11 de maio de 2018

Chico Mendes e o seu legado serão homenageados na 7ª Mostra Ecofalante

da Redação

Chico Mendes e sua esposa Ilsamar Mendes.

Conheça os filmes sobre o ativista

22 de dezembro de 1988. Aos 44 anos, o ativista Chico Mendes era assassinado em sua casa  vítima de uma emboscada. O tiro calou o ativista dos seringais do Acre mas não a sua causa. Chico se transformou num símbolo mundial contra a exploração irracional da Floresta Amazônica e da defesa dos povos da floresta.  

Trinta anos após sua morte, a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental escolhe Chico Mendes como o homenageado de sua 7ª edição. O objetivo é relembrar sua trajetória e atualizar a importância do seu legado que serão apresentados nos filmes Chico Mendes, Eu Quero Viver e Crianças da Amazônia e no debate que será realizado, no dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

Chico nasceu e foi criado no seringal Porto Rico, próximo à fronteira do Acre com a Bolívia, em Xapuri, estado do Acre. Aos 9 anos, muito antes de aprender a ler e a escrever, tomou para si a mesma profissão do pai: seringueiro. Ao longo dos anos, se viu cercado de uma injustiça crescente.

A convivência com Euclides Távora – um refugiado político que vivia nos seringais onde Chico trabalhava – despertou no garoto, de 12 anos, o respeito pela natureza e a importância de lutar pela terra coletiva.

Ele passou a atuar na diretoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia (STR), o primeiro criado no Acre, presidido pelo líder Wilson Pinheiro. Foi nessa fase que os seringueiros criaram os “empates às derrubadas” – uma importante forma de resistência ao avanço da pecuária e o desmatamento que ameaçavam os seringais.

Após o assassinato do presidente Wilson Pinheiro, Chico passou a comandar o STR, em 1983. Com a organização do primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros e a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, ele ganhou mais força como uma importante voz dos povos da floresta.

A luta de Chico para proteger a floresta e o direito dos trabalhadores ganhou repercussão internacional em 1987 com o lançamento do documentário produzido por Adrian Cowell, cinegrafista inglês que filmou o Encontro Nacional e decidiu acompanhar o cotidiano do líder seringueiro. Cowell também foi homenageado na 1ª edição da Mostra Ecofalante, em 2012.

O convite para Chico denunciar a destruição da floresta no congresso norte-americano, em Washington, resultou na suspensão dos financiamentos internacionais aos projetos que resultavam na destruição da floresta até que fossem tomadas medidas de proteção ao meio ambiente e aos povos atingidos.

Entre 1987 e 1988, Chico Mendes ganhou o Global 500, prêmio da ONU, na Inglaterra e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos. Entretanto, quanto mais visibilidade internacional ele alcançava, mais aumentavam suas desavenças no Brasil e as ameaças de morte.  

A atuação de Chico desagradava as forças conservadoras e era alvo de uma campanha movida pela imprensa, pela polícia federal, por políticos e por juízes. Ele era acusado de ser um inimigo a serviço dos norte-americanos. Além disso, incomodava os grileiros de terras que se diziam prejudicados pela atuação dos seringueiros. Entre esses estava Darly Alves, o mandante da sua morte.

“A grande importância dele foi construir uma aliança social em defesa dos trabalhadores, das comunidades tradicionais e da floresta. Chico Mendes tem o valor de líder e herói nacional, que enxergou além de Xapuri, do Acre e do Brasil”, diz Cláudio Maretti, diretor de ações socioambientais do Instituto Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente que tem como objetivo executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e colaborar para a proteção da biodiversidade. “Ao falar dele, nunca podemos apenas querer reproduzir o que ele construiu lá atrás, mas incentivar mudanças na atualidade. Hoje, falta no Brasil uma liderança que nos leve para frente através de alianças sociais e ambientais. Por isso, incentivamos que sejam feitos debates sobre o Chico. Agradeço à Ecofalante pelo homenagem, em meu nome, do Instituto e das reservas extrativistas”, completa Maretti.

Dois filmes sobre a vida do ativista compõe a programação da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Chico Mendes, Eu Quero Viver, do diretor Adrian Cowell (que teve seu acervo doado à Pontifícia Universidade Católica de Goiás) mostra a trajetória do líder seringueiro no Acre, em defesa da Amazônia. Com registros feitos entre 1985 e 1988, acompanhamos Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta, e na luta pela demarcação das primeiras reservas extrativistas na Amazônia. O filme mostra, ainda, a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo.

Adrian Cowell esteve no Brasil pela primeira vez em 1957, quando a Oxford & Cambridge Expedition veio à América do Sul para a produção da série “Adventure” da BBC. Em 1961, junto com o cinegrafista Louis Wolfers, viajou por vários estados brasileiros e produziu as séries: “The Destruction of The Indian” (A Destruição do Índio) e “The Fate of Colonel Fawcett” (O Destino do Coronel Fawcett). Dois anos depois, durante uma viagem de jipe pelo Nordeste com o cinegrafista Jesco von Puttkamer, produziu a série “The Devil in the Backlands” (Cultos do Sertão). Passou toda a década de 1980 no Brasil filmando a série “The Decade of Destruction” (A Década da Destruição), que apresenta os efeitos negativos da BR 364 na floresta amazônica, os povos indígenas e os problemas enfrentados pelos migrantes atraídos pela esperança de ganhar um lote de terra.

