RETROSPECTIVA DE OBRAS FEMINISTAS É UMA DAS ATRAÇÕES
* evento acontece de 29/05 a 11/06 em 49 salas de cinema e espaços culturais e educacionais da cidade de São Paulo, com entrada franca
* “O Efeito Casa Branca”, produção norte-americana dirigida pela dupla Bonni Cohen e Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kos, abre a programação
* retrospectiva “1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)” celebra os 50 anos de um marco histórico
* cineasta brasileiro Hermano Penna, de “Sargento Getúlio”, é o homenageado do ano
* filmes e debates discutem mudanças climáticas, contaminação, migração, tecnologia, ativismo, questões urbanas e direitos dos povos originários
* cineastas mulheres assinam a direção de 78 dos filmes programados, ou 62,4% do total
* participam obras selecionadas para os festivais de Cannes, Berlim, Veneza, Sundance, Tribeca, Locarno, IDFA-Amsterdã, DOC NYC, Visions du Réel e CPH:DOX
* mostra competitiva Territórios e Memória premia produção brasileira recente
* francês Cyril Dion tem presença confirmada, apresenta seus longas de sucesso, “Animal” e “Amanhã”, e conversa com o público brasileiro sobre o papel do cinema no engajamento pela sustentabilidade
* programa especial exibe curtas da Katahirine, rede audiovisual de mulheres indígenas, e promove encontro em torno desse cinema
* realizações de cursos audiovisuais concorrem no Concurso Curta Ecofalante
* Jorge Bodansky, Ana Maria Magalhães, Lucas Bambozzi, Helena Solberg, Renato Barbieri, Taís Fujinaga, Eryk Rocha, Eunice Gutman e André Novais Oliveira são alguns dos cineastas brasileiros participantes
* sessões de pré-estreia exibem longas brasileiros inéditos
* Mostra Ecofalante e FIFE, festival francês dedicado ao cinema e educação, firmam parceria com sessão infantojuvenil e encontro com seu programador, Bernard Kuhn
* sessões infantis e trabalho em realidade virtual completam a seleção
* festival é uma realização da Ecofalante e conta com patrocínio da White Martins, Itaú e da Spcine
Reconhecido como o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, a 14ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema apresenta uma seleção de 125 filmes representando 33 países. As projeções, debates e encontros do evento acontecem de 29 de maio a 11 de junho, com entrada franca. Cineastas mulheres assinam a direção de 78 dos filmes, ou 62,4% do total.
Integram o circuito do festival um total de 49 pontos de exibição: Reserva Cultural (com duas salas), Circuito Spcine Lima Barreto (no Centro Cultural São Paulo) e Cine Satyros Bijou, além de 45 espaços culturais e educacionais, como Fábricas de Cultura, Casas de Cultura, unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), universidades e outras instituições de ensino superior.
A programação inclui filmes e debates que discutem temas socioambientais atuais e urgentes, como emergência climática, contaminação, migração, ativismo e questões ligadas aos povos originários. Estão presentes obras que marcaram presença nos festivais de Cannes, Berlim, Veneza, Sundance, Tribeca, Locarno e IDFA-Amsterdã, entre outros eventos prestigiosos.
“O Efeito Casa Branca”, produção norte-americana, inédita em São Paulo, dirigida pela dupla Bonni Cohen e Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kos, abre a 14ª Mostra Ecofalante de Cinema, no dia 28 de maio. O documentário, que foi destaque no IDFA-Amsterdã, CPH:DOX (Copenhague) e DOC NYC (Nova York), mostra como, há três décadas, o mundo estava pronto para deter o aquecimento global, mas uma batalha política no governo do presidente George H. W. Bush (1988-1992) mudou o curso da história.

Em sintonia com uma edição em que se destaca a forte presença de filmes dirigidos por mulheres, o Panorama Histórico da 14ª Mostra Ecofalante de Cinema chama atenção para uma produção marcada pelo engajamento político e feminista dessas cineastas em uma inédita retrospectiva intitulada “1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)”. A programação marca os 50 anos do Ano Internacional da Mulher, declarado pela ONU em 1975, e reúne obras assinadas por consagradas diretoras, como a húngara Márta Mészáros, a georgiana Lana Gogoberidze, a alemã Helke Sander e as norte-americanas Lizzie Borden, Joyce Chopra e Claudia Weill, além das brasileiras Helena Solberg, Ana Maria Magalhães e Eunice Gutman.
Os 80 anos do cineasta brasileiro Hermano Penna também são celebrados pelo evento, com uma programação que inclui o clássico “Sargento Getúlio” (1980), filme protagonizado por Lima Duarte, além de outras obras importantes, como “Fronteira das Almas”(1987) e “Voo Cego Rumo Sul” (2004). Está previsto um encontro com o diretor e com a presença de Lima Duarte, no domingo, dia 1º/06, às 18h30, no Reserva Cultural, logo após a sessão de “Sargento Getúlio”.
Com 32 filmes em sua seleção, o Panorama Internacional Contemporâneo está organizado em seis programas temáticos e dois programas especiais. Cada um deles é foco de um debate específico durante o festival, totalizando oito encontros com especialistas em torno dos temas Ativismo, Contaminação, Economia e Emergência Climática, Migração, Povos & Lugares, Povos Originários, Cidades e Tecnologia.
Títulos laureados em eventos internacionais estão programados nessa seção. “Favoriten”, da austríaca Ruth Beckermann foi premiado no Festival de Berlim com Peace Film Award; o canadense “Yintah” conquistou o prêmio do público no importante festival Hot Docs; “Neve Negra”, uma coprodução EUA/Dinamarca dirigida por Alina Simone, mereceu o Prêmio Futuro Sustentável do Festival de Sydney; eleito como melhor documentário no Festival de Boston, “Democracia Noir” expõe a corrupção e as mentiras na Hungria de Viktor Orbán; e Made in Ethiopia” foi vencedor de menção especial do júri no badalado Festival de Tribeca.
Outra atração do Panorama Internacional Contemporâneo é a produção norte-americana lançada no Festival de Sundance “Rigoroso Escrutínio”, que acompanha as batalhas judiciais de um advogado de direitos civis contra leis transfóbicas e em favor dos direitos de pessoas trans. Sua exibição, em 02/06, é acompanhada de debate sobre o tema Ativismo, com a bióloga e ativista climática trans Vitória Pinheiro e outros convidados a confirmar.

Contaminação é o assunto abordado no longa-metragem “Feitos de Plástico”, produção canadense que causou sensação no Festival SXSW ao acompanhar a investigação sobre o impacto dos microplásticos nos corpos humanos. A exibição deste filme também será seguida de um debate sobre o tema, a ser realizado no dia 03/06.
Na mesma seção do festival, o premiado “Nossa Terra, Nossa Liberdade” revela as atrocidades do colonialismo britânico no Quênia e como ativistas contemporâneos se organizam para buscar reparação histórica e recuperar suas terras ancestrais. O filme inspira o debate sobre a temática Povos & Lugares, organizado pelo evento no dia 10/06.
Questões relacionadas à luta e às violências históricas sofridas pelos povos originários também são tratadas no Panorama Internacional Contemporâneo. No chileno “Memória Implacável”, uma acadêmica Mapuche descobre em um arquivo de Berlim testemunhos de prisioneiros de sua etnia expulsos de seus territórios ancestrais durante as invasões que fundaram a Argentina e o Chile. Em “Desterrar” (EUA), pescadores e membros de conselhos tribais indígenas enfrentam a ameaça da maior mina de cobre da América do Norte. O filme levanta reflexões sobre a resistência dos povos originários diante das grandes empresas mineradoras, temática que será aprofundada no debate que acontece no dia 29/05.
Outros dois documentários internacionais de destaque suscitam debates organizados pela Mostra Ecofalante de Cinema: “Slumlord Millionaire” e “O Jogo da Mente”, que fazem parte dos Programas Especiais Internacionais. O primeiro filme é uma produção dos EUA, vencedor do prêmio do público no festival DOC NYC, que focaliza a luta contra proprietários e incorporadores corruptos nos bairros de Nova York que mais rapidamente vêm sofrendo com a gentrificação. O debate do qual o filme é o ponto de partida acontece no dia 30/05. Por sua vez, “O Jogo da Mente” acompanha um dos principais laboratórios de IA no mundo, liderado por Demis Hassabis, em sua busca por desenvolver tecnologias capazes de ampliar — ou até superar — as habilidades humanas. O debate suscitado pelo filme acontece no dia 05/06.

Este ano, a Mostra Ecofalante de Cinema conta com a presença de convidados internacionais. O cineasta, escritor e ativista francês Cyril Dion acompanhará a exibição de seus dois longas – grandes sucessos de público e exibidos em outras edições do festival – “Amanhã” e “Animal”. Ele também participa de um encontro aberto ao público para discutir o potencial do cinema na construção de narrativas capazes de engajar e sensibilizar para a sustentabilidade. O segundo convidado é Bernard Kuhn, programador do FIFE – Festival Internacional do Filme de Educação, evento francês parceiro da Ecofalante que assina a curadoria de uma sessão especial de curtas infantojuvenis. Kuhn apresenta a sessão e conversa com o público após a projeção.
Duas competições premiam com valores de até R$ 20 mil obras recentes brasileiras. O panorama Territórios e Memória reúne 14 longas e 22 curtas-metragens produzidos em diversas regiões do país, enquanto o Concurso Curta Ecofalante traz 20 curtas realizados por estudantes de cursos audiovisuais brasileiros.
Já os Programas Especiais Brasileiros promovem pré-estreias de três longas-metragens inéditos, apresentam curtas dirigidos por cineastas da Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas e o longa “Um Olhar Inquieto: O Cinema de Jorge Bodanzky”. As sessões são seguidas de bate-papo com as equipes dos filmes.
O longa “Antes do Último Voo”, uma das pré-estreias brasileiras, é o ponto de partida de um dos debates da mostra, em torno do tema Migração. O filme mostra a dramática situação da sul-africana Nduduzo Siba, que vê sua promissora carreira musical ameaçada por um processo de expulsão do Brasil. A discussão acontece no dia 06/06.

Os outros filmes em pré-estreia são “Amazônia Azul”, uma investigação sobre questões polêmicas nos nos mares brasileiros que faz parte do catálogo do PEU – Programa Ecofalante Universidade; “Comida Para Quem Precisa”, sobre o combate à fome no Brasil; e “O Monstro de Ferro Contra o Sul da Bahia”, que denuncia o impacto causado pela construção de um porto de escoamento de minérios sobre o meio ambiente do litoral sul da Bahia.
Completam a grade “HUMAN”, um trabalho em realidade virtual que fica disponível no Centro Cultural São Paulo, e sessões infantojuvenis, incluindo o longa brasileiro “Thiago & Ísis e Os Biomas do Brasil” e curtas selecionados a partir de uma carta branca ao FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação.

A 14ª Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura e do ProAC – ICMS. Ela tem patrocínio da White Martins, Itaú e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Tem apoio institucional da Embaixada da França, do Institut Français, da Aliança Francesa São Paulo, do FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação, do Goethe-Institut São Paulo, da Associação Paulista de Cineastas – Apaci, do Fórum dos Festivais e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, e do Ministério da Cultura.
A Ecofalante é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade, atua na formação de professores, exibições e debates em escolas, universidades e equipamentos culturais, além de produzir seminários e workshops sobre cinema, educação e sustentabilidade. A Ecofalante é responsável também pela plataforma de streaming gratuita Ecofalante Play (https://play.ecofalante.org.br/), voltada a educadores, e pelo PEU – Programa Ecofalante Universidade, iniciativa educacional que leva o debate socioambiental a escolas e universidades ao longo de todo o ano e cujo catálogo reúne mais de 300 títulos.
Todas as informações sobre exibições e demais atividades do evento podem ser encontradas na plataforma Ecofalante: www.ecofalante.org.br.
SOBRE OS PROGRAMAS
abertura
“O Efeito Casa Branca” (“The White House Effect”), produção norte-americana dirigida pela dupla Bonni Cohen e Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kos, é atração confirmada para a cerimônia de abertura da 14ª Mostra Ecofalante de Cinema, agendada para 28 de maio, quarta-feira, às 19h30, no Reserva Cultural, com condução da jornalista e apresentadora Adriana Couto.
O longa-metragem mostra como, há três décadas, o mundo estava pronto para deter o aquecimento global. Usando exclusivamente material de arquivo, o documentário relata a dramática origem da crise climática e mostra como uma batalha política no governo do presidente George H. W. Bush (1988-1992) mudou o curso da história. O enredo é repleto de intrigas na Casa Branca e arrogância política, destacando o ambientalista que virou chefe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, William Reilly, que se vê em desacordo com o maquiavélico chefe de gabinete de George H.W. Bush, John Sununu.
“O Efeito Casa Branca” tem sido destaque nos mais importantes festivais internacionais de documentários, como o IDFA-Amsterdã, CPH:DOX (Copenhague) e DOC NYC (Nova York), entre outros eventos. Exibido no Festival do Rio, a obra é inédita em São Paulo. O filme integra o Panorama Internacional Contemporâneo da Mostra Ecofalante de Cinema, participando do eixo Economia & Emergência Climática.
O codiretor Pedro Kos, nascido no Rio de Janeiro e radicado nos Estados Unidos, foi montador do longa “Lixo Extraordinário” (2010), dirigido por Lucy Walker e pelos brasileiros Karen Harley e João Jardim, indicado ao Oscar de Melhor Documentário e premiado no Festival de Berlim. Também codirigiu com Jon Shenk a produção original da Netflix “Onde Eu Moro” (2021), indicada ao Oscar de Melhor Documentário em Curta-Metragem. Seu trabalho mais recente como diretor é o longa ficcional “No Nosso Sangue” (2024).
Panorama Histórico
“1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)”
Em 1975, foi estabelecido um marco importante na história da luta das mulheres contra a discriminação e pela igualdade de gênero: a declaração do Ano Internacional da Mulher pela Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa reconhecia a força de um movimento crescente e vigoroso, que vinha ganhando fôlego desde a década anterior e seria decisivo para a conquista de direitos nas décadas seguintes. No campo cinematográfico, o espírito desses novos tempos também impulsionou o surgimento de um cinema ativista feito por mulheres. Filmes passaram a trazer para o centro questões como os direitos reprodutivos e o peso da maternidade, a divisão desigual do trabalho doméstico, a sub-representação feminina nos espaços de poder, a violência de gênero e os estereótipos perpetuados pela mídia e pelo próprio cinema.

O Panorama Histórico da 14ª Mostra Ecofalante de Cinema celebra os 50 anos do Ano Internacional da Mulher com uma dezena de títulos, brasileiros e internacionais, relacionados a esse marco, em uma retrospectiva inédita no Brasil intitulada “1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)”.
Em 1973, a norueguesa Vibeke Løkkeberg filmou os primórdios do movimento cinematográfico feminista, ao registrar o “Primeiro Seminário Internacional de Cinema de Mulheres”, ocorrido em Berlim. Suas filmagens ficaram perdidas por 50 anos, mas em 2025 “O Longo Caminho até a Cadeira de Diretor” finalmente teve sua estreia no Festival de Berlim. Diretora a partir de 1972 (e também atriz, desde a década de 1960), Løkkeberg é conhecida pelo seu longa-metragem “Tears of Gaza” (2010), vencedor do prêmio do público nos festivais de Gotemburgo e Thessaloniki.
“Adoção” (1975) é um dos filmes mais emblemáticos de Márta Mészáros, pioneira do cinema húngaro e primeira mulher no país a dirigir um longa-metragem. A trama acompanha uma mulher solitária em torno dos 40 anos que deseja ter um filho, mas cuja convivência com adolescentes em situação de vulnerabilidade a faz considerar a adoção. O filme venceu o Urso de Ouro e outros três prêmios paralelos no Festival de Berlim e fez parte da programação do Simpósio Internacional sobre Mulheres no Cinema, organizado pela Unesco, em 1975, na Itália. Conhecida por seu estilo lírico e realista, Mészáros retrata com sensibilidade a vida de mulheres trabalhadoras e suas lutas — temas também presentes em “Diário para Minhas Crianças” (1984), vencedor da Palma de Ouro em Cannes.

