8 de junho de 2025

Mostra Ecofalante anuncia os filmes premiados na 14ª edição

Na noite de 08 de junho, domingo, a 14ª Mostra Ecofalante de Cinema premiou as duas categorias competitivas do festival: a Competição Territórios e Memória e o Concurso Curta Ecofalante. 

A 14ª edição da Mostra Ecofalante aconteceu entre os dias 29 de maio e 11 de junho, com exibição em mais de 40 locais – incluindo salas de cinema, espaços culturais e educacionais. 

Ao todo foram exibidos 125 filmes de 33 países diferentes, além da execução de 8 debates, uma homenagem ao cineasta Hermano Penna, uma masterclass com o cineasta francês Cyril Dion e inúmeros bate-papos com diretores dos filmes exibidos. 

Confira os vencedores abaixo. 

Pau D’Arco”, de Ana Aranha 

Competição Territórios e Memória  

Na Competição Territórios e Memória, que se dedicou a exibir produções que abordam diferentes visões e aspectos do Brasil, tivemos “Pau D’Arco” como vencedor do Melhor Longa-Metragem pelo júri. Com direção de Ana Aranha, o filme discorre sobre uma chacina em que a polícia matou 10 trabalhadores sem-terra, onde a principal testemunha do crime e seu advogado lutam por justiça e pelo direito à terra. 

O júri responsável pela avaliação dos filmes na Competição Territórios e Memória é composto por Ana Maria Magalhães, Ana Paula Sousa e Rita Carelli.

Pau D’Arco” receberá o troféu Ecofalante e um prêmio de R$ 20 mil, a produção, segundo o júri, “nos coloca diante da rede de violências praticada pelos grandes proprietários rurais contra os pequenos lavradores. Embora trate de uma chacina ocorrida no Pará, oferece um retrato amplo da luta pela reforma agrária”. 

Ainda na categoria longa-metragem da Competição Territórios e Memória, “Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, dos diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna, ficou com o prêmio de menção honrosa do júri. No filme, Sueli Maxakali e Maiza Maxakali partem em busca do pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. Mesclando narrativas pessoais e históricas, a produção acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn e Kaiowá em defesa de seus territórios e modos de vida. O júri ressaltou que “com um estilo pessoal e autêntico, os diretores expõem, a partir dessa jornada íntima, a violência da ditadura contra os povos indígenas – uma história para a qual o Brasil ainda não olhou de verdade”. 

“Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, de Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna

O Prêmio do Público na categoria longa-metragem da mostra competitiva foi para “São Palco – Cidade Afropolitana”, de Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji. O filme se dedica a explorar a pergunta: o que artistas africanos que chegaram ao Brasil nos últimos anos carregam consigo na travessia? O documentário apresenta a cidade de São Paulo como um meta-palco ocupado por artistas do Togo, Moçambique, República Democrática do Congo e Angola, entre outras nações africanas, em diálogo com a população brasileira e suas aberturas, contradições e tensões.

São Palco – Cidade Afropolitana” é exibido ao público após a sessão de premiação da noite do dia 8 de junho. 

Já nas categorias de curtas-metragens da Competição Territórios e Memória, o prêmio do júri de Melhor Curta foi para Sukande Kasáká | Terra Doente”, dirigido por Kamikia Kisedje e Fred Rahal, por ser um “filme-denúncia que tem a poesia como matéria-prima”. A produção narra o avanço do agronegócio na terra do povo Kisêdjê. O filme ganhará o troféu Ecofalante e R$ 7 mil de prêmio.

“Sukande Kasáká | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal

O curta “Domingo no Golpe”, de Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi – um documentário “ready media” sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, que vandalizaram o Palácio do Planalto – foi o escolhido pelo júri como menção honrosa da categoria de curta-metragem pela forma como o “despudor, provocação e o desejo de quebrar o Estado de Direito são retratados de forma sagaz, revelando mais uma perspectiva daquele sinistro 8 de janeiro”.

Domingo no Golpe”, de Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi

Já no Prêmio do Público para os curtas do Território e Memória foi para “Vermelho de Bolinhas”, de Joedson Kelvin e Renata Fortes. O filme aborda a construção da imagem de Benigna Cardoso, jovem sertaneja que, aos 13 anos, foi vítima de feminicídio no interior do Ceará em 1941. Diante da falta de qualquer registro fotográfico original da menina, o curta propõe uma jornada de reconstrução através de relatos orais e documentos históricos.

