7 de agosto de 2020

Em edição virtual, 9ª Mostra Ecofalante de Cinema apresenta 98 filmes de 24 países

* programação é totalmente gratuita e promove exibições e debates em plataformas digitais

* Mostra Ecofalante de Cinema acontece de 12/08 a 20/09 

* Panorama Internacional Contemporâneo reúne obras inéditas e com carreira em festivais como Cannes, Berlim, Sundance, Roterdã, IDFA-Amsterdã, Visions du Réel e Hot Docs

* Competição Latino-Americana destaca filmes recentes de diretores renomados, como Lírio Ferreira, Marcelo Gomes, Daniela Thomas, Jorge Bodanzky, Wolney Oliveira, Estêvão Ciavatta e Petrus Cariry

* Concurso Curta Ecofalante premia produção de estudantes brasileiros

* nova seção exibe títulos brasileiros clássicos e premiados dirigidos por Jorge Bodanzky, Silvio Tendler, Vincent Carelli, Hermano Penna, Aurélio Michiles, Marcelo Pedroso e Ricardo Dias

* entrevistas com dez diretores internacionais são disponibilizadas ao longo do evento 

De 12 de agosto a 20 de setembro, a Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 9ª edição de forma totalmente online e gratuita.  

A programação do mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais reúne 98 títulos, muitos deles inéditos no Brasil. No total, estão representadas as cinematografias de 24 países.

A grade de programação prevê novidades diárias, com até 11 diferentes sessões por dia. Ao longo das seis semanas do evento, os títulos ficam disponíveis sempre às 15h00, por períodos de 24 horas, com até cinco dias de exibições cada um. 

“Em junho deste ano já tivemos a experiência de realizar um festival online com o Especial Semana do Meio Ambiente, em parceria com a plataforma Videocamp, que contou com cinco filmes e seis debates exibidos no Facebook e no YouTube. Tivemos sessões em 490 cidades do Brasil e a participação de quase 30 mil pessoas nos filmes e debates”, conta Chico Guariba, diretor do festival. “Agora, levaremos nossa programação para três plataformas com o objetivo de democratizar ainda mais o acesso e atingir novos públicos”.

Todas as exibições e entrevistas poderão ser acessadas na plataforma Ecofalante pelo endereço www.ecofalante.org.br e os debates serão transmitidos ao vivo no Facebook (facebook.com/mostraecofalante) e no Youtube (youtube.com/mostraecofalante). Os filmes também poderão ser acessados pela Videocamp e pela Spcine Play.

“Botando pra Quebrar”, de Lech Kowalski

Os filmes programados trazem a assinatura de cineastas consagrados, como os brasileiros Lírio Ferreira (“Acqua Movie”), Daniela Thomas (“Tuã Ingugu (Olhos d’Água)”), Jorge Bodanzky (“Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra”), Wolney Oliveira (“Soldados da Borracha”), Estêvão Ciavatta (“Amazônia Sociedade Anônima”) e Petrus Cariry (“A Jangada de Welles”).

Estão incluídas obras selecionadas em eventos internacionais de prestígio, como o Festival de Cannes, onde foram apresentados o francês “Botando pra Quebrar”, de Lech Kowalski, exibido na Quinzena dos Realizadores, e o brasileiro Indianara”, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, que concorreu à Palma Queer. 

Estiveram na programação do Festival de Berlim “Patrimônio”, coprodução México/EUA dirigida por Lisa H. Jackson e Sarah Teale, o belga Ma’Ohi Nui”, de Annick Ghijzelings, e o brasileiro “Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes. 

Passaram pelo Festival de Sundance “Jawline: Ascensão e Queda de Austyn Tester”, de Liza Mandelup, e Dolores”, de Peter Bratt, ambas produções norte-americanas. Já na programação do Festival de Roterdã, na Holanda, foram incluídos o britânico O Futuro do Trabalho e da Morte”, de Sean Blacknell & Wayne Walsh, e o brasileiro “Perpétuo”, de Lorran Dias. 

