** evento acontece de 1º a 14/08 em 21 salas paulistanas, com entrada franca
** na programação estão títulos selecionadas para os festivais de Cannes, Berlim, Sundance, Roterdã, Locarno e Tribeca
** Werner Herzog, com “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft”, e Luc Jacquet, com “Antártica: Continente Magnético”, são alguns dos destaques internacionais
** Mostra Histórica reúne obras clássicas de três cineastas mulheres latino-americanas: Sara Gómez, Marta Rodríguez e Margot Benacerraf
* emergências climáticas e cidades resilientes estão na pauta de um programa de filmes e em debate com especialistas
** nova mostra competitiva Territórios e Memória é dedicada à produção brasileira recente
* concorrem selecionados para a Competição Latino-americana e para o Concurso Curta Ecofalante
** estão presentes filmes dos diretores brasileiros Wolney Oliveira, Vicente Ferraz, Graciela Guarani e Aurélio Michiles
* ciclo de filmes celebra os 30 anos do ISA – Instituto Socioambiental
** produções têm participação de nomes como Laura Dern, Gaby Amarantos, Woody Harrelson, Rolando Boldrin, Diego Luna, Donald Glover, Davi Kopenawa, Ailton Krenak e Rosario Dawson
** debates discutem inteligência artificial, ativismo, emergência climática e cidades resilientes, restauração e regeneração dos ecossistemas, direitos trabalhistas e taxação dos super-ricos
* sessão infantil e um encontro sobre sustentabilidade na indústria do audiovisual completam o cardápio
** festival é uma realização da Ecofalante e conta com patrocínio do Itaú, Mercado Livre, Spcine e Prefeitura de São Paulo
Reconhecido como o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, a Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição. Com cardápio composto por 122 filmes, representando 24 países, as projeções, os debates e os encontros estão agendados para o período de 1º a 14 de agosto, com entrada franca. A cerimônia de abertura, para convidados, acontece em 31 de julho.
Este ano, a programação tem como grande novidade a criação de uma mostra competitiva intitulada Competição Territórios e Memória, dedicada exclusivamente a produções brasileiras. O evento, assim, abre maior espaço para o significativo crescimento verificado na realização no país de obras audiovisuais de caráter socioambiental. Permite ainda a discussão de questões referentes aos diferentes territórios do Brasil – sejam eles geográficos ou simbólicos – e de sua memória.
Estão programadas ainda outras dez seções: Panorama Internacional Contemporâneo, Panorama Histórico, Especial Emergência Climática, Especial ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental, Competição Latino-americana, Concurso Curta Ecofalante, Sessões Especiais, Sessão Infantil e o Programa Ecofalante Universidades.
Integram o circuito do festival as seguintes salas: Reserva Cultural – sala 2 e sala 3, Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo), Cine Satyros Bijou, Nave Coletiva, Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e 15 unidades do Circuito Spcine localizadas nos CEUs.
Do consagrado cineasta alemão Werner Herzog, “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” é uma das principais atrações do evento. O premiado longa-metragem apresenta imagens impactantes de erupções vulcânicas nesta homenagem a um casal de especialistas nesses fenômenos.
Três cineastas mulheres que marcam a cinematografia da América Latina são homenageadas na seção Panorama Histórico: a cubana Sara Gómez (1942-1974), a colombiana Marta Rodríguez e a venezuelana Margot Benacerraf, recém falecida no mês de maio. Exibido no Festival de Cannes, “De Certa Maneira” (1977), de Gómez, discute questões de raça e de classe através de um enredo que se passa nos bairros pobres de Havana logo após a Revolução Cubana de 1959. Já o clássico “Araya, Inferno de Sal” (1959), de Benacerraf, reúne três histórias ambientadas em uma das localidades mais áridas do planeta, marcada pela exploração do sal, e ganhou as telas dos festivais de Berlim, Locarno e Cannes. Por sua vez, “Amor, Mulheres e Flores” (1984), de Rodríguez e Jorge Silva, uma das atrações dos Cannes Classics do Festival de Cannes, focaliza, em tom feminino, histórias de vida e amor em meio a reivindicações dos trabalhadores da plantação de flores.
Os 30 anos da criação do ISA – Instituto Socioambiental, uma organização dedicada a defender o meio ambiente, patrimônio cultural e os direitos dos povos indígenas, merecem a apresentação de nove filmes de sua produção, em uma parceria da Mostra Ecofalante de Cinema com a instituição. Destaca-se a estreia mundial de “Mapear Mundos”, no qual a diretora Mariana Lacerda rememora os avanços por organizações da sociedade civil, em um contexto de ditadura militar, pela garantia de direitos dos povos originários no Brasil. A exibição, em 3/08, é acompanhada por uma roda de conversa com a equipe do filme. Estão presentes na programação “O Brasil Grande e os Índios Gigantes”, assinados pelo premiado realizador Aurélio Michiles, e “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação”, da dupla Fred Rahal e Carol Quintanilha, participação do escritor Davi Kopenawa, do ambientalista e escritor Ailton Krenak e do indigenista Sydney Possuelo.
Grandes personalidades emprestam seu prestígio ao longa “Solo Comum”, sobre a agricultura regenerativa e seus benefícios para o solo, para a nossa saúde e para a regulação do clima. Participam da obra os atores Laura Dern, Woody Harrelson, Donald Glover e Rosario Dawson. Um debate segue sua projeção, em 6/08, e conta com as presenças confirmadas do professor da USP, Jean Paul Metzger, e do biólogo Carlos Alberto Scaramuzza.
O Especial Emergência Climática traz a produção francesa “Uma Vez Que Você Sabe” , que aborda o iminente colapso ambiental do planeta, e os norte-americanos “Arrasando Liberty Square”, sobre gentrificação climática, e “Filhos do Katrina”, obra premiado no Festival de Tribeca sobre os efeitos do furacão Katrina. Agendado para 2/08, após a projeção de “Arrasando Liberty Square”, um debate discute emergências climáticas, cidades resilientes e políticas públicas de inclusão.
Já a projeção belga “Humano Não-Humano”, de Natan Castay, promove um questionamento da noção de humanidade a partir de um trabalhador que passa noite e dia desfocando rostos no Google Street View por um centavo cada. O filme foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documental nos Prêmios Magritte du Cinéma (Bélgica), recebeu menção honrosa no Doclisboa e foi selecionado para os festivais de Gotemburgo, Helsinque, Visions du Réel (Suíça) e para o Festival de Documentários de Montreal.
O ativismo dos povos indígenas para proteger os seus recursos e modo de vida diante da mineração e as hidrelétricas que ameaçam o abastecimento de água na América Central e do Sul é tema do longa “Água é Vida!”. A obra tem participação do ator mexicano Diego Luna, dos sucessos “Rogue One: Uma História Star Wars” e “E Sua Mãe Também”. Um debate sobre ativismo está agendado em seguida à sua projeção, em 10/08, com a presença do diretor do filme, o norte-americano Will Parrinello.
Programada para 5/08, a exibição de “Breaking Social: O Fim do Contrato Social”, de Fredrik Gerttenum, é seguida por debate em torno da taxação dos super-ricos, aqueles que recorrem aos paraísos fiscais e colhem lucros sem retribuir à sociedade.
“Union”, dos diretores Brett Story e Stephen Maing, registra uma das mais importantes vitórias trabalhistas da história: a conquista do primeiro local de trabalho sindicalizado da Amazon nos EUA, ocorrida em 2022. O filme, vencedor do prêmio especial do júri no badalado Festival de Sundance, tem sua projeção seguida por um debate sobre direitos trabalhistas, que acontece em 9/08, e conta com a presença do professor de sociologia Ricardo Antunes.
Em edição inaugural, a mostra competitiva Territórios e Memória selecionou um total de 27 filmes brasileiros, estando representados 11 estados e o Distrito Federal. Na programação estão os longas “À Margem do Ouro”, de Sandro Kakabadze; “Anhangabaú”, de Lufe Bollini; “Black Rio! Black Power!”, de Emilio Domingos; “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)”, de Lara Jacoski e Patrick Belem; “Favela do Papa”, de Marco Antonio Pereira; “Memórias da Chuva”, de Wolney Oliveira; “O Bixiga é Nosso!”, de Rubens Crispim; “O Contato”, de Vicente Ferraz; “Ouvidor”, de Matias Borgström; “Rejeito”, de Pedro de Filippis; “Samuel e a Luz”, de Vinícius Girnys; “Sekhdese”, de Graciela Guarani e Alice Gouveia; e “Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas”, de Eduardo Rajabally.
Participam ainda da Competição Territórios e Memória os curtas-metragens “A Bata do Milho”, de Eduardo Liron e Renata; Mattar; “A Chuva do Caju”, de Alan Schvarsberg; “Água Rasa”, de Dani Drumond; “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra”, do Coletivo Guahu’i Guyra; “Despovoado, Ou Tudo Que a Gente Podia Ser”, de Guilherme Xavier Ribeiro e estrelado por Rolando Boldrin; “Interior da Terra”, de Bianca Dacosta; “Kwat e Jaí – Os Bebês Herois do Xingu”, de Clarice Cardell; “Mborairapé”, de Roney Freitas; “Nosso Terreiro”, de Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva; “Nunca Pensei Que Seria Assim”, de Meibe Rodrigues; “O Silêncio Elementar”, de Mariana de Melo; “Onde a Floresta Acaba”, de Otavio Cury; “Retratos de Piratininga”, de André Manfrim; e “Sertão, América”, de Marcela Ilha Bordin.
Conversas com diretores dos filmes estão previstas na programação. Entre os encontros previstos estão “Não Existe Almoço Grátis”, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel (4/08); “Amazônia, Arqueologia da Floresta – Episódio 1 (Temporada 2) Terra Preta”, obra inédita de de Tatiana Toffoli (7/08); “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva”, de Mari Corrêa (10/08) e “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho (8/08).
Diretor do vencedor do Oscar “A Marcha dos Pinguins”, Luc Jacquet volta à Mostra Ecofalante de Cinema com o visualmente deslumbrante “Antártica: Continente Magnético”, uma aventura pela região do Polo Sul do planeta. O filme mereceu première no prestigioso Festival de Locarno, na Suíça.
A cantora Gaby Amarantos participa de “SobreVivências: Clima de Risco”, obra dirigida por Eduardo Rajabally sobre as mudanças climáticas que estão transformando nosso planeta de forma bastante radical. O filme integra a Sessão Especial Programa Ecofalante Universidades, projeto educacional da Ecofalante que promove exibições e debates socioambientais a escolas e universidades durante todo o ano. Esse título que estreia na Mostra vai entrar no catálogo, que é composto por mais de 250 títulos.
Já a Competição Latino-americana apresenta 17 títulos, representantes de dez países da região. Da Colômbia vem o longa “Rio Vermelho”, de Guillermo Quintero; e os curtas “A Menos Que Bailemos”, de Hanz Rippe Gabriel e Fernanda Pineda Palencia; “Rio Vermelho”, de Guillermo Quintero; e “Yarokamena”, de Andrés Jurado. As produções mexicanas selecionadas são “Você Vai Me Esquecer?”, longa de Sofía Landgrave Barbosa; e os curtas “Hikuri”, de Sandra Ovilla León; “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores”, de César Flores Correa. Já a representação peruana inclui os longas “Histórias de Shipibos”, de Omar Forero; e “Céu Aberto”, de Felipe Esparza Pérez, selecionado no Festival de Roterdã. Participam obras do Chile (“Concórdia”, de Diego Véliz), Panamá (“Bila Burba”, de Duiren Wagua) e República Dominicana (“Ramona”, de Victoria Linares Villegas), ao lado de duas coproduções: uma Argentina/Cuba (“A Gruta Contínua”, de Julián D’Angiolillo); outra, Paraguai/Argentina (“Margens Luminosas”, de Maira Ayala).
A programação da Competição Latino-americana se completa com quatro títulos brasileiros: o longa “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho; e os curtas “Cama Vazia”, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet; “O Materialismo Histórico da Flecha Contra o Relógio”, de Carlos Adriano; e “Vão das Almas”, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape.
Seção competitiva dedicada a filmes de curta duração realizados em cursos e oficinas audiovisuais, o Concurso Curta Ecofalante tem na sua seleção desta edição um total de 25 títulos. Estão presentes trabalhos da ECA-USP, Unicamp, FGV, FAAP, PUC Minas, AIC – Academia Internacional de Cinema, Senac São Paulo, ETEC Jornalista Roberto Marinho, projeto É Nóis na Fita, Ceep Formação e Eventos Isaias Alves da Bahia, Formação Faculdades Integradas do Maranhão, oficina Geração Futura, Maranhão, Mato Grosso e das universidades federais de Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Pelotas, Rio de Janeiro, Santa Catarina e do Recôncavo da Bahia.
Para o público infantil, a Mostra Ecofalante de cinema apresenta o longa de animação “Yakari, Uma Jornada Fantástica”. Uma sofisticada coprodução entre Bélgica, França e Alemanha, nela uma criança indígena parte em uma jornada fantástica: encontrar um cavalo mustang conhecido por ser indomável.
Também é promovido no evento o 1º Encontro “A Sustentabilidade na Indústria Audiovisual”, evento anual presencial realizado em parceria com a Spcine e a Cinema Verde. Agendado para a manhã de sexta-feira, 9/08, o evento propõe uma discussão franca sobre a extensão da implementação de práticas sustentáveis na indústria cinematográfica brasileira no momento atual. Participam das duas mesas propostas profissionais de diferentes setores para compartilhar as experiências positivas e os desafios encontrados.
SOBRE OS PROGRAMAS
Abertura
Agendada para 31/07, quarta-feira, às 19h00, no cinema Reserva Cultural, a cerimônia de abertura do evento tem como atração “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft”, longa dirigido pelo consagrado Werner Herzog. Aqui, o cineasta alemão focaliza o casal pioneiro de vulcanólogos Katia e Maurice Krafft, que se tornou notório por dedicar sua vida a documentar de perto a magnitude das erupções vulcânicas. Com impressionantes imagens desses fenômenos naturais, o longa foi o grande vencedor do importante festival DOC LA (EUA). O longa integra as Sessões Especiais da 13ª Mostra Ecofalante de Cinema. Diretor de mais de 70 filmes, Herzog assina, entre outros, “Fitzcarraldo” (1982), “O Homem-Urso” (2005) e “Encontros no Fim do Mundo” (2007) – este último, indicado ao Oscar de melhor documentário. O festival promoveu, em sua sétima edição, retrospectiva com 18 títulos por ele assinados.
Panorama Histórico
Dedicado este ano a três cineastas mulheres de grande relevância na cinematografia latino-americana, o Panorama Histórico traz produções assinadas pela cubana Sara Gómez (1942-1974), pela colombiana Marta Rodríguez e pela venezuelana Margot Benacerraf.
Desta última, falecida em 29 de maio último, aos 97 anos, está programado “Araya, Inferno de Sal” (1959), ambientado na península de Araya, na Venezuela, um dos lugares mais áridos do planeta. O roteiro acompanha três histórias que sublinham a vida dura de seus habitantes desta região, que trabalhavam na exploração manual do sal e estão sendo substituídos pela industrialização da atividade. O longa venceu o prêmio da crítica no Festival de Cannes e ganhou projeções nos festivais de Berlim, Locarno e no BFI de Londres. Margot Benacerraf fundou em 1966 a Cinemateca Nacional da Venezuela, que foi berço de novas gerações de cineastas, além de ter sido promotora de festivais cinematográficos no país.
Exibido no Festival de Locarno, “De Certa Maneira” (1977), de Sara Gómez, foi eleito seguidas vezes como um dos títulos mais importantes da história do cinema cubano. Através de uma mescla de filmagens documentais e um roteiro de ficção, o filme aborda os bairros pobres de Havana logo após a Revolução Cubana de 1959, discutindo a questão de classe e raça através de um relacionamento interracial em que questões sobre racismo e machismo constroem uma visão crítica.
Já homenageado na seção Cannes Classics do Festival de Cannes, “Amor, Mulheres e Flores” (1984) é assinado por Marta Rodríguez e por seu parceiro e companheiro de vida Jorge Silva (1941-1987). O filme traça as características sociais dos trabalhadores da plantação de flores na capital colombiana, Bogotá, e suas reivindicações por melhores condições de vida e saúde, entre as histórias de vida e amor femininas. Com carreira iniciada em 1971, Marta Rodríguez é considerada uma das primeiras mulheres documentaristas da Colômbia a alcançar repercussão internacional. Com 90 anos de idade, ela continua na ativa – seu 19ª filme, “Camilo Torres Restrepo, El Amor Eficaz”, foi finalizado em 2022.
Panorama Internacional Contemporâneo
Reunindo 27 filmes, representando 11 países, o Panorama Internacional Contemporâneo tem entre seus destaques “TikTok, Boom”. Lançada pelo Festival de Sundance, a produção traz histórias pessoais do aplicativo mais baixado do mundo contadas por um elenco de nativos da Geração Z, jornalistas e especialistas. Sua diretora, Shalini Kantayya, é uma ativista ambiental norte-americana cujos filmes exploram os direitos humanos na interseção de ciência e tecnologia.
“Solo Comum”, longa premiado no Festival de Tribeca, conta com a participação de celebridades como Laura Dern, Woody Harrelson, Donald Glover e Rosario Dawson. A obra, dirigida por Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell, explora como a agricultura regenerativa pode ajudar a curar o solo, a nossa saúde e o planeta.
Já o sueco “A Sociedade do Espetáculo”, de Roxy Farhat e Göran Hugo Olsson, é uma adaptação visual e humorística do clássico ensaio homônimo de Guy Debord. Criado a partir de imagens contemporâneas, materiais de arquivo e cenas originais, o documentário examina como a circulação de imagens cria vontades e muda a forma como nos vemos e interagimos uns com os outros.
Vencedor do prêmio de melhor direção da competição de documentários norte-americanos no Festival de Sundance, “Não Te Vi Ali” é o longa de estreia de Reid Davenport, um jovem cineasta cadeirante norte-americano. A chegada inesperada de uma tenda de circo em frente à sua residência o leva a revisitar a história do lendário P.T. Barnum e seu Circo de Horrores, cujo legado marcou a sua vida. A obra percorreu ainda prestigiosos festivais: São Francisco, Edimburgo, Sydney, Melbourne (Austrália), DOC NYC (EUA), Hot Docs (Canadá) e Sheffield DocFest (Reino Unido).
A produção holandesa “O Jogo Mental”, co-dirigido pelo jovem refugiado afegão Sajid Khan Nasiri e pelas diretoras Eefje Blankevoort e Els van Driel, mostra a face brutal da migração na Europa. O filme acompanha a experiência traumática de Nasiri, cuja travessia do Afeganistão até a Bélgica, à procura de segurança e de um novo lar, foi documentada com a única ajuda do seu celular.
“Plastic Fantastic”, da alemã Isa Willinger, constata que plásticos estão por toda parte – existem 500 vezes mais partículas de plástico nos oceanos do que estrelas em nossa galáxia. Encontra-se plástico não só nos mares, como também em rios, no ar, no solo e dentro de nós. Embora a crise se aprofunde e a reciclagem não dê conta do problema, a indústria do plástico continua a aumentar sua produção. O longa participou de importantes festivais internacionais de documentários, como o CPH:DOX (Dinamarca), Dokufest (Kosovo) e Festival de Documentários de Munique.