“Joyce aos 34” (EUA, 1972), codirigido por Claudia Weill e Joyce Chopra, é outro filme que esteve presente na programação do Simpósio Internacional sobre Mulheres no Cinema, organizado pela Unesco em 1975. Trata-se de um documentário em primeira pessoa, no qual Chopra se coloca em cena para abordar o conflito entre ter uma carreira como diretora de cinema e tornar-se mãe. A obra é considerada fundamental por estudiosas do cinema feminista por explorar os dilemas enfrentados por mulheres que buscam equilibrar maternidade e vida profissional. Grande parte da filmografia de Chopra explora temas ligados às experiências e desafios das mulheres em momentos de transição significativos, como a puberdade, a gravidez e as mudanças na carreira, destacando as complexidades emocionais, sociais e profissionais dessas fases. Mais recentemente, ela dirigiu episódios da popular série televisiva “Law & Order”.
Helke Sander, cineasta, atriz e ativista alemã, é uma figura central do cinema feminista. Ela organizou o “Primeiro Seminário Internacional de Cinema de Mulheres”, tendo participado enquanto entrevistada do filme de Vibeke Løkkeberg, mencionado acima. Co-fundadora do Conselho de Ação para a Libertação das Mulheres e da revista Frauen und Film (1974), Sander dirigiu “A Personalidade Reduzida em Todos os Ângulos” (1977), seu primeiro longa, que retrata uma mãe solo tentando conciliar trabalho, arte, maternidade e vida afetiva. O filme venceu o Prêmio Interfilm da Seção Fórum do Festival de Berlim e foi exibido em Locarno, no Bafici (Buenos Aires) e no New Directors/New Films.
Em “Algumas Entrevistas Sobre Problemas Íntimos” (União Soviética, 1978), longa selecionado para o Festival de Locarno e um dos primeiros filmes feministas da era soviética, uma jornalista renomada encontra claramente mais sentido e realização no trabalho do que em suas relações familiares, evidenciando o descompasso entre vida profissional e afetiva. Imersa em sua rotina jornalística, ela descobre que o marido começou um caso com outra mulher. A georgiana Lana Gogoberidze, sua diretora, foi presidente da KIWI – Kino Women International) e representante permanente da Geórgia no Conselho da Europa. Seus filmes circulam em importantes vitrines internacionais: “Dges Game Utenebia” (1983) foi selecionado para Cannes, enquanto que “Waltz on The Petschora” (1992) venceu o prêmio do júri ecumênico no Festival de Berlim.
Por sua vez, a norte-americana Lizzie Borden aborda em “Born in Flames” (1983, premiado no Festival de Berlim) a rebelião feminista de mulheres de diferentes etnias, classes e orientações sexuais, desencadeada pelo assassinato de Adelaide Norris, fundadora negra e radical do Woman’s Army. Ambientado em uma distopia futurista, o filme já anuncia um novo momento do feminismo, marcado pela crítica interseccional, trazendo uma visão feminista que inclui múltiplas vozes e lutas. Com carreira iniciada nos anos 1970, Borden é autora de obras feministas de estilo eclético, que desafiam amplamente as convenções do cinema narrativo.
Uma coprodução França/Quênia, “A Conferência Sobre a Mulher – Nairóbi 85” documenta a 3ª Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada na Universidade de Nairóbi, em 1985, que marcou o encerramento da Década das Nações Unidas para as Mulheres. O filme registra o Fórum das Organizações Não Governamentais, que reuniu milhares de mulheres de diversas origens no Quênia, em paralelo à conferência oficial da ONU. Dirigido pela francesa Françoise Dasques, o documentário segue a tradição do cinema direto, alinhando-se à vertente etnográfica defendida por Jean Rouch (1917–2004). Ao longo de sua carreira, Dasques abordou diversas temáticas hispano-americanas em filmes como “Humberstone, Chile” (1987), “Paraguai, Tierra Colorada” (1988), “Español-Francés” (1990), “Federica Montseny, ministre de la République” (1990) e “Augusto Roa-Bastos en exil toulousain” (1990).
Três produções do Panorama Histórico “1975/85, Do Ano Internacional da Mulher à Década do(s) Cinema(s) Feminista(s)” destacam a contribuição de diretoras brasileiras, evidenciando que, no Brasil e na América Latina, o movimento da segunda onda do feminismo também foi forte e deixou marcas.

“Mulheres de Cinema” (1977) aborda o papel da mulher na história do cinema brasileiro, focando em figuras como Gilda de Abreu, Cristina Aché e Norma Bengell, além de Ana Carolina, Leila Diniz, Helena Ignez e outras. A diretora Ana Maria Magalhães, atriz em filmes como “Como Era Gostoso o Meu Francês” (1971) e “Idade da Terra” (1980), tem uma carreira como cineasta com mais de dez longas, incluindo “Lara” (2002) e os documentários “Assaltaram a Gramática” (1983) e “Mangueira em 2 Tempos” (2019).
Em “A Dupla Jornada” (Argentina, México, Bolívia, Venezuela, 1975), realizado por Helena Solberg em colaboração com o coletivo feminista International Women’s Film Project, composto por mulheres de diversas nacionalidades, a diretora aborda a condição das mulheres na América Latina. O filme destaca como, em países como Bolívia, México, Argentina e Venezuela, elas desafiam seus papéis tradicionais de esposas e mães, buscando mais controle sobre suas vidas. O filme foi premiado no Festival Mannheim-Heidelberg. Solberg, cineasta consagrada, tem em sua filmografia “Vida de Menina” (2003), vencedor de Melhor Filme no Festival de Gramado, e “Carmen Miranda: Banana is My Business” (1995), vencedor de Melhor Documentário no Festival de Havana. Nos anos 1970 e 1980, desenvolveu carreira no exterior, dirigindo, entre outros, “The Emerging Woman” (1974) e “From the Ashes: Nicaragua Today” (1982), que aborda as realidades humanas e as complexidades políticas da Nicarágua após a revolução de 1979 que derrubou a ditadura de Somoza.
Vencedor do Prêmio Margarida de Prata para Cinema, “Vida de Mãe é Assim Mesmo?” (1983) aborda a experiência da maternidade e a criminalização do aborto no Brasil por meio de depoimentos de mulheres com histórias diversas. O curta explora o direito de escolha entre a maternidade e a interrupção da gravidez, focando em relatos de mulheres operárias, uma socióloga e uma empregada doméstica. Sua diretora, Eunice Gutman, tem sua trajetória marcada pelo ativismo em causas feministas, sendo uma das fundadoras do Coletivo de Mulheres de Cinema e Vídeo do Rio de Janeiro (1985-1987), ao lado de Regina Veiga, Ana Carolina, Teresa Trautman, entre outras. Em sua filmografia estão também “A Rocinha tem Histórias” (1985), “Palavra de Mulher” (1999) e “Mulheres: Uma Outra História” (1988).
Homenagem Hermano Penna, 80
Diretor de cinema nascido no Ceará e radicado em São Paulo, Hermano Penna acumula vasta filmografia como diretor, incluindo longas e curtas-metragens. Realizador interessado em os mais diferentes aspectos do Brasil profundo, sua carreira traz obras que abordam conflitos da terra, desafios enfrentados pelos povos originários, memórias da “guerra do cangaço”, enfrentamentos políticos, manifestações tradicionais e cultura popular, entre outros. A 14ª Mostra Ecofalante de Cinema presta homenagem a esse importante nome do audiovisual brasileiro no transcurso de seus 80 anos de vida exibindo parte de seus filmes. O evento promove ainda um encontro com o cineasta, agendado para o dia 1º/06, domingo, às 18h30, no Reserva Cultural, com participação do ator Lima Duarte.

Considerado um clássico do cinema brasileiro, “Sargento Getúlio (1980) é uma adaptação do livro homônimo de João Ubaldo Ribeiro que acompanha Sargento Getúlio e o motorista Amaro viajando no cumprimento da missão de transportar um preso político de Paulo Afonso (BA) até Aracaju (SE). Durante a viagem, a situação política se altera e o sargento recebe ordens de soltar o preso. Desconfiado, ele insiste em prosseguir, o que o transforma em inimigo da ordem. Perseguido e sentindo-se traído, Getúlio vê no cumprimento da missão a única razão de sua existência. Com Lima Duarte, Fernando Bezerra, Orlando Vieira e Flávio Porto. O longa foi vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Locarno; melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor técnico de som e do prêmio da crítica no Festival de Gramado; Prêmio da Federação de Cineclubes/Unesco no Festival do Terceiro Mundo (França); e o prêmio especial do júri no Festival de Havana.
Dois outros longas-metragens ficcionais estão programados. Grande vencedor do Rio Cine Festival, onde acumulou os prêmios de melhor filme, direção, roteiro, fotografia, montagem e som, “Fronteira das Almas” (1987) é baseado na situação agrária no país, narrando as dificuldades enfrentadas por um grupo de agricultores no interior de Rondônia. No seu elenco estão reunidos nomes como Antônio Leite, Suzana Gonçalves, Fernando Bezerra e Marcélia Cartaxo. Já “Voo Cego Rumo Sul” (2004) é um road movie no qual quatro jovens militantes partem do Rio de Janeiro ao sul do país em 1º de abril de 1964 a fim de armar a resistência contra o golpe militar recém-deflagrado. Milhem Cortaz, Gustavo Wabner, Cassio Scapin e Robson Nunes estão em seu elenco.

Estão na homenagem quatro documentários, entre eles “Folias do Divino” (1974) que reconstitui uma Festa do Divino em sua inteireza original a partir de registros recolhidos em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Primeira obra, cinematográfica ou não, que faz um vasto panorama da participação da mulher cangaceira no cangaço, “A Mulher no Cangaço” (1976) traz depoimentos de que contam o que foi a vida nesse movimento. Registro cinematográfico de um importante momento do Congresso Nacional, “CPI do Índio” (1980), focaliza a instalação, em 1968, da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigaria a situação dos povos indígenas e a atuação do Serviço de Proteção aos Povos Indígenas, o SPI. No curta-metragem “Smetak” (1967-1997) é retratado Walter Smetak (1913-1984), músico-filósofo-demiurgo suíço naturalizado brasileiro, autor de extensa obra de exploração de formas e sons dos tempos míticos.
Panorama Internacional Contemporâneo
Reunindo 28 títulos de destaque da recente safra mundial, representando 29 países produtores ou coprodutores, o Panorama Internacional Contemporâneo discute nesta edição os temas ativismo, contaminação, economia e mudança climática, migração, Povos & Lugares e povos originários.
A programação traz cinco filmes que focalizam diferentes ativismos. Um dos destaques é “Neve Negra”, uma coprodução EUA/Dinamarca dirigida por Alina Simone sobre a neve negra que cai sobre uma remota cidade mineira russa devido à poluição extrema. Ali, uma ecoativista siberiana, apelidada de “Erin Brockovich da Rússia”, luta por sua comunidade. A obra foi vencedora do Prêmio Futuro Sustentável no Festival de Sydney e recebeu premiações no CPH:DOX e no Festival Movies that Matter de Haia.

Também uma coprodução EUA/Dinamarca, “Democracia Noir”, de Connie Field, venceu o prêmio de melhor documentário no Festival de Boston ao focalizar três mulheres húngaras — uma jornalista, uma enfermeira e uma política da oposição — que lutam de diferentes maneiras para expor a corrupção e as mentiras na Hungria de Viktor Orbán. Já “Rigoroso Escrutínio” (EUA), dirigido por Sam Feder e lançado pelo Festival de Sundance, expõe as batalhas judiciais do advogado de direitos civis Chase Strangio contra as leis antitrans e como narrativas da mídia impactam a percepção pública dos direitos dos transgêneros. Grande Prêmio do Júri para Melhor Documentário no Festival de Sundance, o norueguês “Uma Nova Selva”, de Silje Evensmo Jacobsen, observa uma família em busca uma existência livre e natural, mas que terá uma trágica reviravolta, obrigando-os a se adaptar às exigências da sociedade contemporânea. Por sua vez, “Terra Negra, Mãos Negras” (EUA), de Mark Decena, narra com visual impactante os esforços de agricultores negros para resgatar sua herança agrícola, militando por uma agricultura sustentável e justiça alimentar.
Ativismo é debatido em um encontro que acontece na segunda-feira, 2/06, às 20h30, no Reserva Cultural, com participação de Vitoria Pinheiro, bióloga e ativista climática trans, e outros convidados a serem confirmados.
Migração está em foco no vencedor do Peace Film Award no Festival de Berlim, “Favoriten”, da austríaca Ruth Beckermann. O filme explora o ensino e a aprendizagem em Viena, onde mais de 60% das escolas primárias falam um idioma diferente do alemão, mas há uma grande falta de professores e supervisores.
Já “Kora”, de Cláudia Varejão, foi eleito como melhor curta documental pela Academia Portuguesa de Cinema ao traçar o perfil de mulheres refugiadas. “Na Fronteira de Agadez”, uma coprodução Áustria/Alemanha/Suíça, dirigida por Gerald Igor Hauzenberger e Gabriela Schild, focaliza três moradores de uma cidade no deserto de Níger, na África, que explicam como a crise migratória internacional mudou suas vidas, trazendo pobreza, desemprego e uma epidemia de drogas. Por sua vez, a produção francesa, “SOS: Save Our Souls”, de Jean-Baptiste Bonnet, percorreu importantes festivais de documentários, como IDFA-Amsterdã, CPH:DOX e Visions du Réel, ao abordar a situação de migrantes náufragos e socorristas que vivem a bordo da embarcação enquanto aguardam permissão para atracar em um porto. Atração no prestigioso Festival de Locarno, o longa alemão “Lugares Familiares, de Mala Reinhardt, acompanha – por Berlim, Colônia e em Acra, capital de Gana – a afro-alemã Akosua em sua busca por identidade e pertencimento em um contexto multicultural a afro-alemã Akosua em sua busca por identidade e pertencimento em um contexto multicultural.

Um debate sobre o tema migração acontece na sexta-feira, 6/06, à 20h30, no Reserva Cultural, reunindo a cantora sul-africana Nduduzo Siba, a advogada Catia Kim e e Regina Lucia Santos, coordenadora do MNU – Movimento Negro Unificado SP.
Uma das atrações entre os longas-metragens que abordam temas ligados à economia e à emergência climática está “Made in Ethiopia”, vencedor de menção especial do júri no prestigioso Festival de Tribeca. Dirigido por Xinyan Yu e Max Duncan, este documentário é uma coprodução EUA/Etiópia/Dinamarca/Reino Unido/Canadá/Coreia do Sul que acompanha a arriscada expansão de um enorme complexo fabril chinês na Etiópia, a expectativa inicial de mulheres moradoras da região e sua consequente decepção. Já o norte-americano “Morte e Impostos”, de Justin Schein e Robert Edwards, documenta a exploração da recusa obsessiva de um homem rico em pagar impostos, servindo como um estudo de caso sobre as ramificações mais custosas dos benefícios fiscais dos Estados Unidos para os ricos. Em “Limites da Europa” (República Tcheca/França/Eslováquia), de Apolena Rychlíková, uma jornalista tcheca se infiltra no mercado europeu em busca de mão de obra barata – mas documentar as condições escandalosas e a desigualdade social em seu próprio corpo enquanto sua família aguarda seu retorno tem um custo pessoal. Já “Fiscal da Felicidade”, uma coprodução Butão/Hungria dirigida por Arun Bhattarai e Dorottya Zurbó e lançada no Festival de Sundance, focaliza um agente do governo do Butão que viaja pelo Himalaia pesquisando a felicidade das pessoas.