Considerado o mais importante festival de documentários do mundo, o IDFA-Amsterdã exibiu “Golpe Corporativo”, coprodução Canadá/EUA dirigida por Fred Peabody, o francês “Os Senhores da Água”, de Jérôme Fritel, o polonês “A Baleia de Lorino”, de Maciej Cuske, o alemão “Olá, IA”, de Isa Willinger, “Indústria Russa” (República Tcheca), de Petr Horky, o colombiano “Suspensão”, de Simón Uribe, e o argentino “Suquía”, de Ezequiel Salinas.

Tradicional evento dedicado ao cinema documental criado em 1969 em Nyon, na Suíça, o festival Visions du Réel teve participação de “Tomates, Molho e Wagner”, longa-metragem grego de Marianne Economou, o chileno “Deus”, de Christopher Murray, Josefina Buschmann e Israel Pimentel, do colombiano “O Delegado”, de Samuel Moreno Alvarez, e “Os Despossuídos”, coprodução Canadá/Suíça dirigida por Mathieu Roy, todos incluídos na 9ª Mostra Ecofalante de Cinema

E no canadense Hot Docs, o maior festival documental da América do Norte, foram apresentados o iraniano “Exodus”, dirigido por Bahman Kiarostami (filho do importante cineasta Abbas Kiarostami), “Vulcão de Lama” (EUA), da vencedora do Oscar Cynthia Wade, aqui em parceria com Sasha Friedlander, o canadense “Beleza Tóxica”, de Phyllis Ellis, o sueco “Push: Ordem de Despejo”, de Fredrik Gertten, “O Mês Mais Quente”, coprodução EUA/Canadá assinada por Brett Story, e “Ouro da Morte”, produção da África do Sul dirigida pela dupla Catherine Meyburgh e Richard Pakleppa. 

“A Nova Era do Petróleo”, de Zach Toombs

ENTREVISTAS, DEBATES, MASTERCLASS E FORMAÇÃO

Uma série de dez entrevistas com diretores internacionais com filmes nesta edição da Mostra Ecofalante de Cinema é disponibilizada ao longo da programação. Com condução da jornalista Flávia Guerra, a série já tem confirmados os cineastas Lisa F. Jackson e Sarah Teale (de “Patrimônio”, México/EUA), Cynthia Wade e Sasha Friedlander (“Vulcão de Lama”, EUA), Fredrik Gertten (“Push: Ordem de Despejo”, Suécia), Jérôme Fritel (“Os Senhores da Água”, França), Marc Pierschel (“O Fim da Carne”, Alemanha ), Cosima Dannoritzer (“Ladrões do Tempo”, Espanha/França), Marianna Economou (“Tomates, Molho e Wagner”, Grécia) e Jared P. Scott (“A Era das Consequências”, EUA).

Também serão realizados debates virtuais, reunindo ativistas, cientistas e especialistas que discutem, entre outros temas, ativismo, consumo, economia, emergência climática, povos e lugares, tecnologia e trabalho. Entre os convidados estão a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, a ativista Preta Ferreira (MTST), Rodrigo Agostinho (Frente Parlamentar Ambientalista), Malu Ribeiro (Coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Ailton Krenak (liderança indígena), Ricardo Abramovay, professor de ciência ambiental na USP e sociólogo, Fabiana Alves (especialista de mudanças climáticas do Greenpeace Brasil), a ativista e jornalista Rebeca Lerer, Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), Paloma Costa Oliveira (Coordenadora do Engajamundo e assessora do ISA), o sociólogo Ricardo Antunes, Eduardo Santos, ativista vegano (Vegano Periférico), Rita von Hunty (do canal YouTube Tempero Drag) e Fábio Malini (professor e pesquisador sobre ciência de dados da Universidade Federal do Espírito Santo).

Os debates serão realizados sempre às quartas-feiras e sábados, conforme a programação abaixo:

15/08 (sábado), às 18h: Economia – Quando o Mercado Imobiliário Vira Commodity

19/08 (quarta), às 19h: Economia: Privatização da Água e Interesses Corporativos

22/08 (sábado), às 17h: Emergência climática: Emergência climática e Economia: O Grande Desafio 

26/08 (quarta), às 19h: Ativismo: Ativismo em Tempos Não-Democráticos

29/08 (sábado), às 19h: Trabalho: Aceleração da Precarização e Sinais de Resistência

02/09 (quarta), às 19h: Povos e Lugares: Migrações no século 21 

05/09 (sábado), às 19h: Consumo: É Possível Mudar o Paradigma do Consumo?

