CPH:DOX (Dinamarca). 

“Do Mar Selvagem” (“Fra det Vilde Hav”, Dinamarca, 2021, 79 min) – Robin Petré
Sinopse: O inverno está chegando na Europa e uma vasta rede de voluntários de resgate de animais marinhos está se preparando para mais uma temporada difícil. Noite e dia, eles trabalham incansavelmente para proteger a vida selvagem costeira de elementos que ameaçam a vida, como petróleo e plástico. Mas a pior ameaça de todas ainda está se consolidando: as mudanças climáticas, que, ano após ano, trazem tempestades e condições cada vez mais adversas. 
*Exibido no DocLisboa e CPH:DOX (Dinamarca).

“Gritos de Nossos Ancestrais” (“Cries of Our Ancestors”, EUA/México, 2020, 20 min) – Rebecca Kormos e Kalyanee Mam
Sinopse: Nas montanhas da Guiné, na África Ocidental, pessoas e chimpanzés vivem pacificamente lado a lado. Mitos e histórias, além de um respeito mútuo, preservaram essa relação por gerações. Agora, no entanto, pessoas e chimpanzés estão sendo expulsos de suas casas por um empreendimento de mineração de bauxita, que corre o risco de matar milhares desses animais e desalojar dezenas de milhares de pessoas. 
*Exibido no Festival Wild & Scenic e no Festival de Cinema Ambiental na Capital da Nação (ambos nos EUA). 

“Naya – A Floresta Tem Olhos” (“Naya – Der Wald Hat Tausend Augen”, Holanda, 2021, 24 min) – Sebastian Mulder
Sinopse: Ao longo de meses, os passos de Naya e seu trajeto solitário da Alemanha para a Bélgica foram monitorados graças a uma coleira GPS. Primeira loba na Bélgica em 100 anos, sua presença logo vira manchete. Esta colagem voyeurística da vida selvagem e de imagens de câmeras de vigilância explora a relação entre humanos e esse icônico animal selvagem. 
*Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem nos Festivais Egeu (Grécia) e Festival de Vilnius (Lituânia); menção especial do júri no Festival Go Short de Arnhem (Holanda). 

“Nosso Planeta, Nosso Legado” (“Legacy, Notre Héritage”, França, 2021, 100 min) – Yann Arthus-Bertrand
Sinopse: O cineasta Yann Arthus-Bertrand revisita sua vida e sua trajetória engajada de quase cinco décadas. Priorizando o debate acerca dos danos ecológicos causados pelo ser humano, o filme apresenta soluções de reconciliação com a natureza e caminhos possíveis para um futuro menos devastado, que pode ser possível, a depender de nossas escolhas enquanto sociedade. 
*Vencedor do Prêmio Sky & Seano Festival de Bergan (Noruega).

“O Leopardo das Neves” (“La Panthère des Neiges”, França, 2021, 92 min) – Marie Amiguet e Vincent Munier
Sinopse: No alto do planalto tibetano, entre vales inexplorados e inacessíveis, encontra-se um dos últimos santuários do mundo selvagem, onde vive uma fauna extraordinária e desconhecida. Vincent Munier, renomado fotógrafo da vida selvagem, e o aventureiro e romancista Sylvain Tesson exploraram por várias semanas esse local em busca desses animais únicos e tentarão localizar o leopardo das neves, um dos felinos mais raros e difíceis de se registrar. 
*Exibido no Festival de Cannes; melhor documentário nos Prêmio César e nos Prêmios Lumière (ambos na França); vencedor do prêmio do público no Festival de Santa Fé (EUA) e no Festival Screenwave (Austrália); melhor filme ambiental no Festival de Tessalônica (Grécia). 

“Tengefu” (EUA, 2020, 9 min) – Jessey Dearing
Sinopse: Tengefu é a palavra suaíli para “área marinha protegida”. O pescador Abubakar passa seus dias sonhando com corais. Filho, neto e bisneto de pescadores, ele ajudou a iniciar o programa de restauração de recifes na Ilha Wasini, no sudeste do Quênia. Ele acredita que os corais são críticos para sua comunidade e para o futuro dos filhos de Wasini. 
*Exibido no Festival Wild & Scenic (EUA).  