Concurso Curta Ecofalante 

O grande vencedor do Concurso Curta Ecofalante foi “Cartas a Tia Marcelina”, de João Igor Macena (estudante da Universidade Federal de Alagoas). O filme retrata a história de Tia Marcelina, uma iyalorixá vítima do Quebra de Xangô de 1912, um dos mais agressivos episódios de intolerância religiosa no Brasil. O documentário reflete sobre as consequências dessa perseguição às religiões de matriz africana e destaca o papel do evento Xangô Rezado Alto como símbolo da resistência e da luta pela liberdade religiosa em Alagoas. Segundo o júri, o filme “merece reconhecimento por sua abordagem poderosa e multifacetada de temas cruciais. Ele tece com sensibilidade as complexas camadas da intolerância religiosa e do racismo ambiental, questões latentes e urgentes em nossa sociedade hoje”.

O júri do Concurso Curta deste ano foi formado por César Leite, Letícia Abadia e Paula Sacchetta. “Cartas a Tia Marcelina” ganhará o troféu Ecofalante e R$ 7 mil de prêmio.

“Cartas a Tia Marcelina”, de João Igor Macena

A produção que recebeu menção honrosa nesta 14ª edição da Mostra foi “Número Errado”, de Leonardo Marcini (estudante da Universidade do Estado de Minas Gerais). O curta é uma animação onde o personagem principal, após sua rotina noturna ser interrompida por uma série de telefonemas e cartas endereçados por engano, descobre quem é esta pessoa misteriosa promove intrigantes reflexões que vão alterar os rumos de sua vida para sempre.

Segundo o júri, um dos grandes diferenciais desta obra é a sua natureza enquanto filme de animação, em “um formato que permite explorar a temática LGBTQIA+ de uma maneira sensível e inusitada, escapando de uma forma clichê”.

Número Errado”, de Leonardo Marcini

Já o Prêmio do Público foi para “Na ponta do laço”, de Carolina Huertas (estudante da Academia Internacional de Cinema – AIC). O curta conta a história de Lora, uma jovem bailarina de 17 anos, filha de um casal inter-racial, que se sente insegura ao se perceber a única garota negra durante uma audição para a personagem principal de um espetáculo. Ela conversa com sua avó Dora, também uma mulher negra, sobre o episódio, suas vivências e percepções, na busca de entender melhor seus sentimentos ao se conectar com suas raízes. Ao fortalecerem os laços, Lora descobre que, mais que seus traços, as duas compartilham um mesmo sonho.

A 14ª Mostra Ecofalante é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura e do ProAc ICMS

patrocínio: White Martins, Itaú e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo

produção: Doc & Outras Coisas

coprodução: Química Cultural

apoio institucional: Fórum dos Festivais, Embaixada da França, Institut Français, Aliança Francesa São Paulo, FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação, Associação Paulista de Cineastas – Apaci, Goethe-Institut São Paulo e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima 

parcerias educacionais: Universidade de São Paulo, Universidade de Campinas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal de São Paulo, Senac São Paulo, Universidade Federal de São Carlos, Ânima Educação, Rede Kino, Fronteiras Cruzadas, Faculdade Cásper Líbero, Reconectta (Reconectta e Escolas pelo Clima), Movimento Circular, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Centro Paula Souza e Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo

parcerias de comunicação: Academia Internacional de Cinema, Engajamundo, GreenMe, Instituto Socioambiental – ISA, Le Monde Diplomatique Brasil, Observatorio do Clima, Revista Piauí, Associação dos Produtores Independentes do Audiovisual Brasileiro, O Eco, Verdes Marias, Greenpeace e Uma Gota no Oceano

realização: Ecofalante, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas, e Ministério da Cultura

LISTA COMPLETA DOS PREMIADOS – 14ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA

14ª MOSTRA ECOFALANTE

COMPETIÇÃO TERRITÓRIOS E MEMÓRIA

Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem
Pau D’Arco”, de Ana Aranha

Prêmio do Júri – Melhor Curta-Metragem
Sukande Kasáká | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal

Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem

“São Palco – Cidade Afropolitana”, de Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji

Prêmio do Público – Melhor Curta-Metragem
“Vermelho de Bolinhas”, de Joedson Kelvin e Renata Fortes

Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, de Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero, Luisa Lanna

Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem

Domingo no Golpe”, de Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi

CONCURSO CURTA ECOFALANTE

Prêmio do Júri – Melhor Curta Ecofalante
Cartas à Tia Marcelina”, de João Igor Macena

Prêmio do Público
“Na ponta do laço”, de Carolina Huertas

Menção Honrosa do Júri
Número Errado”, de Leonardo Marcini