Economia & Emergência Climática é tema do debate agendado para o dia 4/06, quarta-feira, às 20h00, no Reserva Cultural. Participam Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, especialista em políticas climáticas, Carlos Nobre, climatologista e criador do plano Amazônia 4.0, e Ricardo Abramovay, professor da USP e especialista em economia socioambiental.
Contaminação é assunto abordado em três longas-metragens que integram essa seção. Lançado no Festival de Sundance, a produção norte-americana “Middletown”, de Amanda McBaine e Jesse Moss, focaliza um grupo que, ao produzir um filme estudantil há 30 anos, descobriu uma conspiração que estava envenenando sua comunidade. Já o canadense “Feitos de Plástico”, de Ben Addelman e Ziya Tong, causou forte impacto no badalado Festival SXSW ao mostrar como cientistas investigam a ameaça dos microplásticos nos corpos humanos, visitando laboratórios e registrando testes para encontrar plástico em casa, nos alimentos e no corpo. Por sua vez, a cineasta Sofie Benoot propõe na coprodução Bélgica/Países Baixos “Apple Cider Vinegar” um enigma: o que um cálculo renal, um vulcão em Cabo Verde e um geólogo inglês têm em comum? A obra foi definida pela crítica como um brilhante meandro entre o minúsculo e o infinito.
Um debate sobre contaminação está previsto para 3/06, terça-feira, às 20h30, no Reserva Cultural. Participam as professoras da USP Thais Mauad e Sylmara Lopes Dias, com mediação das influencers do movimento Verdes Marias.

Presente desde as primeiras edições da Mostra Ecofalante de Cinema, Povos & Lugares reúne obras focalizando conflitos vividos por populações da Colômbia, Quênia, Azerbaijão, Irã e França. Um dos títulos em exibição é o colombiano feito em coprodução com o Brasil “Alma do Deserto”, vencedor do Prêmio Leão Queer no Festival de Veneza e premiado em eventos em Havana e em Toulouse. Dirigido por Mónica Taboada Tapia, o longa acompanha uma mulher trans da etnia Wayúu que luta para obter o direito básico de ter sua identidade reconhecida.
Coprodução Quênia/Portugal/EUA/Alemanha premiada no festival DocsBarcelona e dirigida por Meena Nanji e Zippy Kimundu, em “Nossa Terra, Nossa Liberdade” a busca de uma mulher queniana para cumprir os desejos de sua mãe transforma-se em uma investigação sobre as atrocidades do colonialismo britânico e em um movimento popular para recuperar terras ancestrais. Rara produção do Azerbaijão a circular internacionalmente, o poético curta-metragem “Lua Sem Lar”, acompanha sua diretora, Atanur Nabiyeva, ao retornar à sua aldeia depois de anos e encontrar desaparecendo uma outrora gigantesca montanha. “O Pastor e o Urso”, longa dirigido por Max Keegan e uma coprodução EUA/Reino Unido/França, se passa nos Pireneus franceses, onde um pastor idoso luta para encontrar um sucessor enquanto ursos atacam seu rebanho e onde um adolescente fica obcecado em rastrear os ursos. O embate de uma mulher iraniana que resiste a abandonar sua vida nômade e ir para a residir na cidade está no centro de longa “Réquiem para uma Tribo”, coprodução Irã/Espanha/Catar dirigida por Marjan Khosravi.
Povos & Lugares é tema de debate agendado para a terça-feira, 10/06, às 20h30, no Reserva Cultural, com Regina Lucia Santos, coordenadora do MNU – Movimento Negro Unificado de São Paulo e outros nomes a confirmar.

Cinco obras focadas em povos originários, suas tradições e transformações, estão programadas no Panorama Internacional Contemporâneo. Lançado pelo Festival de Sundance, “Libertem Leonard Peltier” é produção norte-americana dirigida por Jesse Short Bull e David France, um ativista do Movimento Indígena Americano, preso por décadas após uma condenação contestada, enfrenta seus últimos anos enquanto uma nova geração luta por sua libertação da prisão antes que seja tarde demais.
Filme chileno feito em coprodução com a Argentina, “Memória Implacável”, de Paula Rodríguez Sickert, acompanha uma acadêmica Mapuche que descobre em um arquivo desconhecido em Berlim os testemunhos de prisioneiros de sua da etnia expulsos de seus territórios durante as invasões militares que fundaram a Argentina e o Chile. Já “Patrulha”, de Camilo de Castro e Brad Allgood, é uma coprodução entre a Nicarágua e os EUA que investiga o caso do ativista indígena Leonard Peltier, preso há quase 50 anos, e, utilizando impressionante maerial de arquivo, expõe como o processo judicial original se baseou em falsos testemunhos e omitiu evidências cruciais. Coprodução entre o Peru e o Canadá, “Karuara, o Povo do Rio” é uma animação pintada à mão e dirigida por Miguel Araoz Cartagena e Stephanie Boyd que dá vida aos excêntricos espíritos Karuara na Amazônia peruana responsáveis por manter o equilíbrio ecológico do Rio Maranhão enquanto o povo Kukama luta pela personalidade jurídica do rio. “Desterrar” (EUA), de John Hunter Nolan, Auberin Strickland e Dunedin Strickland, focaliza pescadores e membros de conselhos tribais indígenas que, em meio à urgente demanda por metais e minerais para combater as mudanças climáticas, enfrentam a ameaça da maior mina de cobre da América do Norte. Vencedor do prêmio do público no importante festival Hot Docs, o canadense “Yintah”, dirigido por Jennifer Wickham, Brenda Michell e Michael Toledano, revela o impacto nas vidas do povo Wet’suwet’en, que vive em território não cedido, enquanto sua nação se opõe à construção de vários oleodutos.
Povos originários estão em pauta em um debate no dia 29/05, quinta-feira, às 20h30, no Reserva Cultural. Participam os ativistas indígenas Txai Suruí e Thiago Guarani, e a ambientalista Edel Moraes, atual titular da Secretaria de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima.
Sessões Especiais Internacionais
A 14ª Mostra Ecofalante de Cinema tem na programação internacional de suas sessões especiais filmes do diretor Cyril Dion (do sucesso “Amanhã”), que tem presença confirmada no evento. Discussões sobre tecnologia e sobre cidades também merecem programação de filmes e têm debates agendados.
Cyril Dion
Com sua presença e a exibição de dois de seus filmes, “Amanhã” e “Animal”, o cineasta, escritor e ativista francês Cyril Dion é uma das grandes atrações da 14ª Mostra Ecofalante de Cinema. Ambos os longas conquistaram grande sucesso junto ao público e foram exibidos em edições anteriores da Mostra Ecofalante. Dion tem presença confirmada no evento e um encontro agendado com o público brasileiro para discutir, em uma masterclass especial, o poder do cinema em engajar o público em prol da sustentabilidade por meio de suas narrativas.
Lançado pelo Festival de Cannes, “Animal” (2021) é documentário que levou mais de um milhão de espectadores franceses ao cinema. A obra aborda, a partir de dois jovens ativistas, uma geração convencida de que seu futuro está em perigo.
“Amanhã” (2015), vencedor do prêmio de melhor documentário nos Prêmios César, discute como a crise ambiental exige respostas cada vez mais urgentes e transformadoras. O filme foca em seres humanos comuns que estão desenvolvendo projetos e dispositivos para tornar o mundo em um lugar melhor para se habitar. O longa-metragem é codirigido pela atriz Mélanie Laurent, conhecida por seus papéis em “Bastardos Inglórios” (Quentin Tarantino, 2009) e “Truque de Mestre” (Louis Leterrier, 2013).
Tecnologia
O surpreendente “Você Eterno”, uma coprodução Alemanha/EUA dirigida por Hans Block e Moritz Riesewieck, investiga como startups estão utilizando inteligência artificial (IA) para criar avatares que permitem conversar com seus entes queridos após a morte. Já “O Jogo da Mente”, de Greg Kohs, relata a busca incansável do cientista visionário Demis Hassabis para decifrar a inteligência artificial geral, em uma jornada de impressionante perseverança. O longa teve sua première mundial no prestigioso Festival de Tribeca.

Tecnologia é tema de debate agendado para 5/06, quinta-feira, às 20h00, no Reserva Cultural. Os participantes ainda serão anunciados.
Cidades
“Slumlord Millionaire” (EUA), de Stephen Ching e Ellen Martinez, venceu o prêmio do público no festival DOC NYC ao focalizar como, nos bairros de Nova York que mais rapidamente se gentrificam, um grupo de moradores destemidos, ativistas e advogados de organizações sem fins lucrativos lutam contra proprietários e incorporadores corruptos pelo direito humano básico à moradia.
O economista e professor Nabil Bonduki e a arquiteta urbanista e vereadora Renata Falzoni participam de um debate com o tema cidades, programado para a sexta-feira, 30/05, às 20h30, no Reserva Cultural. A mediação é do jornalista e geógrafo Eduardo Sombini.
Competição Territórios e Memória
Integralmente dedicada à produção brasileira, a Competição Territórios e Memória reúne este ano um total de 36 longas e curtas-metragens, representando o Distrito Federal e 14 estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo.
Nessas obras estão em discussão temas como racismo, mudanças climáticas, moradia, questões de gênero, direitos das populações tradicionais e conflitos pela terra, entre outros temas.
Os vencedores concorrem aos prêmios de melhor longa-metragem, no valor de R$ 20 mil e de melhor curta (R$ 7 mil). Compõem o júri oficial da competição a jornalista Ana Paula Sousa e as cineastas Ana Maria Magalhães e Rita Carelli. É oferecido ainda o prêmio do público, eleito pela audiência presente nas sessões.
Lançado mundialmente na Quinzena de Cineastas do Festival de Cannes e premiado em diversos eventos, “A Queda do Céu”, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, é baseado em texto do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa e acompanha o importante ritual Reahu, que mobiliza a comunidade de Watorikɨ em um esforço coletivo para segurar o céu. Já “Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe”, de Aldira Akay, Beka Munduruku e Rilcélia Akay, espelha a mitologia Munduruku, onde humanos, na origem do mundo, se transformaram em floresta, plantas e animais, tendo sido selecionao para o Hot Docs. O cineasta Renato Barbieri faz em “Tesouro Natterer” venceu competições no É Tudo Verdade e no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ao revelar a imensa coleção natural e o maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil, hoje preservado em dois dos principais museus de Viena, Áustria. Assinado por Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna, “Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá” mescla narrativas pessoais e históricas ao acompanha a busca de Sueli e Maiza Maxakali do pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil.

Conflito agrária com consequências trágicas está no centro de “Pau D’Arco”, de Ana Aranha, que acompanhou durante sete anos os desdobramentos de uma chacina em que a polícia matou dez sem-terra em uma fazenda na Amazônia. Já a cineasta Priscilla Brasil acompanha, em “Não Haverá Mais História Sem Nós”, dois pesquisadores amazônicos que resolvem denunciar as entranhas do histórico processo de invenção e exploração da floresta como um jardim do éden inesgotável, revelando como o racismo e o preconceito até hoje se organizam na ideia do “vazio demográfico”. Premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, “Topo”, de Eugenio Puppo, mostra como obras de infraestrutura e o crescente desenvolvimento turístico estão impactando cada vez mais a vida dos habitantes de uma pequena cidade no litoral. Por sua vez, “Lista de Desejos para Superagüi”, com o qual o cineasta Pedro Giongo foi vencedor do prêmio de melhor filme da Mostra Aurora na Mostra de Tiradentes, se passa em uma mítica ilha no litoral Sul do Brasil onde um pescador de 70 anos ainda não conseguiu se aposentar.
Passado na periferia da cidade do Recife e vencedor de três premiações no festival Olhar de Cinema, “Tijolo por Tijolo”, de Victória Álvares e Quentin Delaroche, tem por protagonista um casal que enfrenta as dificuldades de trabalho e moradia ao mesmo tempo que tenta reconstruir a casa e reestruturar a vida. Por sua vez, a capital paulista é palco para as contradições e tensões enfrentadas por artistas imigrantes de diferentes países africanos em “São Palco – Cidade Afropolitana”, de Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji. Eleito como melhor filme brasileiro na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, “Intervenção” (SP), Gustavo Ribeiro, narra as vidas dos residentes em duas favelas e um projeto habitacional de Saulo, destacando a resistência dos moradores da área mais ricas diante de projetos de urbanização (movimento conhecido como “não no meu quintal”). Já as relações de trabalho entre campo e cidade movem a vida dos personagens do longa “O Rancho da Goiabada, ou Pois é Meu Camarada, Fácil, Fácil Não é a Vida”, dirigido por Guilherme Martins.

A realizadora Mariana Jaspe reúne, em “Quem É Essa Mulher?”, duas mulheres negras separadas por um século – uma pesquisadora oriunda da periferia de Salvador e a neta de uma ex-escravizada que se tornou a primeira médica negra do Brasil. Exibido no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba, Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África, Caribe, Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro e no Festival Internacional de Cinema de Realizadoras (Pernambuco). A renomada cineasta paraguaia Paz Encine assina a direção de “Carta a Un Viejo Master” (RJ), uma homenagem a Eduardo Coutinho (1933-2014) que busca vestígios da presença ainda forte desse realizador brasileiro no famoso Edifício Master, no Rio de Janeiro, onde ele filmou há 20 anos a vida de moradores.
Concorrem ao prêmio de melhor curta-metragem da seção Territórios e Memória um total de 22 filmes, cuja relação segue abaixo, identificados seus realizadores e estados.
* “A Fumaça e o Diamante”, de Bruno Villela, Fábio Bardella e Juliana Almeida (xx)
* “Artes(an)ato”, de Isadora Maria Torres e Diego Gondim de Matos (DF)
* “Até Onde o Mundo Alcança”, de Daniel Frota de Abreu (RJ)
* “Canto das Areias”, de Maíra Tristão (ES)
* “Cavaram uma Cova no Meu Coração”, de Ulisses Arthur (AL)
* “Domingo No Golpe”, de Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi (SP)
* “Dona Beatriz Ñsîmba Vita”, de Catapreta (MG)
* “Javyju – Bom Dia”, de Kunha Rete e Carlos Eduardo Magalhães (SP)
* “João de Una Tem um Boi”, de Pablo Monteiro (MA)
* “Mar de Dentro”, de Lia Letícia (PE)
* “Mistérios do Nixipae”, de NatoRê e Mawa Pey (AC)
* “Os Mortos Resistirão Para Sempre”, de Carlos Adriano (SP)
* “Quando Aqui”, de André Novais Oliveira (MG)
* “Quebrante”, de Janaina Wagner (SP)
* “Quinze Quase Dezesseis”, de Thais Fujinaga (SP)
* “Rami Rami Kirani”, de Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui (AC)
* “Sakaki”, de Alexandre Nakahara e Tiago Minamisawa (SP)
* “Samuel Foi Trabalhar”, de Janderson Felipe e Lucas Litrento (AL)
* “Sukande Kasáká | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal (MT)
* “Veredas”, de Igor Rossato (SP)
* “Vermelho de Bolinhas”, de Joedson Kelvin e Renata Fortes (CE)
* “Wamã Mēkarõ Opojdjwyj”, de Bemok Txucarramãe (PA)
Concurso Curta Ecofalante
Estão na competição Concurso Curta Ecofalante 20 curtas-metragens brasileiros realizados por cursos audiovisuais de dez diferentes estados. Entra as temáticas abordadas nos filmes estão diversidade cultural, ancestralidade, racismo, desigualdade urbana, igualdade de gênero, comunidades sustentáveis, memória e identidade, habitação, saúde e bem-estar, Insegurança alimentar, questões étnico-raciais, agricultura sustentável, energia, emergência climática, trabalho, povos tradicionais, ativismo, mobilidade e cultura periférica.