09/09 (quarta), às 19h: Tecnologia: Qual é a Real Influência dos Influencers?

A programação inclui ainda uma Masterclass com Cristina Amaral, responsável pela montagem de filmes de diretores como Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach, Edgard Navarro Filho, Carlos Adriano, Guilherme de Almeida Prado, Lina Chamie, Denoy de Oliveira, Joel Yamaji e Raquel Gerber, entre outros. A masterclass acontece no mês de setembro, em data e horário a serem anunciados. Já uma atividade de formação é ministrada pelo cineasta e curador Francisco Cesar Filho, diretor dos longas-metragens “Augustas” e “Futuro do Pretérito – Tropicalismo Now!” e organizador de diversos eventos. Em aula aberta a interessados, são abordados aspectos ligados à organização de mostras e festivais, como a formatação de projeto, curadoria, produção e comunicação, entre outros. A data, assim como o processo de inscrição dos interessados, serão divulgados oportunamente.  

“Ma’Ohi Nui”, de Annick Ghijzelings

PROGRAMAS

O cardápio da 9ª Mostra Ecofalante de Cinema está organizado nas seções Panorama Internacional Contemporâneo, que é dividida em sete temáticas e reúne obras inéditas e com carreira em importantes eventos internacionais, Competição Latino-Americana, que premia os melhores filmes com temática socioambiental da América Latina, Competição Curta Ecofalante, com curtas-metragens produzidos por estudantes, e Clássicos e Premiados, que estreia este ano e traz destaques da cinematografia brasileira voltada à temática socioambiental, reunindo documentários e longas-metragens de ficção produzidos entre 1974 e 2018.

Panorama Internacional Contemporâneo

Com 31 produções, sendo 16 inéditas no Brasil, o Panorama Internacional Contemporâneo traz representantes de 16 países. Sua programação é organizada em sete eixos temáticos. ‘Ativismo’ é representada por cinco filmes. “Dolores” (EUA), de Peter Bratt, ganhou repercussão no Festival de Sundance e premiações em São Francisco e Seattle ao focalizar Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos.  Apresentado no Festival de Berlim, “Patrimônio” (México/EUA) conta com direção da duplamente laureada com os Emmy Awards Lisa F. Jackson, aqui em parceria com Sarah Teale, e retrata a luta de uma pequena comunidade na costa pacífica mexicana contra um mega-empreendimento norte-americano. Inédito no Brasil, o emocionante “Sufocado” (Bélgica) acompanha a busca de seu diretor, Daniel Lambo, para descobrir a verdade sobre a perigosa indústria do amianto, que vitimou seu pai e muitos outros em sua aldeia na região de Flandres. A produção australiana “Triste Oceano”, de Karina Holden, foi destaque no reputado festival socioambiental Planet in Focus, do Canadá, ao alertar que metade de toda a vida marinha foi perdida nos últimos 40 anos e que em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos mares. “Vulcão de Lama” (EUA), co-dirigido pela vencedora do Oscar de documentário curto em 2008 Cynthia Wade em parceria com Sasha Friedlander, tem seu foco em uma jovem ativista em busca de justiça, que era criança quando atividades de extração de gás de xisto provocaram um tsunami de lama em ebulição que soterrou vilarejos de uma área industrial e residencial na Indonésia, desalojando mais de 60 mil pessoas. 

Sob o tema ‘consumo’, o Panorama Internacional Contemporâneo programou quatro longas-metragens. Inédito no Brasil, o canadense “Beleza Tóxica”, de Phyllis Ellis, alerta que o crescimento acelerado da indústria multi-bilionária de cosméticos tem um custo elevado e generalizada corrupção. Já “O Custo do Vício Digital” (EUA, de Sue Williams) aponta para o lado sombrio da indústria de smartphones, tablets e laptops, desde as funestas condições de trabalho na China às famílias infectadas nos Estados Unidos. O alemão “O Fim da Carne”, de Marc Pierschel, embarca em uma jornada para descobrir que efeito um mundo pós-carne teria no meio ambiente, nos animais e em nós mesmos. E a produção canadense “Superalimentos”, de Ann Shin, explora os fatos e mitos por trás dos superalimentos, propagandeados por suas propriedades nutricionais extraordinárias.

