MAIS IMPORTANTE EVENTO SUL-AMERICANO DEDICADO À TEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL EXIBE 101 FILMES DE 40 PAÍSES
* de 11/08 a 14/09, evento acontece de forma online e gratuita
* Programação é acessível via plataformas digitais em todo o território brasileiro
* Panorama Internacional Contemporâneo reúne produções inéditas e com carreira em festivais como Berlim, Sundance, Roterdã, Locarno, IDFA-Amsterdã
* Competição Latino-Americana é disputada por 30 títulos, representando sete países da região
* Programa Especial – Territórios Urbanos: Segregação, Violência e Resistência traz obras assinadas por Adirley Queirós, Cristiano Burlan, Eliane Caffé, Evaldo Mocarzel, Gabriel Mascaro, Kiko Goifman, João Moreira Salles, Maria Augusta Ramos, Paulo Caldas e Paulo Sacramento.
* produções recentes sobre desastres nucleares estão no Especial Energia Nuclear – 35 Anos de Chernobyl, 10 Anos de Fukushima
* filmes de estudantes brasileiros competem no Concurso Curta Ecofalante
* realizações africanas têm presença, com obras vindas do Quênia, Angola e Madagascar
* exibições de filmes e debates podem ser acessadas pelo endereço www.ecofante.org.br
De 11 de agosto a 14 de setembro, a Mostra Ecofalante de Cinema celebra sua 10ª edição de forma online e gratuita. A programação do mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais reúne 101 títulos, 30 deles inéditos no Brasil. No total, estão representadas as cinematografias de 40 países.
A grade de programação é organizada nas seções Panorama Internacional Contemporâneo, com os mais premiados e elogiados filmes internacionais da última safra (organizados em sete eixos temáticos: Ativismo, Biodiversidade, Cidades, Economia, Povos & Lugares, Tecnologia e Trabalho); Competição Latino-Americana, que reúne produções recentes de sete países da região; Programa Especial – Territórios Urbanos: Segregação, Violência e Resistência, uma retrospectiva de obras brasileiras produzidas a partir de 1999 assinadas por nomes como João Moreira Salles e Maria Augusta Ramos; Especial Energia Nuclear – 35 Anos de Chernobyl, 10 Anos de Fukushima, uma seleção de documentários produzidos nos últimos anos que abordam esses grandes desastres nucleares; e Concurso Curta Ecofalante, premiação voltada a realizações de estudantes brasileiros.
Para o diretor da Mostra Ecofalante de Cinema, Chico Guariba, “A Mostra chega ao seu décimo ano num momento de grande crise no Brasil e no mundo, marcada pela pandemia, a emergência climática, a enorme destruição da biodiversidade e a crescente desigualdade social. Os desafios são enormes e a função da Mostra, que sempre foi a de trazer informação de qualidade e promover o debate democrático, plural e inclusivo, tem se tornado cada vez mais importante. Não é à toa que foi o festival que mais cresceu no Brasil nesses últimos anos”.
O filme de abertura da Mostra, a coprodução entre Alemanha, Suíça e Itália “O Novo Evangelho”, propõe uma nova encenação da crucificação de Cristo, já filmada pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (“O Evangelho Segundo São Mateus”, 1964) e Mel Gibson (“A Paixão de Cristo”, 2004). Na mesma cidade italiana onde foram produzidos estes dois longas, Matera, agora Jesus é interpretado por um ativista político camaronês, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia. O realizador do filme, Milo Rau, é premiado diretor de teatro suíço, e o filme, um dos destaques do IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, foi eleito melhor documentário no Swiss Film Awards 2021.
Grande atração do Panorama Internacional Contemporâneo, o longa-metragem “Jogo do Poder” é assinado por Costa-Gavras, cineasta vencedor do Oscar e do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes. Em seu novo longa-metragem, inédito no Brasil, o diretor revela os bastidores do jogo de poder da Europa, focalizando as razões para a crise na Grécia ter acontecido e como foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas da história política.
Também parte do Panorama, “A Nova Corporação”, dirigido por Joel Bakan e Jennifer Abbott – mesmos realizadores do multipremiado “A Corporação” de 2003 – revela uma nova astúcia dessas instituições: transvestir-se de entidades “socialmente responsáveis”. Outro destaque é “O Capital do Século XXI“, codirigido pelo economista Thomas Piketty, autor do best seller homônimo no qual o filme se inspira. O documentário traça a evolução do capitalismo e evidencia esta nova fase em que a concentração de renda voltou a aumentar, exacerbando as desigualdades no mundo.
O documentário italiano “Res Creata“, dirigido por Alessandro Cattaneo, que teve sua estreia no Hot Docs, festival internacional de documentários de Toronto, explora a relação milenar, ora conflitante, ora harmoniosa entre os seres humanos e os animais; ensaio visual ao mesmo tempo intimista e filosófico, o documentário sugere que se conseguirmos mudar o modo como pensamos sobre os animais, o ecossistema inteiro se beneficiará.
Selecionado no IDFA–Amsterdã e CPH:DOX, festival internacional de documentários da Dinamarca, “A Campanha Contra o Clima“, de Mads Ellesøe, revela a campanha, patrocinada secretamente pelas maiores petroleiras do planeta, de negação da causa antrópica do aquecimento global, retardando em mais de 30 anos as ações contra a crise do clima.