As obras concorrem a um prêmio de R$ 7 mil, a ser deliberado por um júri integrado pela cineasta Paula Sacchetta, César Leite (Unesp) e Letícia Abadia (Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática). Há, ainda, o prêmio do público, escolhido pela audiência presente nas sessões, que acontecem no Reserva Cultural e no Cine Satyros Bijou.
A lista de títulos selecionados, seus diretores e respectivas instituições, é a seguinte:
* “Agora Eu Sou Negro” – Pedro Andrade / Universidade Federal do Rio Grande do Norte
* “Antes Que o Porto Venha” – Isabela Narde / Universidade Federal de Viçosa
* “Banho de Inclusão” – Yasmin Hasani / ESPM
* “Cartas à Tia Marcelina” – João Igor Macena / Universidade Federal de Alagoas
* “Dandara” – Raquel Rosa / Universidade Estadual de Goiás
* “Endereços Invisíveis” – Artur Hugo da Rosa / Universidade Federal de Santa Catarina
* “Entre Utopias e Realidades” – Jeovane Ferreira Lima / Universidade Estadual de Campinas
* “Entrevivências” – André Panzarin e Tomás Ramos / Universidade de São Paulo
* “Maral” – Julia K. Rojas / Universidade Federal de Santa Catarina
* “Na Ponta do Laço” – Carolina Huertas / Academia Internacional de Cinema
* “Nativo Digital” – Gabriel Jacob / FAAP
* “Número Errado” – Leonardo Marcini / Universidade do Estado de Minas Gerais
* “O Voo de Dener” – Rafaela Souza e Giuliana Donadio / Universidade São Judas Tadeu
* “Pagode do Didi, Nosso Ponto de Encontro” – Maysa Carolino / Universidade Federal de Pernambuco
* “Pão de Cada Dia Brasil” – Vando de Sousa / ESPM
* “Quem Ficou Fui Eu” – Luiza Pace e Maria Garé / ESPM
* “Raízes do Horto” – Tito Ribeiro e Giovanna Capra / PUC-Rio
* “Resistência na Tempestade” – Renan Nascimento / Universidade Federal Fluminense
* “Rita” – Nat Mendes / É Nóis na Fita
* “RITXOKO” – Julia K. Rojas / Universidade Federal de Tocantins
Sessões Especiais Brasil
As sessões especiais brasileiras da 14ª Mostra Ecofalante de Cinema incluem nove filmes. São três pré-estreias de títulos inéditos, uma obra participante do PEU – Programa Ecofalante Universidade (que promove exibições e debates em instituições de ensino superior), quatro produções destacadas pela Rede Katherine de cineastas indígenas mulheres e o longa-metragem “Um Olhar Inquieto: O Cinema de Jorge Bodanzky”.
Promove sua primeira exibição pública no festival “Antes do Último Voo”, longa-metragem no qual a diretora Natália Keiko focaliza a dramática situação da sul-africana Nduduzo Siba, que vê sua promissora carreira musical ameaçada por um processo de expulsão do Brasil. Outra estreia no evento, “Comida Para Quem Precisa”, de Leonardo Brant, traz histórias de pessoas dedicadas ao combate à fome no Brasil, atuando comunitariamente e transformando indignação em luta e solidariedade. Por sua vez, o inédito “O Monstro de Ferro Contra o Sul da Bahia”, de André D’Elia, investiga a criação de um novo porto para escoamento de minério de ferro que ameaça o paraíso intocado do litoral sul da Bahia, a Mata Atlântica e os modos de vida tradicionais da região.
Jorge Bodanzky
“Um Olhar Inquieto: O Cinema de Jorge Bodanzky” passa em revista boa parte da obra do importante diretor e fotógrafo brasileiro. Narrado em primeira pessoa, o documentário comenta seus principais trabalhos, como reportagens para a TV alemã e filmes para cinema: “Iracema, Uma Transa Amazônica” (1975), “Gitirana” (1975), “Caminhos de Valderez” (1971), “Terceiro Milênio” (1982) e “A Propósito de Tristes Trópicos” (1990). A direção do longa-metragem é assinada por Liliane Maya e Jorge Bodanzky.
Rede Katahirine
Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas é um espaço coletivo para fortalecer e dar visibilidade à produção audiovisual das mulheres indígenas do Brasil e América Latina. Reunindo atualmente mais de 80 cineastas brasileiras, a rede apresenta na 14ª Mostra Ecofalante de Cinema quatro de seus títulos.
“Faísca”, de Bárbara Leite Matias, focaliza quatro mulheres de diferentes gerações que se reencontram e desenterram um segredo ancestral. “Minha Câmera é Minha Flecha”, de Natália Tupi, traz a trajetória de jovem comunicador indígena do Povo Guarani Mbya, da Terra Indígena Jaraguá, território que ainda resiste às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Já “Nosso Modo de Lutar” registra a maior mobilização indígena do país, o Acampamento Terra Livre (ATL), e tem direçãoassinada por Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó. No documentário “Sawana, Rainha das Formigas”, a diretora Suyani Terena retrata o ritual de passagem das meninas do povo Nambikwara para a vida adulta.
Sessões Infantis
Para o público infantil, a 14ª Mostra Ecofalante de Cinema exibe o longa-metragem brasileiro “Thiago e Ísis e Os Biomas do Brasil”, uma animada incursão por diferentes biomas brasileiros. Outros sete títulos incluídos na programação foram destaques no FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação, um dos principais eventos na França dedicada à promoção do diálogo entre duas áreas tão complementares e historicamente próximas que são o Cinema e a Educação.
Em “Thiago e Ísis e Os Biomas do Brasil”, dois irmãos e seu pai, o cineasta João, exploram três biomas brasileiros – Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica – ajudando um animal em perigo e descobrindo a sua importância e os seus mistérios. João Amorim
A seleção do festival francês inclui curtas-metragens produzidos nos EUA (“Você Me dá Medo”, de Xiya Lan), França (“Kiki, a Peninha”, de Julie Rembauville e Nicolas Bianco-Levrin), Rússia (“Moroshka”, de Polina Minchenok), República Tcheca (“A Cerejeira”, de Eva Dvorakova), Noruega (“Um Sonho do Havaí”, de Thomas Smoor Isaksen) e China (“Joy e a Garça”, de Constantin Paeplow e Kyra Buschor).
Completa o programa dedicado ao FIFE o curta-metragem brasileiro “A Mula Teimosa e o Controle Remoto”, de Hélio Villela Nunes, passado no interior profundo do Brasil, onde duas crianças — um menino da cidade e um menino do campo — vão se encontrar.
Sessão VR
“HUMAN”, uma obra em realidade virtual, fica disponível no Centro Cultural São Paulo nos dias 30 e 31 de maio e nos dias 1º, 6 e 7 de junho, das 15h00 às 21h00. Dirigido por Débora Bergamini, o trabalho propõe uma experiência imersiva que combina realidade mista e interatividade para levar o público à jornada das sondas Voyager e ao texto “O Pálido Ponto Azul”, de Carl Sagan (1934-1996). O usuário pode acessar o Golden Record, cápsula do tempo que reúne elementos representativos da Terra e da humanidade.
serviço
14ª Mostra Ecofalante de Cinema
de 28 de maio a 11 de junho de 2025
entrada franca
locais
Reserva Cultural (sala 2 e sala 3) – avenida Paulista 900, Bela Vista – São Paulo
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo) – rua Vergueiro 1000, Liberdade – São Paulo
Cine Satyros Bijou – Praça Franklin Roosevelt 172, Consolação – São Paulo
e mais 45 espaços culturais e educacionais, como Fábricas de Cultura, Casas de Cultura, unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e universidades e instituições de ensino superior
evento viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e do ProAc ICMS
patrocínio: White Martins, Itaú e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo
produção: Doc & Outras Coisas
coprodução: Química Cultural
apoio institucional: Fórum dos Festivais, Embaixada da França, Institut Français, Aliança Francesa São Paulo, FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação, Associação Paulista de Cineastas – Apaci, Goethe-Institut São Paulo e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
parcerias educacionais: Universidade de São Paulo, Universidade de Campinas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal de São Paulo, Senac São Paulo, Universidade Federal de São Carlos, Ânima Educação, Rede Kino, Fronteiras Cruzadas, Faculdade Cásper Líbero, Reconectta (Reconectta e Escolas pelo Clima), Movimento Circular, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Centro Paula Souza e Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo
parcerias de comunicação: Academia Internacional de Cinema, Engajamundo, GreenMe, Instituto Socioambiental – ISA, Le Monde Diplomatique Brasil, Observatorio do Clima, Revista Piauí, Associação dos Produtores Independentes do Audiovisual Brasileiro, O Eco, Verdes Marias, Greenpeace e Uma Gota no Oceano
realização: Ecofalante, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas, e Ministério da Cultura
redes sociais
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atendimento à Imprensa
ATTi Comunicação e Ideias
Eliz Ferreira e Valéria Blanco (11) 3729.1455 / 3729.1456 / 9 9105.0441
PROGRAMAÇÃO
A programação estará disponível nos próximos dias em nosso site, acesse: https://ecofalante.org.br/programacao
DADOS SOBRE OS FILMES
- Panorama Histórico “50 Anos do Ano da Mulher”
- Homenagem Hermano Penna, 80
- Panorama Internacional Contemporâneo
- Sessões Especiais – Internacional
- Competição Territórios e Memória
- Concurso Curta Ecofalante
- Sessões Especiais – Brasil
- Sessões Infantis
- Sessão VR
- Panorama Histórico “50 Anos do Ano da Mulher”
* “A Conferência Sobre a Mulher – Nairóbi 85” (“La Conférence des Femmes: Nairobi 85” / “The Women’s Conference: Nairobi ’85”, França/Quênia, 1985, 60 min) – Françoise Dasques
Durante dez dias, no campus da Universidade de Nairóbi, a 3ª Conferência Mundial sobre a Mulher discutiu questões políticas gerais e feministas: paz, desenvolvimento, apartheid, islamismo, lesbianismo, violência e mutilação sexual, Israel/Palestina, entre outros temas.
* “A Dupla Jornada” (“The Double Day”, EUA/Brasil-RJ, 1975, 53 min) – Helena Solberg
Filmado em fábricas no México e na Argentina, e em minas na Bolívia e Venezuela, “A Dupla Jornada” examina as condições da mão de obra feminina como força de trabalho na América Latina.
Vencedor de menção honrosa no Festival Mannheim-Heidelberg.
* “A Personalidade Reduzida em Todos os Ângulos” (“Die Allseitig Reduzierte Persönlichkeit – Redupers” / “The All-Round Reduced Personality – Redupers”, Alemanha Ocidental, 1977, 98 min) – Helke Sanders
O filme segue a vida de uma mulher moderna na Alemanha pós-guerra. A protagonista, interpretada por Helke Sander, busca compreender seu papel na sociedade enquanto enfrenta desafios pessoais e profissionais. O filme é uma exploração crítica das normas de gênero e das estruturas patriarcais, representando um marco no cinema feminista alemão.
Vencedor do Prêmio Interfilm no Festival de Berlim; exibido nos festivais de Locarno, Bafici – Festival de Cinema Independente de Buenos Aires, New Directors New Films e Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba.
* “Adoção” (“Örökbefogadás” / “Adoption”, Hungria, 1975, 90 min) – Márta Mészáros
Um estudo psicológico de uma mulher da classe trabalhadora solteira que quer adotar uma criança.
Vencedor do Urso de Ouro de melhor filme e mais três prêmios paralelos no Festival de Berlim; exibido nos festivais de Toronto, Chicago, Nova York, Melbourne, Dublin, New Directors New Films e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
* “Algumas Entrevistas Sobre Problemas Íntimos” (“Ramdenime Interviu Pirad Sakitkhebze” / “Some Interviews on Personal Matters”, União Soviética, 1978, 95 min) – Lana Gogoberidze
Sopiko tem cerca de 40 anos e está completamente dedicada à sua profissão. Como jornalista, entrevista mulheres de diferentes realidades sobre suas condições de vida e desejos, enquanto tenta manter o delicado equilíbrio entre realização profissional e obrigações familiares. Com um olhar sensível e uma câmera dinâmica que flerta com o documental, Lana Gogoberidse constrói um retrato intenso da interseção entre o privado e o político. Considerado um dos primeiros filmes feministas da era soviética, *Ramdenime Interwiu Pirad Sakitchebse* captura as lutas cotidianas de uma mulher emancipada, trazendo uma perspectiva rara para o cinema da época. Sua restauração digital foi realizada dentro do projeto *Archive außer sich*, em cooperação com Haus der Kulturen der Welt, Staatliche Kunstsammlungen Dresden e Pina Bausch Foundation, como parte da iniciativa *The New Alphabet* do HKW, com apoio do Governo Federal Alemão para Cultura e Mídia.
Exibido nos festivais de Locarno, Doclisboa, Black Nights de Tallinn e New Directors New Films.
* “Born in Flames” (EUA, 1983, 90 min) – Lizzie Borden
Dez anos após uma revolução cultural social-democrata nos Estados Unidos, Adelaide Norris, fundadora negra radical do Woman’s Army, é assassinada misteriosamente. Em resposta, nasce uma rebelião feminista de mulheres de todas as etnias, classes e preferências sexuais para derrubar o sistema.
Vencedor do prêmio dos leitores da revista Zitty no Festival de Berlim; exibido nos festivais de Toronto, Roterdã, BFI-Londres, Munique, Gotemburgo, Melburne, Viena e Frameline – Festival LGBTQ de São Francisco.
* “Joyce aos 34” (“Joyce at 34”, EUA, 1972, 30 min) – Claudia Weill e Joyce Chopra
Documentário sobre o conflito entre ter uma carreira como diretora e ser mãe, sobre os desafios de fazer de conciliar trabalho e família.
Vencedor do prêmio Blue Ribbon no Festival de Cinema Americano.
* “Mulheres de Cinema” (Brasil-RJ, 1977, 37 min) – Ana Maria Magalhães
O filme revela a participação de atrizes, diretoras e o papel da mulher ao longo da história do cinema brasileiro. A obra destaca a cineasta, atriz, cantora, escritora e radialista Gilda de Abreu (1904-1979), a atriz e produtor Cristina Aché, a atriz e diretora Norma Bengell (1935-2013). Estão presentes no documentário ainda Ana Carolina, Leila Diniz, Helena Ignez, Eliana Macedo, Aurora Miranda, Carmen Miranda, Liège Monteiro, Eva Nil, Isabel Ribeiro, Carmen Santos, Dina Sfat e Irene Stefânia.
* “O Longo Caminho até a Cadeira de Diretor” (“The Long Road to Director’s Chair”, Noruega, 2025, 70 min) – Vibeke Løkkeberg
O “Primeiro Seminário Internacional de Cinema de Mulheres”, organizado pelas cineastas Claudia von Alemann e Helke Sander em 1973, pode ser considerado um dos primeiros festivais de cinema feminista. Realizado em Berlim, ocorreu no antigo cinema Arsenal, na Welserstraße, e na escola primária em frente. Entre as convidadas que viajaram para o evento estava Vibeke Løkkeberg, cineasta e ex-atriz norueguesa de 28 anos. Ela veio apresentar seu filme *Abort* e documentar o festival. Quase cinquenta anos depois, Løkkeberg encontrou as filmagens brutas – som e imagem – que se acreditava estarem perdidas e as transformou em um filme que se assemelha a uma viagem no tempo: entrevistas com participantes compartilhando experiências em pé de igualdade, escuta atenta, multidões no saguão, idas e vindas do lado de fora do cinema, encontros no seminário. O ar estava carregado de novos começos e fumaça de cigarro, solidariedade e abertura, determinação e confiança de mulheres que buscavam mudanças fundamentais no cinema e na televisão – contra a dominação masculina. Hoje, essa retrospectiva nos confronta com batalhas inacabadas e, possivelmente, esperanças perdidas.
Lançado este ano no Festival de Berlim e exibido em seguida no Bafici – Festival de Cinema Independente de Buenos Aires.
* “Vida de Mãe é Assim Mesmo?” (Brasil-RJ, 1983, 17 min) – Eunice Gutman
Através de um olhar sensível e direto, o filme evidencia como a falta de acesso a direitos reprodutivos afeta profundamente a vida de mulheres em situações de vulnerabilidade.
Vencedor do Prêmio Margarida de Prata para Cinema.
- Homenagem Hermano Penna, 80
* “Sargento Getúlio” (Brasil-SP, 1980, 90 min) – Hermano Penna
