4 de outubro de 2019

Belo Horizonte recebe a 8ª Mostra Ecofalante

Festival exibe 47 filmes de temática socioambiental no MIS Cine Santa Tereza

Entre os dias 12 e 31 de outubro, Belo Horizonte receberá pela primeira vez a Mostra Ecofalante de Cinema, considerada como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado à temática socioambiental.

Realizada em parceria com o MIS Cine Santa Tereza, a itinerância terá 47 filmes de 21 países, trazendo reflexões sobre temas urgentes ligados a questões socioambientais contemporâneas.

Fazem parte da programação os filmes de diversos programas da Mostra Ecofalante: a Homenagem a Silvio Tendler, o Panorama Internacional Contemporâneo, a Mostra Brasil Manifesto, a Competição Latino-Americana e a Sessão Infantil. Filmes premiados e inéditos no circuito como “Bem-vindo a Sodoma”, “Memórias do Oriente”, “Vulcão de Lama: A Luta contra a Injustiça”, “Golpe Corporativo”, “Frente Atômica”, “Ebola: Sobreviventes”, “Mulheres Contra a AIDS” e “GIG – A Uberização do Trabalho” são alguns dos destaques. Todas as exibições acontecerão no MIS Cine Santa Tereza e são gratuitas e abertas ao público.

Homenagem

Este ano, a Mostra Ecofalante homenageia o cineasta carioca Silvio Tendler, realizador dos documentários brasileiros que bateram recorde de público nas salas de cinema do país. São exibidas três recentes obras do diretor, entre elas “O Fio da Meada” (Brasil, 2019, 77’), que estreou na edição mais recente da Mostra. O filme acompanha a luta de povos tradicionais brasileiros contra a urbanização opressora, denunciando a violência no campo e nas comunidades tradicionais. Caiçaras, quilombolas e indígenas lutam para sobreviver e para tentar impedir que suas reservas naturais sejam destruídas pelo processo de urbanização.

Na programação está também “Dedo na Ferida” (Brasil, 2017, 90′), que foi o grande vencedor na categoria ‘Longas’ da Competição Latino-Americana na 7ª Mostra Ecofalante de Cinema. A obra trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos, em um cenário onde a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social.

Já “Utopia e Barbárie” (Brasil, 2009, 120’) é um road-movie que passa pela Itália, Estados Unidos, Brasil, Vietnã, Cuba, Uruguai e Chile, entre outros países. A produção focaliza lugares e protagonistas da história, a fim de reconstruir uma narrativa do mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Mas tão importante quanto os temas retratados é o olhar do autor, que se constrói à medida em que o filme vai acontecendo, de maneira a dar voz a diferentes personagens, independentemente de suas orientações político-partidárias, com o objetivo de chegar a um rico painel de nossa época.

Panorama Internacional Contemporâneo

O Panorama Internacional Contemporâneo traz filmes premiados em diversos festivais internacionais, representando todos os eixos temáticos que fizeram parte da 8ª Mostra Ecofalante: Cidades, Economia, Povos&Lugares, Recursos Naturais, Saúde, Sociobiodiversidade e Trabalho. No total, são 19 títulos programados, representando 12 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Finlândia, França, Gana, Índia, Paquistão, Reino Unido e Serra Leoa.

A temática Saúde (uma das novidades da 8ª edição da Mostra) tem três obras nesta itinerância. “Frente Atômica” (EUA, 2017, 96’) trata de cidadãos de uma cidade norte-americana que lutam contra a negligência governamental e corporativa que levaram ao despejo permanente de resíduo nuclear em duas comunidades de St. Louis. A produção foi vencedora dos prêmios de melhor documentário no International Docs Awards e no Festival de Uranium, entre outras premiações, e sua diretora, Rebecca Cammisa, já havia conquistado o Oscar de melhor documentário em 2012, por “God is The Bigger Elvis”. “Mulheres Contra a AIDS” (EUA, 2017, 67’), de Harriet Hirshorn, é o primeiro documentário sobre a história das mulheres na vanguarda do movimento global contra a AIDS. O filme revela como as mulheres não apenas formaram grupos de base como o ACT-UP nos EUA, mas como também exerceram funções essenciais na prevenção do HIV e no movimento de acesso ao tratamento em toda a África Subsaariana. Já em “Ebola: Sobreviventes” (Serra Leoa/EUA, 2018, 86’) o cineasta Arthur Pratt apresenta um retrato de Serra Leoa durante o surto de Ebola, expondo a complexidade da epidemia e da agitação sócio-política que a envolve.