A produção francesa “Estado Limite” tem por protagonista o único psiquiatra do Hospital Beaujon, instalação de 400 leitos nos subúrbios de Paris. Dedicado aos seus pacientes, ele faz o possível para aliviar suas dores, ouvir suas palavras e os proteger de seus próprios demônios. No entanto, o serviço público de saúde vai mal – não há tempo suficiente e os cuidadores estão desmoronando. O filme venceu o prêmio de melhor longa-metragem francês e o prêmio da crítica no Festival de Champs-Élysées (França).
A caça de baleias é uma questão vital para o povo indígena da pequena Ilha de São Lourenço, no Mar de Bering. Portanto, quando Chris Agra Apassingok se tornou a pessoa mais jovem a arpar uma baleia para a sua aldeia no Alasca, sua mãe orgulhosamente compartilhou a notícia no Facebook. Para sua surpresa, milhares de ativistas digitais atacaram Chris sem compreender totalmente o alcance do feito dele. “O Povo da Baleia”, uma coprodução EUA/Rússia dirigida por Pete Chelkowski e Jim Wickens, acompanha a luta dos Apassingok para reconstruir sua identidade destroçada e encontrar um novo ponto de apoio tanto na tradição quanto na modernidade.
Coprodução EUA/Holanda, “Os Caçadores de Barragens” segue a viagem da engenheira ambiental espanhola Pao Fernández Garrido por diversos países para testemunhar a recuperação dos rios daquele continente. Dirigido por Francisco Campos-Lopez Benyunes, o filme nos revela quem são as pessoas que trabalham incansavelmente para remover barreiras fluviais e restaurar alguns dos mais icônicos rios da região.
Na produção da Suíça “2G”, o diretor Karim Sayad mostra como, após a repressão ao contrabando de pessoas, muitos residentes de Agadez – no Níger, um dos países da África Ocidental mais afetados pela emergência climática – embarcam em uma viagem pelo Saara para se juntarem a dezenas de garimpeiros perdidos no meio do deserto. Entre esperanças e desilusões, esses homens lutam para sobreviver num ambiente cada vez mais hostil e instável. A obra esteve selecionada no IDFA, de Amsterdã, o principal festival internacional de documentários da atualidade.
Exibido no prestigioso festival New Directors/New Films, de Nova York, “A Frota Chinesa”, de Will N. Miller, observa como membros de uma tripulação trabalham incansavelmente a milhares de quilômetros da costa para fornecer lulas para a cadeia alimentar global. O filme propõe uma exploração poética das motivações dos pescadores, da brutalidade dos abusos trabalhistas sistêmicos na indústria pesqueira chinesa e da destruição provocada pela mercantilização das pessoas e da natureza no nosso mundo globalizado.
Já “Água é Vida!”, de Will Parrinello, causou impacto no Festival de Mill Valley, nos EUA, onde venceu o prêmio do público. Com participação do astro Diego Luna, o longa revela que, enquanto a mineração e as hidrelétricas ameaçam o abastecimento de água na América Central e do Sul, os povos indígenas lutam para proteger os seus recursos e modo de vida. A câmera segue três líderes comunitários que enfrentam riscos de cárcere e assassinato enquanto lideram movimentos para proteger a água de empresas estrangeiras e governos corruptos.
Luc Jacquet, o diretor de “A Marcha dos Pinguins” (2005), vencedor do Oscar de melhor documentário, retorna à Mostra Ecofalante de Cinema com seu mais recente longa-metragem. “Antártica: Continente Magnético” é uma aventura visualmente deslumbrante a partir dos poucos milhares de quilômetros que separam a Patagônia do Polo Sul. O filme fez parte da seleção do Festival de Locarno, prestigiosa vitrine cinematográfica da Suíça.
Os padrões globais de cleptocracia e extrativismo são examinados no sueco “Breaking Social: O Fim do Contrato Social”, de Fredrik Gertten. O filme focaliza aqueles que quebram o chamado contrato social e recorrem aos paraísos fiscais e colhem lucros sem retribuir à sociedade. A obra circulou nos principais festivais de documentários, como o IDFA, de Amsterdã, Sheffield DocFest (Reino Unido), CPH:DOX (Dinamarca), Dokufest (Kosovo) e o Festival de Documentários de Munique.
Uma coprodução entre a Índia e a França que venceu o prêmio especial do júri no Festival de Sundance, “Contra a Maré” aborda diferentes posturas de pescadores de Mumbai: aqueles que seguem a lua e as marés, e os que adotam a tecnologia moderna. Tal conflito se passa diante de um mar que se torna cada vez mais hostil devido às alterações climáticas e os meios de subsistência são ameaçados.
Consagrado no Festival de Tribeca, onde foi eleito como melhor documentário e venceu o prêmio de melhor fotografia, “Entre as Chuvas” é uma coprodução EUA/Quênia. Filmado ao longo de quatro anos, a obra focaliza uma comunidade queniana na qual a infância se vê presa em uma cultura tradicional que é vítima das mudanças climáticas. No enredo, um jovem pastor questiona não apenas o seu caminho como guerreiro, mas também a erosão da cultura que moldou todos os aspectos da sua vida. A direção é assinada por Andrew H. Brown e Moses Thuranira.
Há 15 anos, o filme “Food, Inc.” alertou sobre uma realidade preocupante: as suas refeições diárias têm profundas consequências éticas e ambientais, com as corporações multinacionais aumentando sua influência. E, no entanto, como revela “Food, Inc. 2”, de Robert Kenner e Melissa Robledo, as empresas da alimentação apenas reforçaram o seu controle sobre os supermercados. O filme acompanha agricultores inovadores, produtores de alimentos com visão de futuro, ativistas dos direitos trabalhistas e legisladores proeminentes, que enfrentam essas empresas para inspirar mudanças e construir um futuro mais saudável e sustentável.
Qual é o preço que alguns pagam pela carne suína do mundo? Este é um dos temas levantados em “O Cheiro do Dinheiro”, filme de Shawn Bannon que foi eleito como melhor documentário no Festival de Sarasota (EUA). Na obra, uma comunidade rural da Carolina do Norte se torna o epicentro da explosão da indústria suína nos EUA e a batalha de seus residentes se transforma numa guerra contra uma das empresas mais poderosas do mundo e sua poluição devastadora. O filme trata de racismo ambiental de forma contundente.
“Humano Não-Humano”, uma produção belga dirigida por Natan Castay, acompanha um operário que passa noite e dia desfocando rostos no Google Street View por um centavo cada. Ao lado de seus colegas, ele mergulha em um mundo robótico que questiona a noção de humanidade. Melhor curta-metragem documental nos Prêmios Magritte du Cinéma (Bélgica), o filme mereceu menção honrosa no importante festival Doclisboa.
O perturbador longa francês “Knit’s Island” mergulha em um lugar da internet onde existe um espaço de 250 quilômetros quadrados onde indivíduos se reúnem em comunidade para simular uma ficção sobrevivencialista. Sob o disfarce de avatares, uma equipe de filmagem entra nesse local e faz contato com os jogadores. Quem são esses habitantes digitais? Eles estão realmente jogando? Dirigida por Ekiem Barbier, Guilhem Causse e Quentin L’Helgoualc’h, esta animação venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Documentários de Montreal e foi eleito como melhor filme da competição Burning Lights do Visions du Réel (Suíça).
“Mil Pinheiros”, de Sebastián Díaz Aguirre e Noam Osband, acompanha um dos imigrantes que dependem do polêmico programa de visto de trabalhador convidado nos Estados Unidos. Ele está em sua décima nona temporada trabalhando para a maior empresa norte-americana de reflorestamento e precisa equilibrar suas responsabilidades para com a esposa, os filhos e a mãe idosa com problemas cardíacos no México, e as necessidades e emergências da equipe de plantio.
Em “Quebrando o Jogo”, a gamer Narcissa Wright, depois de se assumir como uma mulher trans, perde sua enorme base de fãs. Para reconquistá-la, ela tenta estabelecer um novo recorde mundial, enquanto transmite ao vivo cada minuto de sua busca mítica. A partir de um arquivo de mais de três mil horas de transmissões de Narcissa, depoimentos e animação 8 bits, o documentário expõe a cultura gamer, assédio online e as implicações de viver uma vida digital para a saúde mental. Dirigido por Jane M. Wagner, esta produção norte-americana venceu o prêmio especial do júri no Festival de Tribeca.
Em 2021, uma das cinco maiores petrolíferas do mundo, a Total, passou a ser TotalEnergies. Mas como uma empresa petrolífera se transforma numa empresa de energia? Será que ela realmente poderá realizar a transição energética? Essas questões estão em foco na produção francesa “O Sistema Total, Anatomia de uma Multinacional da Energia”, de Jean-Robert Viallet, que revela ainda: o petróleo e o gás continuam no centro das atividades dessa multinacional, deixando dúvidas sobre a eficácia da transição ecológica anunciada.
Por sua vez, o suíço “Os Motivados”, de Piet Baumgartner, acompanha durante sete anos a elite empresarial de amanhã, desde os seus estudos na Universidade de São Galo, no mais prestigiado programa de mestrado desse setor no mundo, até os primeiros estágios das suas carreiras. Exibida no IDFA, de Amsterdã, a obra questiona: quem chega ao topo? Que valores essas pessoas representam? E elas estão conscientes de sua responsabilidade social?
Dirigido por Daniel McCabe, “República dos Gafanhotos” embarca nas profundezas das florestas do Uganda, onde milhões de gafanhotos reúnem-se para acasalar. Aproveitando-se do acontecimento, o homem encontrou uma maneira de lucrar com este belo ciclo reprodutivo. O documentário acompanha, em estilo cinema verdade, uma equipe local de captura, enquanto esses exploradores modernos percorrem florestas e remotos vilarejos em busca de fortuna.
As tensões e os dilemas entre a mercantilização e a conservação estão no centro do longa canadense “Silvícola”, de Jean-Philippe Marquis. Florestas antigas, com árvores que existem há milhares de anos, têm um valor inestimável do ponto de vista econômico, cultural e ambiental – mas, hoje, a sua existência está em perigo.
Em 2022, um grupo de trabalhadores fez história ao vencer a eleição e conquistar o primeiro local de trabalho sindicalizado da Amazon nos EUA. O longa “Union” registra essa que é tida como a mais importante vitória trabalhista desde a década de 1930. Enfrentando uma superpotência corporativa e com poucas proteções legais para os trabalhadores, todas as probabilidades estão contra o Sindicato. No entanto, eles permanecem inabaláveis em suas crenças na ação coletiva, na dignidade e no poder da classe trabalhadora. A obra, dos diretores Brett Story e Stephen Maing, foi a vencedora do prêmio especial do júri no Festival de Sundance.
Competição Latino-americana
A Competição Latino-americana reúne 17 títulos, incluindo sete longas e dez curtas-metragens. Estão representados dez países da região: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, México, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana.
Entre os brasileiros, está o longa “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, vencedor do prêmio de melhor filme da Competição Envision no IDFA, de Amsterdã e eleito melhor filme (Grand Prix Nanook-Jean Rouch) no Festival Jean Rouch, na França. Passado em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, onde um filme está sendo feito para contar a história de um homem que, muitos anos atrás, sofreu a temida transformação em onça e, depois, morreu tragicamente.
Coprodução entre a Argentina e Cuba, “A Gruta Contínua” acompanha um grupo de exploradores que persegue correntes de ar para entrar nas profundezas da Terra. Uma gruta na Itália continua de tal forma que desemboca em um refúgio cubano propício para resistir a invasões e desastres. A conclusão do filme, dirigido por de Julián D’Angiolillo e exibido no Festival de Havana e no Doclisboa, é que haveria um futuro subterrâneo.
Rara produção do Panamá a circular em telas brasileiras, “Bila Burba” retrata uma encenação feita anualmente por habitantes originais do norte daquele país. Nesse evento, recuperam a bem-sucedida revolta ocorrida em 1925 contra o repressivo governo panamenho. Selecionado para o IDFA, de Amsterdã, o longa de Duiren Wagua mostra que manter vivo esse passado é crucial para a preservação da identidade coletiva.
Selecionado para o prestigioso Festival de Roterdã, a coprodução Peru/França “Céu Aberto” observa um pai peruano que trabalha pacientemente quebrando a pedra branca vulcânica em uma paisagem extraordinária. Seu filho faz parte do mundo moderno: usa câmeras e drones para criar no computador a maquete digital de uma igreja. Seus caminhos se cruzam de maneira fantasmagórica: cada um a seu modo trabalha com texturas e volumes, sensações e percepções. A pergunta que o diretor Felipe Esparza Pérez coloca é: poderá o reino da arte digital recriar e reviver o velho mundo?
Em “Histórias de Shipibos”, de Omar Forero, um menino de um grupo étnico da Amazônia peruana é criado pelos avós em contato direto com a floresta e seus habitantes. À medida que cresce e entra em contato com a vida urbana, ele renuncia à sua cultura para evitar a discriminação.
Exibido no Festival de Berlim, “Ramona” é uma produção da República Dominicana que embaralha as fronteiras entre ficção e não-ficção. O filme acompanha uma jovem atriz que se prepara para assumir o papel de uma adolescente grávida que mora na periferia da capital Santo Domingo. Insegura no papel, ela começa a entrevistar jovens mães sobre gravidez e maternidade. Ao longo desse processo, elas mesmas passam a influenciar a produção do filme, alterando seu rumo. A direção é assinada por Victoria Linares Villegas.
“Rio Vermelho” focaliza três personagens que vivem em comunhão com a natureza na região do mítico Rio Vermelho, no norte da Amazônia colombiana. Mas essa área, antes preservada pelo conflito com as FARC, é agora vítima da sua beleza e corre perigo com a chegada de novos visitantes. Exibido no festival Cinéma du Réel, esta coprodução franco-colombiana é dirigida por Guillermo Quintero.
Os curtas-metragens brasileiros selecionados para a Competição Latino-Americana são “Cama Vazia”, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet, vencedor de menção honrosa no Festival de Gramado; “O Materialismo Histórico da Flecha contra o Relógio”, de Carlos Adriano, com imagens de povos indígenas brasileiros em 1917 e 1922 e em manifestações antifascistas de 2022; e “Vão das Almas”, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape, eleito melhor filme e melhor direção no Festival de Triunfo e melhor curta de ficção no Festival de Trancoso.
Três curtas mexicanos estão na competição: “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores”, de César Flores Correa, vencedor de menção especial no Festival de Cinema Ambiental de Morón (Argentina); “Você Vai Me Esquecer?”, de Sofía Landgrave Barbosa, passado em cidade nos limites da selva amazônica do Peru; e “Hikuri”, de Sandra Ovilla León, sobre uma comunidade que viu empresas mineradoras contaminaram sua água, envenenando as plantas e animais.
Estão selecionadas duas produções colombianas: “Yarokamena”, de Andrés Jurado, selecionado pelo Festival de Berlim e vencedor de menção especial no Doclisboa; e “A Menos Que Bailemos”, de Hanz Rippe Gabriel e Fernanda Pineda Palencia, sobre um professora de dança afro que empreende uma iniciativa para resgatar jovens do crime na cidade com os maiores índices de homicídios da Colômbia.
Completam a seção o chileno “Concórdia”, de Diego Véliz, selecionado para o Bafici, de Buenos Aires, e para o Cinélatino. Rencontres de Toulouse (França); e a coprodução Paraguai/Argentina “Margens Luminosas”, que traz imagens térmicas captadas pela realizadora Maira Ayala flagrando movimentos noturnos no meio do Rio Paraná de mulheres trabalhadoras conhecidas como.
Competição Territórios e Memória
A nova seção da Mostra Ecofalante de Cinema, Competição Territórios e Memória é integralmente dedicada à produção brasileira. Em sua edição inaugural estão 27 filmes, representando 11 estados e o Distrito Federal.
“À Margem do Ouro” focaliza a região do Rio Tapajós é a maior produtora de ouro do Brasil e abriga histórias de homens e mulheres que têm suas vidas entrelaçadas pela exploração ilegal e predatória desse minério. Ali, garimpeiros, comerciantes, professoras ou garotas de programa, de diversos estados e cidades do país, se encontram nessa região em busca de dinheiro. O longa, dirigido por Sandro Kakabadze, foi vencedor do prêmio da crítica na Mostra Internacional de São Paulo.
Já “Anhangabaú”, que conquistou o Kikito de melhor documentário no Festival de Cinema de Gramado 2023, aborda as as construções simbólicas de uma cidade em disputa, São Paulo. Com direção de Lufe Bollini, o filme conecta os conflitos pelo território da comunidade indígena Guarani Mbya com a resistência da Ouvidor 63, a maior ocupação artística da América Latina, e do grupo Teatro Oficina Uzyna Uzona.
A mesma Ocupação 63, localizada no centro da capital paulista, é retratada no longa “Ouvidor”, de Matias Borgström. Nela residem e produzem 120 artistas latino-americanos. Além de enfrentar constantes ameaças de despejo pelo Governo do Estado, os residentes também lidam com divergências internas decorrentes do patrocínio de uma famosa marca internacional de bebidas energéticas para viabilizar sua Bienal de Artes.
Outra referência na paisagem urbana paulistana é foco do longa “O Bixiga é Nosso!”, do diretor Rubens Crispim. O filme alerta para o risco constante que sofre o bem-sucedido processo de tombamento patrimonial que preserva a história arquitetônica do bairro do Bixiga. Na região, em meados de 2022, as obras de uma linha de metrô revelaram vestígios materiais da existência do primeiro quilombo urbano reconhecido na história do estado. O documentário aborda como a comunidade afrodescendente e aliados se unem na tentativa de evitar mais um apagamento de sua história e expulsão da população negra da região.
O cineasta André Manfrim propõe em “Retratos de Piratininga” um ensaio sobre o encontro de culturas que marca a colonização da cidade de São Paulo. O curta focaliza o centro velho da capital paulista – recentemente rebatizado como “centro histórico” – e suas estátuas e monumentos empenhados em fazer lembrar de sua história religiosa. A ocupação desse território teria sido marcada pela evangelização, pelo desejo de converter o outro.
Os bailes de soul music, que deram origem ao movimento Black Rio, eram espaços de afirmação e resistência política do jovem negro do Rio de Janeiro carioca nos anos 1970. O filme “Black Rio! Black Power” apresenta a importância da cena musical na luta por justiça racial durante a ditadura militar brasileira, sua influência no hip hop e no funk, e o impacto nas novas gerações do orgulho negro e da valorização estética difundidos há décadas. A obra, dirigida por Emilio Domingos, foi vencedora de menção honrosa no festival In-Edit Brasil.
Em “Favela do Papa”, o cineasta Marco Antonio Pereira recupera o movimento de resistência dos moradores da Favela do Vidigal contra a ordem de remoção, um capítulo importante da história do Rio de Janeiro na década de 1970. Com imagens de época e entrevistas, o filme mostra a conjunção de entidades e personalidades na defesa da permanência dos moradores em seu território, como o apoio da Igreja Católica, de juristas e do artista Sérgio Ricardo. Esse episódio foi determinante para o fim da política de remoção em grande escala posta em prática pelos governos estaduais na década de 1960.