“O Fim da Carne”, de Marc Pierschel

No eixo temático ‘economia’ estão incluídos seis títulos. A coprodução EUA/Canadá “Golpe Corporativo”, esteve nos principais festivais de documentários (como IDFA-Amsterdã e Hot Docs) narra a história por trás do “golpe corporativo” que se deu muito antes das últimas eleições que levaram Donald Trump à presidência norte-americana. Seu diretor, Fred Peabody, venceu em 1989 o Emmy Awards. Coprodução entre a Espanha e a França, “O Custo do Transporte Global”, dirigido pelo vencedor de mais de 30 prêmios internacionais Denis Delestrac, é uma audaciosa investigação sobre o funcionamento e a regulamentação da indústria de transporte oceânico – que movimenta 90% dos bens que consumimos -, assim como os impactos socioambientais ocultos. Dirigido por Mathieu Roy como um misto de cinéma vérité e ensaio audiovisual, “Os Despossuídos” (Canadá/Suíça) promove uma jornada impressionista que nos revela, em uma era de agricultura industrializada, a luta diária da classe camponesa faminta. Já o francês “Os Senhores da Água”, dirigido por Jérôme Fritel e inédito em nosso país, discute a cada vez mais explosiva demanda por água e o novo mercado em torno desse bem, com bancos, fundos de investimento e fundos de hedge investindo bilhões de euros. Realização sueca, “Push: Ordem de Despejo”, de Fredrik Gertten, discute como os preços das casas estão subindo rapidamente nas cidades ao redor do mundo, enquanto os rendimentos não acompanham esse aumento. O filme acompanha Leilani Farha, relatora especial da ONU sobre habitações adequadas, enquanto viaja pelo mundo, tentando entender quem está sendo expulso da cidade e por quê.  Também inédito no país, e indicado oficial da Grécia ao Oscar de melhor filme internacional, “Tomates, Molho e Wagner”, segundo a diretora Marianna Economou, mostra o que acontece quando tomates orgânicos encontram a música de Wagner e uma energia incrível invade os arredores de uma pequena vila, até então condenada ao desaparecimento. 

‘Emergência climática’ é eixo temático integrado por quatro longas. “A Era das Consequências” (EUA) investiga, pelas lentes da Segurança Nacional norte-americana, os impactos das mudanças climáticas em conflitos ao redor do mundo, revelando como a escassez de água e alimentos, a seca, as condições climáticas extremas e a elevação do nível do mar funcionam como “catalisadores de conflitos”. O filme é assinado por Jared P. Scott, mesmo diretor de “A Grande Muralha Verde”, documentário produzido por Fernando Meirelles. Obra do diretor indicado aos Emmy Awards Zach Toombs, “A Nova Era do Petróleo” (EUA) traz jornalistas investigativos, cientistas e cidadãos analisando as conseqüências de um novo boom norte-americano de combustíveis fósseis. Produção francesa inédita no Brasil que rodou inúmeros festivais pelo mundo, com direção de Jean-Robert Viallet, “Breakpoint: Uma Outra História do Progresso” analisa 200 anos de desenvolvimento para fornecer uma visão alternativa de nossa história do progresso. Em “O Mês Mais Quente” (EUA/Canadá), obra inédita no Brasil, a diretora Brett Story aponta sua lente observacional para a cidade de Nova York e seus arredores durante o mês de agosto de 2017, permitindo que moradores reflitam sobre o futuro à luz do governo Trump e de demonstrações de supremacistas brancos enquanto incêndios e furacões se abatem nas duas costas do país.