Povos&Lugares, uma das temáticas favoritas do público do Panorama Internacional Contemporâneo, reúne seis títulos, entre eles “Pra Cima, Pra Baixo e Pros Lados: Cantos de Trabalho” (Índia, 2017, 83’), selecionado pelo prestigiado Festival de Documentários de Amsterdã, o IDFA (considerado a “Cannes” dos filmes documentais). Dirigido por Anushka Meenakshi e Iswar Srikumar, retrata uma aldeia no estado indiano de Nagaland, perto da fronteira com Myanmar, com cerca de 5.000 habitantes, quase todos cultivando arroz para consumo próprio. Nele, o ritmo e o movimento de capinar, arar, plantar e colher é acompanhado por músicas e letras que ecoam pelas colinas. Conforme a estação progride, o tom muda e a música fica cada vez mais hipnótica. Em “Ma’Ohi Nui” (Bélgica, 2018, 113’), de Annick Ghijzelings, surge uma outra face da colonização contemporânea na Polinésia francesa, nascida dos 30 anos de testes nucleares. Focaliza o impulso vital do povo Maohi tentando sobreviver e buscar o caminho da independência. A multipremiada animação “Obon” (Alemanha, 2018, 15’), de André Hörmann e Anna Samo, foi indicado ao Oscar e selecionada para o badalado Sundance Festival. O curta-metragem focaliza uma sobrevivente ao bombardeio atômico de Hiroshima (Japão): no meio da destruição total, ela encontra um momento de felicidade. Em “A Ausência dos Damascos” (Paquistão/Alemanha, 2018, 49’), de Daniel Asadi Faezi, uma aldeia nas montanhas é atingida por um deslizamento de terra. O que resta são as pessoas e suas histórias, transmitidas de uma geração para outra. “O Botanista” (Canadá, 2017, 20’), de Maude Plante-Husaruk e Maxime Lacoste-Lebuis, se passa após a queda da União Soviética, quando o Tajiquistão mergulhou em uma devastadora guerra civil. Uma fome atingiu a região montanhosa do Pamir, onde Raïmberdi, um botânico apaixonado e engenhoso, construiu sua própria estação hidrelétrica para ajudar sua família a sobreviver à crise. Premiado no Festival de Zurique, na Suíça, “Bem-vindo a Sodoma” (Áustria/Gana, 2018, 92’), de Florian Weigensamer e Christian Krönes, retrata o maior depósito de lixo eletrônico do mundo, Agbogloshie, em Gana. Lá, crianças e adolescentes desmontam equipamentos, em meio a fumaça tóxica, em uma rotina venenosa.

Em Cidades, a programação conta com “Memórias do Oriente” (Finlândia, 2018, 86’), de Niklas Kullström e Martti Kaartinen, um road-movie passado no Extremo Oriente da Mongólia e no Japão atuais. O filme tem como foco o linguista e diplomata finlandês Gustaf John Ramstedt, considerado pai da moderna Mongolística, e questiona sobre como a linguagem pode conectar as pessoas sobre fronteiras culturais e como a economia de mercado conseguiu substituir os velhos modos do passado. Por sua vez, “A Cidade do Futuro” (EUA, 2017, 9’), de Chad Freidrichs, mostra o projeto Minnesota Experimental City, uma tentativa futurista de resolver problemas urbanos criando uma cidade nova a partir do zero.

Representando o eixo Sociobiodiversidade, “A História do Porco (Em Nós)” (Bélgica, 2017, 120’), de Jan Vromman, aborda nossa relação com esse animal que, por sua gula, se torna metáfora para a infinita ganância humana. O filme foi destaque em eventos internacionais, como os festivais Vision du Réel e European Film Festival.

Em Recursos Naturais, destaca-se “Vulcão de Lama: A Luta Contra a Injustiça” (EUA, 2018, 80’), de Cynthia Wade e Sasha Friedlander, que conta a luta de moradores que tiveram suas vilas soterradas por um tsunami de lama em ebulição. Consagrada mundialmente, a diretora Cynthia Wade ganhou mais de 40 prêmios, com destaque para um Oscar em 2008, além de uma segunda indicação em 2013. Já a animação “Carga Alheia” (França, 2017, 6’) de Auguste Denis,  Emmanuelle Duplan, Valentin Machu e Malenaie Riesen, acompanha os dias vividos por um personagem que vive, trabalha, come e dorme em seu navio de carga. Um dia, ele fica sem comida e, para não morrer de fome, deve sair de sua rotina de conforto.

A temática Trabalho traz três produções. O premiado “A Verdade Sobre Robôs Assassinos” (EUA, 2018, 83’), de Maxim Pozdorovkin, mostra como os humanos estão se tornando cada vez mais dependentes de robôs e traz os vários pontos de vista, de engenheiros a jornalistas e filósofos, que falam sobre diferentes situações em que os robôs causaram a morte de seres humanos e como eles representam uma ameaça para a sociedade. “Stratum” (Reino Unido, 2018, 12’), de Jacob Cartwright e Nick Jordan, explora a genealogia social, cultural e ecológica de uma região pós-industrial. Já “Sinfonia Industrial” (Polônia, 2018, 61’), de Jaśmina Wójcik, trabalha com sons e memória do corpo, fazendo com que os ex-operários de uma fábrica reencenem um dia de trabalho.