Sargento Getúlio e o motorista Amaro viajam no cumprimento da missão de transportar um preso político de Paulo Afonso (BA) até Aracaju (SE). Durante a viagem, a situação política se altera e o sargento recebe ordens para soltar o preso. Desconfiado, ele insiste em prosseguir, o que o transforma em inimigo da ordem. Perseguido e sentindo-se traído, Getúlio vê no cumprimento da missão a única razão de sua existência. Com Lima Duarte, Fernando Bezerra, Orlando Vieira e Flávio Porto.
Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Locarno; melhor filme, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor técnico de som e do prêmio da crítica no Festival de Gramado; Prêmio da Federação de Cineclubes/Unesco no Festival do Terceiro Mundo (França); prêmio especial do júri no Festival de Havana.
* “Fronteira das Almas” (Brasil-SP, 1987, 84 min) – Hermano Penna
Cassiano recebe um pedaço de floresta virgem num projeto de colonização oficial em Rondônia, mas não tem dinheiro para cultivá-lo. Juntamente com outras pessoas, ele resolve tomar conta do que lhe foi dado, mas enfrenta todos os tipos de problemas, como a malária e a densa mata virgem, quase impenetrável. Seu irmão Tião vive em uma comunidade de posseiros que ocupam terras devolutas no sul do Pará, enfrentando constantes ataques armados de um grileiro sanguinário. Num crescendo de tensão, as condições de sobrevivência se deterioram, imperando a seca e a miséria. Com Antônio Leite, Suzana Gonçalves, Fernando Bezerra, Marcélia Cartaxo, Orlando Vieira, Joel Barcellos, Wilson Melo, Ilva Niño, Cláudio Mamberti e Manfredo Bahia.
Vencedor do prêmio de melhor filme, direção, roteiro, fotografia, montagem e som no Rio Cine Festival; melhor atriz coadjuvante e prêmio especial do júri no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
* “Voo Cego Rumo Sul” (Brasil-SP, 2004, 89 min) – Hermano Penna
Aníbal, Sargento, Abílio e Ribamar, quatro jovens militantes, partem do Rio de Janeiro no final da tarde de 1º de abril de 1964 rumo ao sul do país, após ouvirem no rádio a convocação de Brizola e a notícia de que Jango estaria indo para lá armar a resistência contra os militares. Mas eles enfrentam vários problemas com o carro velho de Aníbal, um fusca caindo aos pedaços. Com Milhem Cortaz, Gustavo Wabner, Cassio Scapin e Robson Nunes.
* “Folias do Divino” (Brasil-SP, 1974, 34 min) – Hermano Penna
A Festa do Divino Espírito Santo sobrevive em muitas localidades brasileiras. Atualmente, em nenhum lugar a Festa, ou o Culto do Divino, sobrevive em sua manifestação original. Traços do culto foram apagados, ou se perderam no tempo. A ação da Igreja colaborou muito para que assim fosse. O filme “Folias do Divino” foi buscar os elementos dispersos que sobreviveram em muitas Festas do Divino de muitos cantos do país. Com os pedaços colhidos, o filme remonta uma Festa do Divino em sua inteireza e traços originais. Essa “arqueologia cinematográfica” nos permite fazer outras leituras sobre as origens e o significado profundo do Culto ao Divino Espírito Santo. Essa manifestação que, no dizer de Agostinho da Silva e Darcy Ribeiro, legou ao povo brasileiro a bela utopia de um mundo de paz, fartura e liberdade.
* “A Mulher no Cangaço” (Brasil-SP, 1976, 36 min) – Hermano Penna
A primeira obra, cinematográfica ou não, que faz um vasto panorama da participação da mulher no cangaço. Apesar das muitas citações à presença de Maria Bonita e poucas outras mulheres, o que predominava nos relatos sobre o cangaço eram os feitos e as falas masculinas. O filme é o primeiro a mostrar que, por ironia ou não, o cangaço termina nas mãos de uma mulher. Estão incluídos os primeiros depoimentos para as câmeras de Sérgia Ribeiro, Dadá (companheira de Corisco), Adília, Cila, Balão, Criança – todos ex-cangaceiras. Depoimentos que nos contam o que foi a vida no cangaço para essas mulheres e o que pensavam os homens sobre a presença feminina no cangaço.
* “CPI do Índio” (Brasil-DF, 1980, 10 min) – Hermano Penna
Em 1968, o Congresso Nacional instala a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigaria a situação dos povos indígenas e a atuação do Serviço de Proteção aos Povos Indígenas, o SPI. Pela primeira vez na sua história o Congresso Nacional, sairia do seu espaço físico para realizar os trabalhos de uma CPI. Tomada de depoimentos, coletas de provas etc. A CPI se deslocaria para as áreas indígenas e locais de conflitos. A CPI faria cinco viagens. A quinta e última seria uma visita ao Parque Nacional do Xingu. Foram realizadas duas viagens e o país foi violentado pelo AI-5. As atividades da CPI foram encerradas. Muitos dos seus membros foram cassados. O filme é o registro cinematográfico desse importante momento do Congresso Nacional e da nossa história.
* “Smetak” (Brasil-SP, 1967-1997, 5 min) – Hermano Penna
Um retrato de Walter Smetak (1913-1984), músico-filósofo-demiurgo suíço naturalizado brasileiro, apresentando suas criações (instrumentos não necessariamente musicais e/ou esculturas não necessariamente mudas) de arte plástica-sonora na Universidade de Brasília em 1967.
- Panorama Internacional Contemporâneo
ativismo
* “Neve Negra” (“Black Snow”, EUA/Dinamarca, 2024, 100 min) – Alina Simone
Quando os moradores de uma remota cidade de mineração de carvão siberiana descobrem que uma mina abandonada pegou fogo, lançando gases tóxicos em seus lares, eles recorrem à Natalia Zubkova, dona de casa que se tornou jornalista, em busca de ajuda. No entanto, depois que sua cobertura se torna viral, o governo inicia um esforço massivo para encobrir a verdade. À sombra de um governo cada vez mais autoritário, Natalia embarca em uma busca perigosa para revelar a extensão total da catástrofe ambiental que se desenrola em sua cidade.
Vencedor do Prêmio Futuro Sustentável no Festival de Sydney; Prêmio F:Act no CPH:DoX; melhor documentário de ativismo no Festival Movies that Matter de Haia; exibido no DOC NYC e no Festival de Documentários de Sheffield.
* “Democracia Noir” (“Democracy Noir”, EUA/Dinamarca, 2024, 90 min) – Connie Field
Em meio à ascensão do autoritarismo do século 21, poucos políticos se mostraram tão corruptos e hábeis em minar a democracia quanto o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Um herói para a população cristã conservadora de seu país e um modelo para o movimento político de direita, Orbán toma medidas metódicas para corroer as instituições democráticas húngaras, mantendo a popularidade entre a maioria dos cidadãos. O documentário acompanha três mulheres corajosas que lutam incansavelmente para expor as mentiras e a corrupção enraizadas no governo de Orbán.
Vencedor dos prêmios de melhor documentário e do Prêmio Mass Impact no Festivl de Boston; melhor longa-metragem no Festival de Sebastopol; exibido no CPH:DOX e no Festival de Documentários de Sheffield.
* “Rigoroso Escrutínio” (“Heightened Scrutiny”, EUA, 2025, 89 min) – Sam Feder
O documentário acompanha Chase Strangio, advogado e a primeira pessoa assumidamente trans a argumentar perante a Suprema Corte, enquanto ele trava uma batalha legal para derrubar a proibição do Tennessee aos cuidados de afirmação de gênero para jovens transgêneros. O filme expõe o perigoso papel da mídia tradicional em alimentar a legislação antitrans, revelando como a cobertura tendenciosa impulsiona o ódio, põe vidas em perigo e ameaça a própria democracia.
Vencedor do prêmio do público no Festival de Salem; exibido nos festivais de Sundance, Miami e Cleveland.
* “Uma Nova Selva” (“A New Kind of Wilderness”, Noruega, 2024, 83 min) – Silje Evensmo Jacobsen
Numa pequena fazenda na floresta norueguesa, uma família busca uma existência livre e selvagem. No entanto, após um evento trágico, eles são forçados a deixar sua fazenda idílica e enfrentar as expectativas da sociedade moderna.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri para Melhor Documentário no Festival de Sundance; melhor documentário nos festivais de Seattle e Amanda (Noruega); exibido no Visions du Réel.
* “Terra Negra, Mãos Negras” (“Farming While Black”, EUA, 2023, 75 min) – Mark Decena
Em 1910, fazendeiros negros possuíam 14% de todas as terras agrícolas estadunidenses. Nas décadas seguintes, esse número caiu para menos de 2%, devido ao racismo, à discriminação e à desapropriação. O filme acompanha Leah Penniman, cofundadora da Soul Fire Farm, e os esforços de outros dois fazendeiros negros para recuperar sua herança agrícola africana. Coletivamente, o trabalho deles tem um grande impacto e o potencial de salvar o planeta, pois eles são líderes em movimentos de agricultura sustentável e justiça alimentar.
Exibido no Festival de Mill Valley.
contaminação
* “Apple Cider Vinegar” (Bélgica/Países Baixos, 2024, 84 min) – Sofie Benoot
As pedras são as partes mais fundamentais e as mais negligenciadas de nosso mundo. Quando uma narradora de documentários de natureza aposentada expulsa uma pedra dos rins, ela decide contar mais uma história sobre o mundo esquecido das pedras. Filme-ensaio que faz perguntas ecológicas urgentes, o documentário nos leva a uma jornada para conhecer trabalhadores palestinos de pedreiras, geólogos britânicos apaixonados e pessoas que vivem nos campos de lava da Ilha do Fogo.
Vencedor do prêmio de melhor filme da competição verde no Dokufest – Festival de Documentários e Curtas-metragens de Kosovo; exibido nos festivais de Vancouver, Roma, Camden, Viena, Visions du Réel, DocVille, Festival de Documentários de Montreal e no Festival de Documentários Ji.hlava.
* “Middletown” (EUA, 2025,113 min) – Amanda McBaine e Jesse Moss
1991, interior do estado de Nova Iorque. Um grupo de adolescentes desajustados, inspirados por um professor de inglês, embarca em um projeto de filme estudantil e descobre uma vasta conspiração que está envenenando o solo. Unindo forças para confrontar adultos indiferentes, políticos corruptos e uma violenta organização criminosa que ameaça a pequena cidade, eles produzem um documentário investigativo que choca a comunidade. Trinta anos depois, eles revisitam o filme e confrontam o legado dessa experiência transformadora.
Exibido nos festivais de Sundance, Wisconsin, Minneapolis St. Paul e MoMA Doc Fortnight.
* “Feitos de Plástico” (“Plastic People”, Canadá, 2024, 83 min) – Ben Addelman e Ziya Tong
O documentário investiga o nosso vício em plástico e a crescente ameaça dos microplásticos à saúde humana. Quase todo o plástico já produzido se decompõe em microplásticos. Essas partículas microscópicas flutuam no ar, na água e se misturam ao solo, tornando-se uma parte permanente do meio ambiente. Agora, cientistas estão encontrando essas partículas em nossos corpos: órgãos, sangue, tecido cerebral e até mesmo nas placentas de novas mães. Qual é o impacto desses invasores invisíveis em nossa saúde? E há algo que possa ser feito a respeito?
Exibido no SXSW e nos festivais de documentários de Sheffield e Festival de Documentários Ji.hlava.
economia e emergência climática
* “Made in Ethiopia” (EUA/Etiópia/Dinamarca/Reino Unido/Canadá/Coreia do Sul, 2024, 91 min) – Xinyan Yu e Max Duncan
Quando um enorme complexo fabril chinês tenta uma expansão de alto risco na Etiópia rural, três mulheres apostam seus futuros na promessa da industrialização. À medida que a esperança inicial se choca com realidades dolorosas, elas se encontram, assim como a Etiópia, em uma encruzilhada.
Vencedor de menção especial do júri no Festival de Tribeca; melhor documentário no Festival de Varsóvia; exibido no Festival de Documentários de Sheffield, Docville e nos festivais de Hong Kong e Cleveland.
* “Limites da Europa” (“Hranice Evropy” / “Limits of Europe”, República Tcheca/França/Eslováquia, 2024, 98 min) – Apolena Rychlíková
Saša Uhlová, uma proeminente jornalista tcheca, deixa sua família e se junta à “mão de obra barata” na Europa Ocidental. Infiltrada, ela trabalha em uma fazenda de aspargos na Alemanha, tenta a sorte como camareira em um hotel na Irlanda e cuida de idosos na França. Ela vivencia em primeira mão o que é se tornar uma trabalhadora migrante, revelando como é a vida de pessoas que são os pilares da prosperidade dessas sociedades.
Exibido no Hot Docs, CPH:DOX e Festival de Documentários Ji.hlava.
* “Morte e Impostos” (“Death & Taxes”, EUA, 2024, 86 min) – Justin Schein e Robert Edwards
A riqueza herdada e o sistema tributário que a protege distorceram gravemente a democracia estadunidense, perpetuando a desigualdade racial e econômica no país. O documentário se concentra na relação entre o cineasta e seu pai, Harvey Schein, que gostava de dizer que viveu o chamado “sonho americano”: ascender da pobreza ao grande sucesso financeiro como um dos principais CEOs dos EUA nos anos 1970. Mas ele também passou os últimos 20 anos de sua vida obcecado em tentar proteger sua riqueza dos impostos.
Exibido no DOC NYC e no Festival da Flórida.
* “O Efeito Casa Branca” (“The White House Effect”, EUA, 2024, 96 min) – Bonni Cohen, Pedro Kos e Jon Shenk
Há três décadas, o mundo estava determinado a parar o aquecimento global. Utilizando material de arquivo, o documentário conta a dramática história da origem da crise climática e como uma batalha política no governo de George H. W. Bush (1988-1992) mudou o curso da história — culminando com os EUA minando um acordo global para estabelecer limites rígidos para as emissões, preparando o terreno para o futuro cada vez mais quente, perigoso e polarizado que enfrentamos agora.
Exibido no IDFA-Amsterdã, CPH:DOX, DOC NYC, e nos festivais da Filadélfia, Santa Barbara, Camden e Rio de Janeiro.
* “Fiscal da Felicidade” (“Agent of Happiness”, Butão/Hungria, 2024, 94 min) – Arun Bhattarai e Dorottya Zurbó
Como medir a felicidade? O Butão inventou o índice de Felicidade Interna Bruta para fazer exatamente isso. Amber é um dos fiscais que viaja de porta em porta para encontrar pessoas em todo o país e medir o quão felizes elas realmente são. Embora tenha nascido no Butão e trabalhe para o governo, ele perdeu sua cidadania devido à Lei de Cidadania do Butão de 1985 e, desde então, tem tentado recuperá-la. Ele é um fiscal da felicidade em busca de sua própria felicidade.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de São Francisco; menção especial no Festival de Mumbai; exibido nos festivais de Sundance, Seattle, Zurique, Sydney, Hong Kong, Camden, Hot Docs, DocBarcelona, CPH:DOX, Festival de Documentários de Sheffield e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
migração
* “Favoriten” (“Favoriten”, Áustria, 2024, 118 min) – Ruth Beckermann
A diretora Ruth Beckermann passou três anos acompanhando uma turma de estudantes do ensino fundamental, com idades entre sete e dez anos, e sua dedicada professora, em uma grande escola primária no bairro de Favoriten – local multiétnico e tradicionalmente operário de Viena. Mais de 60% dos alunos das instituições primárias vienenses não têm o alemão como primeira língua e o sistema enfrenta uma grave escassez de docentes. Conhecemos as crianças como indivíduos à medida que aprendem, crescem e se desenvolvem durante o período que antecede o último ano da escola primária, momento que terá um impacto decisivo no futuro de cada uma delas. O documentário faz desses jovens coautores do filme, ao entregar câmeras e incorporar as imagens filmadas por eles. Enquanto vivenciamos aventuras, lutas, derrotas e vitórias diárias da infância, acompanhamos um microcosmo da sociedade contemporânea da Europa Ocidental: uma sociedade que luta com questões de identidade e migração.