“A Rota do Mármore”

Economia

“A Rota do Mármore” (“A Marble Travelogue”, Holanda/Hong Kong/França/Grécia, 2021, 97 min) – Sean Wang
Sinopse: Quantidades cada vez maiores de mármore branco são extraídas todos os dias na Grécia. O filme acompanha a odisséia desta preciosa pedra pela cadeia do consumo global, impulsionado pelo mercado interno chinês, para investigar o papel da China enquanto “compradora do mundo”.
*Exibido no IDFA-Amsterdã, Visions du Réel (Suíça), CPH:DOX (Dinamarca), Hot Docs (Canadá), Festival de Tessalônica (Grécia) e DocAviv – Festival de Documentários de Tel Aviv.  

“Ascensão” (“Ascension”, EUA, 2021, 97 min) – Jessica Kingdon
Sinopse: Retrato impressionista do ‘Sonho Chinês’, expressão cunhada pelo Secretário-Geral do Partido Comunista e presidente da China Xi Jinping. O documentário explora a busca paradoxal por riqueza e progresso na China do século 21, passeando por chãos de fábrica, convenções de influencers e pelas aspirações de consumidores da classe média e alta da sociedade chinesa.
*Indicado ao Oscar de melhor documentário; vencedor do prêmio de melhor documentário e do prêmio para novos documentaristas no Festival de Tribeca (EUA); melhor documentário nos festivais de Hamptons e de Tacoma (ambos nos EUA); exibido DocAviv – Festival de Documentários de Tel Aviv e nos festivais de Varsóvia e Zurique. 

“Desperdício Vol. 1” (“Waste Vol. 1”, Finlândia, 2020, 57 min) – Jan Ijäs
Sinopse: Uma jornada através dos continentes africano, europeu e americano que revela histórias reais que falam das consequências da hiperinflação, do tráfico humano, do lixo eletrônico, da indústria de armas e da morte. O filme revela como bens sofisticados como armamento, carros, dinheiro e até memórias podem se transformar em lixo, e como o lixo pode inesperadamente se transformar em objetos de valor, à medida que o significado simbólico muda.
*Exibido no DokuFest – Festival Internacional de Documentários e Curtas-Metragens (Kosovo) e FIDMarseille (França). 

“O Grande Vazio” (“Die Große Leere”, Alemanha, 2020, 86 min) – Sebastian Mez
Sinopse: Um canteiro vazio. Um bosque vazio. Uma avenida vazia. Filmado antes da pandemia, mas finalizado em pleno lockdown, o documentário experimental hipnotizante consiste em uma série de planos estáticos esvaziados de toda presença humana. O filme olha sem piscar, nem mais, nem menos, para a agonia de nossa civilização.
*Vencedor especial do júri da competição Burning Lights no Visions du Réel (Suíça); exibido no Festival de Cinema Experimental de Moscou. 

“Olho de Peixe” (“Fish Eye”, Irã, 2020, 70 min) – Amin Behroozzadeh
Sinopse: A tripulação de uma traineira cruza o oceano com uma missão: pegar 2 mil toneladas de atum. Em alto mar durante meses, esses homens de diversas nacionalidades compartilham uma rotina tão exaustiva quanto tediosa. Entre poesia e crítica social, o filme convida à reflexão sobre os mecanismos do capitalismo por meio da pesca em escala industrial.
*Exibido no Visions du Réel (Suíça) e CinemAmbiente (Itália). 

“Ostrov – A Ilha Perdida” (“Ostrov – Lost Island”, Suíça, 2020, 91 min) – Svetlana Rodina e Laurent Stoop
Sinopse: Perdida no Mar Cáspio, a ilha de Ostrov já abrigou uma pescaria coletiva que mantinha a população insular. Após a queda da União Soviética, a fazenda foi destruída e a extração de caviar preto, proibida. Hoje, apenas um punhado de habitantes permanece no local, sobrevivendo da caça furtiva de esturjão. Nesta atmosfera distópica, surge o retrato de uma família forçada a imaginar um futuro para si em meio às ruínas.
*Vencedor do prêmio de melhor filme no Hot Docs (Canadá); menção especial do júri no Festival de Candem (EUA); melhor documentário no Festival de Guanajuato (México); Prêmio Estrela de Prata no Festival de El Gouna (Egito); exibido no Festival de Locarno e no Visions du Réel (Suíça). 