Já o longa paranaense “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)” revela como, no coração da Floresta Amazônica, um povo originário está experenciando o renascimento de sua identidade depois de décadas de escravidão e opressão. Foi apenas a partir do ano 2000 que os Huni Kuin da Terra Indígena Humaitá começaram a se lembrar de quem eram ao se unirem a recordar de sua cultura e modo de vida ancestral e espiritual. Dirigido por Lara Jacoski e Patrick Belem, o filme foi vencedor dos prêmios de melhor documentário no Festival de Cinema Latino-americano do Texas e no Festival Outerbank da Carolina do Norte (ambos nos EUA).
Graciela Guarani e Alice Gouveia assinam a produção pernambucana “Sekhdese”, estruturada em depoimentos gravados durante expedições por aldeias indígenas e registros de manifestações na cidade de Brasília. Na obra, relatos de mulheres revelam um precioso empoderamento feminino e expõem as lutas pela terra, a cultura, o meio ambiente, e o etnocídio do qual são vítimas, pelas investidas das igrejas neopentecostais.
Realização do Coletivo Guahu’i Guyra, “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra” focaliza a reza longa que protege os Kaiowá e os aproxima dos povos-raio e dos povos-trovão para rememorar a história do começo da terra que só esses povos sabem contar. É dessa conexão encantada que se cria e recria o território de Yvy Pyte (Coração da Terra). O curta foi selecionado para o IDFA, de Amsterdã, festival considerado como a “Cannes” do cinema documentário, tendo merecido ainda o prêmio especial do júri no Olhar de Cinema.
Exibido no Le Festival International du Film sur l’Art (Canadá), “Interior da Terra” promove uma investigação desde o céu até às profundezas da floresta. Com direção de Bianca Dacosta, o curta revela camadas de história enterradas e apagadas através do relato histórico e atual da destruição da Floresta Amazónica e do seu povo de origem, os Mura.
Em “Kwat e Jaí – Os Bebês Herois do Xingu” Kwat e Jaí, os gêmeos Sol e Lua, vivem uma jornada em busca de sua mãe que foi engolida por uma sucuri. Todos estes elementos são ilustrados por animações 2D misturados com as imagens em live-action captadas e interpretadas pela comunidade do Hiulaya do Alto Xingu. Com direção de Clarice Cardell, o curta foi vencedor da Mostra Pequenos Fantásticos no Cinefantasy – Festival de Cinema Fantástico (SP).
Misturando elementos de documentário e ficção, o curta “Mborairapé” mostra um grupo de jovens rappers Guarani que vivem no bairro do Jaraguá, na cidade de São Paulo, e sua expressão cultural através da música. Dirigida por Roney Freitas, a obra mereceu menção honrosa no Curta Cinema – Festival de Curtas do Rio de Janeiro; Prêmio Canção da Ressignificação na Jornada de Estudos do Documentário (PE).
Após a morte brutal do jornalista britânico Dom Phillips em 2022, durante uma expedição no Vale do Javari, segunda maior terra indígena do país, localizada no interior do Amazonas, o cineasta Otavio Cury reflete, em “Onde a Floresta Acaba”, sobre a perda do amigo, revisitando a primeira viagem que fizeram à Amazônia e os filmes que fizeram juntos. O filme mereceu menção honrosa no Festival de Cinema da Fronteira (RS) e foi eleito como melhor curta pelo júri jovem no Panorama Internacional Coisa de Cinema (BA).
Por sua vez, “O Contato” é um filme sobre uma viagem, no tempo e no espaço, desse vasto e desconhecido território chamado Cabeça do Cachorro, tríplice fronteira entre o Brasil, a Colômbia e a Venezuela. A obra transita por aldeias e pela cidade indígena de São Gabriel da Cachoeira, captamos a vida de um universo de trocas multiétnicas, de grande diversidade linguística, misticismo, sonhos e compartilhamento. Há 300 anos os habitantes da região resistem ao contato enquanto desbravam novas formas de afirmação e sobrevivência. Dirigido por Vicente Ferraz (de “A Estrada 47”), o longa foi exibido no Festival de Havana.
No longa “Memórias da Chuva”, o veterano cineasta cearense Wolney Oliveira aborda a população que foi obrigada a abandonar uma cidade do interior para dar lugar à construção de um açude que vai fornecer água para a capital do estado. A mudança trouxe mais perdas do que ganhos, da velha cidade só restou lembranças. Exibido no Festival de Havana, o filme venceu o prêmio de melhor edição e o prêmio do público no Fest Aruanda.
“Rejeito” alerta: após os maiores rompimentos de barragens de rejeito da história, novas barragens ameaçam romper sobre milhões de pessoas em Minas Gerais. No filme, uma conselheira ambiental confronta o modus operandi do governo e mineradoras, enquanto moradores resistem em suas comunidades ameaçadas. Dirigida por Pedro de Filippis, a produção acumula respeitável carreira: foi vencedora do prêmio de melhor direção no FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental (GO), recebeu o prêmio da juventude no CineEco (Portugal), mereceu menção especial no Festival Indie Memphis (EUA) e esteve selecionada para o IDFA, de Amsterdã, Cinéma du Réel (França), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Camden (EUA).
“Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas”, de Eduardo Rajabally, explora as tragédias de Mariana e Brumadinho, revelando a ligação profunda entre mineradoras e o poder público em Minas Gerais. O documentário desenrola a sequência complexa de eventos que levou aos desastres e moldou o capitalismo corporativo global. A devastação provocada pelas mineradoras de ferro é exposta, e as consequências afetam o meio ambiente e a vida das comunidades e povos originários que residiam próximos às mineradoras.
A mineração no estado de Minas Gerais também é tema do curta-metragem “O Silêncio Elementar”, de Mariana de Melo. Selecionado para o prestigioso Festival de Roterdã, na Holanda, o filme mostra como o cotidiano convive com a mineração. E cada metal escavado deixa suas marcas na terra e nas pessoas.
Já no curta mineiro “Água Rasa”, o diretor Dani Drumond navega o rio Paraopeba, contaminado pela lama tóxica de rejeito de mineração devido ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), percorrendo do local do rompimento até a sua foz. Através da sabedoria de Seu Pedro, o filme descobre, em seu varejão de bambu, o poder de ouvir e se conectar com o rio, com a natureza ao redor e com espíritos ribeirinhos. A obra venceu o prêmio de melhor fotografia no Festival UrbanoCine (RN) e foi selecionada para o Festival Pescadores do Mundo (França).
Coprodução entre o Brasil e a França, “Samuel e a Luz” mostra o impacto no cotidiano idílico em um vilarejo de pescadores na costa de Paraty (RJ) da chegada da eletricidade e do turismo. Dirigido por Vinícius Girnys, o longa foi vencedor do prêmio de melhor documentário e Prêmio Feisal no Festival de Guadalajara (México), tendo sido eleito como melhor documentário na Mostra Internacional de São Paulo, além de percorrer festivais importantes do circuito internacional, como o Visions du Réel (Suíça), Hot Docs (Canadá), Festival de Cartagena, Porto/Post/Doc (Portugal), Festival de Dublin (Irlanda), Cinélatino. Rencontres de Toulouse (França) e o Movies That Matter (Holanda).
Vencedor de prêmio especial do júri no Panorama Internacional Coisa de Cinema (BA), o curta “A Bata do Milho”, de Eduardo Liron e Renata Mattar, se passa na região de Serra Preta, sertão da Bahia. Lá, encontram-se famílias de trabalhadores rurais que mantêm viva a tradição dos cantos de trabalho durante o cultivo do milho.
O diretor Alan Schvarsberg, no curta “A Chuva do Caju”, promove um mergulho no coração de um vale escondido nas profundezas do Brasil central. No local, Seu Alvino e Dona Neuza plantam e colhem o que a terra dá, como o cajuzinho do cerrado e o baru. Após mais de dois séculos, o tempo continua passando lento no quilombo Vão de Almas, apesar da seca cada vez mais severa. O filme recebeu menção honrosa do Prêmio Zózimo Bulbul no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Curta que marca a derradeira atuação do ator Rolando Boldrin (1936-2022), “Despovoado, Ou Tudo Que a Gente Podia Ser” focaliza o último remanescente de um vilarejo abandonado, um senhor branco que esconde suas memórias sobre a chegada do progresso ao interior do Brasil. O diretor Guilherme Xavier Ribeiro é um dos expoentes da nova cena audiovisual emergente no interior paulista.
Bumba-Boi, música e fé estão no centro de “Nosso Terreiro”, realizado por Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva. Passado no terreiro de Maracanã, o curta registra caboclos e encantados brincantes em festa comemorando o dia de São João. O caboclo de pena e sua dança, e o cantador e suas toadas reverenciam as forças da natureza que abençoam a brincadeira. As vivências desses dois jovens nos apresentam as nuances de seu sincretismo religioso.
Na produção mineira “Nunca Pensei Que Seria Assim” a diretora Meibe Rodrigues propõe, através de memórias do próprio passado, uma reflexão sobre negritude e escrevivência (a escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo). O curta conquistou os prêmios de melhor filme no FALA Chico – Festival de São Francisco do Sul (SC) e no Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades.
“Sertão, América”, curta de Marcela Ilha Bordin, registra o processo de fabricação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Esta unidade de conservação no sertão do Piauí possui desenhos rupestres que desafiam a teoria corrente de como o homem entrou na América.
Concurso Curta Ecofalante
Estão na seção Concurso Curta Ecofalante 25 curtas-metragens realizados por cursos e oficinas audiovisuais de nove estados e do Distrito Federal. A lista de títulos selecionados, e respectivas instituições, é a seguinte:
* “Além do Impedimento” (projeto É Nóis na Fita), sobre a persistência e a paixão das mulheres pelo futebol.
* “Arquipélago do Bailique: Fragmento das Ilhas que Dançam” (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV), sobre o cotidiano das comunidades ribeirinhas de um conjunto de ilhas no delta do Rio Amazonas.
* “As Placas São Invisíveis” (ECA-USP), no qual cinco estudantes negras revelam como é estar dentro da USP no momento de ebulição da luta pró-cotas.
* “Camburi Resiste” (Unicamp), sobre as memórias afetivas da Comunidade Quilombola do Camburi, em Ubatuba (SP).
* “Chão de Taco” (ETEC Jornalista Roberto Marinho), um panorama da cena LGBTQIAPN+ da Vila Buarque, bairro boêmio da cidade de São Paulo.
* “Cida Tem Duas Sílabas” (FAAP), no qual uma costureira precisa assinar um documento em seu trabalho, mas não sabe ler o que diz nele.
* “Deriva” (projeto É Nóis na Fita), retrato de um indivíduo à deriva na metrópole paulistana e o desejo constante de um futuro que nunca chega.
* “Desconserto” (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), sobre a vida de uma família trabalhadora vista pelo ponto de vista de uma menina.
* “Desmistificando o Axé” (CEEP ICEIA – Ceep Formação e Eventos Isaias Alves, BA), uma discussão sobre a intolerância e o racismo religiosos a partir da perspectiva histórica e do sincretismo.
* “Mama – Africanos em São Paulo” (AIC – Academia Internacional de Cinema), sobre a senegalesa Diamu Fallow Diop, conhecida popularmente como Mama África, e os rumos dos fluxos migratórios da cidade de São Paulo.
* “Manchas de Sol” (Universidade Federal de Pelotas), sobre como a vida tranquila de Adriana junto com a esposa é abalada com a chegada da filha, que não sabe sobre seu relacionamento.
* “Máquinas de Lazer” (Universidade Federal de Santa Catarina), um breve estudo sobre a relação entre homens e máquinas durante o tempo livre dos trabalhadores no sul de Santa Catarina.
* “Mar.INA” (Formação Faculdades Integradas, MA), uma paródia crítica de “A Pequena Sereia”, em que a protagonista é vivida por uma menina trans.
* “Nheengatu” (Universidade Federal da Paraíba), sobre um jovem educador que aprendeu o Tupi e busca retornar a língua ao convívio dos Tabajara.
* “Pelos” (Universidade Anhembi Morumbi), sobre duas amigas que tentam lidar com a confusão que a pré-adolescência traz.
* “Por Trás dos Prédios” (Universidade Federal de Alagoas), sobre como a prefeitura de Maceió se aproveita das fortes chuvas locais para desmobilizar uma das maiores favelas de Alagoas.
* “Pour Elis” (ETEC Jornalista Roberto Marinho), sobre um estudante que se vê atormentado pelo desafio de voltar às aulas após presenciar um colega de classe cometer um atentado contra uma professora.
* “Quanto Vale?” (PUC Minas), uma reflexão sobre o modo como aprendemos a viver, como nos é colocado o aprendizado e qual lugar ele ocupa na problemática ambiental.
* “Retorno” (Instituto de Educação Superior de Brasília), no qual uma jovem se encontra em uma situação perigosa quando o motorista de aplicativo começa a se comportar de maneira suspeita.
* “Sementes da Resistência, o 25 de Maio e a Luta pela Reforma Agrária” (Unicamp), sobre a primeira grande ocupação do Movimento Sem Terra.
* “Sobre Viver: Trajetórias Indígenas na Urbanidade” (Universidade Federal de Mato Grosso), sobre os indígenas da etnia Xavante que deixaram as terras demarcadas para estabelecerem moradia na cidade de Barra do Garças (MT).
* “Tereza” (oficina Geração Futura 2023, com apoio da ESPM Rio), sobre a importância da representatividade feminina e o atravessamento da ditadura militar no cinema e na vida da cineasta Tereza Trautman.
* “Terra Sincera” (Senac São Paulo), sobre o choque entre os que já estavam na terra e um povo além-mar, decrépito, que diz ter encontrado nestas terras o paraíso.
* “TRANSpassado – Corpos Que Retratam” (Universidade Federal de Minas Gerais), no qual cinco indígenas quebram o tabu e falam sobre as relações homoafetivas dentro e fora dos territórios.
* “Visões da Maré” (Universidade Federal do Rio de Janeiro e Colégio João Borges de Moraes), no qual moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, compartilham seus relatos sobre as questões ambientais e históricas.
Especial Emergência Climática
O longa “Arrasando Liberty Square”, de Katja Esson, acompanha como a comunidade em Miami torna-se o marco zero para a gentrificação climática. Liberty Square abrigou um dos mais antigos projetos de habitação pública segregada dos EUA. Agora, com a subida do nível do mar, os terrenos mais elevados do bairro tornaram-se valiosos para a especulação imobiliária, criando um mercado especulativo no bairro historicamente negro. O filme venceu o Prêmio World of HA Change Maker no Festival de Woodstock (EUA), tendo sido exibido no Sheffield DocFest (Reino Unido), Festival da Filadélfia (EUA), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Hamburgo (Alemanha).
Vencedor do prêmio de melhor documentário de cineasta estreante no Festival de Tribeca, “Filhos do Katrina” revela que o furacão Katrina não apenas destruiu grande parte da cidade de Nova Orleans em 2005, mas também mudou para sempre a vida de muitos jovens. Entre estes, o diretor do filme, Edward Buckles Jr., na época com 13 anos. A obra dá voz aos que foram expulsos de suas casas e abandonados pelo governo da época.
Já o longa francês “Uma Vez Que Você Sabe” parte do possível colapso ambiental, anunciado por cientistas desde os anos 1970 diante do crescimento que ignora a finitude dos recursos naturais, para indagar: como se adaptar a essa catástrofe? A obra, dirigida por de Emmanuel Cappelin, foi eleita como melhor documentário no Festival de Hong Kong.
Sessões Especiais
Uma série de títulos brasileiros e internacionais são exibidos em sessões especiais pela 13ª Mostra Ecofalante de Cinema.
Produção austríaca, “Arquivo do Futuro” retrata o Museu de História Natural de Viena, que coleciona, arquiva e estuda diversas peças de biologia, geociências, antropologia e arqueologia em nome da pesquisa evolutiva. O filme, dirigido por Joerg Burger, ilumina o papel do museu na compreensão do passado para que se possa avançar para o futuro e foi selecionado para o Festival de Locarno, CPH:DOX (Dinamarca) e Festival de Documentários de Munique.
Em “Rowdy Girl: Santuário Animal”, de Jason Goldman, uma ex-criadora de gado do Texas, incapaz de aceitar a realidade cruel da pecuária, se torna vegana e transforma o negócio de carne bovina de seu marido em um santuário de criação animal. O filme foi destaque no Hot Docs, evento canadense considerado um dos mais importantes festivais de documentários das Américas.
As sessões especiais apresentam três produções brasileiras. “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva”, de Mari Corrêa, contrapõe o olhar indígena ao da ciência ocidental e expõe como a colonização persevera no discurso ultrapassado sobre povos indígenas e natureza, escancarando as origens da implacável destruição da Amazônia.
“Não Existe Almoço Grátis” acompanha três mulheres que lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em Sol Nascente, considerada atualmente como a maior favela do Brasil. Para a posse do terceiro mandato do presidente Lula, elas foram encarregadas de cozinhar para centenas de pessoas que chegarão a Brasília para assistir à cerimônia. Com direção de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, o longa venceu o prêmio do público no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
No sítio arqueológico de Teotônio, foram encontrados vestígios de cerâmica e de terra preta com datação de mais de 5.500 anos. Trata-se da terra preta mais antiga da Amazônia. “Amazônia, Arqueologia da Floresta: Terra Preta”, de Tatiana Toffoli, acompanha duas escavações simultâneas, com indícios que mostram que a área foi um epicentro cultural, ocupado por pelo menos sete povos diferentes ao longo dos milênios. A obra, inédita, é exibida em pré-estreia mundial.
Especial ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental
Uma programação celebra os 30 anos da criação do ISA – Instituto Socioambiental, uma organização não governamental voltada a defender bens e direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos dos povos indígenas do Brasil. Estão presentes nove filmes produzidos pela entidade.
Mariana Lacerda é a diretora do longa inédito “Mapear Mundos”, que articula imagens de arquivos indigenistas com testemunhos atuais para rememorar os passos dados por organizações da sociedade civil, em um contexto de ditadura militar, pela garantia de direitos dos povos originários no Brasil, fornecendo as condições para a articulação do “capítulo dos índios” na Constituição Brasileira e as demarcações das Terras Indígenas.
Com direção do premiado cineasta Aurélio Michiles, “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” focaliza a saga da tribo Krenakarore, retratando a violenta mudança no destino dos indígenas após seu contato com os “homens brancos”. O documentário conta com depoimentos do antropólogo Darcy Ribeiro, do economista Roberto Campos, do ex-presidente da Funai General Ismarth de Araújo, de indigenistas e jornalistas.
Já “Panará, A Volta por Cima dos Índios Gigantes”, de Fred Rahal, comemora os 20 anos do retorno dos indígenas Panará à terra ancestral. No filme, eles relatam como foram as duas décadas em que viveram exilados no Parque Indígena do Xingu e como vivem felizes hoje, em cinco aldeias, nas cabeceiras do Rio Iriri.
Fred Rahal também assina a direção de “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação”, aqui em parceria com a cineasta Carol Quintanilha. O curta-metragem focaliza o evento que reuniu, em 2022, mais de 500 pessoas na comunidade de Xihopi, no estado do Amazonas, para celebrar os 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami. Entre os presentes, Davi Kopenawa, Ailton Krenak, Sydney Possuelo e Joenia Wapichana.
Dois dos títulos são curtas-metragens dirigidos por Otávio Almeida. “Antes da Chuva” se passa na região da bacia do Xingu, onde a expansão do agronegócio tem causado sérios impactos na vida de agricultores e indígenas. Uma das consequências mais graves são as mudanças ambientais que impactam todas as formas de subsistência local. Já “Rio Pardo, O Retorno dos Beiradeiros ao seu Território” acompanha seu Edmilson na volta à sua antiga colocação na Terra do Meio (PA). O filme percorre o igarapé rio Pardo, nos locais onde ele e outros seringueiros trabalhavam com o extrativismo de borracha, castanha e outros produtos da floresta na década de 1980.