‘Povos&Lugares’ é tradicional eixo temático da Mostra Ecofalante de Cinema que em 2020 traz quatro longas-metragens. “A Baleia de Lorino” é média-metragem polonês inédito no Brasil com direção de Maciej Cuske que se passa numa região remota do extremo nordeste da Sibéria onde as baleias ameaçadas de extinção ainda são caçadas, não apenas por uma questão de tradição, mas também por necessidade. Também inédito nas telas brasileiras, o iraniano “Exodus” é dirigido por Bahman Kiarostami (filho do cineasta Abbas Kiarostami) e tem a canção homônima de Bob Marley na trilha sonora. O filme observa um centro de migração em Teerã, onde passam milhares de imigrantes ilegais que saem do país. Tendo merecido première internacional no Festival de Berlim, a produção belga “Ma’Ohi Nui”, de Annick Ghijzelings, oferece um vislumbre poético do Taiti contemporâneo e das lutas coloniais que seu povo ainda enfrenta, enquanto resistem para sustentar seu modo de vida. Já “Memórias do Oriente” (Finlândia), de Niklas Kullström e Marti Kaartinen, é um surpreendente filme de viagem no Extremo Oriente, na Mongólia e no Japão atuais. Eleito como melhor documentário no Festival de Monterrey, ele recupera a história das viagens do linguista e diplomata finlandês G. J. Ramstedt ao velho mundo das crenças e tradições do final do século 19, um mundo hoje substituído por ideologias e pela economia de mercado. 

“Memórias do Oriente”, de Niklas Kullström e Marti Kaartinen

O eixo temático ‘tecnologia’ do Panorama Internacional Contemporâneo reúne quatro obras sobre o assunto. “Bebês do Futuro” (Áustria), de Maria Arlamovsky, mostra como o que começou como uma tentativa de ajudar casais inférteis a terem filhos é hoje um lucrativo negócio de ‘bebês industrializados’. O filme, exibido nos festivais Hot Docs (Canadá) e Dok Leipzig (Alemanha), nos leva a pacientes, pesquisadores, doadores de óvulos, mães de aluguel, clínicas e laboratórios, e nos faz perguntar: quão longe queremos ir? Já “Jawline: Ascensão e Queda de Austyn Tester” (EUA), de Liza Mandelup, segue uma estrela de 16 anos em ascensão no ecossistema de transmissão ao vivo via internet que construiu sua base de seguidores com otimismo e desejo de meninas adolescentes, enquanto ele próprio tenta escapar de uma vida sem saída na zona rural do Tennessee. Inédito no Brasil, o longa foi selecionado no IDFA-Amsterdã e foi premiado no Festival de Sundance. “O Futuro do Trabalho e da Morte”, produção do Reino Unido exibida no prestigioso Festival de Roterdã, tem direção de Sean Blacknell e Wayne Walsh e explora os impactos que a tecnologia do futuro pode vir a ter sobre duas características intrínsecas à experiência humana: o trabalho e a morte. O longa alemão “Olá, IA”, de Isa Willinger, é outro inédito no Brasil, tendo passado nos festivais IDFA-Amsterdã, Visions du Réel e Hot Docs. Focaliza a evolução da robótica e como os humanos estão se tornando cada vez mais expostos à inteligência artificial em suas vidas diárias. 

O eixo temático ‘trabalho’ apresenta quatro filmes (dois longas-metragens e dois médias-metragens), todos inéditos no Brasil. O francês “Botando pra Quebrar”, de Lech Kowalski, foi exibido no Festival de Cannes e acompanha os fatos que se sucederam quando uma fábrica de autopeças, prestes a fechar sem oferecer qualquer solução aos seus 277 funcionários, e estes ameaçaram explodir as instalações da empresa. “Indústria Russa” (República Tcheca), de Petr Horky, é uma sátira espirituosa que vê uma fábrica de automóveis e uma das maiores empresas estatais russa como um microcosmo da sociedade daquele país. Dirigido por Cosima Dannoritzer (de “A Tragédia do Lixo Eletrônico”, exibido na Mostra Ecofalante de Cinema), “Ladrões do Tempo” é uma coprodução Espanha/França que investiga como o tempo se tornou uma nova fonte cobiçada. A obra ouve especialistas para revelar o quanto a monetização do tempo, por um sistema econômico agora predominante, afeta a vida cotidiana. Selecionado para o festival Hot Docs e premiado em eventos internacionais, o longa sul-africano “Ouro da Morte”, de Catherine Meyburgh e Richard Pakleppa, retrata como comunidades de mineração da África do Sul enfrentam grave pobreza e a maior epidemia mundial de silicose e tuberculose causada pela exposição ao pó de sílica. O verdadeiro custo da riqueza daquele país é revelado pela justaposição das histórias atuais dos garimpeiros com material de arquivo como documentários industriais e filmes de propaganda. 