“Se Você A Vir, Mande Lembranças” (“If You See Her, Say Hello”, China, 2020, 18 min) – Hee Young Pyun e Jiajun Oscar Zhang
Sinopse: Um viajante visita sua cidade de infância, em uma antiga área de exploração de petróleo no norte da China. Assombrado por suas memórias, ele gradualmente se perde em um espaço onírico, passando de uma cidade ultramoderna a uma cidade fantasma onde ele mesmo não pode mais diferenciar o que é real ou imaginário.
*Vencedor do prêmio de melhor curta ou média-metragem no Festival de Documentários de Montreal (Canadá); menção especial do júri no Visions du Réel (Suíça); exibido no DMZ Docs (Coréia do Sul). 

“Um Céu Tão Nublado” (“So Foul a Sky”, Colômbia/Espanha/Reino Unido/Venezuela, 2021, 84 min) – Alvaro Fernandez-Pulpeiro
Sinopse: Sob as sombras de colossais refinarias de petróleo, emergindo do deserto como catedrais de cromo, o filme apresenta uma jornada por várias terras fronteiriças da Venezuela – o primeiro petroestado do mundo –, agora abalada pela pior crise política, econômica e humanitária que a América do Sul viveu no século 21.
*Exibido no CPH:DOX (Dinamarca), Indielisboa e Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. 

“Demônios Invisíveis”

Emergência Climática

“Aasivissuit” (Holanda, 2020, 23 min) – Jasper Coppes
Sinopse: Dois guardas florestais em expedição no oeste da Groenlândia trocam novos e antigos conhecimentos sobre a terra – por exemplo, como os antigos sedimentos férteis são usados para fertilizar o solo esgotado no exterior e como os micróbios se adaptaram para lidar com a poluição. Enquanto isso, a paisagem e seus habitantes realizam seus atos.
*Exibido no Festival de Roterdã. 

“Caminhando sobre as Águas” (“Marcher Sur l’Eau”, França/Bélgica, 2021, 90 min) – Aïssa Maïga
Sinopse: No Níger, na África, os habitantes de uma pequena aldeia, no meio do deserto vítima do aquecimento global, lutam para ter acesso à água. Todos os dias, Houlaye, uma jovem de 14 anos, caminha quilômetros para buscar água. A descoberta de um aquífero debaixo da aldeia, no entanto, vai mobilizar seus habitantes a exigir das autoridades a perfuração do solo e trazer, assim, a cobiçada água para o centro da vila.
*Exibido no Festival de Cannes. 

“Demônios Invisíveis” (“Invisible Demons – Tuhon Merkit”, Índia/Finlândia/Alemanha, 2021, 70 min) – Rahul Jain
Sinopse: Ondas de calor acima dos 50 graus, escassez de água em bairros inteiros e uma paisagem urbana envolta em smog: na metrópole indiana de Delhi, os efeitos do aquecimento global não são uma visão distópica do futuro, mas um presente impiedoso. Desde que a economia da Índia se abriu ao comércio global em 1991, a expansão descontrolada do complexo industrial e a poluição ambiental crescem exponencialmente. Com imagens cativantes e declarações incisivas dos habitantes da cidade, o filme documenta como, na realidade climática atual, a água limpa e o ar puro estão se tornando bens de luxo.
*Exibido no Festival de Cannes e no DOC NYC (EUA).

“Escola da Esperança” (“Toiveiden Koulu”, Finlândia/França/Marrocos, 2020, 78 min) – Mohamed El Aboudi
Sinopse: Quinze anos de seca no Marrocos forçaram a maioria dos nômades a abandonar seu antigo estilo de vida. A tribo Oulad Boukais permanece no deserto, mas seus filhos precisarão adquirir novos conhecimentos para sobreviver. O filme acompanha ao longo de três anos um grupo de crianças desta tribo, que caminha horas até uma pequena escola construída com a ajuda da comunidade. A chegada de um jovem professor idealista vai trazer esperança.
*Vencedor do prêmio do público e do prêmio especial do júri no Hot Docs (Canadá), premiado nos festivais DocPoint – Helsinque, Dokfest Munique e Tampere (Finlândia).