Retrato de Chico Mendes. Crédito: Mariana Bazo

Já em Crianças da Amazônia, a cineasta Denise Zmekhol viaja por essa mesma estrada, a  BR 364, que corta o coração da Amazônia, à procura das crianças Suruí e Negarotê que ela havia fotografado 15 anos antes. Trata-se de uma jornada espacial, mas é também uma viagem no tempo que permite uma reflexão sobre as mudanças ocorridas, nesse período, na maior floresta do planeta, depois que a estrada cortou suas terras. O filme foi premiado em mais de vinte festivais e concursos de cinema ao redor do mundo.  

“Entre 1987 e 1990 viajei à Amazônia em várias ocasiões. O que chamou muito minha atenção foram as crianças, cujos pais sobreviviam inteiramente da floresta amazônica, que estavam agora rodeadas de coisas que estavam destruindo a floresta. Fotografei Chico Mendes e sua família”, conta Denise sobre o início, não planejado, de seu projeto. Quinze anos depois, e longe do Brasil, ela resolveu olhar as fotografias que tirara e que nunca havia impresso nem mostrado a ninguém. “As imagens trouxeram uma recordação dolorosa: um telefonema que recebi de Chico em dezembro de 1988, me pedindo para filmar seu enterro. Eu respondi que ele não iria morrer, que ainda tinha muito trabalho pela frente. Duas semanas depois, ele foi assassinado. Emocionada com as fotos das crianças e pensando no assassinato de Chico, resolvi voltar à Amazônia – desta vez para fazer um filme. Apesar de não conseguir filmar seu enterro, sinto que o filme conta uma história mais importante ainda, que é a da sua vida e do seu legado. Foi muito tocante poder contar isso através de seus filhos Elenira e Sandino, sua esposa Ilzamar e o seu primo e companheiro de luta, Raimundo Barbosa”, diz a diretora.

Só em 1990, após a morte do ativista, foram criadas quatro reservas extrativistas com área de cerca de dois milhões de hectares no Acre, em Rondônia e no Amapá. O Seringal Cachoeira, o estopim de sua morte, com cerca de 30 mil hectares, foi transformado oficialmente na Reserva Extrativista Chico Mendes.

Hoje, as reservas extrativistas que integram o Sistema Nacional de Unidades de Conservação representam cerca de 15 milhões de hectares.

Além da exibição dos dois filmes, haverá um debate sobre o significado de Chico Mendes 30 anos após sua morte com cerimônia de homenagem com a presença de convidados que levam adiante o legado do líder ambientalista, como sua filha Elenira Mendes e a vice-presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros, Edel Nazaré de Moraes Tenório.

 

Serviço:
7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
31 de maio a 13 de junho de 2018
entrada franca
Locais:
Reserva Cultural,
Espaço Itaú de Cinema – Augusta,
Centro Cultural Banco do Brasil,
Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo),
Circuito Spcine Paulo Emílio (Centro Cultural São Paulo),
Circuito Spcine Olido,
Circuito Spcine Tiradentes,
Unibes Cultural,
Fábrica Brasilândia,
Fábrica Capão Redondo,
Fábrica Cidade Tiradentes,
Fábrica Itaim Paulista,
Fábrica Jaçanã,
Fábrica Jardim São Luís,
Fábrica Parque Belém,
Fábrica Sapopemba,
Fábrica Vila Curuçá,
Fábrica Vila Nova Cachoeirinha.
Circuito Spcine CEUs
CEU Aricanduva
CEU Butantã
CEU Caminho do Mar
CEU Feitiço da Vila
CEU Jaçanã
CEU Jambeiro
CEU Meninos
CEU Parque Veredas
CEU Paz

CEU Perus
CEU Quinta do Sol
CEU São Rafael
CEU Três Lagos
CEU Vila Atlântica
CEU Vila do Sol

Realização: Ecofalante, Ministério da Cultura, Governo Federal, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo
Correalização: Spcine, Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Instituto Goethe
Patrocínio: Sabesp, Tigre, Kimberly-Clark
Apoio: White Martins, Pepsico e ICS
Lei de Incentivo à Cultura e ao Programa de Apoio à Cultura (ProAC).
facebook.com/mostraecofalante
twitter.com/MostraEco
instagram.com/mostraecofanlate​
mostraecofalante.wordpress.com
​www.ecofalante.org.br

Atendimento à Imprensa:
ATTi Comunicação e Ideias – Eliz Ferreira e Valéria Blanco
(11) 3729.1455 / 3729.1456 / 9 9105.0441