Cuidadoras da memória e do futuro, mulheres indígenas do rio Negro contam sua história no média-metragem “Rionegrinas”, dirigido por Fernanda Ligabue e Juliana Radler. Na produção é destacada a trajetória de lutas e as conquistas dessas mulheres. Também é focalizada a criação do Departamento das Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN-FOIRN).
“Sistema Agrícola Quilombola”, de Alexandre Kishimoto, Hebert Valois Rios Piauhy e Renato Nunes, registra as ações de fortalecimento da agrobiodiversidade nos territórios quilombolas do Vale do Ribeira.
Por sua vez, “Volta Grande”, de Fábio Nascimento, denuncia que 300 famílias ribeirinhas foram violentamente removidas de suas casas para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Após anos de luta, os ribeirinhos, que não haviam sido reconhecidos como impactados pelo empreendimento, conquistaram o direito de retornar às margens do rio Xingu.
Programa Ecofalante Universidade
A seção Programa Ecofalante Universidades traz filmes que fazem parte do projeto educacional da Ecofalante. Ele leva o debate socioambiental a escolas e universidades durante todo o ano e seu catálogo é composto por mais de 250 títulos.
“A Floresta que Você Não Vê – Narrativas do Médio Xingu”, de Andy Costa, enlaça as histórias de luta e resistência de pessoas que enfrentam desafios para gerar renda e manter a Floresta Amazônica em pé.
Dirigido por Marcio Sanches, Maira HofMeister e Fernanda Wenzel, “Exilados – Extrativistas São Expulsos à Bala em Rondônia” traz depoimentos e entrevistas que mostram como famílias de extrativistas foram expulsas com violência da Resex de Jaci-Paraná, em Rondônia, com a conivência de autoridades. O filme detalha o esquema de grilagem, o descumprimento de decisões judiciais e as tentativas de reduzir a área via Assembleia Legislativa.
As espécies exóticas invasoras são a segunda maior ameaça ao equilíbrio da biodiversidade global, perdendo apenas para o desmatamento. Essa ameaça é focalizada em “Invasores”, de Lygia Barbosa, que acompanha os desafios ecológicos de cientistas e comunidades dedicados a combater o avanço implacável desses intrusos: a disseminação do javali selvagem pelas paisagens rurais; a invasão do coral-sol nas águas protegidas do Arquipélago dos Alcatrazes, o impacto predatório de felinos domésticos e lagartos teiú nos habitantes nativos de Fernando de Noronha; e a marcha insidiosa do mexilhão-dourado paralisando usinas hidrelétricas em todo o Brasil.
Por sua vez, “SobreVivências: Clima de Risco”, de Eduardo Rajabally, mostra como as mudanças climáticas estão transformando nosso planeta de forma bastante radical. Com participação de Gaby Amarantos, a produção aborda, em busca de soluções, alguns dos temas vitais para o planeta no século 21, como emergência climática, produção e desperdício de alimentos, desigualdade social, vida nas grandes metrópoles, perda da biodiversidade, consumismo e poluição.
Seção Infantil
Para o público infantil, a 13ª Mostra Ecofalante de Cinema exibe a animação “Yakari, Uma Jornada Fantástica”. Um dos grandes heróis da literatura infantil, Yakari é uma criança Sioux feliz, corajosa e generosa, dotada do fabuloso poder de falar e compreender a linguagem dos animais. Mas Yakari nem sempre teve esse dom. O longa, uma coprodução Bélgica/França/Alemanha, tem direção assinada por Xavier Giacometti e Toby Genkel.
Todas as informações sobre exibições e demais atividades do evento podem ser encontradas na plataforma Ecofalante: www.ecofalante.org.br.
A 13ª Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Dirigido por Chico Guariba, o evento tem patrocínio do Itaú, Mercado Livre, Spcine e Prefeitura de São Paulo. O evento conta com o apoio da White Martins e da Synergia Socioambiental; e apoio institucional do Instituto Francês, WWF, Programa Ecofalante Universidades e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas, com coprodução da Química Cultural e parcerias do Instituto Akatu, Autossustentável, eCycle, Green Me, Greenpeace, Iniciativa Verde, Instituto Socioambiental, Observatório do Clima e The Climate Reality Project Brasil. É uma realização da Ecofalante, ProAC ICMS, Governo de São Paulo, Ministério da Cultura e Governo Federal.
A Ecofalante é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, atua na formação de professores, exibições e debates em escolas, universidades e aparelhos culturais, além de produzir seminários e workshops sobre cinema, educação e sustentabilidade. A Ecofalante é responsável também pela plataforma de streaming gratuita Ecofalante Play, voltada a educadores, e o Ecofalante Universidades, programa de extensão educacional.
serviço
13ª Mostra Ecofalante de Cinema
de 1º a 14 de agosto de 2024
abertura para convidados: 31 de julho de 2024
gratuito
locais
Reserva Cultural (sala 2 e sala 3) – avenida Paulista 900, Bela Vista – São Paulo
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo) – rua Vergueiro 1000, Liberdade – São Paulo
Cine Satyros Bijou – Praça Franklin Roosevelt 172, Consolação – São Paulo
Nave Coletiva – rua José Bento 106, Cambuci – São Paulo
Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes – rua Inácio Monteiro 6900, Cidade Tiradentes – São Paulo
unidades do Circuito Spcine localizadas nos CEUs
evento viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura
patrocínio: Itaú, Mercado Livre, Spcine, Prefeitura de São Paulo
apoio: White Martins e Synergia Socioambiental
apoio institucional: Instituto Francês, WWF, Programa Ecofalante Universidades e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
produção: Doc & Outras Coisas
coprodução: Química Cultural
parcerias: Instituto Akatu, Autossustentável, eCycle, Green Me, Greenpeace, Iniciativa Verde, Instituto Socioambiental, Observatório do Clima e The Climate Reality Project Brasil
realização: Ecofalante, ProAC ICMS, Governo de São Paulo, Ministério da Cultura e Governo Federal
redes sociais
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atendimento à Imprensa
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PROGRAMAÇÃO
entrada franca
31 de julho (quarta-feira)
Reserva Cultural – sala 1 – cerimônia de abertura (para convidados)
19h00 – “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” (84 min) – Werner Herzog
1º de agosto (quinta-feira)
Reserva Cultural – sala 2
17h00 – “O Sistema Total, Anatomia de uma Multinacional da Energia” (91 min) – Jean-Robert Viallet
18h45 – “Plastic Fantastic” (102 min) – Isa Willinger
20h45 – “O Cheiro do Dinheiro” (84 min) – Shawn Bannon
Reserva Cultural – sala 3
17h15 – Especial ISA 30 Anos – 01: “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” (47 min) – Aurélio Michiles / “Panará, A Volta por Cima dos Índios Gigantes” (5 min) – Fred Rahal / “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação” (10 min) – Carol Quintanilha e Fred Rahal / “Rionegrinas” (38 min) – Fernanda Ligabue e Juliana Radler
19h15 – “Rowdy Girl: Santuário Animal” (72 min) – Jason Goldman
21h00 – “Silvícola” (80 min) – Jean-Philippe Marquis
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – “Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas” (73 min) – Eduardo Rajabally
17h00 – “Rejeito” (75 min) – Pedro de Filippis
19h00 – “A Gruta Contínua” (85 min) – Julián D’Angiolillo
Cine Satyros Bijou
19h00 – “Food, Inc. 2” (94 min) – Robert Kenner e Melissa Robledo
21h00 – “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” (84 min) – Werner Herzog
2 de agosto (sexta-feira)
Reserva Cultural – sala 2
16h15 – “Uma Vez Que Você Sabe” (105 min) – Emmanuel Cappelin
18h15 – “Arrasando Liberty Square” (86 min) – Katja Esson
20h00 – debate emergência climática
21h45 – “Filhos do Katrina” (79 min) – Edward Buckles Jr.
Reserva Cultural – sala 3
15h15 – “O Povo da Baleia” (80 min) – Pete Chelkowski e Jim Wickens
17h00 – Especial ISA 30 Anos – 02: “Volta Grande” (27 min) – Fábio Nascimento / “Antes da Chuva” (21 min) – Otávio Almeida / “Rio Pardo, o Retorno dos Beiradeiros ao Seu Território” (14 min) – Otávio Almeida / “Sistema Agrícola Quilombola” (25 min) – Alexandre Kishimoto, Hebert Valois Rios Piauhy e Renato Nunes
19h00 – “O Contato” (85 min) – Vicente Ferraz
21h00 – “TikTok, Boom” (97 min) – Shalini Kantayya
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Territórios e Memória – 01: “Kwat e Jaí – Os Bebês Heróis do Xingu” (20 min) – Clarice Cardell / “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra” (40 min) – Coletivo Guahu’i Guyra
17h00 – “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)” (70 min) – Lara Jacoski e Patrick Belem
19h00 – “Bila Burba” (70 min) – Duiren Wagua
Cine Satyros Bijou
18h00 – Concurso Curta Ecofalante – 06: “Sementes da Resistência, o 25 de Maio e a Luta pela Reforma Agrária” (19 min) – Raielle da Rosa Mazzarelli / “Mama – Africanos em São Paulo” (17 min) – Rafael Aquino / “Desmistificando o Axé” (30 min) – Marco Neto
19h30 – Concurso Curta Ecofalante – 03: “Nheengatu” (5 min) – Luiz Filho e Caio Bontempo / “Terra Sincera” (3 min) – Renan Turci / “Sobre Viver” (16 min) – Marcelo Melchior / “Camburi” (18 min) – Guilherme Rezende Landim / “Arquipélago do Bailique” (25 min) – Agatha Garmes, Isabel Pontual, Mayra Ataide, Sarah Castro e Tetê Barddal
21h00 – “O Jogo Mental” (61 min) – Sajid Khan Nasiri, Eefje Blankevoort e Els van Driel
“Humano Não-Humano” (38 min) – Natan Castay
3 de agosto (sábado)
Reserva Cultural – sala 2
14h30 – “Não Te Vi Ali” (76 min) – Reid Davenport
16h00 – “Mapear Mundos” (72 min) – Mariana Lacerda
17h30 – debate sobre o filme “Mapear Mundos”
19h15 – “Antártica: Continente Magnético” (83 min) – Luc Jacquet
21h00 – “República dos Gafanhotos” (94 min) – Daniel McCabe
Reserva Cultural – sala 3
15h30 – “De Certa Maneira” (73 min) – Sara Gómez
17h00 – “O Bixiga é Nosso!” (73 min) – Rubens Crispim
19h00 – “Ouvidor” (74 min) – Matias Borgström
21h15 – “A Sociedade do Espetáculo” (94 min) – Roxy Farhat e Göran Hugo Olsson
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Latina-americana – 02: “Você Vai Me Esquecer?” (12 mim) – Sofía Landgrave Barbosa / “A Menos Que Bailemos” (15 mim) – Hanz Rippe Gabriel, Fernanda Pineda Palencia / “Vão das Almas” (15 mim) – Edileuza Penha de Souza, Santiago Dellape / “Hikuri” (17 mim) – Sandra Ovilla León / “Yarokamena” (21 mim) – Andrés Jurado
17h00 – “Céu Aberto” (65 min) – Felipe Esparza Pérez
18h45 – “Histórias de Shipibos” (117 min) – Omar Forero
Cine Satyros Bijou
18h00 – Concurso Curta Ecofalante – 01: “Além do Impedimento” (6 min) – Heloisa Lawanda / “Tereza” (9 min) – Bea Souza / “Retorno” (16 min), de Arthur Paiosi / “Manchas de Sol” (18 mim), – Martha Mariot / “Pelos” (16 min) – Emma Marques
19h30 – Concurso Curta Ecofalante – 02: “Mar.INA” (26 min) – Allan Pereira, David Dias, Igor Cariman, Jeyci Elizabeth, Karol Garcia, Marcelo Almeida, Patrícia Medeiros, Paulo Borges, Profana Vieira, Renata Costa, Samyre Protázio e Valdenira Baima / “Chão de Taco” (18 min) – Alan Santana / “TRANSpassado – Corpos Que Retratam” (25 min) – Otávio Kaxixó
21h00 – “Rowdy Girl: Santuário Animal” (72 min) – Jason Goldman
4 de agosto (domingo)
Reserva Cultural – sala 2
14h30 – “Exilados – Extrativistas São Expulsos à Bala em Rondônia” (17 min) – Marcio Sanches, Naira Hofmeister e Fernanda Wenzel
“Sobrevivências – Ep. 1: Clima de Risco” (60 min) – Eduardo Rajabally
17h00 – “Não Existe Almoço Grátis” (Brasil-DF, 2023, 74 min) – Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel
18h30 – debate cozinhas solidárias e MTST
20h30 – “Food, Inc. 2” (94 min) – Robert Kenner e Melissa Robledo
Reserva Cultural – sala 3
15h30 – “Amor, Mulheres e Flores” (52 min) – Marta Rodríguez e Jorge Silva
17h00 – “Araya, Inferno de Sal” (90 min) – Margot Benacerraf
18h45 – “Black Rio! Black Power!” (74 min) – Emilio Domingos
20h45 – “O Cheiro do Dinheiro” (84 min) – Shawn Bannon
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Latina-americana – 01: “Cama Vazia” (5 min) – Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet / “Concórdia” (9 min) – Diego Véliz / “Margens Luminosas” (18 min) – Maira Ayala / “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores” (19 min) – César Flores Correa / “O Materialismo Histórico da Flecha contra o Relógio” (26 min) – Carlos Adriano
17h00 – “Ramona” (82 min) – Victoria Linares Villegas
19h00 – “Sekhdese” (86 min) – Graciela Guarani e Alice Gouveia
Cine Satyros Bijou
18h00 – Concurso Curta Ecofalante – 04: “Pour Elis” (8 min) – Matheus Alencar / “Desconserto” (7 min) – Haniel Lucena / “Quanto Vale” (18 min) – Letícia S. Góis / “As Placas São Invisíveis” (24 min) – Gabrielle Ferreira
19h30 – Concurso Curta Ecofalante – 05: “Deriva” (9 min) – Hellen Nicolau / “Por Trás dos Prédios” (17 min) – João Mendonça / “Visões da Maré” (8 min) – Alle Estrela, Julia Alves, Michael Sousa, Thay Silva e Vivian Cazé / “Máquinas de Lazer” (11 min) – Italo Zaccaron / “Cida Tem Duas Sílabas” (20 min) – Giovanna Castellari
21h00 – “Estado Limite” (102 min) – Nicolas Peduzzi
5 de agosto (segunda-feira)
Reserva Cultural – sala 2
15h15 – “2G” (80 min) – Karim Sayad
16h45 – “Os Motivados” (92 min) – Piet Baumgartner
18h30 – “Breaking Social: O Fim do Contrato Social” (92 min) – Fredrik Gertten
20h15 – debate sobre a taxação dos super-ricos
Reserva Cultural – sala 3
15h00 – Concurso Curta Ecofalante – 03: “Nheengatu” (5 min) – Luiz Filho e Caio Bontempo / “Terra Sincera” (3 min) – Renan Turci / “Sobre Viver” (16 min) – Marcelo Melchior / “Camburi” (18 min) – Guilherme Rezende Landim / “Arquipélago do Bailique” (25 min) – Agatha Garmes, Isabel Pontual, Mayra Ataide, Sarah Castro e Tetê Barddal
17h00 – Competição Territórios e Memória – 03: “Onde a Floresta Acaba” (15 min) – Otavio Cury / “Sertão, América” (18 min) – Marcela Ilha Bordin / “Interior da Terra” (18 min) – Bianca Dacosta / “Água Rasa” (19 min) – Dani Drumond
19h15 – “Memórias da Chuva” (76 min) – Wolney Oliveira
21h00 – “Entre as Chuvas” (82 min) – Andrew H. Brown e Moses Thuranira
6 de agosto (terça-feira)
Reserva Cultural – sala 2
16h45 – “Silvícola” (80 min) – Jean-Philippe Marquis
18h30 – “Solo Comum” (95 min) – Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell
20h30 – debate sobre restauração de ecossistemas
Reserva Cultural – sala 3
15h00 – Concurso Curta Ecofalante – 06: “Sementes da Resistência, o 25 de Maio e a Luta pela Reforma Agrária” (19 min) – Raielle da Rosa Mazzarelli / “Mama – Africanos em São Paulo” (17 min) – Rafael Aquino / “Desmistificando o Axé” (30 min) – Marco Neto
17h00 – Competição Territórios e Memória – 04: “Nunca Pensei Que Seria Assim” (10 min) – Meibe Rodrigues / “A Bata do Milho” (16 min) – Eduardo Liron e Renata Mattar / “Nosso Terreiro” (18 min) – Ana Rieper, Fernando Lucas, Joquebede Bezerra, Ranyere Serra, Patrícia Medeiros e Samyre Protázio / “A Chuva do Caju” (21 min) – Alan Schvarsberg
19h00 – “Favela do Papa” (76 min) – Marco Antonio Pereira
21h00 – “Arrasando Liberty Square” (86 min) – Katja Esson
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – “O Contato” (85 min) – Vicente Ferraz
17h00 – “Anhangabaú” (88 min) – Lufe Bollini
19h00 – “Rio Vermelho” (70 min) – Guillermo Quintero
7 de agosto (quarta-feira)
Reserva Cultural – sala 2
17h00 – “Os Caçadores de Barragens” (71 min) – Francisco Campos-Lopez Benyunes
18h30 – “Amazônia, Arqueologia da Floresta: Terra Preta” (55 min) – Tatiana Toffoli
19h30 – debate sobre o filme “Amazônia, Arqueologia da Floresta: Terra Preta”
21h00 – “Arquivo do Futuro” (92 min) – Joerg Burger
Reserva Cultural – sala 3
14h45 – Concurso Curta Ecofalante – 01: “Além do Impedimento” (6 min) – Heloisa Lawanda / “Tereza” (9 min) – Bea Souza / “Retorno” (16 min), de Arthur Paiosi / “Manchas de Sol” (18 mim), – Martha Mariot / “Pelos” (16 min) – Emma Marques
16h45 – Competição Territórios e Memória – 02: “O Silêncio Elementar” (15 min) – Mariana de Melo / “Despovoado” (19 min) – Guilherme Xavier Ribeiro / “Retratos de Piratininga” (18 min) – André Manfrim / “Mborairapé” (25 min) – Roney Freitas
18h45 – “À Margem do Ouro” (95 min) – Sandro Kakabadze
20h45 – “Filhos do Katrina” (79 min) – Edward Buckles Jr.