“Holgut – O Primeiro Mamute” (“Holgut”, Bélgica, 2020, 74 min) – Liesbeth De Ceulaer
Sinopse: O permafrost siberiano está derretendo. Ossadas antigas surgem do solo e os animais selvagens estão desaparecendo. É nesse contexto que três iacutos, nativos da região, se aventuram na imensidão dessa paisagem, em diferentes jornadas. Enquanto Roman e Kyym procuram por uma espécie rara de rena, um cientista vasculha o permafrost em busca de uma célula viável de mamute, de que ele precisa para clonar o animal extinto.
*Vencedor de menção honrosa da competição NEXT:WAVE no CPH:DOX (Dinamarca); exibido nos festivais Visions du Réel (Suíça), IndieLisboa (Portugal), Docufest (Kosovo) e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

“Por Dentro do Gelo” (“Rejsen Til Isens Indre”, Dinamarca/Alemanha, 2022, 85 min) – Lars Henrik Ostenfeld
Sinopse: O gelo nos polos está derretendo rapidamente, e isso terá graves consequências para o mundo inteiro. Quando o nível do mar subir, muitos dos países e cidades costeiras ficarão submersos. A questão é quão rápido isso vai acontecer. O filme acompanha um grupo de glaciologistas em uma das paisagens mais selvagens e extremas da Terra, capturando, em sequências de tirar o fôlego, suas expedições para o coração das mudanças climáticas.
*Exibido no CPH:DOX (Dinamarca) e Millennium Docs Against Gravity (Polônia).

“Primeiros Habitantes: Uma Perspectiva Indígena” (“Inhabitants: An Indigenous Perspective”, EUA, 2020, 76 min) – Costa Boutsikaris
Sinopse: O filme acompanha cinco tribos nativas que ocupam distintos biomas do continente norte-americano, enquanto restauram suas práticas tradicionais de gerenciamento de terras. Por milênios, eles administraram e moldaram com sucesso seus territórios, mas séculos de colonização interromperam sua capacidade de manter seus modos de vida tradicionais. À medida que a crise climática aumenta, essas práticas testadas pelo tempo estão se tornando cada vez mais essenciais em um mundo em rápida mudança.
*Vencedor do prêmio de melhor filme no Planet in Focus (Canadá); prêmio do público no Festival de Cinema Ambiental na Capital da Nação (EUA); exibido no Festival Wild & Scenic (EUA). 

“Sam e a Usina Nuclear” (“Sam and the Plant Next Door”, Dinamarca/Reino Unido, 2019, 23 min) – Ömer Sami
Sinopse: Crescendo nas sombras da nova maior usina nuclear do Reino Unido, Sam, de 11 anos, se preocupa com o que isso significa para o mundo ao seu redor.
*Exibido no Festival de Camden (EUA) e Festival de Reykjavík

“Uma Vez Que Você Sabe” (“Une Fois que Tu Sais”, França, 2020, 105 min) – Emmanuel Cappellin
Sinopse: Desde os anos 1970, cientistas soam o alarme sobre um possível colapso ambiental induzido pela corrida desenfreada pelo crescimento, que ignora o conceito da finitude dos recursos naturais. Um grupo deles afirma que a oportunidade de evitar mudanças climáticas catastróficas já passou. A partir daí, perguntam: como se adaptar ao colapso? O filme leva a uma jornada pelo abismo de um mundo à beira da catástrofe, na interseção entre ciência climática e desobediência civil.
*Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Hong Kong; menção para documentário no Festival Terra di Tutti (Itália); exibido no Festival Raindance (Reino Unido). 