Chama atenção a representação africana no evento deste ano. Um dos destaques é uma rara produção do Quênia, “Softie”, premiada por sua montagem no badalado Festival de Sundance. Dirigido pelo cineasta e ativista Sam Soko, o documentário segue o percurso de um fotógrafo famoso por retratar a violência política daquele país, que se aventura na política para levar seu ativismo socioambiental a um novo patamar. Outra cinematografia pouco frequente no circuito internacional, a produção de Angola “Ar Condicionado”, selecionada para o prestigioso Festival de Roterdã, o longa de estreia de Fradique mescla realismo fantástico e crítica social em uma história onde aparelhos de ar condicionado começam a cair misteriosamente dos apartamentos na cidade de Luanda, capital do país. Já “Morning Star” é uma coprodução entre Madagascar e a Ilha da Reunião selecionada para o IDFA-Amsterdã, o mais importante festival internacional de documentários. Dirigida por Nantenaina Lova, que também assina a produção, o roteiro, a fotografia e a edição, a obra focaliza uma vila, uma comunidade e uma cultura em vias de desaparecer por conta da mineração.
Selecionado nos festivais Hot Docs, CPH:DOX, Dokufest e IDFA – Amsterdã, “Dope Is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras”, da diretora norte-americana Mia Donovan, traz a pouco conhecida história de um programa de desintoxicação, iniciado por um dos fundadores do movimento dos Panteras Negras, no bairro nova-iorquino do Bronx dos anos 1970.
Também se destacam o documentário canadense dirigido por Lulu Wei “Um Lugar Como Nenhum Outro”, que venceu o Rogers Audience Award no Hot Docs ao retratar a transformação de um icônico quarteirão de Toronto através das histórias de membros de sua comunidade que lhe deram identidade, e “Cuidadoras a Caminho”, do documentarista indonésio Ismail Fahmi Lubis, que revela os meandros de um centro de treinamento para trabalhadoras domésticas que buscam ser empregadas no exterior.
O evento conta ainda com a pré-estreia de “A Bolsa ou a Vida”, mais recente trabalho do consagrado diretor brasileiro Silvio Tendler. O novo longa-metragem propõe discutir o tema ‘o que virá depois da pandemia?’. “É uma discussão sobre se no pós-pandemia a centralidade será no ser humano e na natureza ou no cassino financeiro”, afirma o diretor. A obra traz entrevistas com personalidades conhecidas do mundo artístico/cultural e com cidadãos comuns, que sentem na pele as dificuldades impostas pelo caos social. O realizador, cuja filmografia acumula mais de 70 títulos, responde por alguns dos maiores sucessos do documentário brasileiro, como “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (1981) e “Jango” (1984).
O inédito longa-metragem “A História do Plástico”, uma coprodução EUA/Índia/Bélgica/China/Indonésia/Filipinas, também merece sessão especial de pré-estreia. Dirigido por Deia Schlosberg, o documentário expõe a “verdade inconveniente” por trás da poluição do plástico, material onipresente em nossas vidas. Parte do “The Story of Stuff Project”, iniciativa que criou o famoso curta “A História das Coisas”, o filme conquistou o prêmio do público nos festivais de Mill Valley e Napa Valley, ambos nos Estados Unidos.
A Competição Latino-Americana traz um total de 30 títulos. A seleção de longas-metragens inclui o argentino “Piedra Sola”, de Alejandro Telémaco Tarraf; o mexicano “499”, de Rodrigo Reyes; o venezuelano “Era Uma Vez na Venezuela“, de Anabel Rodríguez; além dos brasileiros “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán; “Chico Rei Entre Nós”, de Joyce Prado; “Edna”, de Eryk Rocha; “Meu Querido Supermercado”, de Tali Yankelevich; “Pajeú”, de Pedro Diogenes; “Sobradinho”, de Marília Hughes e Cláudio Marques; “O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels”, de Tiago Carvalho; “Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!”, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero; “MATA”, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes; e “Território Suape”, de Cecilia da Fonte, Laercio Portella e Marcelo Pedroso. Completam a seleção curtas-metragens da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.
O Programa Especial “Territórios Urbanos: Segregação, Violência e Resistência” traz ao público uma seleção de importantes filmes brasileiros realizados nas últimas duas décadas que tratam da realidade urbana do país. Inéditas na Mostra Ecofalante, essas obras são sintomáticas das mudanças socioeconômicas pelas quais o Brasil passou nesse período, escancarando os persistentes problemas que a sociedade e o Estado brasileiros ainda não resolveram e que se inscrevem na geografia das grandes cidades. Há filmes de nomes como João Moreira Salles (“Notícias de Uma Guerra Particular”), Maria Augusta Ramos (“Futuro Junho”), Paulo Caldas e Marcelo Luna (“O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas”), Kiko Goifman (“Atos dos Homens”), Eliane Caffé (“Era O Hotel Cambridge”), Evaldo Mocarzel (“À Margem da Imagem”), Adirley Queirós (“Branco Sai, Preto Fica”), Cristiano Burlan (“Mataram Meu Irmão”), Gabriel Mascaro (“Um Lugar ao Sol”), Natasha Neri e Lula Carvalho (“Auto de Resistência”), João Sodré, Maíra Buhler e Paulo Pastorelo (“Elevado 3.5”). Também traz obras de uma nova e promissora geração de cineastas brasileiros como Affonso Uchoa (“A Vizinhança do Tigre“), Alice Riff (“Meu Corpo é Político“), Pedro Rocha (“Corpo Delito“) e Camila de Moraes (“O Caso do Homem Errado“). A Mostra exibe ainda em primeira mão a nova remasterização do clássico “O Prisioneiro da Grade de Ferro (Autorretratos)”, de Paulo Sacramento.