Vencedor do Peace Film Award no Festival de Berlim; melhor documentário no Festival de Hong Kong; menção especial no Festival de Viena; exibido nos festivais de Estocolmo, Valladolid, Visions du Réel e DocAviv.
* “Kora” (Portugal, 2024, 27 min) – Cláudia Varejão
Documentário sobre mulheres refugiadas vivendo em Portugal. Em comum, elas trazem o passado nas palavras e aqueles que amam impressos em retratos. A partir dessas memórias, temos um olhar íntimo e político de quem reconstrói seu) presente.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documental nos Prêmios Sophia (Academia Portuguesa de Cinema).
* “Na Fronteira de Agadez” (“On the Border”, Áustria/Alemanha/Suíça, 2024, 103 min) – Gerald Igor Hauzenberger e Gabriela Schild
A União Eropeia queria fazer da cidade desértica de Agadez, no Níger, seu ponto de ancoragem de segurança na região do Sahel. No entanto, após 12 anos, todas as organizações militares e civis ocidentais foram forçadas a deixar o país africano. No filme, os residentes refletem sobre como a crise de migração internacional e as intervenções mudaram suas vidas nos últimos cinco anos e alertam que as novas restrições de fronteira ameaçam o estilo de vida nômade tradicional do povo Tuaregue.
Exibido nos festivais IDFA-Amsterdã e CPH:DOX.
* “SOS: Save Our Souls” (“Save Our Souls”, França, 2024, 91 min) – Jean-Baptiste Bonnet
O Mar Mediterrâneo é um deserto mortal para aqueles que desejam atravessá-lo e chegar à Europa. Ao largo da costa da Líbia, a tripulação do Ocean Viking procura barcos perdidos. Após um resgate perigoso, náufragos e socorristas vivem juntos a bordo, aguardando atracar em um porto seguro. Esse período a bordo é o primeiro abrigo que os sobreviventes encontram no meio de sua jornada, promovendo um vínculo único com os socorristas.
Exibido nos festivais IDFA-Amsterdã, CPH:DOX e Visions du Réel.
* “Lugares Familiares” (“Familiar Places”, Alemanha, 2024, 94 min) – Mala Reinhardt
Queer, ganesa-alemã, poliamorosa e desejando um filho, Akosua é acompanhada por três anos por sua amiga e diretora Mala Reinhardt em sua jornada pela Alemanha e por Gana. Juntas, elas vivenciam os altos e baixos de uma vida cheia de desejos, relacionamentos, crescimento pessoal e anseio por pertencer.
Exibido no Festival de Locarno.
povos & lugares
* “Nossa Terra, Nossa Liberdade” (“Our Land, Our Freedom”, Quênia/Portugal/EUA/Alemanha, 2023, 97 min) – Meena Nanji e Zippy Kimundu
A busca de Wanjugu Kimathi pelos restos mortais de seu pai começa como uma investigação sobre as atrocidades coloniais britânicas, incluindo campos de concentração e roubo de terras que deixaram centenas de milhares de quenianos desamparados. Trabalhando em estreita colaboração com sua mãe, seus esforços desencadeiam um movimento maior, transformando Wanjugu em uma poderosa defensora na luta por justiça e pelo reassentamento de terras para os desapossados.
Vencedor do Prêmio da Anistia Internacional e de menção honrosa do Prêmio TV3 no DocsBarcelona; vencedor do Prêmio de Documentário Ativista no Festival Movies that Matter de Haia.
* “Lua Sem Lar” (“Moon Without a House”, Azerbaijão, 2024, 22 min) – Atanur Nabiyeva
A diretora Atanur Nabiyeva retorna à sua aldeia depois de anos e vê que a outrora gigantesca montanha Avey está desaparecendo. Em busca de algo ligado ao seu passado na montanha quase deserta, cercada por fábricas e pedreiras, ela conhece uma avó e uma neta que vivem juntas. Com a ajuda delas, a diretora tenta dar uma nova vida às suas memórias de infância, que estão desaparecendo junto com a montanha.
* “O Pastor e o Urso” (“The Shepherd and the Bear”, EUA/Reino Unido/França, 2024, 100 min) – Max Keegan
O urso pardo foi reintroduzido nos Pireneus franceses há quase trinta anos. Desde então, uma batalha feroz se instalou entre os conservacionistas de vida selvagem e a comunidade tradicional de pastoreio, cujos rebanhos, que pastam nas pastagens altas de verão, são atacados com cada vez mais frequência. O documentário explora o conflito e acompanha Yves, um pastor envelhecido que luta para encontrar um sucessor.
Exibido no Festival de Salem.
* “Alma do Deserto” (“Alma del Desierto”, Colômbia/Brasil-RJ, 2024, 87 min) – Mónica Taboada Tapia
O documentário acompanha Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu que luta para obter o direito básico de ter sua identidade reconhecida. Após perder seus documentos em um incêndio criminoso provocado pelos próprios vizinhos, que não aceitavam sua presença, ela embarca em uma jornada de resiliência e coragem para recuperá-los e poder exercer direitos civis fundamentais, como o direito ao voto.
Vencedor do Prêmio Leão Queer no Festival de Veneza; melhor documentário no Cinélatino – Festival de Cinema Latino-americano de Toulouse; melhor documentário e melhor filme LGBTIQ+ no Festival de Havana; exibido no DOC NYC.
* “Réquiem para uma Tribo” (“Requiem for a Tribe”, Irã/Espanha/Catar, 2024, 70 min) – Marjan Khosravi
Hajar, uma mulher de 55 anos que passou toda a sua vida na tribo nômade iraniana Bakhtiari, é traída e decepcionada por sua família mais próxima, que quer obrigá-la a se estabelecer na cidade e lá viver pacificamente até o fim de seus dias. Embora as circunstâncias não estejam a seu favor, devido ao sistema social patriarcal, à crescente urbanização e às mudanças climáticas, Hajar não vai desistir de seu rebanho de ovelhas nem de sua liberdade nômade.
Exibido o Festival de Xangai e no Festival de Documentários Ji.hlava.
povos originários
* “Memória Implacável” (“Memoria Implacable” / “Relentless Memory, Chile/Argentina, 2024, 93 min) – Paula Rodríguez Sickert
Margarita, uma acadêmica Mapuche, descobre em um arquivo desconhecido em Berlim os testemunhos de prisioneiros Mapuche que foram expulsos de seus territórios durante as invasões militares que fundaram a Argentina e o Chile. Comovida pela descoberta, ela embarca em uma jornada para refazer as rotas de deportação de seus ancestrais.
Vencedor de menção honrosa no Festival de Documentários Cinema Verité (Irã); exibido no Festival de Documentários de Sheffield.
* “Libertem Leonard Peltier” (“Free Leonard Peltier”, EUA, 2025, 110 min) – Jesse Short Bull e David France
Leonard Peltier, um dos líderes sobreviventes do Movimento Indígena Americano, está preso há 50 anos após uma controversa condenação por assassinato. Uma nova geração de ativistas nativos está comprometida em conquistar sua liberdade antes de sua morte.
Vencedor do Prêmio Silver Edward (segundo melhor filme), Prêmio da Fipresci e Prêmio da Anistia Internacional de no Festival de Documentários de Thessaloniki; exibido nos festivais de Sundence, Boston e Cleveland.
* “Patrulha” (“Patrol”, Nicarágua/EUA, 2023, 83 min) – Camilo de Castro e Brad Allgood
Uma crise emergente em uma das últimas florestas tropicais remanescentes na América Central desencadeia uma missão heroica. Quando pecuaristas ilegais devastam grandes extensões da ameaçada floresta da Nicarágua, guardas indígenas unem forças com um conservacionista americano e jornalistas infiltrados para expor o obscuro mundo da carne bovina.
Vencedor dos prêmios de melhor documentário nos festivais de Woods Hole e Port Townsend (ambos nos EUA); exibido no Festival de Mill Valley.
* “Karuara, o Povo do Rio” (“Karuara, la Gente del Rio” / “Karuara, People of the River”, Peru/Canadá, 2024, 78 min) – Miguel Araoz Cartagena e Stephanie Boyd
Mariluz Canaquiri diz que seu rio é mais do que apenas um corpo d’água, é um ser vivo. O rio Maranhão, nas profundezas da região amazônica do Peru, abriga uma vasta rede de aldeias espirituais governadas pelos Karuara, que significa “povo do rio” em Kukama-Kukamiria, a língua indígena de Mariluz. Ela e sua família confrontam interesses poderosos para salvar seu rio e esses seres sagrados.
Exibido no festival Hot Docs.
* “Desterrar” (“UNEARTH”, EUA, 2024, 93 min) – John Hunter Nolan, Auberin Strickland e Dunedin Strickland
Em meio à urgente demanda por metais e minerais para combater as mudanças climáticas, pescadores de salmão e membros de conselhos tribais indígenas enfrentam a ameaça da maior mina de cobre da América do Norte. O filme acompanha os irmãos Aube e Dune Strickland e as irmãs Christina e AlexAnna Salmon, enquanto eles lidam com a política, os poderosos e as implicações concretas da proposta de uma mina de cobre em sua terra natal, a Baía de Bristol, no Alasca, revelando uma indústria massiva e destrutiva da qual todos fazemos parte sem saber.
Exibido no Festival de Cleveland.
* “Yintah” (“Yintah”, Canadá, 2024, 110 min) – Jennifer Wickham, Brenda Michell e Michael Toledano
Yintah significa “terra” na língua Wet’suwet’en. O documentário conta a história do povo Wet’suwet’en, uma nação indígena que afirma sua soberania enquanto resiste à construção de múltiplos oleodutos, ocupa e protege suas terras tradicionais em uma longa batalha para impedir as empresas que buscam explorá-las.
Vencedor do prêmio do público e menção honrosa no Hot Docs; exibido no Festival de Estocolmo e no Festival de Documentários de Sheffield.
- Sessões Especiais – Internacional
Cyril Dion
* “Animal” (França, 2021, 105 min) – Cyril Dion
Os jovens ativistas Bella e Vipulan, ambos de 16 anos, fazem parte de uma geração convencida de que seu futuro está em perigo. Entre a emergência climática e a sexta extinção em massa, seu mundo pode ser inabitável daqui a 50 anos. O filme conduz a uma jornada extraordinária para conversar com algumas das pessoas mais dedicadas ao mundo animal e entender em outro nível o quão profundamente nós, os humanos, estamos ligados a todas as outras espécies vivas. E que ao salvá-los, também estamos nos salvando.
Exibido no Festival de Cannes; vencedor do prêmio do público jovem nos Prêmios do Cinema Europeu.
* “Amanhã” (“Demain”, França, 2015, 118 min) – Cyril Dion e Mélanie Laurent
Com a situação do meio ambiente cada dia mais exigindo medidas drásticas, esse documentário ecológico decide abandonar um pouco a crise e focar em seres humanos comuns que estão desenvolvendo projetos e dispositivos para tornar o mundo em um lugar melhor para se habitar.
Vencedor do prêmio de melhor documentário nos Prêmios César.
Tecnologia
* “Você Eterno” (“Eternal You”, Alemanha/EUA, 2024, 87 min) – Hans Block e Moritz Riesewieck
Se você tivesse a chance de conversar com um ente querido que morreu, você a aproveitaria? O documentário explora o mundo das startups que usam inteligência artificial para criar avatares de pessoas falecidas, o que pode se tornar uma das maiores experiências humanas do nosso tempo. No entanto, os criadores desses serviços negam qualquer responsabilidade pelas profundas consequências psicológicas dessas experiências.
Vencedor do prêmio de melhor filme científico no festival DocVille; exibido nos festivais de Sundance, São Francisco, DocBarcelona, DOC NYC, Hot Docs e CPH:DOX.
* “O Jogo da Mente” (“The Thinking Game”, EUA, 2024, 83 min) – Greg Kohs
O cientista Demis Hassabis, fundador da DeepMind, um dos principais laboratórios de IA do mundo, busca a criação de uma IA que iguale ou supere as habilidades humanas em uma ampla gama de tarefas. Filmado ao longo de cinco anos, o documentário acompanha os momentos cruciais dessa busca, incluindo a conquista inovadora do AlphaFold, um programa que solucionou um desafio de 50 anos na biologia.
Exibido nos festivais de Tribeca, Vancouver e Black Nights de Tallinn.
Cidades
* “Slumlord Millionaire” (EUA, 2024, 86 min) – Stephen Ching e Ellen Martinez
O documentário retrata a gentrificação e a crise habitacional por meio de diferentes batalhas desiguais. O aluguel em Manhattan, Nova Iorque, é de US$ 5 mil por mês. À medida que os aluguéis aumentam, alguns proprietários têm se tornado mais agressivos, tentando fazer com que antigos inquilinos se mudem. O objetivo é desregulamentar o apartamento e alugá-lo pelo preço de mercado para obter um alto lucro. Essas ações elevam os custos de um mercado imobiliário já inacessível e deslocam famílias que compõem o tecido do bairro, mudando comunidades para sempre.
Vencedor do prêmio do público no DOC NYC.
- Competição Territórios e Memória
longas-metragens
* “A Queda do Céu” (Brasil-SP-RR/França, 2024, 108 min) – Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha
A partir do poderoso testemunho do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, o filme acompanha o importante ritual Reahu, que mobiliza a comunidade de Watorikɨ em um esforço coletivo para segurar o céu. A obra traz uma contundente crítica xamânica sobre aqueles chamados por Davi de povo da mercadoria, assim como sobre o garimpo ilegal e a mistura mortal de epidemias trazidas por forasteiros que os Yanomami chamam de epidemias “xawara”, trazendo em primeiro plano a beleza da cosmologia Yanomami, dos espíritos xapiri e
sua força geopolítica que nos convida a sonhar longe.
Exibido na Quinzena de Cineastas do Festival de Cannes; vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Guanajuato; prêmio especial do júri no DMZ Docs (Coreia do Sul); melhor som e direção de documentário no Festival do Rio; Prêmio Fundação INATEL no Festival Doc Lisboa; melhor documentário no festival Agenda Brazil Milan (Itália); exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Festival de Dcumentários Festival de Documentários Ji.hlava, Festival de Havana, Festival Biarritz Amérique Latine, forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, Dokufest – Festival de Documentários e Curtas-metragens de Kosovo, Citronela Doc – Festival de Documentários de Ilhabela, entre outros.
* “Carta a Un Viejo Master” (Brasil-RJ, 2024, 73 min) – Paz Encina
Uma homenagem ao mestre Eduardo Coutinho, documentarista brasileiro que registrou diversas vidas no famoso Edifício Master há 20 anos. A cineasta busca vestígios da presença ainda forte do realizador no local, costurando uma carta afetuosa a partir do encontro com esse espaço — e seus atuais moradores — e dialogando com os vazios, fantasmas e memórias de um filme e de um lugar.
Exibido no Festival do Rio.
* “Intervenção” (Brasil-SP, 2024, 96 min) – Gustavo Ribeiro
O filme narra as vidas dos residentes de uma comunidade em São Paulo, Brasil. Composta por duas favelas e um projeto habitacional, esta comunidade foi estabelecida há mais de 50 anos e está à beira da urbanização. No entanto, a urbanização enfrenta resistência dos moradores da área mais rica do bairro, em um movimento conhecido como “não no meu quintal”.
Vencedor do prêmio da crítica de melhor filme brasileiro na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
* “Lista de Desejos para Superagüi” (Brasil-PR, 2023, 72 min) – Pedro Giongo
Em uma mítica ilha no litoral Sul do Brasil, um pescador de 70 anos ainda não conseguiu se aposentar. Martelo é um homem farol, aponta sua luz para Superagüi e ilumina os desejos de seus moradores, que dizem muito sobre o momento atual: melhorar as condições de trabalho, conseguir se aposentar com dignidade e reverter a vida da ilha para como ela era antigamente.
Vencedor do prêmio de melhor filme da Mostra Aurora na Mostra de Tiradentes; exibido no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba, no forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte e na Mostra do Filme Livre.
* “Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe” (Brasil-RJ/PA, 2024, 72 min) – Aldira Akay, Beka Munduruku e Rilcélia Akay
Nas margens do rio Tapajós, no Pará, a floresta das mulheres peixe espelha a mitologia Munduruku, onde humanos, na origem do mundo, se transformaram em floresta, plantas e animais. No dia-a-dia da aldeia Sawre Muybu, os espíritos da floresta não são apenas forças espirituais ancestrais, mas parte da família.