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – “O Bixiga é Nosso!” (73 min) – Rubens Crispim
17h00 – “Ouvidor” (74 min) – Matias Borgström
19h00 – “Exilados – Extrativistas São Expulsos à Bala em Rondônia (17 min) – Marcio Sanches, Naira Hofmeister e Fernanda Wenzel
“Sobrevivências – Ep. 1: Clima de Risco” (60 min) – Eduardo Rajabally
8 de agosto (quinta-feira)
Reserva Cultural – sala 2
15h00 – “A Frota Chinesa” (13 min) – Will N. Miller
“Contra a Maré” (97 min) – Sarvnik Kaur
17h15 – “O Povo da Baleia” (80 min) – Pete Chelkowski e Jim Wickens
19h00 – “A Transformação de Canuto” (130 min) – Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
21h30 – bate-papo com a equipe de “A Transformação de Canuto”
Reserva Cultural – sala 3
14h45 – Concurso Curta Ecofalante – 04: “Pour Elis” (8 min) – Matheus Alencar / “Desconserto” (7 min) – Haniel Lucena / “Quanto Vale” (18 min) – Letícia S. Góis / “As Placas São Invisíveis” (24 min) – Gabrielle Ferreira
16h45 – Competição Territórios e Memória – 01: “Kwat e Jaí – Os Bebês Heróis do Xingu” (20 min) – Clarice Cardell / “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra” (40 min) – Coletivo Guahu’i Guyra
18h45 – “Sekhdese” (86 min) – Graciela Guarani e Alice Gouveia
20h45 – “República dos Gafanhotos” (94 min) – Daniel McCabe
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – “Black Rio! Black Power!” (74 min) – Emilio Domingos
17h00 – “Samuel e a Luz” (70 min) – Vinícius Girnys
19h00 – “Mapear Mundos” (72 min) – Mariana Lacerda
Cine Satyros Bijou
18h00 – 15h00 – Competição Latina-americana – 02: “Você Vai Me Esquecer?” (12 mim) – Sofía Landgrave Barbosa / “A Menos Que Bailemos” (15 mim) – Hanz Rippe Gabriel, Fernanda Pineda Palencia / “Vão das Almas” (15 mim) – Edileuza Penha de Souza, Santiago Dellape / “Hikuri” (17 mim) – Sandra Ovilla León / “Yarokamena” (21 mim) – Andrés Jurado
20h00 – “Histórias de Shipibos” (117 min) – Omar Forero
9 de agosto (sexta-feira)
Reserva Cultural – sala 2
9h00 – 1º Encontro “A Sustentabilidade na Indústria Audiovisual”
15h00 – “Mil Pinheiros” (“74 min) – Sebastián Díaz Aguirre e Noam Osband
16h30 – “Estado Limite” (102 min) – Nicolas Peduzzi
18h30 – “Union” (104 min) – Brett Story e Stephen Maing
20h30 – debate sobre direitos trabalhistas e regulação de apps
Reserva Cultural – sala 3
14h45 – Concurso Curta Ecofalante – 02: “Mar.INA” (26 min) – Allan Pereira, David Dias, Igor Cariman, Jeyci Elizabeth, Karol Garcia, Marcelo Almeida, Patrícia Medeiros, Paulo Borges, Profana Vieira, Renata Costa, Samyre Protázio e Valdenira Baima / “Chão de Taco” (18 min) – Alan Santana / “TRANSpassado – Corpos Que Retratam” (25 min) – Otávio Kaxixó
16h45 – “Quebrando o Jogo” (73 min) – Jane M. Wagner
18h45 – “Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas” (73 min) – Eduardo Rajabally
20h45 – “Breaking Social: O Fim do Contrato Social” (92 min) – Fredrik Gertten
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Territórios e Memória – 03: “Onde a Floresta Acaba” (15 min) – Otavio Cury / “Sertão, América” (18 min) – Marcela Ilha Bordin / “Interior da Terra” (18 min) – Bianca Dacosta / “Água Rasa” (19 min) – Dani Drumond
17h00 – “Memórias da Chuva” (76 min) – Wolney Oliveira
19h00 – “Araya, Inferno de Sal” (90 min) – Margot Benacerraf
Cine Satyros Bijou
18h00 – Competição Latina-americana – 01: “Cama Vazia” (5 min) – Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet / “Concórdia” (9 min) – Diego Véliz / “Margens Luminosas” (18 min) – Maira Ayala / “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores” (19 min) – César Flores Correa / “O Materialismo Histórico da Flecha contra o Relógio” (26 min) – Carlos Adriano
20h00 – “A Gruta Contínua” (85 min) – Julián D’Angiolillo
21h45 – “Céu Aberto” (65 min) – Felipe Esparza Pérez
10 de agosto (sábado)
Reserva Cultural – sala 2
15h00 – “Água é Vida!” (“Water for Life”, EUA, 2023, 91 min) – Will Parrinello
16h45 – debate sobre ativismo
18h30 – “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva” (Brasil-SP, 2023, 43min) – Mari Corrêa
19h30 – debate sobre o filme “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva”
21h15 – “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” (84 min) – Werner Herzog
Reserva Cultural – sala 3
15h15 – “O Sistema Total, Anatomia de uma Multinacional da Energia” (91 min) – Jean-Robert Viallet
17h00 – “Anhangabaú” (88 min) – Lufe Bollini
19h00 – “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)” (70 min) – Lara Jacoski e Patrick Belem
21h00 – “Uma Vez Que Você Sabe” (105 min) – Emmanuel Cappelin
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Territórios e Memória – 04: “Nunca Pensei Que Seria Assim” (10 min) – Meibe Rodrigues / “A Bata do Milho” (16 min) – Eduardo Liron e Renata Mattar / “Nosso Terreiro” (18 min) – Ana Rieper, Fernando Lucas, Joquebede Bezerra, Ranyere Serra, Patrícia Medeiros e Samyre Protázio / “A Chuva do Caju” (21 min) – Alan Schvarsberg
17h00 – “Favela do Papa” (76 min) – Marco Antonio Pereira
19h00 – “Amor, Mulheres e Flores” (52 min) – Marta Rodríguez e Jorge Silva
Cine Satyros Bijou
18h00 – “Não Existe Almoço Grátis” (Brasil-DF, 2023, 74 min) – Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel
20h00 – “Ramona” (82 min) – Victoria Linares Villegas
21h45 – “Bila Burba” (70 min) – Duiren Wagua
Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes
11 de agosto (domingo)
Reserva Cultural – sala 2
14h30 – “A Floresta que Você Não Vê – Narrativas do Médio Xingu” (27 min) – Andy Costa
“Invasores” (52 min) – Lygia Barbosa
16h45 – “TikTok, Boom” (97 min) – Shalini Kantayya
18h30 – “Knit’s Island” (96 min) – Ekiem Barbier, Guilhem Causse e Quentin L’Helgoualc’h
20h30 – “Quebrando o Jogo” (73 min) – Jane M. Wagner
Reserva Cultural – sala 3
15h00 – “Yakari, Uma Jornada Fantástica” (82 min) – Xavier Giacometti e Toby Genkel
17h00 – “O Povo da Baleia” (80 min) – Pete Chelkowski e Jim Wickens
19h00 – “Rejeito” (75 min) – Pedro de Filippis
21h00 – “Plastic Fantastic” (102 min) – Isa Willinger
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Competição Territórios e Memória – 02: “O Silêncio Elementar” (15 min) – Mariana de Melo / “Despovoado” (19 min) – Guilherme Xavier Ribeiro / “Retratos de Piratininga” (18 min) – André Manfrim / “Mborairapé” (25 min) – Roney Freitas
17h00 – “À Margem do Ouro” (95 min) – Sandro Kakabadze
19h00 – “De Certa Maneira” (73 min) – Sara Gómez
Cine Satyros Bijou
18h00 – “Rio Vermelho” (70 min) – Guillermo Quintero
20h00 – “A Transformação de Canuto” (130 min) – Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
12 de agosto (segunda-feira)
Reserva Cultural – sala 2
16h30 – “A Sociedade do Espetáculo” (94 min) – Roxy Farhat e Göran Hugo Olsson
18h30 – “O Jogo Mental” (61 min) – Sajid Khan Nasiri, Eefje Blankevoort e Els van Driel
“Humano Não-Humano” (38 min) – Natan Castay
20h30 – debate sobre IA e o mundo do trabalho
Reserva Cultural – sala 3
15h00 – Concurso Curta Ecofalante – 05: “Deriva” (9 min) – Hellen Nicolau / “Por Trás dos Prédios” (17 min) – João Mendonça / “Visões da Maré” (8 min) – Alle Estrela, Julia Alves, Michael Sousa, Thay Silva e Vivian Cazé / “Máquinas de Lazer” (11 min) – Italo Zaccaron / “Cida Tem Duas Sílabas” (20 min) – Giovanna Castellari
17h00 – “Os Caçadores de Barragens” (71 min) – Francisco Campos-Lopez Benyunes
19h00 – “Samuel e a Luz” (70 min) – Vinícius Girnys
21h00 – “Solo Comum” (95 min) – Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell
13 de agosto (terça-feira)
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Especial ISA 30 Anos – 01: “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” (47 min) – Aurélio Michiles / “Panará, A Volta por Cima dos Índios Gigantes” (5 min) – Fred Rahal / “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação” (10 min) – Carol Quintanilha e Fred Rahal / “Rionegrinas” (38 min) – Fernanda Ligabue e Juliana Radler
17h00 – “A Floresta que Você Não Vê – Narrativas do Médio Xingu” (27 min) – Andy Costa
“Invasores” (52 min) – Lygia Barbosa
19h00 – “Arquivo do Futuro” (92 min) – Joerg Burger
14 de agosto (quarta-feira)
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo)
15h00 – Especial ISA 30 Anos – 02: “Volta Grande” (27 min) – Fábio Nascimento / “Antes da Chuva” (21 min) – Otávio Almeida / “Rio Pardo, o Retorno dos Beiradeiros ao Seu Território” (14 min) – Otávio Almeida / “Sistema Agrícola Quilombola” (25 min) – Alexandre Kishimoto, Hebert Valois Rios Piauhy e Renato Nunes
17h00 – “Não Te Vi Ali” (76 min) – Reid Davenport
19h00 – “Água é Vida!” (“Water for Life”, EUA, 2023, 91 min) – Will Parrinello
DADOS SOBRE OS FILMES
1. Panorama Histórico
2. Especial Emergências Climáticas
3. ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental
4. Panorama Internacional Contemporâneo
5. Competição Latino-americana
6. Competição Territórios e Memória
7. Concurso Curta Ecofalante
8. Sessões Especiais
9. Sessão Infantil
10. Programa Ecofalante Universidades
1. Panorama Histórico
* “Amor, Mulheres e Flores” (“Amor, Mujeres y Flores”, Colômbia, 1984, 52 min) – Marta Rodríguez e Jorge Silva
O filme traça as características sociais dos trabalhadores da plantação de flores em Bogotá (Colômbia) e sua reivindicação por melhores condições de vida e saúde entre as histórias de vida e amor femininas.
Exibido no Festival de Cannes (seção Cannes Classics).
* “Araya, Inferno de Sal” (“Araya”, França/Venezuela, 1959, 90 min) – Margot Benacerraf
A península de Araya, na Venezuela, é um dos lugares mais áridos do planeta. Desde a sua descoberta pelos espanhóis, há 500 anos, o sal da região tem sido explorado manualmente. Três histórias sublinham a vida dura desta região – todas as quais desapareceram com a chegada da exploração industrial.
Vencedor do prêmio da crítica no Festival de Cannes; exibido no Festival de Berlim, Festival de Locarno, BFI de Londres e no Festival de Viena.
* “De Certa Maneira” (“De Cierta Manera”, Cuba, 1977, 73 min) – Sara Gómez
Em Miraflores (Cuba), o crescente romance entre Mario, um operário de fábrica, e Yolanda, uma professora, põe em relevo as diferenças nas suas perspectivas e valores na Cuba Revolucionária.
Exibido nos festivais de Locarno e de Viena.
2. Especial Emergências Climáticas
* “Arrasando Liberty Square” (“Razing Liberty Square”, EUA, 2023, 86 min) – Katja Esson
À medida que o aumento do nível do mar ameaça a luxuosa orla marítima de Miami, os proprietários ricos se dirigem aos terrenos mais elevados. Os moradores de Liberty Square, bairro historicamente negro de Miami e o primeiro projeto de habitação popular segregada no Sul, são o novo alvo de um projeto de “revitalização”, devido à sua localização, a 3,6 metros acima do nível do mar. Nesse panorama, o documentário discute a crise da habitação acessível, o impacto do racismo sistêmico e a gentrificação climática.
Vencedor do Prêmio World of HA Change Maker no Festival de Woodstock (EUA); exibido no Sheffield DocFest (Reino Unido), Festival da Filadélfia (EUA), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Hamburgo (Alemanha).
* “Filhos do Katrina” (“Katrina Babies”, EUA, 2021, 79 min) – Edward Buckles Jr.
Em 2005, o furacão Katrina não apenas destruiu grande parte da cidade de Nova Orleans, mas também mudou para sempre a vida de muitos jovens. O cineasta Edward Buckles Jr. tinha 13 anos quando isso aconteceu. Neste seu filme de estreia, ele dá voz aos que foram expulsos de suas casas e abandonados pelo governo da época.
Vencedor do prêmio de melhor documentário de diretor estreante no Festival de Tribeca; exibido no Festival de Zurique.
* “Uma Vez Que Você Sabe” (“Une Fois Que tu Sais”, França, 2019, 105 min) – Emmanuel Cappelin
Desde os anos 1970, cientistas soam o alarme sobre um possível colapso ambiental induzido pela corrida desenfreada pelo crescimento, que ignora o conceito da finitude dos recursos naturais. Um grupo deles afirma que a oportunidade de evitar mudanças climáticas catastróficas já passou. A partir daí, perguntam: como se adaptar ao colapso? O filme leva os espectadores a uma jornada íntima pelo abismo de um mundo à beira da catástrofe, na interseção entre ciência climática e desobediência civil.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Hong Kong; exibido no Dokufest (Kosovo) e no Festival Raindance (Reino Unido).
3. ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental
* “Antes da Chuva” (Brasil-SP, 2017, 21 min) – Otávio Almeida
Na região da bacia do Xingu, a expansão do agronegócio tem causado sérios impactos na vida de agricultores e indígenas. Uma das consequências mais graves são as mudanças ambientais que impactam todas as formas de subsistência local. O documentário acompanha a rotina dos jovens Anderson, Milene, Oreme e Tawa, que desvendam como a vida de suas famílias e de suas comunidades tem sido afetada, e o trabalho que se tem feito na tentativa de minimizar os efeitos dessas mudanças.
* “Mapear Mundos” (Brasil-SP, 2024, 72 min) – Mariana Lacerda
O documentário articula imagens de arquivos indigenistas com testemunhos atuais para rememorar os passos dados por organizações da sociedade civil, em um contexto de ditadura militar, pela garantia de direitos dos povos originários no Brasil, fornecendo as condições para a articulação do “capítulo dos índios” na Constituição Brasileira e as demarcações das Terras Indígenas.
* “O Brasil Grande e os Índios Gigantes” (Brasil-SP, 1995, 47 min) – Aurélio Michiles
A saga da tribo Krenakarore, retratando a violenta mudança no destino dos indígenas após seu contato com os “homens brancos”. Com depoimentos do antropólogo Darcy Ribeiro, do economista Roberto Campos, do ex-presidente da Funai General Ismarth de Araújo, de indigenistas e jornalistas. Falam também os sertanistas Orlando e Cláudio Villas-Bôas, os primeiros brancos a entrarem em contato com os Krenakarore, que relatam sua busca aos indígenas e posteriores esforços para preservá-los.
* “Panará, A Volta por Cima dos Índios Gigantes” (Brasil-SP, 2017, 5 min) – Fred Rahal
Durante duas décadas, exilados no Parque Indígena do Xingu, para onde foram levados, os índios Panará jamais desistiram de voltar à sua terra antiga, de onde foram retirados. Naquela época, estavam à beira do extermínio. No filme, comemoram 20 anos do retorno à terra ancestral e relatam como foi esse tempo no Xingu e como vivem felizes hoje, em cinco aldeias, nas cabeceiras do Rio Iriri.
* “Rio Pardo, O Retorno dos Beiradeiros ao seu Território” (Brasil-SP, 2017, 14 min) – Otávio Almeida
Após duas décadas, seu Edmilson realizou o sonho de voltar à sua antiga colocação na Terra do Meio (PA) com sua esposa, dona Elisa. A expedição percorreu o igarapé rio Pardo, nos locais onde ele e outros seringueiros trabalhavam com o extrativismo de borracha, castanha e outros produtos da floresta na década de 1980. A trajetória de seu Edmilson representa a história do modo de vida beiradeiro originário da ocupação seringueira na região. Aos 81 anos, ele luta para retomar o uso de recursos do seu território.
* “Rionegrinas” (Brasil-SP, 2023, 38 min) – Fernanda Ligabue e Juliana Radler
A trajetória de lutas e conquistas das mulheres do rio Negro (AM) dentro do movimento indígena e na criação do Departamento das Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (DMIRN-FOIRN).
* “Sistema Agrícola Quilombola” (Brasil-SP, 2016, 25 min) – Alexandre Kishimoto, Hebert Valois Rios Piauhy e Renato Nunes
O filme registra o Sistema Agrícola Quilombola e as ações de fortalecimento da agrobiodiversidade nos territórios quilombolas do Vale do Ribeira.
* “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação” (Brasil-SP, 2022, 10 min) – Carol Quintanilha e Fred Rahal
Em 25 de maio de 2022, os Yanomami, liderados por Davi Kopenawa, reuniram mais de 500 pessoas na comunidade de Xihopi, no estado do Amazonas, para celebrar os 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami, fortalecer a luta por seus direitos e pedir respeito e paz para viver. Além de aliados históricos, como Ailton Krenak, Sydney Possuelo e Joenia Wapichana, entre outros, durante os festejos os pajés convidaram os espíritos da floresta para celebrarem, junto com eles, a histórica conquista.
* “Volta Grande” (Brasil-SP, 2020, 27 min) – Fábio Nascimento
Trezentas famílias ribeirinhas foram violentamente removidas de suas casas para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Após anos de luta, os ribeirinhos, que não haviam sido reconhecidos como impactados pelo empreendimento, conquistaram o direito de retornar às margens do rio Xingu, no Território Ribeirinho.
4. Panorama Internacional Contemporâneo
* “2G” (Suíça, 2023, 80 min) – Karim Sayad
Após a repressão ao contrabando de pessoas, muitos residentes de Agadez (no Níger, um dos países da África Ocidental mais afetados pela emergência climática) recorreram à mineração de ouro. O diretor Karim Sayad observa a vida difícil dos habitantes do deserto, bem como a sua resiliência.
Exibido no IDFA-Amsterdã.
* “A Frota Chinesa” (“Squid Fleet”, EUA, 2023, 13 min) – Will N. Miller
Membros de uma tripulação trabalham incansavelmente a milhares de quilômetros da costa para fornecer lulas para a cadeia alimentar global.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documentário no Festival de San Diego; melhor filme no Festival de Curtas de Sapporo (Japão); exibido no New Directors/New Films (Nova York), Visions du Réel (Suíça) e no Dokufest (Kosovo).
* “A Sociedade do Espetáculo” (“La Société du Spectacle”, Suécia, 2023, 94 min) – Roxy Farhat e Göran Hugo Olsson
Adaptação cinematográfica satírica e autocrítica da obra-prima teórica do escritor francês Guy Debord (1931-1994) e um ataque frontal ao espetáculo abrangente em que vivemos.
Exibido no festival CPH:DOX (Dinamarca).