A Mostra Ecofalante de Cinema preparou uma programação no marco dos acidentes nucleares de Chernobyl (Ucrânia, 1986) e Fukushima (Japão, 2011). O Especial Energia Nuclear – “35 Anos de Chernobyl, 10 Anos de Fukushima” traz cinco obras realizadas entre 2006 e 2020 que alertam para os perigos da energia nuclear. Este programa procura trazer uma discussão sobre essa alternativa de energia em tempos de emergência climática. Entre os títulos está o documentário multipremiado “O Desastre de Chernobyl“, dirigido pelo cineasta francês Thomas Johnson, que revisita o – até então – maior acidente nuclear, ocorrido no coração da Europa e o documentário inédito alemão “Nuclear Forever“, de Carsten Rau, que documenta o processo delicado de desmantelamento de uma planta nuclear do seu país, seguindo o projeto de tornar a Alemanha livre de energia nuclear até 2022.
O Concurso Curta Ecofalante reúne filmes de curta duração realizados por estudantes brasileiros. 10 produções concorrem ao prêmio de melhor filme e ao prêmio do público. Nesta edição, que tem apoio do WWF-Brasil, os filmes inscritos precisavam abordar temáticas relacionadas a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU na Agenda 2030 – são 17 objetivos que abrangem temas como erradicação da pobreza, saúde de qualidade, combate às mudanças climáticas e igualdade de gênero.
Entrevistas e Debates
Uma série de entrevistas com personalidades ligadas aos filmes exibidos na Mostra será disponibilizada ao longo da programação. Realizada em parceria com o WWF-Brasil, a série com figuras marcantes do ativismo socioambiental já tem confirmada a participação de Alessandra Munduruku, Rita e Vincent Carelli, Luiz Bolognesi, Vandana Shiva, Isael Maxakali e Sueli Maxakali, Deia Schlosberg e Marina Silva.
Também serão realizados debates virtuais, reunindo ativistas, cientistas e especialistas que discutem, entre outros temas, ativismo, biodiversidade, cidades, economia, povos e lugares, tecnologia e trabalho. Os debates, cuja programação será divulgada em breve, acontecerão sempre às quartas-feiras e sábados, às 19h00.
Todos os debates e entrevistas poderão ser acessados a partir do canal da Mostra Ecofalante no Youtube (https://www.youtube.com/mostraecofalante).
A Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada através da Lei de Incentivo à Cultura e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC). Tem patrocínio do Mercado Livre, Colgate e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Conta com apoio da White Martins, Valgroup e Itaú. É uma produção da Doc & Outras Coisas e coprodução da Química Cultural. A realização é da Ecofalante, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Ministério do Turismo e do Governo Federal.
Os filmes são disponibilizados no site do evento [www.ecofalante.org.br] e também nas plataformas parceiras Belas Artes à La Carte e Spcine Play.
SOBRE OS PROGRAMAS
PANORAMA INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
O eixo temático Ativismo é composto de quatro filmes. “Arica”, de Lars Edman e William Johansson Kalén, é uma coprodução Suécia/Chile/Bélgica/Noruega/Reino Unido selecionada para o festival IDFA-Amsterdã que focaliza um processo de responsabilidade corporativa contra uma mineradora sueca que exportou 20 mil toneladas de lixo tóxico para uma a cidade do Chile. “Ativistas Animais”, de Denis Henry Hennelly e Casey Suchan, conta a história da perseguição implacável do governo norte-americano a um grupo de ativistas que luta contra a crueldade animal. “Dope is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras”, de Mia Donovan, recupera a história do Dr. Mutulu Shakur, (padrasto do rapper Tupac Shakur, assassinado em 1996), que junto com seus companheiros dos Panteras Negras e os Jovens Lordes, combinaram saúde comunitária com política radical para criar o primeiro programa de desintoxicação por acupuntura nos Estados Unidos. Já a produção do Quênia vencedora do prêmio de melhor montagem no Festival de Sundance “Softie”, de Sam Soko, retrata um jovem fotógrafo famoso por retratar a violência política de seu país que decide concorrer às eleições regionais.