Competição Latino-Americana

Com um total de 25 títulos, produzidos na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, a Competição Latino-Americana reúne sete obras inéditas no Brasil e outras três nunca exibidas em festivais. O melhor longa-metragem é premiado com R$ 15 mil e o melhor curta ou média-metragem com R$ 5 mil, categorias que recebem também o prêmio do público. O júri é formado pelos cineastas Caru Alves de Souza (“Meu Nome é Bagdá”), Beth Formaggine (“Angeli 24 Horas”) e Kiko Goifman (“33”).

“Estou me guardando para quando o carnaval chegar”, de Marcelo Gomes

Entre os destaques desta seção está “Acqua Movie”, mais recente longa-metragem do pernambucano Lírio Ferreira (de “Baile Perfumado”), com roteiro assinado por ele, Paula Caldas e Marcelo Gomes. No elenco estão Alessandra Negrini, Guilherme Weber e Marcélia Cartaxo e o enredo acompanha um garoto de 12 anos que fez uma longa viagem com a mãe pelo Nordeste do país, para levar as cinzas do pai até sua cidade natal. Em “Amazônia Sociedade Anônima”, o diretor Estêvão Ciavatta focaliza índios e ribeirinhos que, em uma união inédita liderada pelo Cacique Juarez Saw Munduruku, enfrentam máfias de roubo de terras e desmatamento ilegal para salvar a floresta Amazônica. Já o cineasta Marcelo Gomes aborda a cidade de Toritama, em Pernambuco, em “Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”. Na localidade, a cada ano, mais de 20 milhões de jeans são produzidos em fábricas de fundo de quintal e os moradores trabalham sem parar, orgulhosos de serem os donos do seu próprio tempo. A obra selecionado para o IDFA-Amsterdã, considerado o mais importante festival de documentários do mundo.

“Indianara”, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, tem como protagonista uma militante pela sobrevivência das pessoas transgêneras no Brasil; teve sua estreia no badalado Festival de Cannes e conquistou o prêmio do público no Festival Brésil en Mouvement, em Paris. A atribulada passagem do diretor Orson Welles no Brasil para as filmagens do longa “It´s All True”, quando, em um acidente, morreu o líder de pescadores cearenses, está no centro de “A Jangada de Welles”, de Firmino Holanda e Petrus Cariry. A obra, exibida no Festival de Havana, evoca ainda memórias do Estado Novo e a luta dos jangadeiros por direitos trabalhistas. Também produção do Ceará, “Soldados da Borracha, de Wolney Oliveira, resgata a saga de cerca de 60 mil brasileiros, enviados para a região amazônica durante a Segunda Guerra Mundial, em mirabolante plano para extrair látex, material estratégico imprescindível para a vitória dos Aliados. 

Produção colombiana, “Suspensão”, de Simón Uribe, revela uma ponte abandonada em plena selva, um trabalho de infraestrutura que não leva a lugar nenhum. Essa situação absurda é vivida por trabalhadores, engenheiros e turistas. Já o chileno inédito no Brasil “Deus” esteve em vitrines internacionais prestigiosas, como os festivais Dok Leipzig, Toulouse, DocMontevideo e Visions du Réel, onde conquistou o prêmio de melhor filme pelo júri jovem do evento. Dirigido por Christopher Murray, Josefina Buschmann e Israel Pimentel, aborda a visita do Papa ao Chile, em 2018, onde o país vivia a maior crise religiosa de sua história.

“Tuã Ingugu”, de Daniela Thomas

Entre os médias e curtas-metragens da Competição Latino-Americana destaca-se “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra” (de Jorge Bodanzky com co-direção e fotografia de João Farkas), e Tuã Ingugu”, de Daniela Thomas (codiretora de “Linha de Passe”, selecionado para o Festival de Cannes). O primeiro leva para a tela, por meio do personagem central que dá nome à obra, sua luta diária para sobreviver diante das consequências do assoreamento do Rio Taquari, no Mato Grosso do Sul. Já Tuã Ingugu” trata da cosmogonia dos Kalapalo, etnia que vive no parque indígena do Xingú, para a qual a água é tão antiga quanto os humanos e é a fonte da vida.

