18 de maio de 2018

RETROSPECTIVA TRAZ 18 FILMES DO POLÊMICO DIRETOR WERNER HERZOG

Um dos nomes mais importantes da história do cinema alemão e um dos cineastas mais originais e polêmicos de todos os tempos, Werner Herzog está no centro da retrospectiva preparada pela sétima edição da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.

Considerado como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, o festival celebra a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho) e acontece de 31 de maio a 13 de junho.

No total, estão reunidos 18 títulos dirigidos pelo visionário diretor germânico, considerado pela crítica especializada como obsessivo em seus temas recorrentes, com destaque para sua peculiar visão das relações, sempre extremas e audaciosas, entre o homem e a natureza. E foi pensando na relação Homem vs. Natureza  que a Ecofalante escolheu apresentar as obras de Herzog no Panorama Histórico de sua 7ª edicação. .

A retrospectiva cobre um período de quase meio século de carreira do autor, incluindo seu primeiro curta-metragem, “Hércules” (1962), feito quando tinha 19 anos de idade e que retoma o heróico personagem da mitologia grega que cumpriu 12 difíceis trabalhos para se tornar imortal. 

A programação contempla também os recentes, e bem-sucedidos, documentários de sua filmografia, como é o caso de “O Homem-Urso” (2005), “Encontros no Fim do Mundo” (2007) e “A Caverna dos Sonhos Esquecidos” (2010). Eleito como melhor documentário do ano segundo as associações de críticos de cinema de Chicago, Flórida, Kansas City, Los Angelas e Nova York, entre outras premiações, “O Homem-Urso” causou controvérsia ao abordar a história de um especialista em ursos e incluir os chocantes sons de sua morte por estes animais. Já “Encontros no Fim do Mundo”, que foi indicado ao Oscar de melhor documentário, encontra na Antártida um cenário árido onde vivem seres humanos absolutamente isolados da civilização. E “A Caverna dos Sonhos Esquecidos” visita desenhos e pinturas rupestres datadas de 30 mil anos atrás, tendo sido aclamado como melhor documentário do ano segundo as associações de críticos de cinema de Chicago, Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Kansas City, Los Angelas, Nova York, Vancouver e Washington DC.

A Amazônia, por sua vez, é um caso especial na filmografia do realizador. Na região Herzog propôs, em “O Diamante Branco” (2004, melhor filme no festival de documentários CPH:DOX e melhor documentário pela Associação de Críticos de Cinema de Nova York) completar o desafio do inglês Dieter Plage de atingir locais remotos por meio de um dirigível, mas que havia lhe custando a vida. Em “Juliane Cai na Selva” (2000), o diretor retorna à floresta amazônica acompanhado de Juliane Koepcke que, quando tinha 17 anos, foi a única sobrevivente de um acidente de avião ocorrido no Peru. A proposta do filme é reviver com ela essa experiência insólita no coração da selva.

Foi na Amazônia que o cineasta fez produções que marcaram sua mais notória parceria, com o ator alemão Klaus Kinski. Em “Aguirre, a Cólera dos Deuses” (1972), que tem o diretor Ruy Guerra no elenco e foi baseado em fatos históricos, acompanha-se uma expedição de conquistadores espanhóis em busca de Eldorado, lendária cidade de ouro. Em “Fitzcarraldo” (1982, Indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes), a dupla retorna à região (acompanhada pelos atores Claudia Cardinale e José Lewgoy), desta vez para mostrar o delírio de um personagem real que busca construir um teatro na selva para seu ídolo, o tenor italiano Enrico Caruso.  