Biodiversidade é o eixo temático que reúne sete produções. “As Borboletas de Arabuko” (John Davies, Reino Unido) aborda o ofício de caçadores e criadores de borboletas no Quênia e como essa prática incomum acabou ajudando a preservar a maior e última floresta remanescente da África Oriental. Vencedor do importante festival ambiental norte-americano Wild & Scenic, “Baleias Enredadas”, de David Abel, é produção norte-americana que trata dos esforços para proteger da extinção as baleias francas do Atlântico Norte. O alemão “Era Uma Vez Um Lago”, de Daniel Asadi Faezi, premiado no Festival de Innsbruck, é uma abordagem poética sobre um lago no norte do Irã transformado em terra estéril e coberta de sal. Já “O Salmão Vermelho”, dos russos Dmitriy Shpilenok e Vladislav Grishin, foi elogiado por sua fotografia primorosa ao focalizar um santuário do salmão vermelho, ameaçado pela pesca ilegal. “O Tempo das Florestas”, produção francesa dirigida por François-Xavier Drouet, alerta para a atual fase de industrialização das florestas, verdadeiros símbolos da natureza e da preservação. “Res Creata” (de Alessandro Cattaneo, Itália) é ensaio visual sobre a relação entre os seres humanos e os animais selecionado para os importantes festivais de documentários Visions du Rèel e Hot Docs. Narrado pelo ator e ativista ambiental Woody Harrelson, o longa-metragem norte-americano “Solo Fértil”, de Josh Tickell e Rebecca Harrell Tickell, aborda um grupo de ativistas, cientistas, agricultores e políticos que se unem em um movimento global por uma técnica de plantio cujo objetivo é equilibrar o clima, reabastecer o vasto suprimento de água e alimentar o mundo.
Cidades é eixo temático no qual estão reunidos seis títulos. O longa-metragem português “A Nossa Terra, o Nosso Altar”, de André Guiomar, premiado no Festival de Bilbao, é documentário intimista e observacional sobre o bairro do Aleixo, na cidade do Porto, vivendo processo de demolição que arrasta-se há anos. Coprodução entre a Alemanha e a Etiópia dirigida por Daniel Kötter, “A Leste de Finfinnee” foi premiado no Festival DOK Leipzig ao incursionar na periferia da capital etíope Adis Abeba, analisando o fosso mais do que simbólico entre o urbano e rural. “Ar Condicionado”, longa angolano assinado por Fradique e selecionado para o Festival de Roterdã, mistura realismo mágico e crítica social em um enredo sobre aparelhos de ar condicionado que começam a cair misteriosamente dos apartamentos na cidade de Luanda, capital do país. “Formas Concretas de Resistência”, coprodução entre Reino Unido e Líbano dirigida por Nick Jordan, focaliza obra arquitetônica de Oscar Niemeyer (1907-2012) em Trípoli para um evento que acabou não sendo realizado e se tornou um verdadeiro estorvo no meio da cidade. “Injustiça Climática”, de Judith Helfand, vincula a devastação de um desastre natural ao desastre do racismo estrutural a partir da pior onda de calor da história dos Estados Unidos vivida pela cidade de Chicago em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana. Já o canadense “Um Lugar Como Nenhum Outro”, dirigido por Lulu Wei, é um registro pessoal da transformação de um icônico quarteirão da cidade de Toronto, coletando histórias de membros de sua comunidade.
No eixo temático Economia estão quatro longas-metragens. “A Nova Corporação” é assinado pelo renomado escritor, músico de jazz, cineasta e professor Joel Bakan, em codireção com Jennifer Abbott. O filme revela como a aquisição corporativa da sociedade está sendo justificada pelas astutas ações estratégicas que buscam reposicionar corporações como entidades com consciência social. “Jogo do Poder”, do cineasta três vezes vencedor do Oscar Costa-Gavras, é baseado nas memórias do ex-ministro de finanças grego Yanis Varoufakis, co-roteirista do filme, e focaliza as razões para a crise na Grécia ter acontecido e como foi travada uma das mais espetaculares e controversas batalhas da história política. “O Capital no Século XXI”, de Justin Pemberton e Thomas Piketty, é coprodução França/Nova Zelândia que propõe uma viagem através da história moderna de nossas sociedades, contrapondo a riqueza e o poder de um lado e, do outro, o progresso social e as desigualdades. Já “Oeconomia”, dirigido por Carmen Losmann e selecionado para o Festival de Berlim, revela como as regras do jogo capitalista contemporâneo pré-condicionam sistematicamente o crescimento, os déficits e as concentrações de riqueza.
Seis filmes integram o eixo temático Povos & Lugares do Panorama Internacional Contemporâneo da Mostra Ecofalante de Cinema. Produção da Sérvia, “Até o Anoitecer”, de Maja Novaković, acumulou premiações em eventos nos Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça, Irã e Eslovênia ao retratar com poesia amarga a vida cotidiana nas colinas isoladas do país através de duas mulheres idosas. O português “Hálito Azul”, de Rodrigo Areias, focaliza uma vila de pescadores da ilha de São Miguel, nos Açores, que vive os últimos dias de uma atividade pesqueira tal como a conhecem. “Morning Star”, de Nantenaina Lova, é uma coprodução entre Madagascar e Ilha da Reunião que focaliza uma comunidade da região costeira e a importância cultural daquele espaço cobiçado pelo capitalismo. Já o italiano “Omelia Contadina”, de JR e Alice Rohrwachter, apresenta uma performance de camponeses que trazem trechos de textos de Pier Paolo Pasolini e Rachel Carson e foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem estrangeiro no Festival de Valladolid. Uma coprodução Reino Unido/Polônia/Espanha, “Pesca Roubada”, de Gosia Juszczak, lança um olhar sensível para a população pobre na Gambia, país africano onde pescadores e outros trabalhadores são afetados pelo extrativismo e pelo neocolonialismo chinês. O suíço “Sapelo”, de Nick Brandestini, focaliza a ilha de mesmo nome no estado da Georgia (Estados Unidos), que abriga comunidades afrodescendentes em desaparecimento. A obra foi vencedora do prêmio de melhor longa-metragem no Festival Visions du Réel, melhor documentário, melhor direção e prêmio especial do júri no Festival BendFilm (Oregon, EUA) e de melhor documentário no Festival Ojai da Califórnia.