Também competem o colombiano “O Delegado”, de Samuel Moreno Alvarez, e os argentinos “C.I.T.A. (Cooperativa Industrial Têxtil Argentina)”, um relato da resistência de um grupo de trabalhadores industriais diante das políticas neoliberais que foi destaque em diversos festivais internacionais, “Suquía”, selecionado para o festival IDFA-Amsterdã e inédito no Brasil, e “O Fogo que Vimos”, uma abordagem poética sobre o trabalho de brigadistas que enfrentam incêndios florestais. Na seção estão ainda as coproduções “O Levante dos Andes – A Cidade-tampão que se Reinventa Através da Arquitetura” (Alemanha/Bolívia), inédito no Brasil e grande vencedor no Festival Latino-Americano de Bahia Blanca, e “Mamapara” (Peru/Argentina), de Alberto Flores Vilca, selecionado para Clermont-Ferrand, o mais renomado festival internacional de curtas.

Completam a seleção competitiva os curtas-metragens brasileiros “Resplendor”, de Claudia Nunes e Erico Rassi, que recebeu menção honrosa no festival visões Periféricas, “Por Trás da Cortina Verde”, de Caio Silva Ferraz e Paulo Plá, sobre a realidade enfrentada pelas comunidades camponesas da região do Alto Vale do Jequitinhonha (MG), “Caranguejo Rei”, de Enock Carvalho e Matheus Farias, exibido em eventos na França, Reino Unido, Colômbia, México e China, “Guaxuma”, de Nara Normande, vencedor do Festival de Gramado e premiado nos EUA, Reino Unido, Portugal e na Suíça, “Liberdade”, sobre imigrantes que vivem no bairro homônimo na cidade de São Paulo, premiado no Festival de Brasília, “Mitos Indígenas em Travessia”,  que reúne histórias indígenas dos tempos antigos de diferentes etnias, “Nove Águas”, realização do Quilombo dos Marques, e “Nova Iorque, Mais Uma Cidade”, sobre uma a participação de uma jovem realizadora audiovisual do povo Guarani Mbya em um dos maiores festivais de cinema etnográficos do mundo, o Margaret Mead Film Festival, em Nova York.

“Deus”, de Christopher Murray, Josefina Buschmann e Israel Pimentel

Concurso Curta Ecofalante

O Concurso Curta Ecofalante reúne filmes de curta duração realizados por estudantes brasileiros. Concorrem ao prêmio de melhor filme, no valor de R$ 4 mil, além do prêmio do público, 24 produções. Nesta edição, que tem apoio do WWF-Brasil, os filmes inscritos precisavam abordar temáticas relacionadas a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU na Agenda 2030 – são 17 objetivos que abrangem temas como erradicação da pobreza, saúde de qualidade, combate às mudanças climáticas e igualdade de gênero.

As obras são avaliadas por um júri composto pelo cineasta Felipe André Silva (de “Passou”), a pesquisadora e curadora Kênia Freitas e Gabriela Yamaguchi, diretora da Sociedade Engajada da WWF-Brasil. Foram selecionados 10 títulos totalmente inéditos em festivais: “Ângelo” (de Mariana Machado), “Cancha – Domingo é Dia de Jogo” (Welyton Crestani), “Cerrado de Volta: A Restauração na Chapada dos Veadeiros” (Cleisyane Quintino), “Cidade De Quem Corre” (Fernando Martins), “Como Se Fossem Máquinas” (João de Mari), “Contratempos” (Matheus Santos), “Correntes (Charles dos Santos), “Desculpe Interromper o Silêncio de Sua Viagem (Maiara Astarte), “Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito” (Clea Torres e João Paulo Fernandes) e “Vidas que Correm” (do Coletivo de Alunos, de Jundiaí, SP). Os demais 14 curtas que completam a competição integraram eventos no Brasil ou no exterior: “Beat é Protesto – O Funk pela Ótica Feminina” (de Mayara Efe; selecionado para os festivais MixBrasil, In-Edit Brasil e Curta Brasília), “Perpétuo” (Lorran Dias; esteve nos festivais de Roterdã, na Holanda, e Santa Maria da Feira, em Portugal), “O Verbo se Fez Carne” (Ziel Karapotó; premiado no RECIFEST – Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero), Cantos de Origem” (Marcella Ferrari, Brenda Zacharias, Paulina Meza, Chico Sales e Gislene Nogueira; Filmworks Film Festival), “Cor de Pele” (Larissa Barbosa, 3 Margens: Festival Latino-Americano de Cinema), “Elemento Suspeito” (Gustavo Paixão, Curta Taquary), “Estado de Neblina” (Bruno Ramos; Mostra de Tiradentes), “Entre Mães” (Nicoly Cruvinel, Lift Off Global Network – First-Time Filmmaker Sessions), “Hoje Eu Não Fico no Vestiário” (Nicole Lopes; Curta Pinhais – FESTCINE), “Hoje Sou Felicidade” (João Luís e Tiago Aguiar; Festival de Taquatinga), “O Garoto do Fim do Mundo” (Antônio Victor e Lailson Brito; Panorama Coisa de Cinema), “Vivi Lobo e o Quarto Mágico” (Isabelle Santos e Edu MZ Camargo; premiado no Cine PE – Festival do Audiovisual) e “Nem Puta Nem Santa” (Alana Ferreira) e “De Canto Em Canto” (Júlia Maria), ambos exibidos no Festival de Cinema Filmaê.