Finalmente, no eixo Economia, está “Superalimentos” (Canadá, 2018, 66’), de Ann Shin, que revela o efeito cascata da indústria dos superalimentos, super-nutricionais, nas famílias de agricultores e pescadores mundo afora, explorando paisagens e povos da Bolívia, Etiópia e do arquipélago de Haida Gwaii, no Canadá. Ainda no mesmo eixo Economia está incluído “Golpe Corporativo” (Canadá/EUA, 2018, 90’), de Fred Peabody, que retrata como o Presidente Trump é o resultado de fracassadas políticas globalistas neoliberais e um “golpe corporativo”, no qual corporações e bilionários gradualmente assumiram o controle do processo político. No filme estão as histórias das vítimas finais – classe trabalhadora e pessoas pobres em “zonas de sacrifício”.

Mostra Brasil Manifesto

Novidade desta edição, a Mostra Brasil Manifesto é dedicado a filmes que constroem um retrato denso e agudo da atualidade do país. Neste programa está “O Amigo do Rei” (Brasil, 2019, 142’), híbrido de documentário e ficção que estreou na 8ª Mostra Ecofalante. O longa-metragem tem como tema a maior tragédia ambiental da história brasileira: o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), e suas consequências. O trabalho anterior do diretor André D’Elia, “Ser Tão Velho Cerrado”, foi o vencedor em 2018 do prêmio do público da Mostra Ecofalante.

Competição Latino-Americana

A Competição Latino Americana traz 19 filmes, produzidos no Brasil, Colômbia, México, Argentina e Venezuela, incluindo os vencedores dos prêmios de público, de melhor longa-metragem e de melhor curta-metragem, respectivamente: “GIG – Uberização do Trabalho” (Brasil, 2019, 60’), uma abordagem do trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais; “Está Tudo Bem” (Venezuela/Alemanha, 2018, 70’), que retrata a crise do sistema de saúde venezuelano; e “Palenque” (Colômbia, 2017, 25’), uma ode à pequena cidade colombiana San Basilio del Palenque, o primeiro povoado das Américas a se libertar do domínio europeu.

Entre os destaques brasileiros desta seção está “Empate” (Brasil, 2018, 90’), documentário de Sérgio de Carvalho que dá voz aos protagonistas do movimento seringueiro das décadas de 1970 e 80 contra o desmatamento no estado do Acre, refletindo como este momento histórico ecoa ainda hoje na Amazônia e no resto do mundo. Já “Filhos de Macunaíma” (Brasil, 2019, 90’), de Miguel Antunes Ramos, conta a história de três famílias indígenas que vivem na cidade de Boa Vista, no norte do Brasil.

Destacam-se ainda “Um Filósofo na Arena” (México/Espanha, 2018, 100’), sobre o filósofo francês Francis Wolff, grande fã de touradas, que decide fazer uma viagem pela França, México e Espanha acompanhado por dois cineastas mexicanos que nada sabem sobre esse mundo; “O Espanto” (Argentina, 2017, 67’), que conta a história de um povoado onde os remédios caseiros substituem a medicina convencional; e “O Quadrado Perfeito” (Argentina, 2018, 61’), um documentário sobre o mundo da criação de cães de raça pura.

Sessão Infantil

Para comemorar o Dia das Crianças, acontece no dia 12 de outubro a Sessão Infantil, que traz cinco curtas-metragens para introduzir à garotada, de maneira lúdica, uma gama de questões socioambientais contemporâneas.

As produções que fazem parte desta sessão foram exibidos em grandes e importantes festivais internacionais, como o Short Film Corner do Festival de Cannes, Festival de Animação de Annecy, Animamundi e Dok Leipzig. São duas obras brasileiras – “Dara – A Primeira Vez que Fui ao Céu” (2017, 18’) e “Caminho dos Gigantes” (2016, 12’) – e três internacionais – “Dois Trens” (Rússia, 2017, 10’), “O Sonho da Galinha” (Estônia, 2016, 5’) e “Strollica” (Itália, 2017, 10’).

 

A 8ª Mostra Ecofalante em Belo Horizonte é uma realização da Ecofalante em parceria com o MIS Cine Santa Tereza e tem apoio do Mercado Livre, da White Martins e da Kimberly Clark.

Clique para acessar a programação completa.

 

Serviço

8ª Mostra Ecofalante de Cinema – Belo Horizonte

Entrada gratuita

Data: 12 a 31 de outubro

Local: MIS Cine Santa Tereza (rua Estrela do Sul 89, Santa Tereza, Belo Horizonte, tel 31-3277.4699)

Programação: http://ecofalante.org.br/evento/bh/programacao

 

Atendimento à Imprensa

ATTi Comunicação

Valéria Blanco e Eliz Ferreira

(11) 3729-1456 / 3729-1455