Cinco produções estão reunidas no eixo temático Tecnologia. “A Campanha Contra o Clima” é uma coprodução Dinamarca/Finlândia/Noruega/Suíça/Bélgica dirigida por Mads Ellesøe que mostra como, em 1988, as maiores petroleiras do planeta detectaram o aquecimento global, mas, em vez de agir, lançaram uma campanha que há 30 anos atrapalha o combate à emergência climática, semeando dúvida onde antes havia unanimidade. “Coded Bias” (EUA/Reino Unido/China), de Shalini Kantayya, que foi eleito como o melhor documentário no Festival de Calgary, no Canadá, tem como protagonista a pesquisadora Joy Buolamwini, que descobriu serem as tecnologias de reconhecimento facial imprecisas em rostos de pele negra ou incorretas para mulheres. “Feels Good Man”, de Arthur Jones, foi vencedor do prêmio de melhor documentário de diretor estreante no Festival de Sundance ao contar a história de como o meme Pepe The Frog escapou do controle de seu criador e involuntariamente se tornou um símbolo de ódio, racismo e intolerância. Já “Influence”, coprodução da África do Sul e Canadá selecionada para o Festival de Sundance e dirigida por Richard Poplak e Diana Neille, focaliza Lord Timothy Bell, fundador da empresa de relações públicas Bell Pottinger, que ganhou destaque ao prestar serviços para políticos polêmicos e amorais, tendo usado a mídia como uma arma para influenciar as eleições – e subverter a democracia, como no Reino Unido e no Chile de Pinochet. “O Debatedor”, de Harry Spitzer e Joshua Davis, questiona sobre o que ocorre quando a inteligência artificial se aventura no mundo real do discurso humano e age mais como nós. O filme oferece um raro vislumbre dos bastidores da criação de uma nova e poderosa inteligência artificial.
Seis produções compõem o eixo temático Trabalho. “Cuidadoras a Caminho”, produção da Indonésia dirigida por Ismail Fahmi Lubis, focaliza um centro de treinamento para trabalhadoras domésticas que buscam ser empregadas no exterior. “Filipiñana” (Filipinas/Reino Unido), de Rafael Manuel, aborda a estratificação rígida da sociedade filipina a partir de uma jovem trabalhadora de um sofisticado clube e venceu o prêmio de melhor curta-metragem no Festival de Berlim. “Mulheres de Farda”, de Deirdre Fishel, foi selecionado nos importantes festivais de Tribeca e DOC NYC ao focalizar as histórias das mulheres policiais em Minneapolis (EUA) que tentam restaurar a confiança na comunidade. “Noite Adentro”, de Loira Limbal, investiga o fenômeno das creches norte-americanas que funcionam 24 horas por dia, resultado das extensas jornadas em diferentes empregos da população. “O Novo Evangelho”, de Milo Rau, propõe uma nova versão da crucificação de Cristo, desta vez interpretada por um ativista político camaronês Yvan Sagnet, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia. O filme é ao mesmo tempo uma gravação dos ensaios da peça e, fora do “palco”, uma documentação da luta de Sagnet e de seus compatriotas africanos por visibilidade e dignidade. Produção da República Tcheca dirigida por Jindřich Andrš, “O Último Turno” acompanha a difícil transição de um mineiro de meia idade em busca de uma nova profissão, após o fechamento da última mina da República Tcheca.
COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA
Foram selecionados para a Competição Latino-Americana 30 filmes, representando sete países da região: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela. O júri da seção é formado pela montadora Cristina Amaral (de “Serras da Desordem” e “Falsa Loira”, entre outros filmes), o cineasta indígena Takumã Kuikuro (codiretor do longa-metragem “As Hiper Mulheres”), a antropóloga e documentarista Junia Torres (organizadora do festival forumdoc.bh – Festival do Filme Etnográfico e Documentário de Belo Horizonte) e Mário Branquinho, diretor do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela (Seia, Portugal), um dos mais antigos eventos do mundo em sua categoria.
Está na seleção o longa-metragem brasileiro “Luz nos Trópicos”, dirigido por Paula Gaitán, selecionado para o Festival de Berlim e vencedor das competições do Festival de Lima e do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Ao longo de seus 260 minutos de duração, a obra acompanha um indígena nascido no exterior que retorna à terra de seus ancestrais, trazendo as cinzas do avô e o registro sonoro de sua voz gravada pouco antes de morrer. Já “Chico Rei Entre Nós”, de Joyce Prado, parte da história de um rei congolês que se tornou escravo e libertou a si mesmo e a seus súditos durante o Ciclo de Ouro em Minas Gerais para explorar os diversos ecos da escravidão brasileira na vida dos negros da atualidade. O filme foi vencedor do prêmio do público para documentário brasileiro e de menção honrosa do júri na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
“Edna” traz assinatura do diretor Eryk Rocha (de “Cinema Novo”, melhor documentário no Festival de Cannes) e transita entre real e imaginário. Focaliza uma moradora da rodovia Transbrasiliana e a guerra pela terra. Premiado internacionalmente, e com passagens pelos festivais IDFA-Amsterdã, MoMa Doc Fortnight, Thessaloniki Doc, Visions du Réel e DOXA (Canadá), “Meu Querido Supermercado” trata das suas dúvidas, afetos, medos e sonhos improváveis de funcionários de uma loja de supermercado. A diretora Tali Yankelevich registrou no local humor, drama, mistério, romance e até física quântica.