Clássicos e Premiados

Clássicos e Premiados é um novo programa da Mostra Ecofalante de Cinema. São 18 filmes considerados clássicos do cinema socioambiental brasileiro ou que foram premiados em eventos no Brasil e no exterior. O cineasta Jorge Bodanzky está presente com oito obras: três codireções com Wolf Gauer – “Os Mucker” (1978), “Jari” (1979) e “O Terceiro Milênio (1981) –, além de “Iracema – Uma Transa Amazônica” (1974, codirigido com Orlando Senna), “Navegaramazônia – Uma Viagem com Jorge Mautner” (2006, codirigido com Evaldo Mocarzel), “No Meio do Rio, Entre as Árvores (2009), “Era Uma Vez Iracema” (2015) e “Pandemonium” (2010). No programa estão produções assinadas por Vincent Carelli (“Corumbiara”, 2009, e “Martírio”, 2016, codirigido por Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida), Silvio Tendler (“Dedo na Ferida”, 2017), Hermano Penna (“Fronteira das Almas”, 1988, e “Mário”, 1999), Aurélio Michiles (“O Cineasta da Selva”, 1997), Marcelo Pedroso (“Brasil S/A”, 2014), Ricardo Dias (“No Rio das Amazonas” 1995), Márcio Isensee e Sá (“Sob a Pata do Boi”, 2018) e o trio André Campos, Carlos Juliano Barros e Caue Angeli (“Não Respire – Contém Amianto” (2017). 

“Corumbiara”, de Vincent Carelli

Quatro obras foram premiadas em edições anteriores da Competição Latino-Americana da Mostra Ecofalante de Cinema: “Brasil S/A” (melhor filme em 2015), “Não Respire – Contém Amianto” (prêmio do público, 2017), “Sob a Pata do Boi” (menção honrosa para curta e média-metragem, 2018) e “Dedo na Ferida” (melhor filme, 2018). 

Uma apresentação do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo – por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – e da Ecofalante, a Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada através da Lei de Incentivo à Cultura e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC). Tem patrocínio do Mercado Livre, da Spcine e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e apoio da White Martins, Kimberly Clark e Pepsico. É uma produção da Doc & Outras Coisas e co-produção da Química Cultural. A realização é da Ecofalante, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Ministério do Turismo e do Governo Federal.

O evento tem apoio institucional dos seguintes parceiros: Videocamp, Instituto Socioambiental (ISA), WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Brasil no Clima, CDP, Greenpeace Brasil, Le Monde Diplomatique Brasil, Revista Piauí, Observatório do Clima, ClimaInfo, Envolverde, GIFE, eCycle, Editora Horizonte, GreenMe, Instituto Chão, IAB-SP, IDS, Autossustentável, Engajamundo, Iniciativa Verde, Conexão Planeta, PorQueNão?, Fórum Popular da Natureza,  Fórum Social Américas das Migrações e Fórum Internacional Fontié ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas.

A Mostra Ecofalante de Cinema pode ser acessada através dos seguintes links:

facebook.com/mostraecofalante

twitter.com/MostraEco

instagram.com/mostraecofalante

www.ecofalante.org.br

Atendimento à Imprensa:

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