* “Água é Vida!” (“Water for Life”, EUA, 2023, 91 min) – Will Parrinello
Enquanto a mineração e as hidrelétricas ameaçam o abastecimento de água na América Central e do Sul, os povos indígenas lutam para proteger os seus recursos e modo de vida. O documentário acompanha três líderes comunitários que enfrentam riscos de cárcere e assassinato enquanto lideram movimentos para proteger a água de empresas estrangeiras e governos corruptos. O direito à água potável é um problema global – na América Latina, tornou-se uma questão de vida ou morte. Com participação do ator Diego Luna.
Vencedor do prêmio do público no Festival de Mill Valley (EUA).
* “Antártica: Continente Magnético” (“Voyage au Pôle Sud”, França, 2023, 83 min) – Luc Jacquet
Uma aventura visualmente deslumbrante a partir dos poucos milhares de quilômetros que separam a Patagônia do Polo Sul, uma homenagem definitiva a um continente em extinção.
Exibido no Festival de Locarno, CPH:DOX (Dinamarca) e no Festival de Shanguai.
* “Breaking Social: O Fim do Contrato Social” (“Breaking Social”, Suécia, 2023, 92 min) – Fredrik Gertten
Todas as sociedades se baseiam na ideia de um contrato social. Nos é dito que se trabalharmos arduamente, se tratarmos os outros com respeito, se cumprirmos as regras, seremos recompensados. Mas há também aqueles que quebram as regras, que recorrem aos paraísos fiscais e colhem lucros sem retribuir à sociedade. O filme examina os padrões globais de cleptocracia e extrativismo.
Exibido no IDFA-Amsterdã, Sheffield DocFest (Reino Unido), CPH:DOX (Dinamarca), Dokufest (Kosovo), Festival de Documentários de Munique e Bergan (EUA).
* “Contra a Maré” (“Against the Tide, Índia/França, 2023, 97 min) – Sarvnik Kaur
Pescadores de Mumbai e amigos, Rakesh e Ganesh são herdeiros do sistema de conhecimento Koli — uma forma de pescaria que segue a lua e as marés. Rakesh se manteve fiel aos métodos tradicionais de pesca, enquanto Ganesh se afastou deles, adotando a tecnologia moderna. À medida que o mar se torna cada vez mais hostil devido às alterações climáticas e os meios de subsistência são ameaçados, a amizade entre ambos começa a ruir.
Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Sundance; melhor documentário no Festival de Seattle; melhor filme indiano no Festival de Mumbai; prêmio de sustentabilidade no Festival de Sydney; exibido no Festival de São Francisco, Visions du Réel (Suíça), Sheffield DocFest (Reino Unido), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Documentários de Munique.
* “Entre as Chuvas” (“Between the Rains”, EUA/Quênia, 2023, 82 min) – Andrew H. Brown e Moses Thuranira
Filme realizado em colaboração com a comunidade Turkana-Ngaremara, do Quênia, que busca compreender as experiências de uma infância presa em uma cultura tradicional que é vítima das mudanças climáticas.
Vencedor dos prêmios de melhor documentário e melhor fotografia no Festival de Tribeca; melhor documentário internacional no Festival de Calgary (Canadá); exibido no Sheffield DocFest (Reino Unido) e no Festival de Zurique.
* “Estado Limite” (“État Limite”, França, 2023, 102 min) – Nicolas Peduzzi
Como você presta um bom atendimento em uma instituição doente? Num hospital perto de Paris, um psiquiatra dedica-se à sua missão correndo o risco de perder terreno. Jamal Abdel Kader é o único psiquiatra do Hospital Beaujon, instalação de 400 leitos nos subúrbios de Paris. Dedicado aos seus pacientes, ele faz o possível para aliviar suas dores, ouvir suas palavras e os proteger de seus próprios demônios. No entanto, o serviço público de saúde vai mal – não há tempo suficiente e os cuidadores estão desmoronando. Ainda assim, Jamal e seus colegas continuam a se esforçar para cumprir a sua missão: curar almas e corpos.
Vencedor do prêmio de melhor longa-metragem francês e prêmio da crítica no Festival de Champs-Élysées (França); menção honrosa no festival CPH:DOX (Dinamarca); exibido nos festivais de Estocolmo, Doculisboa, Dokufest (Kosovo) e Zurique.
* “Food, Inc. 2” (EUA, 2023, 94 min) – Robert Kenner e Melissa Robledo
Há 15 anos, o filme “Food, Inc.” alertou os sobre uma realidade preocupante: as suas refeições diárias têm profundas consequências éticas e ambientais. E, no entanto, como revela esta poderosa continuação, os senhores supremos das empresas e da alimentação apenas reforçaram o seu controle sobre as nossas quintas e lojas.
Exibido nos festivais CPH:DOX (Dinamarca), Telluride (EUA) e Docville (Bélgica).
* “Humano Não-Humano” (“En Attendant Les Robots”, Bélgica, 2023, 38 min) – Natan Castay
O Turco Mecânico foi um autômato construído no século 18 que venceu as cortes europeias no xadrez. Indignado com a sua derrota, Napoleão exigiu que se desmontasse a máquina e assim revelou a fraude: nas entranhas mecânicas estava um ser humano. Hoje, essa anedota deu nome à plataforma de micro tarefas da Amazon, a Amazon Mechanical Turk. Otto passa noite e dia desfocando rostos no Google Street View por um centavo cada. Ao lado de seus colegas, Otto mergulha em um mundo robótico que questiona a noção de humanidade.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documental nos Prêmios Magritte du Cinéma (Bélgica); menção honrosa no Doclisboa; exibido nos festivais de Gotemburgo, Helsinque, Visions du Réel (Suíça), Festival de Documentários de Montreal e Festival de Curtas de Pequim.
* “Knit’s Island” (“Knit’s Island”, França, 2023, 96 min) – Ekiem Barbier, Guilhem Causse e Quentin L’Helgoualc’h
Em algum lugar da internet existe um espaço de 250 quilômetros quadrados onde indivíduos se reúnem em comunidade para simular uma ficção sobrevivencialista. Sob o disfarce de avatares, uma equipe de filmagem entra nesse local e faz contato com os jogadores. Quem são esses habitantes digitais? Eles estão realmente jogando?
Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Documentários de Montreal; melhor filme da competição Burning Lightas do Visions du Réel (Suíça); prêmio especial do júri no Festival de Yamagata (Japão); prêmio Emerging Cinematic Vision no Festival de Camden (EUA); exibido no DOK Leipizig (Alemanha), DocumentaMadrid, Dokufest (Kosovo), DMZ Docs (Coréia do Sul) e Festival de Animação de Ottawa (Canadá).
* “Mil Pinheiros” (“A Thousand Pines”, EUA, 2023, 74 min) – Sebastián Díaz Aguirre e Noam Osband
Raymundo Morales é um dos imigrantes que dependem do polêmico programa de visto de trabalhador convidado. É sua décima nona temporada trabalhando para a maior empresa de reflorestamento dos EUA. Quando começou, ele era solteiro e tinha poucas incumbências. Agora, porém, precisa equilibrar suas responsabilidades para com a esposa, os filhos e a mãe idosa com problemas cardíacos em Oaxaca, no México, e as necessidades e emergências da equipe de plantio. Vivendo apenas três meses do ano em casa, o trabalho de Raymundo é a salvação e o sofrimento da família.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Alameda (EUA); melhor filme de Fronteira no Festival San Diego Latino (EUA); exibido no Festival Indie Memphis (EUA).
* “Não Te Vi Ali” (“Didn’t See You There”, EUA, 2022, 76 min) – Reid Davenport
Estimulado pelo espetáculo de uma tenda de circo que fica do lado de fora de seu apartamento em Oakland (EUA), um cineasta deficiente inicia uma jornada meditativa explorando a história da aberração, da visão e da (in)visibilidade.
Vencedor do prêmio de melhor direção da competição de documentários norte-americanos no Festival de Sundance; menção honrosa no Prêmio Cinema Eye; melhor documentário da região de Bay Aerea no Festival de São Francisco; Prêmio The Truer Than Fiction nos Prêmios Independent Spirit; exibido nos festivais de Edimburgo, Sydney, Melbourne (Austrália), DOC NYC (EUA), Hot Docs (Canadá) e no Sheffield DocFest (Reino Unido).
* “O Cheiro do Dinheiro” (“The Smell of Money”, EUA, 2022, 84 min) – Shawn Bannon
Qual é o preço que alguns pagam pela carne suína do mundo? Os residentes da Carolina do Norte enfrentam uma das empresas mais poderosas do mundo na luta pelos seus direitos ao ar puro, à água pura e a uma vida livre do fedor das fezes de porco.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Sarasolta (EUA); exibido nos festivais da Filadélfia, Hot Docs (Canadá) e de Cleveland (EUA).
* “O Jogo Mental” (“The Mind Game”, Holanda/Bélgica, 2023, 61 min) – Sajid Khan Nasiri, Eefje Blankevoort e Els van Driel
Chamam-lhe “o jogo”: a viagem arriscada que muitos menores não acompanhados empreendem para procurar proteção na Europa Ocidental. Para Sajid Khan Nasiri, o jogo começou aos 15 anos, depois que o Talibã matou seu pai no Afeganistão.
* “O Povo da Baleia” (“One With the Whale”, EUA/Rússia, 2023, 80 min) – Pete Chelkowski e Jim Wickens
Se você não caça você morre. Essa é a realidade na pequena ilha do Alaska que abriga a família Apassingok. Quando o tímido adolescente Chris se torna o mais jovem a arpoar uma baleia para sua aldeia, começa outra luta pela sobrevivência.
Exibido nos festivais norte-americanos DOC NYC, Mill Valley e de Camden.
* “O Sistema Total, Anatomia de uma Multinacional da Energia” (“Le Système Total, Anatomie d’Une Multinationale de l’Énergie”, França, 2022, 91 min) – Jean-Robert Viallet
Em 2021, uma das cinco maiores petrolíferas do mundo, a Total, passou a ser TotalEnergies. Mas como uma empresa petrolífera se transforma numa empresa de energia? Será que ela realmente poderá realizar a transição energética? Garantem-nos que nosso futuro e o do planeta são agora inseparáveis do desenvolvimento da empresa. Mas o petróleo e o gás continuam no centro das atividades dessa multinacional, deixando dúvidas sobre a eficácia da transição ecológica anunciada.
* “Os Caçadores de Barragens” (“#DamBusters: The Start of the Riverlution “, EUA/Holanda, 2022, 71 min) – Francisco Campos-Lopez Benyunes
O filme acompanha a viagem da engenheira espanhola Pao Fernández Garrido por cinco países europeus para saber por que as barreiras fluviais estão sendo removidas e conhecer os heróis em sua busca apaixonada pela restauração de seus rios e ecossistemas.
Exibido no Festival Wild and Scenic e no Environmental Film Fest (ambos nos EUA).
* “Os Motivados” (“The Drive Ones”, Suíça, 2023, 92 min) – Piet Baumgartner
“As decisões tomadas pelos CEOs moldam a nossa sociedade; ajudam a determinar como vivemos, como trabalhamos e também quais regiões do mundo se beneficiam economicamente e quais não. Quem chega ao topo? Que valores essas pessoas representam? E elas estão conscientes de sua responsabilidade social? Durante sete anos, o documentário acompanhou a elite empresarial de amanhã: desde os seus estudos na Universidade de São Galo, no mais prestigiado programa de mestrado desse setor no mundo, até os primeiros estágios das suas carreiras.
Exibido no IDFA-Amsterdã, Festival de Zurique e no Festival de Estocolmo.
* “Plastic Fantastic” (Alemanha, 2023, 102 min) – Isa Willinger
Sobre diferentes atores que lidam com a produção de plástico, por um lado, e com a sua eliminação, por outro. Torna-se claro que todos vivemos num sistema interligado.
Exibido nos festivais CPH:DOX (Dinamarca), Dokufest (Kosovo) e no Festival de Documentários de Munique.
* “Quebrando o Jogo” (“Break the Game”, EUA, 2023, 73 min) – Jane M. Wagner
Depois de se assumir como uma mulher trans, a gamer Narcissa Wright perde sua enorme base de fãs. Para reconquistá-la, ela tenta estabelecer um novo recorde mundial em The Legend of Zelda: Breath of the Wild, enquanto transmite ao vivo cada minuto de sua busca mítica. A partir de um arquivo de mais de três mil horas de transmissões de Narcissa, depoimentos e animação 8 bits, o documentário expõe a cultura gamer, o assédio online e as implicações de viver uma vida digital para a saúde mental.
Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Tribeca; exibido no Outfest – Los Angeles Gay & Lesbian Festical, Festival da Filadélfia e no Festival de Guanajuato (México).
* “República dos Gafanhotos” (“Grasshopper Republic”, EUA, 2023, 94 min) – Daniel McCabe
Nas profundezas das florestas do Uganda, milhões de gafanhotos reúnem-se para acasalar em enxames devastadores. Um grupo de jovens montou uma estranha engenhoca à beira dos campos de cultivo, com barris e chapas de metal, para colher os gafanhotos, uma iguaria apreciada pelos moradores da cidade.
Exibido nos festivais Visions du Réel (Suíça), DOC NYC (EUA), Docville (Bélgica), Guanajuato (México), Cleveland, Camdem e Seattle (os três últimos nos EUA).
* “Silvícola” (“Silvicola”, Canadá, 2023, 80 min) – Jean-Philippe Marquis
Existem árvores que existem há milhares de anos no noroeste Pacífico do Canadá. Estas florestas antigas têm um valor inestimável do ponto de vista económico, cultural e ambiental, mas a sua existência está em perigo.
Exibido no DocVille (Bélgica), Hot Docs, Festival de Documentários de Montreal e no DOXA (os três últimos no Canadá).
* “Solo Comum” (“Common Ground”, EUA, 2023, 95 min) – Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell
A solução dos agricultores regenerativos para trazer a saúde do solo em todo o continente e além.
Vencedor do prêmio Human/Nature no Festival de Tribeca; prêmio do público no Festival de Palm Springs; exibido nos festivais de Vancouver e Mill Valley (EUA).
* “TikTok, Boom” (EUA, 2022, 97 min) – Shalini Kantayya
Dissecando uma das plataformas de mídias sociais mais influentes do cenário contemporâneo, o documentário examina os aspectos algorítmico, sociopolítico e econômico, as influências culturais e o impacto do aplicativo. Embora o filme compartilhe um interesse genuíno na comunidade TikTok e em sua mecânica inovadora, traz também um saudável ceticismo em torno das questões de segurança, dos desafios políticos globais e dos preconceitos raciais por trás da rede.
Exibido nos Festival de Sundance, SXSW, Festival de São Francisco, CPH:DOX (Dinamarca) e no Festival de Zurique.
* “Union” (EUA, 2024, 104 min) – Brett Story e Stephen Maing
Um grupo de trabalhadores atuais e antigos da Amazon em Staten Island, na cidade de Nova York, desafia uma das maiores empresas do mundo em uma batalha de sindicalização.
Vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Sundance; exibido no CPH:DOX (Dinamarca), Sheffield DocFest (Reino Unido), Hot Docs (Canadá) e no Visions du Réel (Suíça).
5. Competição Latino-americana
* “A Gruta Contínua” (“La Gruta Continua”, Argentina/Cuba, 2023, 85 min) – Julián D’Angiolillo
Na Itália, um grupo de exploradores persegue correntes de ar para entrar nas profundezas da Terra. A gruta continua de tal forma que desemboca em um refúgio cubano propício para resistir a invasões e desastres. A sobrevivência no interior nos ensina a reduzir a atividade humana na superfície. Há um futuro subterrâneo.
Exibido no Doclisboa, Festival de Havana e no Festival de Mar del Plata.
* “A Menos Que Bailemos” (“A Menos Que Bailemos”, Colômbia, 2023, 15 min) – Hanz Rippe Gabriel e Fernanda Pineda Palencia
Bonays, professora de dança afro, empreende uma iniciativa para resgatar jovens do crime em Quibdó, cidade com os maiores índices de homicídios da Colômbia. Foi assim que surgiu a Black Boys Chocó, uma companhia de dança onde centenas de jovens desafiam destinos brutais através de uma paixão.
* “A Transformação de Canuto” (Brasil-SP/PE, 2023, 130 min) – Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que, muitos anos atrás, sofreu a temida transformação em onça e, depois, morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Por que isso aconteceu com ele? Mas, mais importante, quem na aldeia deveria interpretar o seu papel?
Vencedor do prêmio de melhor filme da Competição Envision no IDFA-Amstardã; melhor filme (Grand Prix Nanook-Jean Rouch) no Festival Jean Rouch; melhor direção, melhor fotografia e melhor roteiro (temática afirmativa) no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
* “Bila Burba” (Panamá, 2023, 70 min) – Duiren Wagua
Todos os anos os Gunadule, habitantes originais do norte do Panamá, reencenam a sua bem-sucedida revolta de 1925 contra o repressivo governo panamenho. Manter vivo esse passado é crucial para a preservação da identidade coletiva.
Exibido no IDFA-Amsterdã.
* “Cama Vazia” (Brasil-SP, 2023, 6 min) – Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet
A máquina de morte precisa manter sua longevidade para expandir e lucrar. The death machine needs to maintain its longevity to expand and profit.
Vencedor de menção honrosa no Festival de Gramado; Prêmio ABD/APECI no Festival de Triumfo; exibido no É Tudo Verdade.
* “Céu Aberto” (“Cielo Abierto”, Peru/França, 2023, 65 min) – Felipe Esparza Pérez
Um pai peruano trabalha pacientemente quebrando a pedra branca vulcânica que forma uma paisagem extraordinária. Seu filho faz parte do mundo moderno: usa câmeras e drones para criar no computador a maquete digital de uma igreja. Separados pela misteriosa morte da esposa/mãe, esses homens não se conectam. E, ainda assim, seus caminhos se cruzam de maneira fantasmagórica: cada um a seu modo trabalha com texturas e volumes, sensações e percepções. Poderá o reino da arte digital recriar e reviver o velho mundo?
Exibido no Festival de Roterdã; vencedor de menção especial no Festival du Nouveau Cinéma de Montreal; melhor filme peruano no Festival de Lima; melhor filme no Festival de Huánuco (Peru); exibido nos festivais de Moscou e Turim.
* “Concórdia” (“Concordia”, Chile, 2022, 9 min) – Diego Véliz
Pampa que não conhecia limites, a aparição de uma linha, acordos diplomáticos. O filme é um ensaio sobre a fronteira entre o Peru e o Chile criado com materiais encontrados na internet.
Vencedor do prêmio de melhor filme “Nuevas Linguajes” no festival Antofacine (Chile); melhor filme “Miradas al Territorio” no Festival de Viña del Mar; exibido no Cinélatino. Rencontres de Toulouse (França), Bafici-Buenos Aires, Sanfic-Santiago (Chile) e nos Rencontres du Cinéma Latino-Américain (França).
* “Hikuri” (México, 2023, 17 min) – Sandra Ovilla León
Uma jovem huichol não consegue encontrar comida e peiote para a sua comunidade; as empresas mineradoras contaminaram a água, envenenando plantas e animais. Não tendo outra opção, os habitantes da comunidade decidiram abandonar as suas terras. Quando sua avó lhe confia a semeadura das últimas sementes de peiote, ela terá de decidir se vai semeá-las ou deixar a comunidade.
* “Histórias de Shipibos” (“Histórias de Shipibos”, Peru, 2023, 117 min) – Omar Forero
Um menino Shipibo é criado pelos avós em contato direto com a floresta amazônica e seus habitantes, os quais ele respeita e considera parte de seu meio social. À medida que cresce e entra em contato com a vida urbana, ele renuncia à sua cultura para evitar a discriminação.