O cineasta Pedro Diógenes, dos premiados “Os Monstros” e “Estrada Para Ythaca”, trata em “Pajeú” de um riacho de Fortaleza de onde sai uma criatura que atormenta em pesadelos a protagonista da história. A obra foi eleita como melhor filme brasileiro do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e foi selecionada para o importante FidMarseille, na França. A dupla Marília Hughes e Cláudio Marques, do internacionalmente laureado “A Guerra do Algodão”, aborda em “Sobradinho” as lembranças de uma idosa, ex-moradora de uma cidade inundada por uma barragem na década de 1970 no interior do estado da Bahia.
“O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels”, de Tiago Carvalho, traz imagens inéditas registradas por Noel Nutels, que percorreu o Brasil tratando da saúde de indígenas, ribeirinhos e sertanejos. O filme inclui ainda o único registro da voz desse médico sanitarista, denunciando o que ele chamou de massacre histórico contra as populações indígenas. Por sua vez, “Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!” discute como a chegada dos brancos impactou severamente a vida dos povos indígenas. Se, por um lado, os secaram ou foram envenenados, animais fugiram ou foram extintos e as árvores começaram a cair, todavia os cânticos e as tradições permanecem. A produção, que tem direção assinada por Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, conquistou o prêmio de melhor filme da competição internacional no Festival de Sheffield.
Coprodução entre o Brasil e a Noruega, “MATA”, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes, denuncia o avanço das plantações de eucalipto e mostra como um agricultor e uma comunidade indígena se posicionam como resistência. O filme revela o impacto da monocultura no meio ambiente, em contraste aos modos de vida tradicionais. O impacto ambiental com a chegada do complexo portuário e industrial em Pernambuco está no centro de “Território Suape”, de Cecilia da Fonte, Laercio Portella e Marcelo Pedroso. O longa retrata ainda a vida na periferia e área rural do Cabo de Santo Agostinho, cidade de maior vulnerabilidade para o jovem negro no Brasil.
Um conjunto de curtas-metragens completa a presença brasileira na Competição Latino-Americana da Mostra Ecofalante de Cinema. O multipremiado “A Morte Branca do Feiticeiro Negro”, de Rodrigo Ribeiro, é um ensaio poético com as memórias do passado escravista brasileiro. “Afeto”, de Gabriela Gaia Meirelles e Tainá Medina, discute a ocupação feminina do espaço urbano, tendo sido eleito melhor filme experimental no BOGOSHORTS – Festival de Curtas de Bogotá. “Gilson”, curta premiado de Vitória Di Bonesso, mostra a desigualdade social através da trajetória de um entregador de aplicativo de delivery que precisa trabalhar durante a pandemia da covid-19. A crise sanitária também está presente em “Janelas Daqui”, de Luciano Vidigal e Arthur Sherman, no qual moradores da favela do Vidigal, Rio de Janeiro, relatam críticas, poesias e reflexões.
Grande vencedor da competição brasileira de curtas-metragens do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, “Yaõkwa – Imagem e Memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli (este, diretor de “Corumbiara” e “Martírio”) traz um ritual dos índios Enawenê Nawê em registros colhidos há 15 anos que são por eles agora revistos. Em “Topawa”, de Kamikia Ksedje e Simone Giovine, mulheres Parakanã (grupo que habita entre os rios do Tocantins e do Xingu) lembram do contato com os brancos a partir do trabalho de tecer redes com o fio do tucum, uma palmeira que cresce formando touceiras densas. “Tapajós Ameaçado”, de Thomaz Pedro, acompanha lideranças indígenas para apresentar as suas perspectivas em relação a uma série de megaprojetos que estão sendo planejados, como ferrovias, hidrovias, agronegócio, mineração e outros. Coprodução entre Brasil, França e Portugal selecionada para os festivais de Berlim e Roterdã, “Apiyemiyekî?”, de Ana Vaz, traz desenhos que retratam a memória visual coletiva do povo Waimiri-Atroari que foram utilizados com base na pedagogia crítica do educador e filósofo Paulo Freire.
Obra de circulação em eventos internacionais, “Kopacabana”, de Marcos Bonisson e Khalil Charif, propõe uma abordagem experimental elaborada através de uma colagem de imagens atuais e de arquivo, ambientada no bairro de Copacabana (Rio de Janeiro), contando com narração de Fausto Fawcett. “Mineiros”, de Amanda Dias, discute como a mineração está na raiz e na economia do estado de Minas Gerais. Baseado em memórias dos negros escravizados às margens do rio das Almas (Goiás), “Rio das Almas e Negras Memórias”, de Taize Inácia e Thaynara Rezende, é um musical que fabula sobre o violento processo que as pessoas negras foram acometidas.