Exibido no Hot Docs e É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.
* “Não Haverá Mais História Sem Nós” (Brasil-PA, 2024, 76 min) – Priscilla Brasil
Submersos no mar de greenwashing que os afoga diariamente, dois pesquisadores amazônicos resolvem denunciar as entranhas do histórico processo de invenção e exploração da floresta como um jardim do éden inesgotável. Entre Munique (Alemanha) e Belém (Brasil), eles revelam como o racismo e o preconceito, do Brasil e do mundo, até hoje se organizam na ideia do “vazio demográfico”, selvagem e incapaz de falar por si.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival de Bali; melhor longa-metragem no FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental; melhor montagem no Filmambiente – Festival Int Filmes Temas Ambientais.
* “O Rancho da Goiabada, ou Pois é Meu Camarada, Fácil, Fácil Não é a Vida” (Brasil-SP, 2024, 72 min) – Guilherme Martins
O filme debate as relações de trabalho entre campo e cidade através da vida de Alex. Em um fluxo atemporal, o personagem tenta ganhar a vida e sobreviver como auxiliar de serviços gerais e camelô na cidade de São Paulo e como cortador de cana no interior do Estado. Os conflitos do seu dia a dia aos poucos alimentam a sua necessidade de mudança.
Exibido no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
* “Pau D’Arco” (Brasil-SP-RJ, 2025, 89 min) – Ana Aranha
Depois de sobreviver à chacina em que a polícia matou dez sem-terra em uma fazenda na Amazônia Paraense, Fernando, a principal testemunha do crime, e Vargas, seu advogado, lutam por justiça e pelo direito à terra. Ao seguir seus passos por sete anos, acontecimentos chocantes são revelados na tentativa de encobrir o crime.
Exibido no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.
* “Quem É Essa Mulher?” (Brasil-BA, 2024, 70 min) – Mariana Jaspe
Separadas por um século, duas mulheres negras se encontram pelas estradas da Bahia. Oriunda da periferia de Salvador, Mayara rememora os caminhos, surpreendentes a cada nova descoberta, que a levaram a desvendar Maria Odília Teixeira, a neta de uma ex-escravizada que se tornou a primeira médica negra do Brasil.
Exibido no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba, Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África, Caribe, Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro e no Festival Internacional de Cinema de Realizadoras (Pernambusco).
* “São Palco – Cidade Afropolitana” (Brasi-SP, 2023, 72 min) – Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji
O que artistas africanos que chegaram ao Brasil nos últimos anos carregam consigo na travessia? O documentário apresenta a cidade de São Paulo como um meta-palco ocupado por artistas do Togo, Moçambique, República Democrática do Congo e Angola, entre outras nações africanas, em diálogo com a população brasileira e suas aberturas, contradições e tensões.
Exibido na mostra Prêmio Pierre Verger (Belo Horizonte).
* “Tesouro Natterer” (Brasil-DF, 2024, 84 min) – Renato Barbieri
O naturalista austríaco Johann Natterer, membro da Expedição Austríaca, acompanhou a então Arquiduquesa Leopoldina em sua vinda ao Brasil, em 1817. Ele permaneceu 18 anos no país, o que resultou em uma impressionante coleção de mais de 55 mil objetos, compondo imensa coleção natural e o maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil, hoje preservado em dois dos principais museus de Viena, Áustria.
Vencedor do prêmio de melhor longa-metragem brasileiro no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários; melhor filme, roteiro e trilha sonora no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Exibido no
Festival de São Bernardo do Campo.
* “Tijolo por Tijolo” (Brasil-PE, 2024, 103 min) – Victória Álvares e Quentin Delaroche
No Ibura, periferia do Recife, Cris tem a impressão de que tudo está por um fio. Ela e o marido perderam os empregos no início da pandemia de Covid-19, além da casa em que moravam com três crianças pequenas, por risco de desabamento. Grávida do quarto filho e em busca de uma laqueadura, ela trabalha como micro-influenciadora digital enquanto tenta reconstruir a casa e reestruturar a vida.
Vencedor dos prêmios de melhor direção, melhor montagem e prêmio da crítica no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba; exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, Janela Internacional de Cinema, do Recife, Cine Alter – Festival de Cinema Latino Americano de Alter do Chão, Festival Internacional de Goiânia, Festival de Triunfo e na Mostra de Cinema de Gostoso.
* “Topo” (Brasil-SP, 2024, 83 min) – Eugenio Puppo
Em uma pequena cidade portuária no litoral de São Paulo, Brasil, os acelerados avanços nas obras de infraestrutura e o crescente desenvolvimento turístico estão impactando cada vez mais a vida dos habitantes locais. Edivaldo, um morador antigo da região, apaixonado por cinema, utiliza sua câmera para registrar as memórias e as mudanças do lugar que o viu crescer. Enquanto isso, a jovem Iara enfrenta desafios em busca de um novo lar no bairro da Topolândia, tentando escapar do caos causado pela construção de uma rodovia próxima à sua casa. Em meio a essas transformações, uma tempestade sem precedentes atinge a cidade.
Vencedor de prêmio especial do júri no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
* “Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”(Brasil-MG/MS, 2024, 90 min) – Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna
Sueli Maxakali e Maiza Maxakali partem em busca do pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. Mesclando narrativas pessoais e históricas, o filme acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn e Kaiowá em defesa de seus territórios e modos de vida.
Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
curtas-metragens
* “A Fumaça e o Diamante” (Brasil-DF, 2023, 5 min) – Bruno Villela, Fábio Bardella e Juliana Almeida
Numa noite na Aldeia Catrimani (Terra Indígena Yanomami) uma família se reencontra após densa fumaça.
* “Artes(an)ato” (Brasil-SP, 2025, 24 min) – Isadora Maria Torres e Diego Gondim de Matos
Montado em seus artesanatos, um corpo-terra que multiplica suas ancestralidades como uma profetização do passado, de múltiplas polifonias circulares e espiralares. Uma performance do tempo-tela que reside e resiste em território de lutas e afetos.
* “Até Onde o Mundo Alcança” (Brasil-RJ, 2024, 27 min) – Daniel Frota de Abreu
Um ornitólogo tenta registrar os escassos cantos dos pássaros numa área de mineração desativada. Uma equipe de etnobotânicos lida com os desafios de armazenar uma das maiores coleções de história natural do mundo. Práticas científicas do passado e do presente se encontram num catálogo de plantas e animais brasileiros publicado em Amsterdã no século 17.
* “Canto das Areias” (Brasil-ES, 2024, 20 min) – Maíra Tristão
A busca pelas histórias da antiga vila soterrada de Itaúnas acaba por ser um encontro com São Benedito, padroeiro da região. Entre passado e presente, o documentário remexe as memórias do antigo vilarejo e celebra a vida dos devotos. Como um caminhar de volta no tempo, percorremos por memórias ancestrais de uma cidade que foi enterrada pelo vento e sobrevive na imaginação dos seus moradores.
* “Cavaram uma Cova no Meu Coração” (Brasil-AL, 2024, 24 min) – Ulisses Arthur
Enquanto uma mineradora perfura a terra para extrair sal-gema, uma gangue de adolescentes planeja quebrar a máquina responsável pelos tremores e afundamento do solo.
* “Domingo No Golpe” (Brasil-SP, 2024, 23 min) – Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi
Documentário “ready media” sobre os atos de 8 de janeiro de 2023 produzido com as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto. A narração foi criada a partir de trechos do relatório final da CPMI dos Atos de 8 de janeiro de 2023, lido pela relatora, a senadora Eliziane Gama. O filme aborda um 8 de janeiro que não começou em 2023, e que, todavia, ainda não terminou.
* “Dona Beatriz Ñsîmba Vita” (Brasil-MG, 2024, 20 min) – Catapreta
Uma mulher determinada a cumprir a missão divina de criar seu próprio povo, usando uma habilidade peculiar de produzir clones de si mesma. Livremente inspirado na história da heroína congolesa Kimpa Vita.
* “Javyju – Bom Dia” (Brasil-SP, 2024, 25 min) – Kunha Rete e Carlos Eduardo Magalhães
Em um futuro próximo, a terra foi devastada. Os povos indígenas sobreviveram em seus territórios graças à proteção dos encantados. Na antiga São Paulo, a aldeia Guarani do Jaraguá é uma das sobreviventes e recebe uma mensagem de esperança por um sonho. O pajé da aldeia convoca três jovens para uma viagem à cidade vazia atrás de respostas.
* “João de Una Tem um Boi” (Brasil-MA, 2024, 24 min) – Pablo Monteiro
Onde existe Bumba-boi, tem devoção. Na Tenda Nossa Senhora Aparecida não é diferente, lá tem um Boi que se chama Estrela, brinquedo do encantado João de Una. Localizado na Zona Rural de São Luís, o terreiro é chefiado há 22 anos por Joseph Joan, carinhosamente conhecido como Pai Joan. Entre todas as festas que marcam o calendário de obrigações, a “Morte do Boi de João de Una” ganha papel de destaque. Lugar onde caixas, tambores, radiolas, matracas e pandeiros se encontram em um só território.
* “Mar de Dentro” (Brasil-PE, 2024, 9 min) – Lia Letícia
A incansável insubmissão ao poder de Preto Sérgio e sua busca pela história do que não foi revelado, desamarrando os nós a partir dos bons ventos que o levam ao mar de fora e ao mar de dentro.
* “Mistérios do Nixipae” (Brasil-SP-AC, 2024, 25 min) – NatoRê e Mawa Pey
O filme retrata o surgimento da bebida do Nixipae (ayahuasca) na cosmovisão do povo Huni Kuî. Em uma linguagem híbrida entre ficção e documentário, o líder indígena Isaka Ruy nos guia em uma história que permeia o mundo dos encantados. Esse curta é resultado de um projeto socio-cultural de formação audiovisual na TI Katukina-kaxinawa, na floresta amazônica brasileira.
* “Os Mortos Resistirão Para Sempre” (Brasil-SP, 2024, 27 min) – Carlos Adriano
Cinepoema sobre o genocídio do povo palestino e dos povos originários do Brasil, em contraponto ao papel na poesia em tempo de catástrofe – filmagens brasileiras de 1922 e 1932, imagens documentais de 2023 e 2024, ensaios cinematográficos de Jean-Luc Godard, filmes militantes de Hani Jawharieh, Mustafa Abu Ali e Masao Adachi, testemunhos de Edgar Morin e Noam Chomsky, e o poema de Mahmud Darwich.
* “Quando Aqui” (Brasil-MG, 2024, 30 min) – André Novais Oliveira
Viajar no tempo sem sair do lugar.
* “Quebrante” (Brasil-SP, 2024, 23 min) – Janaina Wagner
O filme percorre as ruínas da Rodovia Transamazônica e sua fantasmagoria, retratando suas pedras e seus fantasmas. Situado na pequena cidade de Rurópolis (PA), o curta acompanha Dona Erismar, a responsável pela descoberta das cavernas da região. Ela entrava nos buracos escuros e desconhecidos apenas com uma vela nas mãos e um isqueiro amarrado na calça – caso o a chama se apagasse.
* “Quinze Quase Dezesseis” (Brasil-SP, 2023, 20 min) – Thais Fujinaga
O basquete deu à adolescente Tamiris a chance de estudar em uma escola particular. Lá, ela passa a se dividir entre treinos e aulas de teatro. Pela primeira vez em contato com o fazer artístico, Tamiris descobre outras formas de extravasar as energias do seu corpo adolescente, até que é assediada por seu professor durante uma aula.
* “Rami Rami Kirani” (Brasil-AC, 2024, 33 min) – Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui
Até pouco tempo, as mulheres Huni Kuin não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca), apenas os homens conheciam o poder dessa medicina. Um filme sobre os aprendizados, as transformações e a força da ayahuasca através das mulheres Huni Kuin.
* “Sakaki” (Brasil-SP, 2024, 12 min) – Alexandre Nakahara e Tiago Minamisawa
Lúcia é uma mulher nipo-brasileira de meia idade e solteira que luta contra a insônia e o vazio existencial. Durante o sono conturbado ela tem pesadelos com uma catástrofe ambiental. Em meio a essa vida caótica infestada pelas informações e redes sociais, uma planta sagrada japonesa, Sakaki, que estava largada no canto da sala e que Lúcia pouco cuidava, recebe um pequeno alento de vida antes de secar completamente. A planta ajuda Lúcia a ter uma nova perspectiva em relação à vida.
* “Samuel Foi Trabalhar” (Brasil-AL, 2024, 17 min) – Janderson Felipe e Lucas Litrento
Na véspera de deixar a informalidade e ser contratado, Samuel é assombrado pelo seu instrumento de trabalho: a fantasia de engenheiro.
* “Sukande Kasáká | Terra Doente” (Brasil-MT, 2025, 31 min) – Kamikia Kisedje e Fred Rahal
Kamikia e Lewaiki, do povo Kisêdjê, são obrigados a abandonar sua maior aldeia após detectarem a contaminação por agrotóxicos, que envenena suas terras, rios e alimentos. Cercados por monoculturas de soja, eles lutam para proteger sua cultura, suas famílias e seu território, enfrentando um inimigo invisível que ameaça sua existência.
* “Veredas” (Brasil-SP, 2025, 19 min) – Igor Rossato
José é um servente de obras que tem problemas de audição e trabalha há anos no interior do Brasil, onde sonhos e desejos são endurecidos pelo universo que o cerca. Ao descobrir que a mãe está doente, ele se vê dividido entre seguir o trecho e voltar para casa.
* “Vermelho de Bolinhas” (Brasil-CE, 2025, 20 min) – Joedson Kelvin e Renata Fortes
O filme aborda aspectos de complexidade em torno da construção da imagem de Benigna Cardoso da Silva, jovem sertaneja do interior do Ceará que, em 1941, foi vítima de feminicídio aos 13 anos de idade. Seu rosto permanece ausente em fotografias autênticas, levando o filme a questionar o significado de um rosto que nunca foi visto, desafiando o espectador a refletir sobre a singularidade especulativa desse aspecto central da narrativa. Diante da falta de registros visuais, o curta-metragem empreende uma jornada de reconstrução através de relatos orais e documentos históricos. Essa busca multifacetada e profusa concebe e disputa a representação imagética da “Heroína da Castidade”.
* “Wamã Mēkarõ Opojdjwyj” (Brasil-PA, 2023, 7 min) – Bemok Txucarramãe
Kiabieti, um dos primeiros cineastas Kayapó, conta sobre o começo do uso das câmeras nas aldeias e a sua importância para a preservação da imagem e memória de seu povo.
- Concurso Curta Ecofalante
* “Agora Eu Sou Negro” (Brasil-RN, 2024, 15 min) – Pedro Andrade / Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Durante boa parte de sua vida, André Vicente, artista visual de Caicó (RN), não se sentia negro, já que convivia num mundo de brancos e produzia uma arte que dialogava com as temáticas da branquitude. Ao se descobrir negro, sua trajetória de vida mudou completamente e suas produções artísticas se voltaram para temáticas negras e suas personagens. Uma nova identidade foi se construindo e a arte foi a voz que a mostrou ao mundo.
* “Antes Que o Porto Venha” (Brasil-ES, 2024, 23 min) – Isabela Narde / Universidade Federal de Viçosa
Em meio à crise climática global, um projeto portuário da indústria do petróleo e do gás na foz do rio Itabapoana, entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, ameaça devastar uma grande área de restinga nativa e ocupar os principais pesqueiros da região, ameaçando a subsistência de milhares de famílias que dependem da pesca artesanal e colocando em risco a tradição religiosa da romaria de Nossa Senhora das Neves.
* “Banho de Inclusão” (Brasil-SP, 2023, 3 min) – Yasmin Hasani / ESPM
O documentário aborda questões relacionadas à habitação, desigualdade social, saúde e bem-estar, e ao exercício pleno da cidadania.