Vencedor de menção honrosa no Festival de Lima.
* “Margens Luminosas” (“Hacer Orillas Luminosas”, Paraguai/Argentina, 2023, 18 min) – Maira Ayala
Imagens térmicas captadas pela realizadora expõem os movimentos noturnos no meio do Rio Paraná realizados por mulheres trabalhadoras conhecidas como paseras na fronteira Argentina-Paraguai. Existem testemunhos dessa atividade transfronteiriça há pelo menos 170 anos. A obra é um testemunho coletivo subversivo e resistente que narra as condições em que essa atividade continua a ser realizada.
Vencedor de menção do júri no Festival de La Plata e no Festival Latino-americano de Curtas Lapacho (ambos na Argentina); exibido no Festival de Málaga (Espanha) e no Festival de Curtas de Winterthur (Suíça).
* “O Materialismo Histórico da Flecha contra o Relógio” (Brasil-SP, 2023, 26 min) – Carlos Adriano
Cinepoema baseado no texto “Sobre o Conceito de História”, de Walter Benjamin. Realidades distantes se aproximam: imagens de povos indígenas brasileiros em 1917 e 1922 e em manifestações antifascistas de 2022; imagens da causa palestina em 1948 e em 2022; tiros contra o relógio disparados por revolucionários franceses em 1830 e flechas contra o relógio disparadas por indígenas brasileiros em 2000.
Exibido no É Tudo Verdade e na Mostra de Tiradentes.
* “Ramona” (República Dominicana, 2023, 82 min) – Victoria Linares Villegas
Confundindo as fronteiras entre ficção e não-ficção, o filme acompanha uma jovem atriz que se prepara para assumir o papel de uma adolescente grávida que mora na periferia de Santo Domingo. Insegura no papel, ela começa a entrevistar jovens mães sobre gravidez e maternidade. Ao longo desse processo, à medida que as meninas apresentam a história de suas vidas para a câmera e compartilham sua visão de como ‘Ramona’ deveria ser, elas mesmas passam a influenciar a produção do filme, alterando seu rumo.
Exibido no Festival de Berlim; vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Chiloé (Chile); exibido nos festivais IDFA-Amsterdã, BFI de Londres, Cartagena e Valdívia.
* “Rio Vermelho” (“Río Rojo”, Colômbia/França, 2023, 70 min) – Guillermo Quintero
Na Serranía de la Macarena, no norte da Amazônia colombiana, corre o mítico Rio Vermelho. O jovem Oscar, Doña María e o indígena Sabino ali vivem em comunhão com a natureza. Mas essa área, antes preservada pelo conflito com as FARC, é agora vítima da sua beleza e corre perigo com a chegada de novos visitantes. Exibido no Cinéma du Réel (França), Festival de Cambridge (Reino Unido) e no Festival Internacional de Bogotá.
* “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores” (“Un Campo Que ya no Huele a Flores”, México, 2023, 19 min) – César Flores Correa
No município de Villa Guerrero, Estado do México, os floricultores e suas famílias convivem com a esperança de tempos melhores; enquanto isso, vivem todos os dias num campo que já não cheira a flores…
Vencedor de menção especial no Festival de Cinema Ambiental de Morón (Argentina); exibido no Festival de Morélia (México).
* “Vão das Almas” (Brasil-DF, 2023, 15 min) – Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape
No Quilombo Kalunga, a profecia da Matinta corta o vilarejo-fantasma do Vão de Almas como uma corrente de ar gelado: “Existem vários tipos de Saci. Pererê é aquele menorzinho, que prega peça. Saçurá faz maldade…”
Vencedor do prêmio de melhor filme e melhor direção no Festival de Triunfo; melhor curta de ficção no Festival de Trancoso, melhor direção no Griot – Festival de Cinema Negro Contemporâneo (PR); melhor filme nacional no Morce-GO Vermelho (GO); menção honrosa no Festival Cine Favela de Cinema (SP); menção especial no Mórbido Fest (México); melhor curta e melhor direção pelo júri ACCRJ no Rio Fantastik Festival; melhor filme da Mostra Curta Macabra, melhor atriz e melhor fotografia no Curta Canedo (GO).
* “Você Vai Me Esquecer?” (“¿Me Olvidarás?”, México, 2023, 12 min) – Sofía Landgrave Barbosa
Uma pergunta sobre a passagem do tempo que transforma os lugares, converte o presente em memórias e as memórias em esquecimento. Ainda assim, restam vestígios impregnados no espaço e no tempo que, como fantasmas, rondam e se fazem sentir entre os habitantes de Puerto Maldonado, cidade nos limites da selva amazônica do Peru.
Exibido no Festival UNAM e no Festival de Morélia (ambos no México).
* “Yarokamena” (Colômbia/Portugal, 2022, 21 min) – Andrés Jurado
Yarokamena, um indígena uitoto, organizou um movimento de resistência armada à exploração da borracha na Amazônia colombiana, no início do século 20. Esta história notável foi banida pelas autoridades devido ao seu potencial para atrair jovens para a revolta e funcionar como estímulo ao recurso à bruxaria.
Exibido no Festival de Berlim; vencedor de menção especial no Doclisboa e no Festival de Curtas de Psarokokalo (Grécia); exibido no Sheffield DocFest (Reino Unido) e no Bogoshorts (Colômbia).
6. Competição Territórios e Memória
* “A Bata do Milho” (Brasil-SP-BA, 2023, 16 min) – Eduardo Liron e Renata Mattar
Na região de Serra Preta, sertão da Bahia, encontram-se famílias de trabalhadores rurais que mantêm viva a tradição dos cantos de trabalho durante o cultivo do milho.
Vencedor de prêmio especial do júri no Panorama Internacional Coisa de Cinema (BA).
* “A Chuva do Caju” (Brasil-DF, 2023, 21 min) – Alan Schvarsberg
No coração de um vale escondido nas profundezas do Brasil central, Seu Alvino e Dona Neuza plantam e colhem o que a terra dá, como o cajuzinho do cerrado e o baru. Após mais de dois séculos, o tempo continua passando lento no quilombo Vão de Almas, apesar da seca cada vez mais severa.
Vencedor de menção honrosa do Prêmio Zózimo Bulbul no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
* “À Margem do Ouro” (Brasil-SP, 2022, 95 min) – Sandro Kakabadze
A região do rio Tapajós, no Pará, abriga histórias de homens e mulheres que têm suas vidas entrelaçadas pela exploração ilegal do ouro.
Vencedor do prêmio da crítica na Mostra Internacional de São Paulo.
* “Água Rasa” (Brasil-MG, 2023, 19 min) – Dani Drumond
O filme navega o rio Paraopeba, contaminado pela lama tóxica de rejeito de mineração devido ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), percorrendo do local do rompimento até a sua foz, na Represa de Três Marias. Através da sabedoria de Seu Pedro, o filme descobre, em seu varejão de bambu, o poder de ouvir e se conectar com o rio, com a natureza ao redor e com espíritos ribeirinhos.
Vencedor do prêmio de melhor fotografia no Festival UrbanoCine (RN); menção honrosa no Festival Hollywood Guerrilla (EUA); exibido no Festival Pescadores do Mundo (França).
* “Anhangabaú” (Brasil-SP, 2023, 88 min) – Lufe Bollini
Documentário sobre as construções simbólicas de uma cidade em disputa. O filme conecta os conflitos pelo território da comunidade indígena Guarani Mbya com a resistência da Ouvidor 63, a maior ocupação artística da América Latina, e do grupo Teatro Oficina Uzyna Uzona, na cidade de São Paulo.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Gramado; melhor montagem no Festival de Cinema da Fronteira (RS).
* “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra” (Brasil-MG-MS, 2023, 39 min) – Coletivo Guahu’i Guyra
A reza longa protege os Kaiowá e os aproxima dos povos-raio e dos povos-trovão para rememorar a história. do começo da terra que só esses povos sabem contar. É dessa conexão encantada que se cria e recria o território de Yvy Pyte (Coração da Terra).
Exibido no IDFA-Amsterdã; vencedor de prêmio especial do júri no Olhar de Cinema.
* “Black Rio! Black Power!” (Brasil-RJ, 2023, 74 min) – Emilio Domingos
Os bailes de soul music, que deram origem ao movimento Black Rio, eram espaços de afirmação e resistência política do jovem negro do Rio de Janeiro carioca nos anos 1970. A partir das trajetórias de Dom Filó e da equipe de som Soul Grand Prix o filme apresenta a importância da cena musical na luta por justiça racial durante a ditadura militar brasileira, sua influência no hip hop e no funk, e o impacto nas novas gerações do orgulho negro e da valorização estética difundidos há décadas.
Vencedor de menção honrosa no In-Edit Brasil.
* “Despovoado, Ou Tudo Que a Gente Podia Ser” (Brasil-SP, 2023, 20 min) – Guilherme Xavier Ribeiro
Último remanescente de um vilarejo abandonado, um senhor branco esconde suas memórias sobre a chegada do progresso ao interior do Brasil. Com Rolando Boldrin (1936-2022).
* “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)” (Brasil-PR, 2023, 70 min) – Lara Jacoski e Patrick Belem
No coração da Floresta Amazônica brasileira, o povo originário Huni Kuin está experenciando o renascimento de sua identidade depois de décadas de escravidão e opressão, desde quando capturados nas florestas e proibidos de viver sua cultura. Foi apenas a partir do ano 2000 que os Huni Kuin da Terra Indígena Humaitá, começaram a se lembrar de quem eram ao se unirem a recordar de sua cultura e modo de vida ancestral e espiritual. Após mais de 20 anos de fortalecimento através da guiança do líder espiritual Ninawá Pai da Mata, as comunidades da Terra Indígena do Humaitá vivem hoje um ápice cultural.
Vencedor dos prêmios de melhor documentário no Festival de Cinema Latino-americano do Texas e no Festival Outerbank da Carolina do Norte (ambos nos EUA).
* “Favela do Papa” (Brasil-RJ, 2023, 76 min) – Marco Antonio Pereira
O movimento de resistência dos moradores da Favela do Vidigal contra a ordem de remoção, um capítulo importante da história do Rio de Janeiro na década de 1970. Através do resgate de imagens de época e entrevistas, o filme mostra a conjunção de entidades e personalidades na defesa da permanência dos moradores em seu território. O apoio da Igreja Católica, de juristas e do artista Sérgio Ricardo fizeram a diferença e a vitória foi coroada com a visita do Papa João Paulo II à favela em 1980. Esse episódio foi determinante para o fim da política de remoção em grande escala posta em prática pelos governos estaduais na década de 1960. O Vidigal viria a se tornar um paradigma de resistência, tendo sido exemplo de vitória popular depois de três anos de luta.
* “Interior da Terra” (Brasil-RO/França, 2022, 18 min) – Bianca Dacosta
Como uma investigação desde o céu até às profundezas da floresta, o filme é uma viagem que conduz através dos estratos até o interior do solo, revelando camadas de história enterradas e apagadas. O curta demonstra questões políticas profundas através de um relato histórico e atual da destruição da Floresta Amazônica e do seus povos originários, contado através da história do povo Mura.
Exibido no Le Festival du Film sur l’Art (Canadá).
* “Kwat e Jaí – Os Bebês Herois do Xingu” (Brasil-DF, 2023, 20 min) – Clarice Cardell
Kwat e Jaí, os gêmeos Sol e Lua, vivem uma jornada em busca de sua mãe que foi engolida por uma sucuri. O impulso heróico dos personagens e a presença constante da mãe com suas canções de ninar levam os dois bebês a uma série de aventuras até o aconchego da comunidade. O roteiro é uma livre leitura que passeia pela cosmogonia do povo Kamayurá, a partir de estórias relatadas pela Pajé Mapulu. A força da mitologia está presente nos objetos mágicos da flauta Kuluta e o Banco do Urubu Rei e no encontro com os antepassados no Kwarup. Todos estes elementos são ilustrados por animações 2D misturados com as imagens em live-action captadas e interpretadas pela comunidade do Hiulaya do Alto Xingu que levarão as crianças de 0 a 5 anos a um universo particular e ancestral sendo embaladas pelas canções de ninar indígenas.
Vencedor da Mostra Pequenos Fantásticos no Cinefantasy – Festival de Cinema Fantástico (SP).
* “Mborairapé” (Brasil-SP, 2023, 25 min) – Roney Freitas
RAP é um caminho da música. Jaraguá é Guarani.
Vencedor de menção honrosa no Curta Cinema – Festival de Curtas do Rio de Janeiro; Prêmio Canção da Ressignificação na Jornada de Estudos do Documentário (PE).
* “Memórias da Chuva” (Brasil-CE, 2023, 76 min) – Wolney Oliveira
A população de Jaguaribara, cidade do interior cearense, distante 162 km de Fortaleza, é obrigada a abandonar sua cidade para dar lugar a construção do Castanhão, açude que vai fornecer água para Fortaleza. A mudança trouxe mais perdas do que ganhos, da velha cidade só restou lembranças.
Vencedor do prêmio de melhor edição e prêmio do público na Mostra Sob o Céu Nordestino no Fest Aruanda; exibido no Festival de Havana.
* “Nosso Terreiro” (Brasil-MA, 2023, 18 min) – Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva
Bumba-Boi, música e fé. No terreiro de Maracanã, caboclos e encantados brincantes em festa comemoram o dia de São João. O caboclo de pena e sua dança, e o cantador e suas toadas reverenciam as forças da natureza que abençoam a brincadeira. As vivências desses dois jovens nos apresentam as nuances de seu sincretismo religioso.
* “Nunca Pensei Que Seria Assim” (Brasil-MG, 2022, 11 min) – Meibe Rodrigues
Através de memórias do próprio passado, a artista Meibe Rodrigues propõe uma reflexão sobre negritude e escrevivência.
Vencedor dos prêmios de melhor filme no FALA Chico – Festival de São Francisco do Sul (SC) e no Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades.
* “O Bixiga é Nosso!” (Brasil-SP, 2023, 73 min) – Rubens Crispim
Iniciado nos anos 1980, o bem-sucedido processo de tombamento patrimonial que preserva a história arquitetônica do bairro do Bixiga, em São Paulo, encontra-se em risco constante, mas segue defendido pela comunidade. No mesmo território, há 40 anos, a mais antiga companhia de teatro em atividade no país luta pela preservação de sua sede e do terreno que abriga um rio com água potável encanada a menos de quatro metros da superfície. E em meados de 2022, quando as obras de uma linha de metrô na Praça 14 Bis revelam vestígios materiais da existência do primeiro quilombo urbano reconhecido na história do estado, a comunidade afrodescendente e aliados se unem na tentativa de evitar mais um apagamento de sua história e expulsão da população negra da região. Essa e outras iniciativas populares de resistência de um dos bairros mais diversos e culturalmente pulsantes da capital paulista são retratadas no filme.
* “O Contato” (Brasil-RJ, 2023, 85 min) – Vicente Ferraz
Um filme sobre uma viagem, no tempo e no espaço, desse vasto e desconhecido território chamado Cabeça do Cachorro, tríplice fronteira Brasil / Colômbia / Venezuela. Acompanhando as grandes travessias feitas por nossos personagens, que transitam de suas aldeias a cidade indígena de São Gabriel da Cachoeira, captamos a vida de um universo de trocas multiétnicas, de grande diversidade linguística, misticismo, sonhos, compartilhamento, busca por novos conhecimentos e caminhos de sobrevivência. A Amazônia tem muitas histórias, a que estamos contando é sobre a vida dos habitantes originários da região do Alto rio Negro, região de extrema beleza, e que há 300 anos resistem ao contato enquanto desbravam novas formas de afirmação e sobrevivência.
Exibido no Festival de Havana.
* “O Silêncio Elementar” (Brasil-MG, 2024, 15 min) – Mariana de Melo
Em Minas Gerais, o cotidiano convive com a mineração. E cada metal escavado deixa suas marcas na terra e nas pessoas.
Exibido no Festival de Roterdã.
* “Onde a Floresta Acaba” (Brasil-SP, 2023, 15 min) – Otavio Cury
Após a morte brutal do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia brasileira, o cineasta Otavio Cury reflete sobre a perda do amigo, revisitando a primeira viagem que fizeram à Amazônia e os filmes que fizeram juntos.
Vencedor de menção honrosa no Festival de Cinema da Fronteira (RS); melhor curta pelo júri jovem no Panorama Internacional Coisa de Cinema (BA).
* “Ouvidor” (Brasil-SP, 2023, 74 min) – Matias Borgström
No centro de São Paulo, 120 artistas latino-americanos residem e produzem na Ouvidor 63, a maior ocupação artística da América Latina. Enfrentando constantes ameaças de despejo pelo Governo do Estado, os residentes também lidam com divergências internas decorrentes do patrocínio da Red Bull para viabilizar sua Bienal de Artes.
* “Rejeito” (Brasil-SP/EUA, 2023, 75 min) – Pedro de Filippis
Após os maiores rompimentos de barragens de rejeito da história, novas barragens ameaçam romper sobre milhões de pessoas em Minas Gerais. Uma conselheira ambiental do Estado confronta o modus operandi do governo e mineradoras, enquanto moradores resistem em suas comunidades ameaçadas.
Vencedor do prêmio de melhor direção no FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental (GO); prêmio da juventude no CineEco (Portugal); menção especial no Festival Indie Memphis (EUA); exibido no IDFA-Amsterdã, Cinéma du Réel (França), Hot Docs (Canadá) e no Festival de Camden (EUA).
* “Retratos de Piratininga” (Brasil-SP, 2023, 19 min) – André Manfrim
O centro velho da cidade de São Paulo é povoado por estátuas e monumentos empenhados em fazer lembrar da história religiosa da cidade. Tibiriçá, indígena convertido ao cristianismo, foi peça fundamental na defesa militar da então Vila de Piratininga. Através da história da arte e dos monumentos propomos um ensaio sobre o encontro de culturas que marca a colonização. A ocupação do território foi marcada pela evangelização, pelo desejo de converter o outro.
* “Samuel e a Luz” (Brasil-SP/França, 2023, 70 min) – Vinícius Girnys
Samuel vive em Ponta Negra, um vilarejo de pescadores na costa de Paraty (RJ). A princípio, o cotidiano idílico seguindo o ritmo da natureza e o desenvolvimento da identidade do garoto dão o tom do filme. Acompanhamos Samuel e sua família por seis anos. Aos poucos, surge uma realidade mais complexa e suas contradições, entre modernidade e tradição, natureza e tecnologia. A chegada da eletricidade e do turismo na comunidade cristaliza a desconstrução de um paraíso idealizado, esboçando o retrato de um Brasil contemporâneo.
Vencedor do prêmio de melhor documentário e Prêmio Feisal no Festival de Guadalajara; melhor documentário na Mostra Internacional de São Paulo; menção especial no Festival de Chiloé (Chile); menção honrosa na Mostra de Gostoso; exibido no Visions du Réel (Suíça), Hot Docs (Canadá), Festival de Cartagena, Porto/Post/Doc (Portugal), Festival de Dublin (Irlanda), Cinélatino. Rencontres de Toulouse (França) e no Movies That Matter (Holanda).