“Mil Incêndios”

Povos & Lugares

“Apenas Um Movimento” (“Juste un Mouvement”, Bélgica/França, 2021, 110 min) – Vincent Meessen
Sinopse: O filme é concebido como uma operação de remontagem de “A Chinesa” (“La Chinoise”, 1967), filme seminal do diretor Jean-Luc Godard que conta com a participação do ativista anticolonial nigeriano Omar Blondin Diop (1946-1973). Redistribuindo os papéis para uma variedade de protagonistas inspirados no legado de Blondin Diop e atualizando o enredo para as relações atuais entre África, Europa e China, a visão livre do realizador Vincent Meessen sobre “A Chinesa” oferece uma reflexão profunda e estimulante sobre colonialismo, justiça e resistência política.
*Vencedor do Prêmio GNCR no Festival de Documentários de Marselha (França); exibido no DMZ Docs (Coréia do Sul) e Festival de Turim (Itália).

“Domando o Jardim” (“Motviniereba”, Suíça/Alemanha, 2021, 91 min) – Salomé Jashi
Sinopse: O ex-primeiro-ministro da Geórgia desenvolveu um hobby bastante peculiar: ele coleta árvores centenárias ao longo da costa do país e contrata homens para desenraizá-las e trazê-las para o seu jardim particular. Algumas delas chegam a ter o tamanho de edifícios de 15 andares e, para transplantar uma árvore com essas dimensões, algumas outras árvores são cortadas, cabos elétricos são trocados e novas estradas são pavimentadas no meio de plantações de tangerina.
*Vencedor do público no festival FICUNAM (México); menção do júri jovem do festival Cinéma du Réel (França); exibido nos festivais de Berlim, Sundance, Locarno, CPH:DOX (Dinamarca), IDFA-Amsterdã e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

“Drama Telúrico” (“Tellurian Drama”, Indonésia, 2020, 26 min) – Riar Rizaldi
Sinopse: Em 1923, os holandeses ergueram uma estação de rádio na montanha Puntang, em Java, empregando trabalhadores forçados indígenas. Dois mil metros de fio entre duas cadeias de montanhas foram instalados para transmitir notícias do que eram então as Índias Orientais Holandesas através dos 12 mil quilômetros até a Europa. Um exame especulativo e poético dos restos da Rádio Malabar – na terra, na montanha, nos sonhos da geoengenharia, na história local.
*Exibido nos festivais de Roterdã e DOK Leipzig; prêmio de melhor curta-metragem do Sudeste Asiático no Festival de Singapura.

“Landfall: Depois do Furacão” (“Landfall”, EUA, 2020, 91 min) – Cecilia Aldarondo
Sinopse: Documentário sobre as consequências do furacão Maria sobre Porto Rico em 2017 e as relações tensas entre os Estados Unidos e aquele país. A obra destaca a comunidade resiliente porto-riquenha, que se une para reconstruí-la. A dupla crise ambiental e econômica não é apenas um desastre natural, mas um desastre do colonialismo norte-americano e seus legados econômicos.
*Vencedor do grande prêmio do júri no DOC NYC (EUA); melhor documentário internacional no Festival de Guanajuato (México); melhor documentário no Festival da Flórida; exibido nos festivais de Tribeca (EUA) e Hot Docs (Canadá).

“Mar Sem Lei” (“The Outlaw Ocean: Trouble In West Africa”, EUA, 2020, 10 min) – Ryan Ffrench
Sinopse: Como parte de sua aclamada série “The Outlaw Ocean”, o jornalista vencedor do Pulitzer Ian Urbina viaja para a Gâmbia, na África Ocidental, para investigar relatos do misterioso desaparecimento das populações de peixes da nação costeira.
*Exibido no Festival de Cinema Ambiental na Capital da Nação e no Festival de Curtas-Metragens Documentais de Nova York (ambos nos EUA).

“Mil Incêndios” (“Mille Feux”, França/Suíça/Holanda/Palestina, 2021, 90 min) – Saeed Taji Farouky
Sinopse: Na região de Magway, em Mianmar, país que abriga uma das indústrias de petróleo mais antigas do mundo, vive o casal Thein Shwe e Htwe Tin. Eles trocaram o trabalho na terra pela prospecção manual de petróleo em sua pequena propriedade. Juntos, produzem um barril a cada poucos dias. O que desejam acima de tudo é ver seu filho mais novo ter sucesso, para quebrar o ciclo da pobreza.
*Vencedor do Prêmio Marco Zucchi (dedicado ao documentário mais inovador do ponto de vista estético-formal) da Semana da Crítica do Festival de Locarno; exibido no IDFA-Amsterdã.