O mexicano “499”, de Rodrigo Reyes, premiado no Festival de Tribeca, focaliza vítimas das guerras das drogas e retrata a atual crise humanitária do país por meio de depoimentos reais e personagens fictícios. Já no curta-metragem “O Submundo de Rogelio” (Álvaro Muñoz Sánchez, Colômbia) um trabalhador nas minas de enxofre tenta não ser mais uma vítima da lenda local, de que as vidas dos mineiros foram dadas ao diabo pelo descobridor do maior veio de enxofre da América Latina.
Produção mexicana dirigida por Adolfo Fierro e Juan González, o curta-metragem “Aká” traz as imagens criadas por um jovem do povo nativo Tarahumara, que se tornou o primeiro cinegrafista de sua cidade. Também curta mexicano, “Cascarita” (de Jimena Barrera) aborda a dependência de baterias como energia para nossos brinquedos.
Lançado no Festival de Sundance e premiado internacionalmente, o longa-metragem de Anabel Rodríguez “Era Uma Vez na Venezuela”, uma coprodução entre Venezuela, Reino Unido, Áustria e Brasil, registra a campanha para eleições parlamentares em uma vila de pescadores daquele país, confrontando uma líder chavista e uma opositora.
Já o peruano “Lagoa Negra” (de Felipe Esparza) teve estreia no Festival de Roterdã e passou por vitrines prestigiosas, como o festival New Directors | New Films. O filme, de 34 minutos de duração, tem as montanhas do Peru como foco, mostrando como elas constituem um espaço sagrado, cheio de dedicação e mistério.
O curta-metragem “Mundo”, da chilena Ana Edwards, foi selecionado para o IDFA-Amsterdã, considerado o mais importante festival internacional de documentários. A obra observa como a paisagem é remodelada por meio de noções evangélicas após a conversão de uma idosa da etnia aimará.
A representação argentina na competição inclui “Piedra Sola”, dirigido por Alejandro Telémaco Tarraf. O longa-metragem se passa na região da Cordilheira dos Andes e narra um encontro místico vivido por um encarregado de arrear e colocar a carga em lhamas entre seus ancestrais e a forma mutável do puma. A produção foi lançada no prestigioso Festival de Roterdã. Do mesmo país, “Twakana Yagan” (de Rodrigo Tenuta e Ignacio Leonidas) tem por cenário Ushuaia, na Terra do Fogo, onde vive a comunidade Yagán Paiakoala, referência de um povo ancestral que viveu por mais de 8.000 anos. Uma idosa lembra a música de seu avô, enquanto seus filhos embarcam em uma viagem a cavalo. O filme foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documental no MAAM DOCS – Mostra de Antropologia Visual de Madri.
Programa Especial- “TERRITÓRIOS URBANOS: SEGREGAÇÃO, VIOLÊNCIA E RESISTÊNCIA”
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Gramado e no Festival do Rio “À Margem da Imagem” (2003), de Evaldo Mocarzel, aborda o cotidiano dos moradores de rua da cidade de São Paulo, que criam, a partir de produtos e materiais descartados, uma ‘arquitetura’ e uma cultura própria. Produção mineira dirigida por Affonso Uchôa (de “Arábia”), “A Vizinhança do Tigre” (2014) acompanha o cotidiano de cinco jovens da periferia da região metropolitana de Belo Horizonte, divididos entre o trabalho e a diversão, o crime e a esperança. A obra foi premiada na Mostra Aurora, Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira e Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental de Goiânia. Selecionado para o Festival de Berlim, “Atos dos Homens” (2006), de Kiko Goifman (de “Bixa Travesty”), registra moradores da região da Baixada Fluminense logo após uma chacina na região. Já em “Auto de Resistência” (2018), vencedor do prêmio de melhor filme brasileiro no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, os diretores Natasha Neri e Lula Carvalho acompanham os casos de homicídios cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro classificados como “autos de resistência”, isto é, legítima defesa.
Consagrado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde conquistou 11 premiações, “Branco Sai, Preto Fica” (2014), é classificado por seu diretor, Adirley Queirós (de “A Cidade é Uma Só?”), como um documentário de ficção científica. O filme tem como protagonistas dois jovens feridos a tiros em um baile black e um personagem que vem do futuro para investigar o acontecido. “Corpo Delito” (2017), produção cearense dirigida por Pedro Rocha e selecionada para o Dok Leipzig – Festival Internacional de Documentário e Animação de Leipzig, acompanha o cotidiano de um jovem preso que acabou de passar pela progressão de regime e tem quem se adaptar ao uso de uma tornozeleira eletrônica, com todos os seus passos sendo monitorados. Já “Elevado 3.5” (2007), de João Sodré, Maíra Buhler e Paulo Pastorelo, eleito como melhor filme brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, focaliza o universo de pessoas que se cruzam ao longo dos 3,5 quilômetros do Elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão. “Era o Hotel Cambridge” (2016), de Eliane Caffé, transita no limite entre o documentário e a ficção ao narrar a trajetória de refugiados recém-chegados ao Brasil que, juntos com trabalhadores sem-teto, ocupam um velho edifício abandonado no centro da cidade de São Paulo. O filme conquistou o prêmio do público para filme brasileiro de ficção na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outras premiações.