Cena do filme Fitzcarraldo. Imagem: divulgação

O Brasil foi ainda uma das locações para mais uma colaboração entre os dois inquietos artistas.  “Cobra Verde” (1987) retrata a vida de um comerciante de escravos um insano e perigoso bandido, tendo sido eleito como melhor produção e melhor som no prêmio do cinema da Bavária. A programação ainda traz o vencedor do Leão de Prata do Festival de Berlim (por excelência na realização), “Nosferatu, o Vampiro da Noite” (1979), que conta no elenco, ao lado de Kinski, a musa Isabelle Adjani. Trata-se de uma adaptação da obra de Bram Stocker, que havia servido de referência ao clássico do cinema alemão realizado por F.W. Murnau em 1922. E a lendária e tempestuosa relação entre Werner Herzog e Klaus Kinski é objeto do documentário “Meu Melhor Inimigo” (1999), um testemunho do cineasta  sobre seu amigo, que rendeu o prêmio de melhor documentário na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Ainda no campo da ficção, está incluído “Coração de Cristal” (1976), obra passada em um vilarejo alemão, onde se busca a fórmula secreta de um precioso vidro, cujo receita se perde após a morte do único homem que a conhecia. Suas imagens fantasmagóricas renderam ao filme o prêmio de melhor fotografia no Prêmio do Cinema Alemão.

Outros seis documentários completam a retrospectiva. “Medidas Contra Fanáticos” (1969) é, na verdade, um falso documentário no qual cuidadores de cavalos de corrida contam como fazem para proteger seus animais dos fãs. Já “Fata Morgana” (1971), talvez o mais visionário dos filmes de Herzog, parte de imagens registradas na região do Saara para compor uma aventura impressionista e uma crítica à civilização. Melhor curta-metragem no Prêmio do Cinema Alemão, “La Soufrière” (1977) focaliza o último senhor restante em uma ilha onde um vulcão está prestes a entrar em erupção.

“Onde Sonham as Formigas Verdes” (1984) foi selecionado para o Festival de Cannes e se passa na Austrália, no período de colonização inglesa, onde um grupo de aborígenes tenta defender um território sagrado que é ameaçado por uma mineradora de urânio. A coprodução teuto-francesa “Wodaabe, Pastores do Sol” (1989) explora os rituais sociais da tribo nômade de Wodaabe do Saara, com foco especial à celebração de Gerewol, que apresenta um elaborado concurso de beleza masculina para ganhar esposas. Vencedor do grande prêmio no Festival de Melbourne, “Lições da Escuridão” (1992) foi filmado a partir da perspectiva de um observador quase alienígena e explora os campos de petróleo, incendiados e devastados no pós-Guerra do Golfo no Kuwait, descontextualizado e caracterizado de tal maneira a enfatizar a estranheza do cataclísmico do terreno.

Filme Aguirre, a cólera dos deuses

 

Serviço:
7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
31 de maio a 13 de junho de 2018
entrada franca


Locais:

Reserva Cultural,

Espaço Itaú de Cinema – Augusta,

Centro Cultural Banco do Brasil,

Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo), 

Circuito Spcine Paulo Emílio (Centro Cultural São Paulo), 

Circuito Spcine Olido,

Circuito Spcine Tiradentes,

Unibes Cultural,

Fábrica Brasilândia,

Fábrica Capão Redondo,

Fábrica Cidade Tiradentes,

Fábrica Itaim Paulista,

Fábrica Jaçanã,

Fábrica Jardim São Luís,

Fábrica Parque Belém,

Fábrica Sapopemba,

Fábrica Vila Curuçá,

Fábrica Vila Nova Cachoeirinha.

Circuito Spcine CEUs

CEU Aricanduva

CEU Butantã

CEU Caminho do Mar

CEU Feitiço da Vila

CEU Jaçanã

CEU Jambeiro

CEU Meninos

CEU Parque Veredas

CEU Paz

CEU Perus

CEU Quinta do Sol

CEU São Rafael

CEU Três Lagos

CEU Vila Atlântica

CEU Vila do Sol

Realização: Ecofalante, Ministério da Cultura, Governo Federal, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo

Correalização: Spcine, Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Instituto Goethe

Patrocínio: Sabesp, Tigre, Kimberly-Clark

Apoio: White Martins, Pepsico e ICS

Lei de Incentivo à Cultura e ao Programa de Apoio à Cultura (ProAC).