* “Sekhdese” (Brasil-PE, 2023, 86 min) – Graciela Guarani e Alice Gouveia
Filme estruturado em depoimentos gravados entre 2018 e 2023 durante expedições por aldeias indígenas pernambucanas e registros de manifestações na cidade de Brasília. Sekhdese significa sabedoria, em Yathê, na língua Fulni-ô, de Pernambuco. Sabedoria desvelada nos relatos de mulheres, que revelam um precioso empoderamento feminino, e expõem as lutas pela terra, a cultura, o meio ambiente, e o etnocídio do qual são vítimas, pelas investidas das igrejas neopentecostais.
* “Sertão, América” (Brasil-PI, 2023, 19 min) – Marcela Ilha Bordin
Um registro do processo de fabricação do Parque Nacional da Serra da Capivara, unidade de conservação no sertão do Piauí, onde desenhos rupestres desafiam a teoria corrente de como o homem entrou na América.
* “Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas” (Brasil-SP, 73 min) – Eduardo Rajabally
O filme explora as tragédias de Mariana e Brumadinho, revelando a ligação profunda entre mineradoras e o poder público em Minas Gerais. O documentário desenrola a sequência complexa de eventos que levou aos desastres e moldou o capitalismo corporativo global. A devastação provocada pelas mineradoras de ferro é exposta, e as consequências afetam o meio ambiente e a vida das comunidades e povos originários que residiam próximos às mineradoras. Vivemos uma ilusão de progresso, mas a verdade é que estamos minerando nossa própria existência. E o relógio, agora, corre contra nós.
7. Concurso Curta Ecofalante
* “Além do Impedimento” (Brasil-SP, 2024, 6 min) – Heloisa Lawanda
O futebol feminino já foi proibido no Brasil. Hoje, ainda é alvo de comentários machistas e recebe menos investimento do que o futebol masculino. No entanto, as mulheres não param, e têm lutado para derrubar essas barreiras e continuar crescendo no esporte. O documentário aborda a persistência e a paixão das mulheres pelo futebol. É bola pra frente e segue o jogo. Realização do projeto É Nóis na Fita.
* “Arquipélago do Bailique: Fragmento das Ilhas que Dançam” (Brasil-SP, 2024, 25 min) – Agatha Garmes, Isabel Pontual, Mayra Ataide, Sarah Castro e Tetê Barddal
Um mergulho no cotidiano das comunidades ribeirinhas do Arquipélago do Bailique, um conjunto de ilhas no delta do Rio Amazonas, parte do município de Macapá. O filme acompanha a essência da vida junto ao rio, a conexão intrínseca com a natureza e os fortes laços comunitários, ao mesmo tempo que vislumbra as lutas enfrentadas pelos moradores – desde a precariedade em educação e saúde até as ameaças naturais e os desastres ambientais. Realização da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.
* “As Placas São Invisíveis” (Brasil-SP, 2024, 24 min) – Gabrielle Ferreira
Cinco estudantes negras revelam como é estar dentro da Universidade de São Paulo, uma das instituições mais elitizadas do país, em 2015, num momento de ebulição da luta pró-cotas. Realização da ECA-USP.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem no É Tudo Verdade.
* “Camburi Resiste” (Brasil-SP, 2023, 18 min) – Guilherme Rezende Landim
O filme trata das memórias afetivas da Comunidade Quilombola do Camburi, em Ubatuba (SP). As narrativas orais e visuais dos quilombolas são pensadas como o germinar das plantas, atravessadas por dinâmicas de ocupação do território, riscos e mudanças climáticas que afetam seu desenvolvimento. A vulnerabilidade e a injustiça climática, as questões ambientais, o patrimônio cultural, natural e alimentar são alguns dos principais eixos narrativos desse território resistente em constante conflito. Realização da Unicamp.
* “Chão de Taco” (Brasil-SP, 2023, 18 min) – Alan Santana
Um panorama da cena LGBTQIAPN+ da Vila Buarque, bairro boêmio da região central de São Paulo. Realização da ETEC Jornalista Roberto Marinho.
* “Cida Tem Duas Sílabas” (Brasil-SP, 2023, 20 min) – Giovanna Castellari
A costureira Cida, de 60 anos, precisa assinar um documento em seu trabalho, mas não sabe ler o que diz nele. Com a ajuda da professora de sua neta, Cida se aproxima da alfabetização, ao mesmo tempo que começa a se questionar sobre coisas que acontecem em seu ambiente de trabalho. Realização da FAAP.
* “Deriva” (Brasil-SP, 2023, 9 min) – Hellen Nicolau
Vozes retratam o indivíduo à deriva na metrópole paulistana: a pressa, a escassez das relações, o desejo constante de um futuro que nunca chega. Engolida pelo automatismo, surge uma reflexão: quem desfruta dessa cidade? Realização do projeto É Nóis na Fita.
* “Desconserto” (Brasil-BA, 2023, 7 min) – Haniel Lucena
Pelo ponto de vista de uma menina, vemos o desconserto na vida de uma família trabalhadora. Realização da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
* “Desmistificando o Axé” (Brasil-BA, 2023, 31 min) – Marco Neto
As religiões de matriz africana no Brasil e discute a intolerância e o racismo religiosos a partir da perspectiva histórica e do sincretismo. Realização do CEEP ICEIA – Ceep Formação e Eventos Isaias Alves (BA) .
* “Mama – Africanos em São Paulo” (Brasil-SP, 2023, 17 min) – Rafael Aquino
A trajetória da senegalesa Diamu Fallow Diop, conhecida popularmente como Mama África, possibilita atualizar o nosso olhar sobre a rica diversidade cultural dos povos africanos, que amplia e modifica os rumos dos fluxos migratórios da cidade de São Paulo e do Brasil. Realização da AIC – Academia Internacional de Cinema.
Vencedor de menção honrosa no Festival Curta Santos.
* “Manchas de Sol” (Brasil-RS, 2023, 18 min) – Martha Mariot
Adriana leva uma vida tranquila depois da aposentadoria com a esposa Paola. A chegada da filha distante, que não sabe sobre seu relacionamento, a faz confrontar sentimentos complicados. Realização da Universidade Federal de Pelotas.
Vencedor do prêmio de melhor ficção no Assimetria – Festival Universitário de Cinema e Audiovisual (RS).
* “Máquinas de Lazer” (Brasil-SC, 2024, 11 min) – Italo Zaccaron
Um breve estudo sobre a relação entre homens e máquinas durante o tempo livre dos trabalhadores no sul de Santa Catarina. Realização da Universidade Federal de Santa Catarina.
* “Mar.INA” (Brasil-MA, 2023, 26 min) – A. Pereira, D. Dias, I. Cariman, J. Elizabeth, K. Garcia, M. Almeida, P. Medeiros, P. Borges, P. Vieira, R. Costa, S. Protázio e V. Baima
Paródia crítica de “A Pequena Sereia”, em que a protagonista é vivida por uma menina trans, Marina, também Cazumba, personagem do bumba-boi de entremundos. Nicolas a observa dançando e se interessa. Ela foge sem revelar sua identidade. Ao se cruzarem novamente, ele pensa que a Cazumba é outra menina, cis. Marina se questiona sobre sua imagem de trans não binária e, como a pequena sereia, “muda de forma”. Realização da Formação Faculdades Integradas (MA).
* “Nheengatu” (Brasil-PB, 2023, 5 min) – Luiz Filho e Caio Bontempo
Desde o século 19, o povo Tabajara sofre um processo de apagamento da história, da cultura e da existência. Nesse processo, o Tupi, língua compartilhada por vários povos indígenas brasileiros, foi retirada do cotidiano desse povo. João Victor Tabajara é um jovem educador que aprendeu o Tupi e busca retornar a língua ao convívio dos Tabajara. Realização da Universidade Federal da Paraíba.
* “Pelos” (Brasil-SP, 2024, 16 min) – Emma Marques
Olivia e Luiza passam a tarde na escola após a aula enquanto esperam pela festa de aniversário da colega Ana. Entre risadas, brincadeiras com papel, conversas descontraídas e o tédio juvenil, as amigas exploram, cada uma à sua maneira, seu amadurecimento, enquanto tentam lidar com a confusão que a pré-adolescência traz. Realização da Universidade Anhembi Morumbi.
* “Por Trás dos Prédios” (Brasil-AL, 2023, 17 min) – João Mendonça
Desde 2021, a prefeitura de Maceió se aproveita das fortes chuvas locais para desmobilizar uma das maiores favelas de Alagoas. As pessoas que ainda resistem vivem presas e invisíveis à sombra do Parque da Lagoa. Realização da Universidade Federal de Alagoas.
Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival Curta Campos do Jordão; menção honrosa no Festival de Cinema Universitário de Alagoas.
* “Pour Elis” (Brasil-SP, 2023, 8 min) – Matheus Alencar
Após presenciar um colega de classe cometer um atentado contra uma professora, Cadu, um estudante de 13 anos, se vê atormentado pelo desafio de voltar às aulas. Realização da ETEC Jornalista Roberto Marinho.
* “Quanto Vale?” (Brasil-MG, 2024, 18 min) – Letícia S. Góis
Letícia passeia pelas memórias de sua vida estudantil na intenção de refletir sobre o modo como aprendemos a viver, como nos é colocado o aprendizado e qual lugar ele ocupa na problemática ambiental. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
* “Retorno” (Brasil-DF, 2024, 16 min) – Arthur Paiosi
Laura chama um motorista de aplicativo para voltar para casa após um dia cansativo. No caminho, ela se encontra em uma situação perigosa quando o motorista começa a se comportar de maneira suspeita, levando-a a temer pelo pior. Realização do Instituto de Educação Superior de Brasília.
* “Sementes da Resistência, o 25 de Maio e a Luta pela Reforma Agrária” (Brasil-SP, 2023, 19 min) – Raielle da Rosa Mazzarelli
Como sobreviver em uma sociedade colonizadora que marginaliza e oprime a existência dos mais pobres? Em maio de 1985, essa pergunta se transformou em indignação, dando origem à primeira grande ocupação do Movimento Sem Terra, uma luta organizada que reivindicou o direito das famílias mais pobres de existirem, produzirem e principalmente de tomarem seu lugar na sociedade. Realização da Unicamp.
* “Sobre Viver: Trajetórias Indígenas na Urbanidade” (Brasil-MT, 2023, 16 min) – Marcelo Melchior
O filme apresenta os indígenas da etnia Xavante que deixaram as terras demarcadas para estabelecerem moradia na cidade de Barra do Garças (MT). Realização da Universidade Federal de Mato Grosso.
* “Tereza” (Brasil-RJ, 2023, 9 min) – Bea Souza
A importância da representatividade feminina e o atravessamento da ditadura militar no cinema e na vida da realizadora Tereza Trautman através de sua trajetória, suas histórias pessoais e do cinema. Ela assina o primeiro longa-metragem de ficção do cinema moderno brasileiro dirigido por uma mulher, “Os Homens Que Eu Tive” (1973), obra censurada durante a ditadura militar no Brasil. Realização da oficina Geração Futura 2023, com apoio da ESPM Rio.
* “Terra Sincera” (Brasil-SP, 2022, 3 min) – Renan Turci
No encontro entre povos diferentes, o choque. Os que já estavam na terra, vivendo seu mundo comum, se deparam com um povo além-mar, decrépito, que diz ter encontrado nestas terras o paraíso. Estranham. Realização do Senac São Paulo.
* “TRANSpassado – Corpos Que Retratam” (Brasil-MG, 2023, 25 min) – Otávio Kaxixó
Cinco indígenas quebram o tabu e falam sobre as relações homoafetivas dentro e fora dos territórios. Estudantes da UFMG, eles elucidam processos de enfrentamento contra a LGBTfobia na contemporaneidade, expondo marcas de uma história que para muitos deveria ser esquecida. Realização da Faculdade de Medicina da UFMG.
* “Visões da Maré” (Brasil-RJ, 2023, 8 min) – Alle Estrela, Julia Alves, Michael Sousa, Thay Silva e Vivian Cazé
Quando uma mesa com bancos é colocada em diferentes pontos da favela, com uma placa escrito “Tome um café e fale da Maré”, alguns moradores param para compartilhar seus relatos. Falam sobre as questões ambientais e históricas decorrentes da Maré ser um território aterrado e sobre pautas atuais que permeiam suas vivências. Realização da UFRJ e do Colégio João Borges de Moraes.
8. Sessões Especiais
* “Amazônia, Arqueologia da Floresta: Terra Preta” (Brasil-SP, 2024, 55 min) – Tatiana Toffoli
No sítio arqueológico de Teotônio, foram encontrados vestígios de cerâmica e de terra preta com datação de mais de 5.500 anos. Trata-se da terra preta mais antiga da Amazônia. Este episódio da série inédita “Amazônia, Arqueologia da Floresta” (SescTV) acompanha duas escavações simultâneas, com indícios que mostram que a área foi um epicentro cultural, ocupado por pelo menos sete povos diferentes ao longo dos milênios.
* “Arquivo do Futuro” (“Archiv der Zukunft”, Áustria, 2023, 92 min) – Joerg Burger
O filme retrata o Museu de História Natural de Viena, que coleciona, arquiva e estuda diversas peças de biologia, geociências, antropologia e arqueologia em nome da pesquisa evolutiva. Ao expor a coleção de história natural e o processo de trabalho do Museu, o filme pretende iluminar esse projeto de preservação e produção de conhecimento e o seu papel na compreensão do passado para que se possa avançar para o futuro.
Exibido no Festival de Locarno, CPH:DOX (Dinamarca) e no Festival de Documentários de Munique.
* “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva” (Brasil-SP, 2023, 43min) – Mari Corrêa
O que a vida das cidades tem a ver com a vida dos indígenas? A luta por territórios é uma luta superada? É uma luta que não é nossa? É uma luta para voltar ao passado? O documentário contrapõe o olhar indígena ao da ciência ocidental e expõe como a colonização persevera no discurso ultrapassado sobre povos indígenas e natureza, escancarando as origens da implacável destruição da Amazônia.
* “Não Existe Almoço Grátis” (Brasil-DF, 2023, 74 min) – Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel
Em Sol Nascente, considerada atualmente como a maior favela do Brasil, Socorro, Jurailde e Bizza lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para a posse do terceiro mandato do presidente Lula, elas estão encarregadas de cozinhar para centenas de pessoas que chegarão a Brasília para assistir à cerimônia. Em meio a ameaças de golpe, o filme acompanha esta saga e traz entrevistas íntimas sobre suas vidas e a organização coletiva, revelando que o futuro se cozinha a muitas mãos.
Vencedor do prêmio do público e menção honrosa do júri da Mostra Brasília no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
* “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” (“The Fire Within: A Requiem for Katia and Maurice Krafft”, Reino Unido/Suíça/EUA/França, 2022, 84 min) – Werner Herzog
Maurice e Katia Krafft dedicaram suas vidas à exploração dos vulcões do mundo. Seu legado consiste em imagens inovadoras de erupções e suas consequências, compostas nesta colagem visual deslumbrante.
Vencedor dos prêmios de melhor filme e melhor produtor no festival DOC LA (EUA); melhor documentário no Festival Internacional de TV de Xangai; prêmio do público e prêmio especial do júri no Festival de Gijon (Espanha); exibido no Doclisboa (Portugal), Sheffield DocFest (Reino Unido), Festival de Viena, Festiva de Hong Kong e no Festival de Documentários Ji.hlava (República Tcheca).
* “Rowdy Girl: Santuário Animal” (“Rowdy Girl”, EUA, 2023, 72 min) – Jason Goldman
Determinada a tornar o planeta um lugar melhor, a ex-criadora de gado do Texas, Renee King-Sonnen, transforma a operação de carne bovina de seu marido em um santuário de animais de fazenda, incentivando outros agricultores a fazer a transição da agricultura animal para a produção de alimentos à base de plantas.
Exibido no Hot Docs (Canadá) e no Festival de Hamptons (EUA).
11. Sessão Infantil
* “Yakari, Uma Jornada Fantástica” (“Yakari: La Grande Aventure”, Bélgica/França/Alemanha, 2020, 82 min) – Xavier Giacometti e Toby Genkel
Enquanto sua tribo se prepara para migrar, Yakari, criança indígena da tribo Sioux, parte em uma jornada fantástica. Ele quer encontrar e montar Mini-Trovão, um cavalo mustang conhecido por ser indomável. Ao longo do caminho, o garoto receberá da Grande Águia um presente incrível: o poder de falar com os animais. Sozinho pela primeira vez, nessa aventura ele irá conhecer melhor o território e interagir com as criaturas que nele habitam.
12. Programa Ecofalante Universidade
* “A Floresta que Você Não Vê – Narrativas do Médio Xingu” (Brasil-SP, 2023, 27 min) – Andy Costa
O filme enlaça as histórias de luta e resistência de pessoas que enfrentam desafios para gerar renda e manter a floresta amazônica em pé. Essas pessoas se sentem parte da floresta. Vivem na região do Médio Xingu, importante área da Amazônia brasileira que enfrenta grande pressão de desmatamento em função do garimpo, da extração de madeira, da pecuária e da monocultura. Defendem modos de vida que, adaptados às novas realidades, abrigam saberes e conhecimentos preciosos para o cuidado com a floresta, aliado ao desenvolvimento da bioeconomia.
* “Exilados – Extrativistas São Expulsos à Bala em Rondônia” (Brasil-RO, 2024, 17 min) – Marcio Sanches, Maira HofMeister e Fernanda Wenzel
Depoimentos e entrevistas contundentes, que mostram como famílias de extrativistas que foram expulsas com violência da Resex de Jaci-Paraná, em Rondônia, com a conivência de autoridades. O filme detalha o esquema de grilagem, o descumprimento de decisões judiciais e as tentativas de reduzir a área via Assembleia Legislativa.
* “Invasores” (Brasil-SP, 2023, 60 min) – Lygia Barbosa
As espécies exóticas invasoras são a segunda maior ameaça ao equilíbrio da biodiversidade global, perdendo apenas para o desmatamento. No país mais biodiverso do mundo, suas consequências são ainda mais desastrosas. O filme acompanha os desafios ecológicos de cientistas e comunidades dedicados a combater o avanço implacável desses intrusos: a disseminação do javali selvagem pelas paisagens rurais; a invasão do coral-sol nas águas protegidas do Arquipélago dos Alcatrazes, o impacto predatório de felinos domésticos e lagartos teiú nos habitantes nativos de Fernando de Noronha; e a marcha insidiosa do mexilhão-dourado paralisando usinas hidrelétricas em todo o Brasil. Diante de deslumbrantes ecossistemas, ‘Invasores’ mergulha em pesquisas recentes, oferecendo novas perspectivas sobre as mudanças na biodiversidade e no clima. Uma jornada imersiva que destaca a importância vital de proteger as diversas formas de vida em nosso planeta.
* “SobreVivências: Clima de Risco” (Brasil-MS, 2023, 60 min) – Eduardo Rajabally
As mudanças climáticas estão transformando nosso planeta de forma bastante radical. As temperaturas não param de bater recordes, os fenômenos naturais estão cada vez mais severos. Corremos o risco de nos extinguir. Este episódio da série “SobreVivências” questiona como podemos reverter esse processo de aquecimento global: como descarbonizar nossas atividades ou criar tecnologias que reduzam a emissão de CO2? Com apresentação de Gaby Amarantos, a série aborda, em busca de soluções, alguns dos temas vitais para o planeta no século 21, como emergência climática, produção e desperdício de alimentos, desigualdade social, vida nas grandes metrópoles, perda da biodiversidade, consumismo e poluição.