Maria Augusta Ramos (de “O Processo”) fez em “Futuro Junho” (2015) um retrato de São Paulo a partir da vida de quatro de seus habitantes: um economista e analista do mercado financeiro, um metalúrgico da Volkswagen, um motoboy e um metroviário. Eles destacam um aspecto da economia em um período de tensão social nas semanas que antecedem a abertura dos jogos da Copa do Mundo FIFA de futebol. O longa foi eleito como melhor filme no Janela Internacional de Cinema do Recife. Em “Meu Corpo É Político” (2017), melhor filme brasileiro no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, a diretora Alice Riff acompanha o cotidiano de quatro militantes LGBTQIA+ que vivem em periferias de São Paulo. Já “Notícias de Uma Guerra Particular” (1999), de João Moreira Salles (de “Santiago”) e Katia Lund (codiretora de “Cidade de Deus”), focaliza a violência urbana na cidade do Rio de Janeiro, em um cenário de policiais corruptos, traficantes e usuários em que todos estão submetidos a uma grande guerra diária. A obra foi vencedora do prêmio de melhor filme da competição brasileira e menção especial da competição internacional no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. “O Caso do Homem Errado” (2017), de Camila de Moraes, recupera a história do jovem negro Júlio César de Melo Pinto, executado em Porto Alegre pela Polícia Militar nos anos 1980, e conquistou o prêmio de melhor filme no Festival Cine Latino de Punta del Este.
Em “O Prisioneiro da Grade de Ferro (Autorretratos)” (2003), o diretor Paulo Sacramento forneceu câmeras de vídeo a detentos da Casa de Detenção do Carandiru (São Paulo), obtendo um retrato do sistema carcerário brasileiro visto de dentro. O longa-metragem foi vencedor dos prêmios de melhor filme da competição internacional, melhor filme da competição brasileira, Prêmio ABD – Associação Brasileira de Documentaristas e Prêmio MinC no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, entre diversas outras láureas. Também vencedor do festival É Tudo Verdade, no qual conquistou o prêmio de melhor filme brasileiro e prêmio da crítica, “Mataram Meu Irmão” (2013), reconstitui detalhes da morte do irmão do diretor Cristiano Burlan, em uma jornada pessoal que revela certos padrões no círculo da violência atuante nos bairros da periferia paulistana. Em “O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas” (2000), produção pernambucana dirigida por Paulo Caldas (de Baile Perfumado”) e Marcelo Luna e selecionada para os festivais de Veneza e Roterdã, os protagonistas são dois jovens: um justiceiro acusado de matar 65 bandidos e um integrante de grupo de rap que é líder comunitário. Também de Pernambuco, “Um Lugar ao Sol” (2009), de Gabriel Mascaro (de “Boi Neon” e “Divino Amor”), obteve premiações em eventos na Argentina e no Chile ao focalizar moradores ricos que vivem muito acima do nível das ruas. O filme coloca em discussão o quanto o acesso a privilégios acaba criando realidades paralelas.
Especial Energia Nuclear – 35 Anos de Chernobyl, 10 Anos de Fukushima
Com a narração do ator norte-americano Willem Dafoe, a produção italiana “Fukushima: Uma História Nuclear” focaliza o trabalho de Pio d’Emilia, um dos primeiros jornalistas a chegar a Fukushima após o acidente na Central Nuclear e, depois anos de investigação, chegou à constatação de que o que salvou Tóquio da destruição foi o mau funcionamento de uma válvula. O alemão “Nuclear Forever”, de Carsten Rau, discute de onde deve vir, em tempos de emergência climática, a energia do futuro, já que a energia nuclear é uma opção controversa. “O Desastre de Chernobyl”, produção francesa dirigida por Thomas Johnson, reconstrói a batalha para evitar que uma segunda explosão ainda mais poderosa ocorresse após aquela que impactou um reator da usina nuclear de Chernobyl.
A produção francesa “O Rolo Número 11004”, de Mirabelle Fréville, recupera um surpreendente e impactante rolo de filme, até então censurado, feito oito meses após os bombardeios atômicos no Japão, ao final da Segunda Guerra Mundial. “Stalking Chernobyl”, de Iara Lee, vai à Zona de Exclusão de Chernobyl e encontra, três décadas após o maior acidente nuclear da história, a volta da vida selvagem ao local, ao lado de caminhantes ilegais, aficionados por esportes radicais, artistas e empresas de turismo.
CONCURSO CURTA ECOFALANTE
Dez títulos foram selecionados para o Concurso Curta Ecofalante: “Àprova”, de Natasha Rodrigues; “Beatmakers”, de Luciana Santos e Sabrina Emanuelly; “Casa dos Amigos”, de Lena Bertanin e Pedro Oliveira; “Efeito Zuvuya”, de Gabriel Guizani; “Letícia, Monte Bonito, 04”, de Julia Regis; “Não Toque, é Drag!”, de Gabriel Cabral; “Quarentena Pra Quem?”, de Laís Maciel e Isabella Vilela; “Remanescente”, de João Victor Avila; “Ver a China”, de Amanda Carvalho; e “Vila dos Pescadores – Da Pesca ao Povo”, de Cintia Neli da Silva Inacio e Geovanne Rafael V. da Silva.
serviço:
10ª Mostra Ecofalante de Cinema
de 11 de agosto a 14 de setembro de 2021
online e gratuita
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