* “Cartas à Tia Marcelina” (Brasil-AL, 2024, 25 min) – João Igor Macena / Universidade Federal de Alagoas
Tia Marcelina foi uma iyalorixá vítima do Quebra da 1912, um dos mais agressivos episódios de intolerância religiosa no Brasil. O documentário reflete sobre as consequências dessa perseguição às religiões de matriz africana e destaca o papel do evento Xangô Rezado Alto como símbolo da resistência e da luta pela liberdade religiosa em Alagoas.
* “Dandara” (Brasil-GO, 2024, 14 min) – Raquel Rosa / Universidade Estadual de Goiás
Dandara é uma criança negra que, após sofrer racismo na escola, questiona sua beleza e sua identidade. Com o apoio de sua mãe e de suas ancestrais, no entanto, Dandara reconhece sua força e seu valor.
* “Endereços Invisíveis” (Brasil-SC, 2024, 10 min) – Artur Hugo da Rosa / Universidade Federal de Santa Catarina
Sem CEP, as pessoas não existem no mapa. Na comunidade Frei Damião, a maior favela urbana de Santa Catarina, moradores enfrentam a invisibilidade imposta pela exclusão postal e mostram como a luta por um endereço é também a busca por reconhecimento, direitos e pertencimento.
* “Entre Utopias e Realidades” (Brasil-SP, 2023, 12 min) – Jeovane Ferreira Lima / Universidade Estadual de Campinas
O documentário apresenta as perspectivas e narrativas dos estudantes que ingressaram na universidade estadual de campinas, por meio do vestibular indígena. Retratando um olhar singular dos universitários indígenas, através das suas expectativas e realidades, refletindo sobre as mudanças, adaptações e determinações que o novo universo acadêmico os propõe.
* “Entrevivências” (Brasil-SP, 2023, 16 min) – André Panzarin e Tomás Ramos / Universidade de São Paulo
As vivências agroflorestais no assentamento Sepé Tiaraju, localizado na região de Ribeirão Preto – SP. Através de relatos, o filme trata da mudança inspiradora da paisagem regional, antes dominada por extensos canaviais, para a emergência de exuberantes florestas produtivas.
* “Maral” (Brasil-SC, 2024, 19 min) – Julia K. Rojas / Universidade Federal de Santa Catarina
Para apoiar seu amigo que foi obrigado a raspar a cabeça para visitar a família, Lila decide fazer o mesmo. Nas aulas de teatro, surge a vontade de interpretar o vilão. Sua nova aparência e seu personagem parecem inadequados para adultos ao redor. Na companhia de seus amigos, no entanto, ela começa a explorar quem realmente pode ser.
* “Na Ponta do Laço” (Brasil-SP, 2024, 16 min) – Carolina Huertas / Academia Internacional de Cinema
Bailarina desde criança, Lora é uma jovem de 17 anos, filha de um casal inter-racial, que se sente insegura ao se perceber como a única garota negra durante a audição para a personagem principal do espetáculo. Após o ocorrido, ela conversa com sua avó Dora, também uma mulher negra, sobre o episódio, suas vivências e percepções na busca de entender melhor seus sentimentos ao se conectar com suas raízes. Ao fortalecer os laços com sua avó, Lora descobre que as duas compartilham mais do que os traços: um mesmo sonho.
* “Nativo Digital” (Brasil-SP, 2024, 17 min) – Gabriel Jacob / FAAP
Em um futuro próximo, Guilherme, um menino de 10 anos, vive isolado em sua casa. Em busca de companhia, ele adquire uma IA chamada Leo, no formato de um chip implantado em seu pescoço. Apesar das tentativas de uma interação amigável, Guilherme enfrenta a insatisfação de ter uma IA dentro de sua cabeça, enquanto um misterioso sapo no quintal da casa narra a história.
* “Número Errado” (Brasil-MG, 2024, 9 min) – Leonardo Marcini / Universidade do Estado de Minas Gerais
Após sua rotina noturna ser interrompida por uma série de telefonemas e cartas endereçados por engano, descobrir quem é esta pessoa misteriosa promove intrigantes reflexões que vão alterar os rumos de sua vida para sempre.
* “O Voo de Dener” (Brasil-SP, 2024, 15 min) – Rafaela Souza e Giuliana Donadio / Universidade São Judas Tadeu
Em Creta, Ícaro ultrapassa limites e voa até alcançar o Sol e acabar no chão. Em Nova Iorque, Dener não deixa que ditem seus limites.
* “Pagode do Didi, Nosso Ponto de Encontro” (Brasil-PE, 2025, 21 min) – Maysa Carolino / Universidade Federal de Pernambuco
Em 1981, Mestre Didi fundou, no coração do Recife, a mais antiga roda de pagode da cidade e há mais de 40 anos faz a terra do frevo sambar. Entretanto, em 2024, a festa foi interrompida e o Pagode do Didi foi interditado. O documentário então mergulha na história de vida e luta de Didi, de sua família e dos músicos que mantêm vivo o reduto do samba pernambucano.
* “Pão de Cada Dia Brasil” (Brasil-SP, 2024, 23 min) – Vando de Sousa / ESPM
Hailton de Lira Goes, ex-instrumentador cirúrgico da Secretaria de Saúde Pública, viu sua vida virar do avesso após ser exonerado do cargo. Com a venda de latinhas como única fonte de renda, ele enfrenta diariamente a fome e a negligência do poder público. Todos os dias, caminha até o restaurante popular Bom Prato em busca da única refeição garantida. Sua trajetória escancara a dura realidade da insegurança alimentar em uma das maiores metrópoles do país.
* “Quem Ficou Fui Eu” (Brasil-SP, 2025, 20 min) – Luiza Pace e Maria Garé / ESPM
Sandra abandona o mercado de trabalho para se dedicar integralmente aos cuidados essenciais com sua mãe, diagnosticada com Alzheimer, enfrentando os desafios emocionais, físicos e financeiros dessa exaustiva rotina de atenção e adoecimento.
* “Raízes do Horto” (Brasil-RJ, 2024, 15 min) – Tito Ribeiro e Giovanna Capra / PUC-Rio
A história e a luta das comunidades do Caxinguelê e do Grotão, no Horto, Rio de Janeiro. O documentário retrata como a memória, o Museu do Horto e o projeto Horto Natureza são importantes ferramentas políticas para garantir a moradia das pessoas na comunidade e a preservação do meio ambiente.
* “Resistência na Tempestade” (Brasil-RJ, 2024, 13 min) – Renan Nascimento / Universidade Federal Fluminense
No dia 13 de janeiro de 2024, uma forte chuva caiu sobre o estado do Rio de Janeiro, alagando ruas e devastando bairros inteiros. A cidade de Belford Roxo, situada na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do estado, foi um dos locais mais atingidos pelo temporal. O documentário retrata a mobilização e a luta do projeto “Mais Por Nós”, liderado por Rayane Pereira, e do Coletivo Cria, sob a coordenação de Luiz Felipe Ribeiro, ambos residentes de Belford Roxo. Com apoio de amigos e parceiros da região, se dedicaram a ajudar os mais afetados pela chuva, que por consequência do racismo ambiental e os efeitos da crise climática ficaram sem acesso a serviços básicos como luz, água, comida e itens de higiene pessoal. Além de evidenciar a solidariedade da comunidade local, o documentário também expõe o descaso do Estado com essa população, que enfrenta de forma acentuada os impactos das mudanças climáticas.
* “Rita” (Brasil-SP, 2023, 11 min) – Nat Mendes / É Nóis na Fita
Expulsa de casa na adolescência, Rita se torna prostituta na idade adulta. Grávida e desejando ser mãe, ela enfrenta a resistência de sua amiga e companheira de quarto Suely, também prostituta, que teme as consequências dessa decisão.
* “RITXOKO” (Brasil-TO, 2023, 17 min) – Julia K. Rojas / Universidade Federal de Tocantins
As Ritxokos são bonecas feitas de argila, produzida pelas mulheres do povo Iny(Karajá) localizados na Ilha do Bananal (TO). Através das histórias compartilhadas por Disyrá Karajá e Dibexia Karajá, artesãs da aldeia Hawaló, conhecida como Santa Isabel do Morro, o filme revela como estas bonecas de cerâmica, inicialmente criadas como brinquedos para as crianças e instrumento de transmissão de saberes do cotidiano e cosmovisão, mantêm-se vivas até hoje, sendo reconhecidas desde 2012 como Patrimônio Imaterial do Tocantins.
- Sessões Especiais – Brasil
pré-estreias
* “Amazônia Azul” (Brasil-SP, 2024, 60 min) – Sérgio Gag
O que é a Amazônia Azul? Quais ações que estão sendo tomadas em relação aos corais da foz do Rio Amazonas, às baleias jubarte e a demais espécies marinhas? Por que os tubarões estão cada vez mais presentes nas praias de Pernambuco? Quais os processos de mitigação de impacto que as empresas que operam nos mares estão realizando? Venha conhecer muitas coisas que estão acontecendo nos mares brasileiros.
* “Antes do Último Voo” (Brasil-SP, 2025, 70 min) – Natália Keiko
A sul-africana Nduduzo Siba inicia uma promissora carreira musical depois de sair da prisão no Brasil. No entanto, ela vê seus sonhos ameaçados por um processo de expulsão.
* “Comida Para Quem Precisa” (Brasil-SP, 2025, 70 min) – Leonardo Brant
O filme traz histórias de pessoas dedicadas ao combate à fome no Brasil. Gente que atua comunitariamente e transforma indignação em luta e solidariedade. E que ajuda a construir sistemas alimentares mais sustentáveis e nutricionalmente mais ricos e saudáveis. Em 2014 o Brasil havia saído do Mapa da Fome. Pouco depois, em 2022, o mesmo relatório da ONU apontava 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, mesmo com o país figurando entre os maiores produtores de alimento do mundo.
* “O Monstro de Ferro Contra o Sul da Bahia” (Brasil-SP, 2025, 74 min) – André D’Elia
O filme investiga a criação de um novo porto bilionário para escoamento de minério de ferro que ameaça o paraíso intocado do litoral sul da Bahia e expõe a devastadora engrenagem da destruição ambiental que avança sobre a Mata Atlântica e os modos de vida tradicionais da região.
Jorge Bodanzky
* “Um Olhar Inquieto: O Cinema de Jorge Bodanzky” (Brasil-DF, 2024, 86 min) – Liliane Maya e Jorge Bodanzky
Em 1973, Jorge Bodanzky, filmando para a TV alemã, capturou uma imagem intrigante: uma taba isolada na floresta amazônica, com indígenas desconhecidos tentando atingir o avião com flechas. Meio século depois, o registro, perdido e recuperado pelo Instituto Moreira Salles, leva o cineasta de volta a Aripuanã. O filme conecta o passado e o presente, explorando a partir dos seus inúmeros filmes em formato Super-8mm, sua trajetória e os mistérios da Amazônia.
Exibido no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.
8. PEU – Programa Ecofalante Universidade
* “Amazônia Azul” (Brasil-SP, 2024, 60 min) – Sérgio Gag
O que é a Amazônia Azul? Quais ações que estão sendo tomadas em relação aos corais da foz do Rio Amazonas, às baleias jubarte e a demais espécies marinhas? Por que os tubarões estão cada vez mais presentes nas praias de Pernambuco? Quais os processos de mitigação de impacto que as empresas que operam nos mares estão realizando? Venha conhecer muitas coisas que estão acontecendo nos mares brasileiros.
Rede Katahirine
* “Faísca” (Brasil-CE, 2025, 13 min) – Bárbara Leite Matias
Após um conflito familiar, quatro mulheres de diferentes gerações se reencontram e desenterram um segredo ancestral. Entre silêncios e rituais, tentam reconstruir os laços rompidos pelo tempo. A ancestralidade se manifesta em gestos, sonhos e no contato com a natureza. Aos poucos, revelações profundas transformam suas vidas. O passado retorna para guiá-las em um caminho de cura e pertencimento.
* “Minha Câmera é Minha Flecha” (Brasil-SP, 2025, 18 min) – Natália Tupi
Richard Wera Mirim é um jovem comunicador indígena do Povo Guarani Mbya da Terra Indígena Jaraguá, território que ainda resiste às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O filme traz um pouco de sua trajetória, aliada à força do audiovisual e do uso das redes sociais na luta e resistência indígena. Mostra a câmera como uma flecha, uma ferramenta de comunicação poderosa, uma arma para registrar e retratar, com o olhar de quem vivencia a cultura, os conhecimentos, os territórios e demais aspectos dos povos originários pelo direito de existir.
Exibido no FECIBA – Festival de Cinema Baiano e no Olhar Film Festival.
* “Nosso Modo de Lutar” (Brasil-SP-DF-AM-PA-RR,, 2024, 15 min) – Francy Baniwa, Kerexu Martim e Vanuzia Pataxó
A maior mobilização indígena do país é também lugar de encontro entre os multidiversos saberes e fazeres dos povos indígenas no Brasil. Pelo olhar de três cineastas mulheres indígenas, o público é convidado a conhecer o cotidiano do 20° Acampamento Terra Livre (ATL) e a descobrir como os diferentes modos indígenas de existir se expressam também como modos singulares de lutar
* “Sawana, Rainha das Formigas” (Brasil-MT, 2023, 30 min) – Suyani Terena
Documentário que retrata o ritual de passagem das meninas do povo Nambikwara para a vida adulta, é a primeira produção audiovisual da jovem indígena Suyani Terena, da Terra Indígena Tirecatinga, no município de Sapezal (MT).
9. Sessões Infantis
* “Thiago e Ísis e Os Biomas do Brasil” (Brasil-DF, 2024, 91 min) – João Amorim
Os irmãos Thiago e Ísis, junto com seu pai, o cineasta João, exploram três biomas brasileiros: Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Em cada cenário eles ajudam um animal em perigo e descobrem a sua importância e os seus mistérios. Com músicas e animações divertidas, o filme apresenta às crianças o tema da preservação ambiental de forma lúdica.
Exibido no Festival do Rio e no Festival de Balneário Camboriú.
Sessão FIFE – Festival Internacional de Cinema de Educação
* “A Cerejeira” (“Třešňový strom” / “The Cherry Tree”, República Tcheca, 2017, 6 min) – Eva Dvorakova
Com muita poesia, o filme retrata a relação entre o personagem e seu ambiente ao longo das estações, que permanece frágil e pode ser afetada a qualquer momento pelo mundo real.
* “A Mula Teimosa e o Controle Remoto” (Brasil-SP, 2016, 15 min) – Hélio Villela Nunes
No interior profundo do Brasil, duas crianças — um menino da cidade e um menino do campo — vão se encontrar.
Exibido na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.
* “Joy e a Garça” (“Joy and the Heron”, China, 2018, 4 min) – Constantin Paeplow e Kyra Buschor
Um cachorro e uma garça decidem se ajudar mutuamente para construir o melhor dos mundos.
* “Kiki, a Peninha” (“Kiki la Plume” / “Kiki the Feather”, França, 2020, 5 min) – Julie Rembauville e Nicolas Bianco-Levrin
Um pássaro sonha em voar com os pássaros livres lá fora. Quando finalmente surge a oportunidade, ele voa e encontra um amigo que lhe oferece uma vida de liberdade.
Exibido no IndieLisboa, Festival de Curtas de Oberhausen e Festival de Valdívia.
* “Moroshka” (Rússia, 2016, 8 min) – Polina Minchenok
Toda a aldeia tem medo do grande lobo cinzento e de suas presas, mas uma garotinha tem a coragem de ajudá-lo e então eles se tornam amigos.
Vencedor do prêmio de melhor filme infantil no Festival de Animação Open Rússia.
* “Um Sonho do Havaí” (“A Dream of Hawaii”, Noruega, 2022, 15 min) – Thomas Smoor Isaksen
Pete, um nômade, tenta sobreviver em um mundo coberto por resíduos plásticos, enquanto sonha com as praias brancas e nacaradas do Havaí. Sua longa jornada o levará a um lugar sem plástico?
Vencedor do prêmio de melhor animação no Festival de Florença.
* “Você Me dá Medo” (“You Look Scary”, EUA, 2016, 4 min) – Xiya Lan
Às vezes, a gente aumenta demais os nossos medos, mas não tem problema! No fim das contas, somos sempre vencidos pelos nossos próprios medos.
Exibido no Festival de Cinema Infantil de Nova York.
- Sessão VR
* “HUMAN” (Brasil-SP, 2025, 15 min) – Débora Bergamini
Experiência imersiva que combina realidade mista e interatividade para levar o público à jornada das sondas Voyager e ao texto “O Pálido Ponto Azul”, de Carl Sagan (1934-1996). A obra permite acessar o Golden Record, uma cápsula do tempo que reúne elementos representativos da Terra e da humanidade. Ficam disponíveis as acessibilidades: LIBRAS, audiodescrição (PT-EN), legenda descritiva (PT-EN).