“Ouça a Batida das Nossas Imagens” (“Écoutez le Battement de Nos Images”, Guiana Francesa/França, 2021, 15 min) – Audrey Jean-Baptiste e Maxime Jean-Baptiste
Sinopse: Baseado em arquivos audiovisuais do Centro Nacional de Estudos Espaciais (a agência espacial francesa), o filme trata da criação do Centro Espacial da Guiana, em Kourou, Guiana Francesa. Combinando investigação de campo e processos de edição de vídeo em arquivos, o filme é um documentário ficcional em torno de um narrador, representante de uma geração de guianenses que vivenciou como espectador a transformação de seu território. A obra articula, em um relato pessoal, os fios de uma experiência colonial que atravessa o Atlântico, da ocupação da Argélia à expulsão de camponeses no bojo de uma modernização autoritária que atinge a Guiana.
*Vencedor do Prêmio New Visions para curta-metragem no Festival Internacional de São Francisco (EUA); melhor curta-metragem documental no Festival de Melbourne (Austrália) e no Festival de Chicago (EUA); melhor curta-metragem no DocAviv – Festival de Documentários de Tel Aviv; menção honrosa no CPH:DOX (Dinamarca); exibido no Hot Docs (Canadá) e no Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand (França).

“Quarto de Empregada”

Trabalho

“A Fábrica dos Trabalhadores” (“Tvornice Radnicima”, Croácia, 2021, 106 min) – Srđan Kovačević
Sinopse: Croácia, 2005. Uma fábrica de ferramentas é ocupada pelos trabalhadores. Ela se torna o único exemplo de sucesso de uma ocupação fabril na Europa pós-socialista. Após dez anos de operação, os trabalhadores por trás da aquisição da fábrica estão lutando para sobreviver à lógica capitalista. O filme é um retrato coletivo daqueles que lutam para proteger seu trabalho e os sacrifícios que precisam fazer ao longo do caminho.
*Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Trieste (Itália); prêmio da crítica no Festival de Motovun (Croácia).

“Cold Stack: Um Mundo À Deriva” (“Cold Stack”, Reino Unido, 2021, 12 min) – Frank Martin
Sinopse: Sobre o declínio melancólico da indústria de plataformas de petróleo nas Terras Altas da Escócia. O filme revela os efeitos destrutivos desse colapso sobre aqueles que foram empregados pela indústria e mostra o espetáculo visual do abandono das plataformas no estuário de Cromarty.
*Exibido no Sheffield DocFest (Inglaterra).

“Jobs For All!” (“Arbete åt Alla!”, Suécia, 2021, 14 min) – Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck
Sinopse: Utilizando variado material de arquivo, a obra musical “Bolero”, de Maurice Ravel, e comentários visuais pontuais, o filme promove a uma jornada sombriamente humorística pela história moderna do trabalho humano, da industrialização à globalização.
*Exibido no Hot Docs (Canadá).

“Quarto de Empregada” (“Room Without a View”, Áustria/Alemanha, 2020, 73 min) – Roser Corella
Sinopse: O filme retrata a dura realidade das trabalhadoras domésticas estrangeiras em países do Oriente Médio como o Líbano. Ao combinar múltiplas perspectivas, a obra oferece um olhar íntimo sobre a vida privada de empregadores, agentes intermediários e empregadas. Ao mesmo tempo que ajuda a entender as estruturas de poder que permitem a existência desse sistema maligno de escravidão moderna, o documentário também reflete sobre o papel da mulher e do trabalho doméstico em geral nas sociedades capitalistas.
*Vencedor do Prêmio da Anistia Internacional no DocsBarcelona (Espanha); menção especial do júri no DMZ Docs (Coréia do Sul); melhor documentário no Festival Cult Film de Calcutá; exibido no CPH:DOX (Dinamarca), Festival de Tessalônica (Grécia), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Zurique.

“Regresso a Reims (Fragmentos)” (“Retours à Reims (Fragments)”, França, 2021, 83 min) – Jean-Gabriel Périot
Sinopse: Estudo sociológico minucioso e incisivo da classe trabalhadora francesa nos últimos 70 anos, o documentário é baseado em parte em textos do filósofo francês Didier Eribon, interpretados pela atriz e ativista LGBTQIA+ Adèle Haenel (premiada no Festival de Berlim e duas vezes no Festival Sesc Melhores Filmes). Muito mais que um acerto de contas com a história e a política da família Eribon, o filme tece sua própria tapeçaria de não-ficção, usando décadas de imagens de arquivo e trechos de filmes e reportagens de TV para ilustrar a ascensão, queda e renascimento do proletariado do país, bem como a forma como a identidade social é construída gradualmente.
*Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, Festival de San Sebastián (Espanha), IDFA-Amsterdã e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

“The Gig Is Up: O Mundo É uma Plataforma” (“The Gig Is Up “, Canadá/França, 2021, 89 min) – Shannon Walsh
Sinopse: Desde os serviços de entrega de comida e transporte por aplicativo até a marcação de imagens para a inteligência artificial, milhões de pessoas em todo o mundo estão encontrando trabalho online. A economia GIG – que engloba as formas de emprego alternativo – vale mais de 5 trilhões de dólares em todo o mundo e só cresce. No entanto, as histórias dos trabalhadores por trás dessa revolução tecnológica são silenciadas. Quem são as pessoas por trás dessa força de trabalho invisibilizada? O filme traz suas histórias à tona.
*Vencedor do prêmio do público no Festival Forest City (Canadá); exibido nos festivais IDFA-Amsterdã, Hot Docs (Canadá), CPH:DOX (Dinamarca) e Docufest (Kosovo).

“Searchers: O Amor Está nas Redes”

Sessão especial – Sociedade e Racismo Estrutural

“Uprising” (Reino Unido, 2020, 180 min) – Steve McQueen e James Rogan
Sinopse: Série em três episódios que revisita três eventos dramáticos interligados entre si que ocorreram no Reino Unido, em 1981, e que definiram as relações raciais por uma geração. Uma rara série que se debruça sobre a luta da população negra britânica por justiça, denunciando o racismo estrutural da sociedade, que perdura até os dias de hoje.
*Vencedor dos Prêmios BFTA (outorgados pela Academia Britânica de Cinema e Televisão).

Sessões especiais – Sociedade e Redes

“Geração Z” (“I Am Generation Z”, Reino Unido/EUA, 2021, 10 min) – Liz Smith
Por meio de entrevistas com especialistas e pelas lentes da geração Z (pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010), o filme explora como a revolução digital está impactando nossa sociedade, nosso cérebro e nossa saúde mental. E como as forças que a impulsionam estão trabalhando contra a humanidade e nos colocaram em uma trajetória perigosa que tem enormes ramificações para esta primeira geração crescendo com a tecnologia digital móvel.
*Exibido no CPH:DOX (Dinamarca).

“Searchers: O Amor Está nas Redes” (“Searchers”, EUA, 2020, 81’ min) – Pacho Velez
Um rosto bonito, um corpo atlético ou um diploma universitário. O que determina o sucesso nos aplicativos de relacionamento? O filme mostra uma ampla gama de pessoas de todas as idades que decidiram encontrar seu parceiro ideal online, sejam elas novatas ou especialistas nessas ferramentas tecnológicas em rápida evolução. Quando o próprio diretor decide tentar namorar de forma virtual, a obra ganha uma dimensão pessoal. Acompanhando um processo que muitas vezes pode parecer ligeiramente distópico, o cineasta emprega um tom leve e muitas vezes bem-humorado para lembrar das pessoas muito reais por trás do fluxo de perfis deslizantes.
*Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Sun Valley (EUA); exibido no Festival de Sundance, IDFA-Amsterdã, CPH:DOX (Dinamarca) e Visions du Réel (Suíça).